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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.2 no.2 São Paulo  2010

 

 

EDITORIAL

 

Cada edição que produzimos e publicamos reitera o escopo do periódico: contribuir para o esclarecimento e educação de profissionais das ciências humanas, sobretudo Psicologia e Terapia Ocupacional, por meio da divulgação de pesquisas, resenhas, relatos de experiencia, etc.

Neste volume, estudos sobre a Terapia Ocupacional é o destaque. Segundo dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), em 2009, existiam 68 instituições de ensino superior habilitadas a dispor o curso de graduação em Terapia Ocupacional. No entanto, no Diretório dos Grupos de Pesquisas no Brasil (CNPQ), foram encontrados 25 grupos de pesquisa credenciados e coordenados por terapeutas ocupacionais.

Supomos que esse panorama, nacional e local, não indica a improdutividade acadêmica dos terapeutas ocupacionais, talvez, um retrato da dificuldade enfrentada por muitos outros campos do saber no campo das ciências humanas, no que diz respeito a comunicar amplamente os resultados de suas pesquisas, isto é, dar visibilidade ao que está sendo produzido na academia, nos consultórios e nos programas de pós-graduação.

As dificuldades institucionais e editoriais em apoiar a veiculação do conhecimento produzido, por vezes, esmaecem a energia daqueles que gostariam de trilhar essa jornada e contribuir para o florescimento de uma Terapia Ocupacional produtiva e academicamente reconhecida no cenário nacional e local.

Em nossa análise, ponderamos alguns limites para a visibilidade comunicativa: por exemplo, o lócus produtor e difusor das obras que circulam no Brasil em Terapia Ocupacional (USP, UFSCAR e UFMG); centralização em nichos acadêmicos influenciados pelas orientações teórico-metodológicas quantitativas, etc. Considerando o contexto de surgimento da profissão em um tempo que a visão de homem, saúde, doença e os caminhos possíveis para a produção do saber eram bem diferentes das perspectivas atuais, não entendemos esta situação como um problema intransponível.

Atualmente, a Terapia Ocupacional deixou de ser pensada unicamente enquanto técnica e caminha a passos cada vez mais largos rumo a um projeto científico próprio, observando um considerável amadurecimento da qualidade das produções e a amplitude dos referenciais teórico-metodológicos.

Por todas as considerações este volume é muito importante. Amanda Mota Pacciul, Camila Abrão dos Santos, Luzia Iara Pfeifer analisaram a influência do contexto familiar no desempenho do brincar simbólico de crianças de 3 a 6 anos de idade, com Paralisia Cerebral (PC). Érica de Nazaré Marçal Elmescany realizou estudo teórico dedicado a refletir sobre a temática da resiliência e sua aplicação no contexto da intervenção terapêutica ocupacional em oncologia. Valeu-se da arteterapia que considera a resiliência como um poder revitalizador para o enfrentamento do cotidiano do paciente em tratamento do câncer.

Cárita Lorena Ramos Gurjão, Cibele Braga Ferreira, Cláudia Márcia Lima da Costa apresentam um relato de pesquisa recorrendo ao estudo do imaginário dos acompanhantes da enfermaria pediátrica acerca do espaço hospitalar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo pesquisa-ação e estudo de caso múltiplo de cinco acompanhantes hospitalizados no Hospital Universitário João de Barros Barreto. Temos, ainda, um texto sobre corporeidade do brilhante Professor Doutor Jorge Dorfman Knijnik que agora atua na School of Education and Centre for Educational Research, University of Western Sydney. Juntamente com Lívia Oliveira Cruz, parceira da Universidade de São Paulo, pesquisam as percepções sobre o corpo da mulher surfista para identificar o grau de satisfação das atletas que circulam no litoral e na capital paulista. Utilizam dois instrumentos de análise, o "Teste da Figura Humana", e o desenho da figura humana. Por sua vez, Brenda Pina dos Santos, Fernando da Cunha Dantas, Lucivaldo da Silva Araújo, Tayana Sabino de Oliveira, Patrícia Oliveira do Rosário oferecem um relato de experiência acadêmica sobre a aplicação da Terapia ocupacional em um contexto de abrigamento. Uma contribuição à atenção às crianças que sofreram abuso sexual. Os autores propõem que o Terapeuta Ocupacional seja um facilitador da expressão e da reelaboração da experiência vivida pela criança. Finalizando a edição, apresentamos a resenha preparada por Ingrid Bergma Oliveira, do livro Terapia Ocupacional e Pesquisa Qualitativa cujo objetivo geral é difundir a pesquisa qualitativa e social em Terapia Ocupacional. Agradecemos a leitura.

Adelma Pimentel

Editora geral.

 

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