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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.4 no.2 São Paulo dez. 2012

 

EDITORIAL

 

Este número da Revista do NUFEN, julho/dezembro, é o segundo volume do ano de 2012. Integramos vários pesquisadores da Psicologia e dos programas de pós-graduação da UFPA. Recebemos textos de autores da Universidade de Sidney, na Austrália e de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará e da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Cada vez mais, nosso conselho editorial contribui para agilizar o processo de apreciação dos textos que recebemos de modo a manter o periódico atualizado.

Jorge Knijnik produziu um artigo em que analisou a contribuição da mídia esportiva acerca da concepção das masculinidades construídas no mundo do esporte. Particularmente, avaliou o discurso de um programa de radio que reúne nomes importantes da mídia esportiva do Sudeste brasileiro. Algumas conclusões preliminares apontam que radialistas esportivos estão presos a normas de gênero limitantes, estereotipadas e preconceituosas, que pretendem restringir os jeitos de ser dos atletas em pleno século XXI, com suas regras morais do século XIX.

Alessandra Carla Baia dos Santos, Andrey Ferreira da Silva, Danielle Leal Sampaio, Lidiane Xavier de Sena, Valquiria Rodrigues Gomes & Vera Lúcia de Azevedo Lima realizaram uma antropologia da saúde e da doença, em que apontando os conflitos e intercâmbios entre os saberes da biomedicina e dos terapeutas populares, mostrando a importância da antropologia da saúde/doença neste debate. A análise abordou também o desenvolvimento dessa área do conhecimento, e sua contribuição para a prática mais consciente dos profissionais de saúde.

Márcia Elena Soares Bezerra & Edson do Nascimento Bezerra discutem alguns aspectos humanistas, existenciais e fenomenológicos presentes na abordagem centrada na pessoa interrogando e procurando delimitar respostas às questões o que é o humanismo na perspectiva centrada na pessoa? Quais aspectos derivados da fenomenologia e do existencialismo encontram ressonância com a teoria e o método da referida abordagem. Os autores consideram que as réplicas permitem atualizar a pesquisa e a prática clínica.

Robson Cardoso de Oliveira & Cristina Donza Cancela analisam as representações de masculinidades na propaganda de cervejas, investigando uma o homem como consumidor em potencial e a mulher objetificada: como figuração do prazer e/ou da representação feminina de dona de casa, marcada no ambiente doméstico; configurando em uma associação de assimetria de poder. A análise baseia-se em observações realizadas em anúncios vinculados na TV aberta, além de peças publicitárias colhidas no ciberespaço; de cervejas nacionais e internacionais, a exemplo da "Skol", "Nova Schin", "Heineken", entre outras. Como resultado, mostram que os anúncios de cervejas, atualmente, associam os consumidores de cerveja ao gênero masculino e para isso realizam anúncios valorizando o homem heterossexual, colocando – o como grande protagonista desses contextos.

Ellen Aguiar da Silva; Fernanda Cristine dos Santos Bengio, Klézio Kleber Teixeira dos Reis & Pedro Paulo Freire Piani conjecturam sobre a paternidade em leituras de documentos de domínio público, intitulado "Situação da Infância Brasileira. Desenvolvimento Infantil. Os primeiros seis anos de vida." (UNICEF, 2001). Realizam uma análise usando categorias foucaultianas, por exemplo, a noção de governamentalidade, e, ainda, levam em consideração as classes subjetividade e a linguagem para compreensão da identidade paterna, tendo em vista que o documento expõe prescrições no âmbito do cuidado e participação do pai no desenvolvimento da criança e da família. A meta dos autores foi apresentar uma leitura acerca do debate sobre as rupturas, mudanças, interrogações em torno da paternidade na contemporaneidade.

Dorotéa Albuquerque de Cristo apresenta um relato de experiência de intervenção realizada em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da região metropolitana de Belém com duração de seis anos - anos de 2005 a 2011, período em que desenvolveu trabalho psicológico de grupo com 10 homens que apresentavam sofrimento mental e comportamento violento. O trabalho, orientado por uma abordagem compreensiva de tratamento ao usuário e modos de prevenir futuros atos de violência ressaltou um olhar para a integralidade da saúde, da pessoa, e privilegiou estabelecer uma forma de relação dialógica do tipo Eu-TU.

Edvalda Ludmilla Cunha de Souza, Fernanda Teixeira de Barros Neta & Emanuel Meireles Vieira, preparam um ensaio em que fazem um breve retrospecto da construção da psicologia clínica contemporânea, e, também discutem como se constituíram e como se constituem as relações dessa prática com as políticas públicas brasileiras, especificamente, as políticas de assistência social, a partir da experiência de atendimentos clínicos, possibilitados pelo serviço de plantão psicológico, como o ofertado pela Clínica- Escola da Universidade Federal do Pará.

Paulo Coelho Castelo Branco organiza um ensaio propondo um diálogo entre a obra de Rogers e Schutz pelo fato de considerar que ambos abordam, com desdobramentos provenientes do pragmatismo, os assuntos da consciência, da realidade e do acesso delas via compreensão empática. Os autores evidenciam distintas concepções de consciência, funcional em Rogers e intencional em Schutz; diferentes entendimentos de realidade, constituída de modo intrasubjetivo em Rogers e intersubjetivo em Schutz; díspares modelos de empatia, em Rogers, orientada para a compreensão dos conteúdos da personalidade, em Schutz, direcionada para as estruturas da consciência em interação com o mundo-da-vida. O estudo aponta para o desenvolvimento de uma perspectiva pósrogeriana de abordagem descentrada da pessoa.

Yuri de Nóbrega Sales, André Feitosa de Sousa & Francisco Silva Cavalcante Junior elaboram um texto em que a pesquisa é o objeto. Buscam delinear, em uma perspectiva conceitual três modelos metafóricoimagéticos de ciência que são distintos e que podem ser derivados da teoria de Carl Rogers.

Adelma Pimentel
Editora Geral