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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.8 no.1 Belém  2016

 

Editorial

 

 

Entre 1900/1901 Edmund Husserl publicou a obra Investigações Lógicas iniciando um projeto de crítica à racionalidade pautada na ciência que desejava controlador a natureza e a expressividade humana; e ao psicologismo como fundamento do pensamento. A partir desta obra desenvolveu a fenomenologia proposta como filosofia, atitude e método.

Outros filósofos, ao longo do século XX, refinaram as teses husserlianas desenvolvendo articulações entre fenomenologia, existencialismo e hermenêutica. Na tarefa de recuperar os sentidos da experiência juntaram-se profissionais das ciências humanas, por exemplo psicólogos, antropólogos, sociólogos etc, aprofundando a perspectiva qualitativa de realizar pesquisas.

A atitude fenomenológica concerne a superação da tese da naturalidade do mundo; enquanto que o método refere-se à realização das práticas das reduções, de modo que as coisas mesmas favoreçam o acesso ao mundo vivido. Assim, o conceito de mundo da vida afirma às percepções conscientes e intencionais, o mundo como horizonte perceptivo.

Este ponto de vista que apresentamos na abertura deste editorial visa ressaltar as contribuições da pesquisa em psicologia clínica para que os pacientes desvelem os sentidos dos sofrimentos, alegrias, paixões, afetos, luto, etc.

Como os psicólogos podem realizar tal empreitada? Pela atitude ética da criação, do estudo de caso entre os pares para dirimir as dúvidas e elaborar prospecções do processo psicoterapêutico. Nunca pelo plágio ou pela objetivação da experiência.

Segundo o professor Lécio Ramos, citado por Garschagen (2006), podemos listar pelo menos 3 tipos de plágio:

Integral ou "engano" citado acima... Parcial que ocorre quando o trabalho é um "mosaico" formado por cópias de parágrafos e frases de autores diversos, sem mencionar suas obras. Conceitual a utilização da ideia do autor escrevendo de outra forma, porém, novamente, sem citar (Cartilha sobre Direitos Autorais Convenção Universal Lei de Direitos Autorais/Constituição)

Por sua vez, Maria Cecília de Souza Minayo, Debora Diniz, Romeu Gomes, editores de periódico da Área de Ciências Sociais e Saúde, em uma edição de 2016, apontaram dificuldades que os pesquisadores de orientação qualitativa têm para construir textos científicos. Consideramos importante replicar tais ponderações, com vistas a refinar nosso periódico, através do convite aos autores e leitores para pensar nos argumentos dispostos neste editorial.

Esta é uma lista dos problemas mais comuns indicados pelos pareceristas: títulos generalistas para tratar questões específicas. Resumos incompletos, ou seja, sem apresentar a questão de pesquisa, o percurso desta ou o método, a análise dos dados ou discussão, e as conclusões. Palavras-chave que não obedecem aos descritores da área. Introdução sem contextualizar nacional e internacionalmente o tema. Descrição apenas formal do método sem realçar como a questão é enfrentada, o local de estudo, o universo e os instrumentos de pesquisa, o trabalho em campo e a forma como a análise foi realizada. Apresentação dos resultados sem se afastar da descrição dos dados empíricos, a não ser por uma categorização formal. Discussão descritiva e pouco analítica, sem avançar em um diálogo entre dados empíricos e conceitos. E conclusões que costumam apresentar dois problemas: ou continuam a discussão inclusive citando bibliografia, ou fogem do assunto, trazendo propostas que não derivam do tema em estudo.

Plágio, ausência de fontes de consulta, onipotência de recémpesquisadores, pseudocriação de argumentos, exibicionismos de doutores experientes são outras preocupações transversais ao processo de editoração de um periódico científico. Assim, cada vez mais procuramos construir um sumário que prioriza o mundo da vida e a qualidade dos relatos.

Neste número apresentamos importantes estudos empíricos e de revisão que aglutinam temas de grande relevância em pesquisa qualitativa, fenomenologia, saúde mental e psicologia clínica, dentre outros.

Desejamos que a leitura seja produtiva, construtiva e potente no sentido da ampliação dos horizontes teórico, conceitual e metodológico de tod@s aqueles que se interessam pela pesquisa qualitativa e, fundamentalmente, pelo humano.

 

Lucivaldo Araújo e Adelma Pimentel
revistadonufen@ufpa.br

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