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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.8 no.2 Belém  2016

 

Artigo

 

Contribuições de Edith Stein para a compreensão da experiência do direcionamento do sentido existencial de jovens autores de ato infracional

 

Edith Stein's Contributions for comprehension the experience of redirecting the existential meaning of young law offenders

 

Contribuciones de Edith Stein para la comprensión de la experiencia de reorientación del sentido existencial de jóvenes autores del acto delictivo

 

Maria Clara Jost

Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais

 


RESUMO

O problema da juventude vivida em contextos da criminalidade é problema multifatorial, de grandes proporções sociais e tema recorrente de pesquisas acadêmicas. Todavia, as questões relacionadas aos processos envolvidos na reconfiguração da vida desses sujeitos, após o envolvimento com o crime, raramente são abordadas. O presente estudo objetiva apresentar o resultado das compreensões alcançadas a partir de uma pesquisa mais ampla, realizada com jovens-rapazes após seu envolvimento e afastamento do contexto do crime, buscando investigar os demarcadores presentes na dinâmica de seu redirecionamento existencial, enfatizando-se, para efeito desse trabalho, as contribuições steinianas para a apreensão do fenômeno. Os depoimentos, coletados através de entrevistas individuais, foram analisados fenomenologicamente. Na conclusão, evidenciou-se a implicação de exigências existenciais: a reconfiguração de si mesmo, do sentido do vivido e do posicionamento existencial, dinâmica impulsionada por acontecimentos mobilizadores do núcleo pessoal, cuja força espiritual possibilita o rompimento da cadeia de determinismos psíquico-sociais já consolidados.

Palavras-chave: Juventude; Ato infracional; Redirecionamento existencial.


ABSTRACT

The starting point of this text is a reconstruction of the main points of the phenomenological interpretation of Descartes' Passions of the soul by Merleau-Ponty. It is significant that in denouncing a certain ambiguity in Descartes' thought between causal realism, intellectuaThe problem of younghood lived within a context of crime is multifactorial, with great social proportions and a recurrent theme of academic research. However, matters related to the processes surrounding the life reconstruction of these young people, after dealing with crime, are rarely addressed. This study aims to present the results of the comprehensions obtained for a broader research, performed with youngsters after their involvement and separation of the crime context, seeking to investigate the defining elements present on the dynamics of their existential redirection, emphasizing, in the context of this work, Stein's contributions to the apprehension of this phenomena. The testimonies, collected through individual interviews, were phenomenologically analyzed. In the conclusion, it become evident the implications of the existential demands: the self-reconfiguration, the reconfiguration of the meaning of the lived experience and the reconfiguration of the existential positioning dynamic driven by the mobilizing events of the personal nucleus, whose spiritual force enables the rupture of an already consolidated psychic-social chains of determinism.

Keywords: Youth; Infraction act; Existential redirection.


RESUMEN

El problema de la juventud vivida en contextos en la criminalidad es un problema multifactorial, de grandes proporciones sociales y tema recurrente de pesquisas académicas. Sin embargo, las cuestiones relacionadas a los procesos envueltos en la reconstrucción de la vida de esos sujetos, después del envolvimiento con el crimen, raramente son abordados. El presente estudio objetiva presentar el resultado de las comprensiones alcanzadas a partir de una pesquisa más amplia, realizada con chicos jóvenes después de su envolvimiento y alejamiento del contexto del crimen, buscando investigar los destacados presentes en la dinámica de su reorientación existencial, enfatizándose, para efecto de ese trabajo, las contribuciones steinianas, para la incautación del fenómeno. Los testimonios, recogidos a través de entrevistas individuales, fueron analizados fenomenológicamente. En la conclusión se evidenció la implicación de exigencias existenciales: la reconfiguración de sí mismo, del sentido de lo vivido y del posicionamiento existencial, dinámico, impulsada por eventos movilizadores del núcleo personal, cuya fuerza espiritual posibilita el rompimiento de la cadena de determinismos psicosociales ya consolidados

Palabras-clave: Juventud; Acto delictivo; Reorientación existencial.


 

 

INTRODUÇÃO1

O problema da juventude vivida no contexto da marginalidade e criminalidade e envolvida com ações infracionais é questão grave, multifatorial e de grandes proporções sociais contribuindo para o aumento do conflito social e da vitimização letal de jovens, vítimas e agressores, especialmente aqueles do sexo masculino. Temática que configura dimensões materiais, jurídicas, institucionais, políticas e éticas e envolve questões de caráter psicossocial, sociológicas e culturais o que a torna objeto de pesquisa de diversos setores do conhecimento e demarca diferentes diagnósticos referentes aos elementos responsáveis por essa problemática.

Os estudos sobre a questão enfatizam a realidade objetiva que compõe o entorno existencial desses jovens, marcada pela violência, pelo convívio cotidiano com a criminalidade, definindo espaços de marginalidade e exclusão social, realidade que os determina e, ao mesmo tempo, cria as circunstâncias para a sua invisibilidade pessoal, reduzindo-os a números estatísticos, às notícias e imagens espetaculares veiculadas na mídia, restringindo sua percepção, nos "reservatórios de sentido coletivo", a ajuizamentos referentes a sua periculosidade, crueldade e insensibilidade (Berger & Luckmann, 1985). Sua realidade subjetiva, por seu turno, traz em seu bojo vivências de desenraizamento, despertencimento e exclusão, agravadas pelas características da própria contemporaneidade, que exacerba sentimentos de angústia e de isolamento existencial.

Sintomas contemporâneos, por certo, todavia, intensificados em casos de deteriorização da experiência da confiança, engendrando imagens de ruptura, afrontamento e fracasso. Nessas situações, ocorre uma perda de interesse em relação ao futuro, desconsidera-se o sentido do passado, esvazia-se o significado do vivido, das relações, do outro e de si mesmo. Elementos que, aliados à necessidade característica da juventude de pertencer a um grupo de iguais, acaba por aprisioná-los, por falta de alternativa, ao mundo que envolve o contexto do crime (Giovanetti, 2010; Jost, 2006, 2010; Lasch, 1983; Sudbrack, 2003; Winnicott, 1999).

Agregam-se a esses elementos, os sentidos subjetivos conferidos a essas experiências, considerando que esses jovens acreditam e incorporam o diagnóstico social a eles atribuído e tendem a fazer de si "conforme" a ele. Com isso, decorrência imediata, ratificam as expectativas que sobre eles incidem, reforçando os sentidos coletivos já configurados acerca dessa camada da população, forjando um círculo vicioso e perverso que engendra determinismos múltiplos e tece uma rede de questões de difícil solução.

Sobre determinações que nos permitiram evidenciar âmbitos capitais de diagnósticos do problema, dentre os quais destacamos três: o primeiro, que estabelece uma relação de causalidade psicossocial, ressaltando a posição passiva desses jovens diante de uma sociedade organizada de forma que estes estariam previamente excluídos do sistema. O segundo, que destaca suas necessidades psicossociais, referindo-se ao pertencer, ao amar e ser amado e ao movimento existencial de encontrar um sentido autotranscendente que possa corresponder aos seus anseios existenciais (Jost, 2006; 2014). Essas são buscas humanas fundamentais referindo-se, portanto, à estrutura de ligação que conecta as vivências intencionais. Motivos, destarte, que implicam, necessariamente, a participação do eu, evidenciando esses jovens como capacitados a dar respostas pessoais às provocações do mundo.

A dinâmica da busca, por sua vez, remete-nos a um terceiro nível diagnóstico referindo-se à questão do sentido em sua acepção propriamente existencial, provocandonos e direcionando-nos a investigar, já em trabalho anterior (Jost, 2006), que sentidos poderiam estar, esses jovens, conferindo às suas vidas? Que motivos os impulsionariam em sua adesão aos contextos que envolvem o mundo-do-crime? Certamente, já havíamos observado que "ser bons bandidos", passa a ser, nesses contextos, um telos, configurando "uma visão de mundo" e um critério de orientação dado à vida (Ales Bello, 1998; Jost, 2014). Nesse percurso, o mundo-da-vida, como vida que se revela na relação com o mundo, transfigura-se numa vida-no-mundo que se estrutura na direção da destruição de si mesmo, ato contíguo à destruição do outro e do seu entorno existencial. Respostas sim, porém, inábeis em sua função de preenchimento do vazio existencial que se evidencia ao se "darem conta" de que vivem uma vida sem a "razão do ser" (Jost, 2014). Diante disso, pergunta-se: como seria possível para nossos sujeitos redirecionar suas vidas em condições tão desfavoráveis à sua realização pessoal?

Questão nuclear que nos impulsionou à busca de compreensão da experiência de jovens-rapazes no movimento de redirecionamento do sentido de suas existências após sua inserção e afastamento do contexto do crime. Os resultados da análise fenomenológica dessas vivências foram discutidos em trabalho mais amplo, contudo, para os fins desse estudo, realizamos um recorte procurando destacar, particularmente, as contribuições de Edith Stein para a compreensão desse fenômeno, evidenciando alguns elementos conceituais postulados pela filósofa que se revelaram fundamentais para a apreensão dessa experiência.

 

CONTRIBUIÇÕES DE EDITH STEIN

A configuração da pessoa humana

Edmund Husserl (1859-1938) principiou o seu percurso metodológico investigando fenomenologicamente as condições que possibilitam ao sujeito conhecer a realidade exterior, definindo a primeira etapa do método fenomenológico: a redução eidética. Nesse caminhar, o filósofo se volta da realidade que é conhecida para o sujeito conhecedor, procurando se ocupar, então, da análise das vivências intencionais do sujeito transcendental, cujos resultados possibilitaram a demarcação da estrutura transcendental do sujeito humano, definindo as três grandes regiões ontológicas do ser: a corpórea, a psíquica e a espiritual (Cardoso & Massimi, 2013).

Edith Stein (1891-1942), ampliando as descobertas husserlianas, analisa cada uma dessas dimensões em sua dinâmica e atributos específicos, buscando apreender como se dá a articulação desses níveis na vivência do sujeito concreto, isto é, na sua estrutura ôntica, contudo, sem desconsiderá-lo na sua estrutura transcendental, visando a ancorar a essência do significado do ser na existência (Peres, 2013). Nesse percurso, resgata o conceito de pessoa humana, realidade composta como unidade de corpo e alma, sujeito de uma multiforme vida do "eu", resultado de uma consciência intencional. Nesse aspecto, a vida do eu é designada como seu interior à qual se contrapõe sua vida exterior, seu corpo e seu organismo físico (Stein, 2005b).

Distingue primeiramente o corpo vivo como o nível da percepção de si mais imediato (corpo sentinte) e meio de expressão do ser capaz de realizar efeitos no mundo exterior. Na continuação dessa análise chega à dimensão psíquica, nível da ressonância e reação ao que nos chega pela via sensível, vida interior, contudo, que se diferencia da consciência. Esta que se refere ao aspecto que se dá conta da vivência (seu aspecto que é cônscio), apreendendo-a como um continuum indiviso e indivisível, condição de possibilidade do vivenciar humano (Gaspar & Mahfoud, 2013; Stein, 2005a). A psique, por seu turno, é constituída por aspectos sensíveis e espirituais e por uma "disposição interna original", o caráter pessoal, não dependente do meio externo para existir, mas dele necessitando para desenvolver-se de modo satisfatório; por conseguinte, observa-se que a psique está submetida às leis de causalidade, apesar de que seus elos causais não ocorrem de maneira quantificável (Stein, 2005a).

Como corolário, tem-se primeiro que aquilo que é oferecido à sensibilidade é um elemento importante na formação do caráter (Gaspar, 2013; Jost, 2014). A seguir, que o caráter ou a "falta de caráter" estão em poder da pessoa, considerando que é ela que estima ou não os valores que estão orientados para a realização (Stein, 2005b). Trazendo as colocações steinianas para o âmbito de nossa temática, podemos, então, concluir que, em circunstâncias adversas, situação em que se encontram nossos sujeitos, a formação e o desenvolvimento de sua unidade psicofísica estariam seriamente comprometidos.

Todavia, a filósofa demarca ainda que o caráter pessoal expressa uma "peculiaridade pessoal" (Stein, 2005b) que unicamente se "desdobra" no curso do desenvolvimento, realidade somente compreendida a partir da dimensão espiritual, possuidora de um dinamismo próprio, irredutível à dimensão psicofísica. Sua força vital origina-se de um núcleo pessoal, centro de um eu vivenciante que articula todas as dimensões da estrutura da pessoa em torno de si, possibilitando a efetivação da liberdade espiritual e autorizando a mobilização e o posicionamento pessoal às solicitações do mundo. O espírito define-se, portanto, como aquela instância formada pelo intelecto e pela vontade que capacita a pessoa a abrir seu "olhar espiritual" para o mundo (abertura para fora) e acolhê-lo em si (abertura para dentro), refletindo e julgando o que recebe, passando a ser tarefa do espírito configurar-se, formar-se e governar a si mesmo (Cury & Mahfoud, 2013; Stein, 2005b, 2007).

Contudo, reflete Mahfoud (2007), é somente permitido à pessoa se autoconfigurar, tornando-se si mesmo, se esse processo estiver em conformidade com um determinado princípio que, no caso humano, não está inscrito em seu organismo. Portanto, ele pode seguir o convite de abertura para o mundo que o circunda ou efetivamente negar-se a fazêlo. Entramos aqui na esfera do querer e da vontade, considerando que todos os atos que compõem as vivências da pessoa – atos de percepção, de apercepção, de síntese e de motivação – são atos do eu, atos intencionais, regidos, portanto, pelas leis da vida espiritual. Estas se referem àquilo que motiva o querer e a vontade para agir, configurando o corpo e a alma no sentido de uma formalização espiritual que vai caracterizando o ser pessoal, possibilitando que o eu se torne mais si mesmo ou não. Define-se, assim, a noção de pessoa: um ser que é livre e espiritual, não somente sujeito psíquico, que traz a marca peculiar de ser um ser que diz de si mesmo: eu. (Stein, 2007).

 

A força do espírito

Do colocado, observa-se que as leis que regem a dimensão espiritual diferenciamse radicalmente das leis da causalidade psíquica. Estas se referem às leis do sentido que seguem a dinâmica da motivação tratando de procedência, isto é, de uma vivência ser complementada por motivo da outra, evidenciando a presença ativa do eu como ponto de origem dos atos os quais procedem fenomenicamente desse eu e que se encaminham para um objetivo. Nesses termos, é o posicionamento da pessoa que possibilita que o ato se realize e não algo que acontece de modo contingente. Sendo assim, se o conceito de motivo refere-se àquilo que impulsiona a ação, a motivação define a análise das condições que tornam possível ou não a realização do motivo (Ales Bello, 2006; Gaspar & Mahfoud, 2013; Stein, 2005a).

Nesse âmbito, Stein (2005a) diferencia distintas configurações de atos presentes no eu como vivências: 1) a tomada de conhecimento como o ato de voltar-se a algo que é dado; 2) a tomada de posição do eu referente a atos em que nos fazemos participantes e 3) os atos livres propriamente ditos quando o eu se manifesta genuinamente como "senhor de seu vivenciar". Aqui percebemos um agir que se refere à convicção e ao reconhecimento do valor que, como atos livres, podem proceder de um propósito (Vorsatz), não obstante, têm que ser introduzidos por uma aceitação da vontade (Fiat) que efetivamente provoca uma tomada de posição e uma ação exigida naquele momento. Dessa maneira, a motivação se realiza na medida em que o eu percebe um objeto, que tem um determinado conteúdo de sentido apreendido como valor, provocando o reconhecimento e a afirmação de uma exigência, que emerge do centro de si mesmo, mobilizando a vontade que incita o posicionamento pessoal e o agir em função da correspondência entre as exigências constitutivas de sua pessoa e as provocações apreendidas no mundo, sintetiza Ales Bello (2000), a partir das colocações anteriores.

Ressalva-se, entretanto, que o processo de configuração de si não implica uma garantia de que o eu se tornará si mesmo (Gaspar & Mahfoud, 2013; Stein, 2005a). Com efeito, considerando o entorno existencial de nossos sujeitos, como encontrariam eles motivações capazes de interromper o fluxo dos determinismos psicossociais já configurados? Mahfoud (2007), fundamentando-se nas considerações de Stein (2005b), assinala um caminho ao enfatizar que a pessoa se apropria da experiência de si mesmo não apenas ao se interessar pelo seu eu, mas quando esse interesse se dá na relação com a alteridade. Encontro interpessoal que oferece a possibilidade da clarificação de valores objetivos do eu que este, sozinho, não poderia penetrar, permitindo-nos conhecer a nós mesmos, na medida de nossa abertura para reconhecer o outro como pessoa, tal como eu sou. Encontro humano que contém elementos fundantes da possibilidade do exercício da vontade de adesão a um valor capaz de direcionar as ações para a construção da liberdade, manifestando toda a sua potência no nível espiritual em vivências possibilitadas pelo contexto comunitário.

Sublinha-se, porém, que se o intercâmbio entre os indivíduos refere-se a uma tomada de posição esta, certamente, pode ser positiva ou negativa, qualidade que se vincula indissoluvelmente à pessoa e a sua abertura ou não para a capacidade de estimar valores (Ales Bello, 2000; Stein, 2005b). Diante disso, e apreciando o caso peculiar de nossos sujeitos cuja presença em suas vidas do "ou não" é tão constante e cotidiana, é o caso de perguntarmos: o que poderia mobilizar sua sensibilidade provocando sua vontade para querer decidir-se por um sim à vida? Aproximemo-nos, então, das vivências concretas de jovens que viveram essa experiência buscando apreender o seu sentido a partir das considerações de Edith Stein.

 

ARTICULANDO A FILOSOFIA À VIDA

Apresentamos-lhes agora Lucas, João, Marcos e Jonas, nossos sujeitos de pesquisa, quatro jovens que compartilharam conosco suas vivências, descrevendo-nos o movimento por eles empreendido no processo de transformação de si e de reconfiguração de suas existências permitindo que empreendêssemos uma análise fenomenológica de suas vivências a partir dos dados coletados em suas entrevistas, cuja metodologia seguiu o critério de escolha intencional de sujeitos. Os depoimentos coletados foram organizados inicialmente em eixos temáticos, possibilitando-nos captar seus elementos essenciais e posteriormente, estruturá-los em categorias, permitindo-nos a articulação, no caso específico deste estudo, com as contribuições filosóficas de Edith Stein. Encontramos esses rapazes na Fazenda Esperança, cumprindo o seu ano de recuperação, nos casos de Lucas e Marcos, e também nos Espaços Criança Esperança e Fica Vivo, nos casos de João e Jonas, respectivamente. Iniciamos as entrevistas colocando uma questão: como é para você estar vivendo esse momento em sua vida, após ter vivido o que você viveu? Pergunta norteadora que, chamou-nos a atenção, levou-os a descrever primariamente qual foi seu ponto de partida, sinalizando-nos que o movimento de reconfiguração de si, não é óbvio, ao invés, é o resultado de uma luta árdua travada na alma.

Esses jovens descreveram-nos um entorno existencial marcado por carências materiais e, principalmente, afetivas, expondo-nos situações de maus tratos, violência, abandono e desvalorização de seu ser. Nesse ambiente, relatam-nos acerca de eventos ocorridos que demarcaram um início, uma porta de entrada para um universo cruel que implicava endurecer o sentimento para se tornarem capacitados a matar. Lucas conta-nos que "um parente dele matou um cara" e, como decorrência, sua família foi ameaçada de morte. Ele tinha apenas dez anos, mas precisava defender sua família e, sendo assim, explica-nos a "linha de raciocínio que tinha" - referindo-se à sua maneira de tomar para si esse vivencia: "eu precisava ser perigoso para que tivessem medo de mim e não mexessem com minha família"; João narra o momento em que recebe a notícia da gravidez da namorada e, por conseguinte, coloca-nos, surge a necessidade de conseguir dinheiro, "rápido e fácil," possibilidade acessível se ele estivesse inserido no contexto do crime; Jonas nos expõe que "nasceu e foi criado no berço do crime": seu pai, "que nem o registrou", já era "um traficante conhecido e respeitado" quando ele nasceu. E a sua pessoa foi sendo formada assim, "muita precisão e o dinheiro do crime ajudava em casa"; Marcos, por sua vez, relata-nos que tinha dez anos e, ao presenciar, numa briga familiar, seu pai batendo em sua mãe e jogando seu irmão de cinco anos na parede, agiu: "dei dois tiros em meu pai, e foi aí que começou, minha vida virou...".

A partir desses eventos inaugurais, descrevem-nos os elementos que compunham esse universo simbólico que influenciou na formação de seu caráter. O caráter, como colocado e segundo Stein (2005b), refere-se a uma qualidade fundamental da vida interior, que não depende do ambiente externo, não obstante, necessita de um entorno adequado para desenvolver-se de acordo com o que corresponde ao núcleo pessoal. Tais qualidades se referem, especialmente, à vida afetiva e volitiva, articulando-se à capacidade de sentir, à memória, ao intelecto, e também ao impulso com que esse sentir se transforma em vontade e em ação. Vincula-se, destarte, à vida do eu e àquilo que é oferecido à sensibilidade.

Nesse âmbito, compreendemos o impacto causado pelos "modelos-bandidos", temidos e poderosos, referência de valor nesses contextos; assim como apreendemos a importância do apreço recebido na proporção da violência expressada e a atração exercida pela possibilidade de se "ter tudo o que quiser" que se soma à "vaidade e ao prazer" de se sentirem "reis e ostentar" por meio do conseguido no universo do crime. Valores propagandeados pelo contexto sociocultural hodierno que se organiza sobre a esfera do consumo e que, no caso desses jovens, responde a necessidades psicossociais importantes. Descrevem, portanto, o processo de configuração de certo "tipo" necessário visando a conformarem-se ao mundo do crime. "Tipo social" que baliza uma "forma" que, apesar de "acidental", pode transformar-se num hábito, em um modo de ser e em uma "crença" sobre si que impactua naquilo que a pessoa vai se tornando. Desse modo, trazendo para esse âmbito as considerações de Stein (2007), avalia-se que esse processo ocorre na elaboração contínua entre potências internas, os conteúdos que nossos sujeitos recebem do seu meio circundante e a maneira singular de significá-los. Por certo, aproximando-nos das colocações de Stein (2005a), observamos como esses jovens tomaram para si esses eventos dramáticos ocorridos em suas vidas. Com efeito, eles tinham motivos para se deixar impulsionar "tal como uma bala que, por um disparo, é arremessada em uma determinada direção" (Stein, 2005a, p.278). De fato, não havia aqui ainda uma implicação pessoal no que lhes acontecia. Nessa circunstância, assevera Stein (2005a), embora o eu tenha consciência do fato de ser impulsionado, esse movimento se caracteriza como uma vivência sem fundamentação objetiva. Nesse contexto, eles não se posicionaram de maneira razoável no sentido de analisar "as condições de possibilidade" para realizar o motivo (Ales Bello, 2006): "é a vida que vira" e eles "deixam-se levar pelo contexto", modelando-se de acordo com essas conjunturas, aprendendo a estimar valores de forma não adequada, direcionando sua vida afetiva e volitiva para fazerem de si pessoas cruéis, num movimento autocentrado cuja meta articula-se à afirmação de si que é direcionada pelo apelo psíquico (Mahfoud, 2007, 2012). Todo esse movimento descritivo de vivencias primárias, permitiu-nos apreender que, nas relações estabelecidas nos seus espaços territoriais, esses jovens foram configurando províncias de significado específicas, que, a despeito de não corresponderem ao seu eu pessoal, estenderam-se para outros modos de atuação no seu contexto social, demarcando-se aqui uma primeira categoria compreensiva do fenômeno em questão.

Todavia, esses rapazes também relatam acerca de outro acontecimento que emergiu interrompendo a torrente do acontecer causal. Entendemos essas ocorrências como vivências que se revelam como acontecimentos, segundo a definição de Romano (2009), porque incidem como uma "ruptura" no fluxo das suas existências, excedendo o conteúdo do fato em si. Dinâmica que lhes possibilita reconhecerem-se naquilo que lhes acontecia, provocando sua vontade para querer se movimentar na direção da reconfiguração de sua realidade, objetiva e subjetiva, capacitando-os a responder de forma transformadora. Vivência-acontecimento que lhes confrontava dramaticamente com a exigência de vida que, por ser constitutiva do humano, persistia clamando dentro de si. Diante desse acontecimento descrevem acerca de uma "dor doída por dentro" ao "voltarem o seu olhar" (Stein, 2005b) sobre suas vidas e se darem conta do "mundo em que estavam vivendo, da pessoa em que estavam se tornando e do mal que estavam fazendo" aos outros próximos e não tão próximos, indicando-lhes que o que estavam sendo não correspondia àquilo que deviam-ser.

Relatam, assim: o confronto com a morte do amigo, assassinado e exposto nu com a namorada no meio da rua, no caso de João; a vivência da percepção da iminência da própria morte ao ser baleado, quando Lucas viu como que "um filme de sua vida passando diante de seus olhos", e acreditou que morreria naquele momento; a situação de Jonas que, no confronto com a polícia, teve uma bala alojada na coluna, recebendo a notícia, ao acordar do coma, que estava paralisado da cintura para baixo; e o caso de Marcos quando, ameaçado de morte e percebendo que seria o "seu fim", resolve "fugir" para a Fazenda Esperança, tendo a oportunidade de conhecer outra realidade e abrir os olhos para outras possibilidades de existência. Eventos que lhes emergem como algo que "mexe por dentro", "novo motivo" que desconfigura o que já tomavam como dado na configuração de si mesmos.

Traçando um paralelo entre as considerações de Stein (2005b) e o conceito de acontecimento tal como exposto acima, a filósofa pontua que os atos resultantes da motivação se dão como "interrupções" ou "incisões" no fluxo da consciência, permitindo que, no embate que trava a alma consigo mesma, irrompa um novo nível de profundidade provocando o insurgir de uma "nova classe de complexos de atos" capaz de sobrepujar o anterior. Nessas circunstâncias, afirma a autora, pode acontecer o emergir de outro querer que está por trás do querer da vontade, é um "querer querer", uma energia de auto plasmação que não está limitada por uma disposição original.

De fato, diante daquela dor agora reconhecida, nossos sujeitos tomam conhecimento de uma exigência fundamental e se dispõem a respondê-la. Jonas, por exemplo, "conversa com Deus" e faz com Ele um "pacto: se andasse de novo, iria sair do crime". E então, depois de seis meses no hospital, ocorre que, quando o médico "espeta uma agulha na planta de seu pé", ele sente dor e grita! Grito-abertura (Gaspar & Mahfoud, 2013) que indicava que ainda havia a possibilidade de "sentir". Não obstante, não estava tudo pronto ou dado de partida. Certamente, ressalva Ales Bello (2000), a partir das colocações de Stein (2005b), a existência de motivos não força a pessoa a efetuar os correspondentes atos, porque podemos querer sem de fato nos propor algo. Dessa sorte, apesar da insurgência de um novo motivo e do início de uma tomada de posição, a força empregada para efetivar esse propósito era ainda insuficiente para concretizar a transformação necessária.

Jonas volta a andar, mas retorna ao contexto do crime assim como Lucas e João, este último que resolve vingar a morte do amigo. Marcos, por sua vez, que "discutia com todo mundo, não aceitando nada de ninguém", opta por sair da Fazenda Esperança. Observa-se aqui uma luta entre estados contraditórios da alma; de fato, pareciam caminhar na contramão da via da realização do si mesmo, lutando para anular o efeito do gritoabertura dentro de si, fazendo "como se este não existisse" (Jost, 2014; Stein, 2005b). Não obstante, este permaneceu "latente" conduzindo nossos sujeitos, diante de novos acontecimentos, a um novo nível de participação do eu, possibilitando o emergir de um reconhecimento que se evidenciou, no caso de Jonas, como uma "visão de toda a sua vida" que o leva a se questionar: "Peraí, que mundo é esse que eu estou vivendo?" E na sequência se lembrar: "Eu não fiz um pacto com Deus?" Então, quando não parecia possível nenhum querer, um valor se apresentou diante deles reclamando ardentemente sua realização. Quando isso ocorre, afirma Stein (2005b), o eu tem que declarar se quer empenhar-se, e em favor de quê ele irá querer empenhar-se, tornando necessária uma decisão a partir do eu. Nessas conjunturas, é o eu que se empenha a si mesmo na realização de um valor e "[...] se vê que essa paralisação não é absoluta; o eu pode despertar e gerar o requerido ato de vontade [...] e semelhante ato "querido" pela vontade tem a energia para iniciar uma ação" (Stein, 2005b, p.815), provocando um movimento pessoal que evidenciava, nesses jovens, que "a alma ainda estava viva, ali onde ela parecia morta" (Stein, 2005b, p.813). Dessa sorte, a partir da desorganização provocada naquilo que já davam por certo sobre si mesmos, esses jovens sentem-se capacitados a lançarem-se para fora de si, agindo sobre sua dimensão psíquica, percebendo-se "despertar ou renascer ou ressurgir", sobrepujando suas "crenças" anteriores e decidindo-se por um sim à vida. Autorizam, assim, a emergência - vinda do centro de seu eu, da alma da alma - da força espiritual capaz de paralisar os efeitos dos fatores que os subjugavam e mobilizá-los para efetivar essa decisão (Stein, 2005a; 2007). Lucas decide ir para a Fazenda Esperança; Marcos afirma que decidiu "aceitar essa proposta"; Jonas proclama: "a hora é essa", e, por ordens do patrão do tráfico, prepara um "substituto" para ocupar seu lugar; João entrega "todas as suas coisas" para o chefe da boca e declara: "isso não é para mim.".

No entanto, a partir desse primário movimento, é ainda preciso reconfigurar-se, aprender a ser "pessoas novas", o que implica a reconfiguração de todo o sentido do vivido e o empenho de compreender-se e compreender aqueles que lhes fizeram sofrer, como fez Marcos ao escrever "uma carta para o pai pedindo perdão." Nessas conjunturas, é necessário, ressalva Stein (2007), tornar-se um "tipo novo" resultado da soma entre o que a pessoa era, o que recebe agora em si e a atitude que toma ante esses novos elementos. Grande desafio que necessita ser retomado todos os dias. Não obstante, na medida em que vão empenhando-se em aderir com toda a sua pessoa a essa proposta, apropriando-se de seu vivido e reposicionando-se diante dele, o que era uma percepção de uma exigência torna-se uma vívida convicção que integra a exigência ao próprio ser que agora a realiza como um ato de sua vontade (Ales Bello, 2000). Dinâmica que permite, destarte, a esses jovens, o reemergir da sua pessoa, definindo uma segunda categoria nesse movimento de reconfiguração de si mesmo e de redirecionamento existencial.

Como decorrência, relatam-nos, então, a alegria de educar "os meninos" para "gostar de fazer bem-feito"; de ensinar a arte de fazer bambu e jogar capoeira; de ajudar outros jovens, como eles, a enfrentar o desafio de fazer com que a vida "dê certo." Desse modo, vão descobrindo não somente um gosto pela relação eu-mundo, mas também o gosto de ser si mesmo, capacitando-os, cada vez mais, a tornar-se si mesmo (Gaspar, 2013; Guimarães & Mahfoud, 2013; Stein, 2005b), caracterizando uma terceira categoria necessária nessa dinâmica de reconfiguração do seu sentido existencial. Movimento surpreendente, por certo; contudo, que não ocorre por acaso. São possibilidades que decorrem de um mundo de valores objetivos ou da força espiritual de outros sujeitos (Cury & Mahfoud, 2013), aparecendo, nesse contexto, provocadas por encontros com outrospessoas que sobrevêm nesses novos espaços e que lhes apresentam outra proposta de vida. A proposta de amar concretamente, nos gestos cotidianos, como na Fazenda Esperança; a proposta de educar para respostas acertadas, criando novas alternativas ao viver de crianças e adolescentes nos Espaços Criança Esperança e Fica Vivo. Espaços comunitários que os capacita a perceber potencialidades próprias antes não reveladas e a responder à vida transformando o seu si mesmo em algo mais autêntico porque correspondente às diretrizes que emergem de seu núcleo pessoal. "Instituições intermediárias" permitindo sua educação para o diálogo com seu contexto cultural, mobilizando-os à responsabilização na configuração de novos sentidos para o si mesmo e seus núcleos comunitários de origem (Berger & Luckmann, 2012; Mahfoud, 2012).

Processo existencial, portanto, que evidencia uma dinâmica composta por dois movimentos interdependentes: uma exigência existencial e uma possibilidade de realização. A exigência de reconfiguração de si mesmo, possibilidade ofertada a partir de uma vivênciaacontecimento que provoca uma tomada de conhecimento e um movimento do eu em direção à meta. Dinâmica que exige a reconfiguração de sentido do vivido, cuja possibilidade se dá a partir da tomada de posição da vontade do eu, que provoca a abertura para o outro-pessoa em um movimento de reconciliação. Exigências que, respondidas, provocam a vontade de renovação, condição oferecida a partir da possibilidade decisão do eu, que incita a exigência do reposicionamento existencial direcionada à autotranscedência e que se dá em contextos comunitários. Sendo assim, que acontecimentos emergem de seus depoimentos como possibilitadores da reconfiguração do sentido de suas vidas? Lucas, responsável por acolher os jovens recém-chegados na Fazenda Esperança, destaca o acontecimento-amor, experiência elementar possibilitadora da vontade de reconfigurar o si mesmo; João, educador do Espaço Criança-Esperança, ressalta o acontecimento-confiança, experiência fundamental possibilitadora do empenho na ressignificação do vivido; Marcos enfatiza o acontecimento-reconciliação com o outro e consigo mesmo, permitindo o emergir do acontecimento-fé que implica a certeza de que "Deus prepara algo bom para nós porque se jogaram de cabeça". E Jonas? Mestre da vida e também da capoeira, destaca o acontecimento-criação, enfatizando o cuidado com o que se faz, com o como se faz para cuidar de quem o faz.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Encerrando esse percurso sintetizamos, então, o que apreendemos dos depoimentos desses rapazes à luz do considerado em termos mais amplos por Edith Stein referente ao dinamismo próprio dessa modalidade de experiência. Compreendemos que esse movimento caracteriza-se como um processo não linear, permeado por momentos de desespero e crença, de desânimo e entusiasmo, de recaídas e recomeços. Movimento complexo, entretanto, possível, se considerarmos a dinâmica que segue as leis do sentido que se inicia com um sentimento do eu que "põe em marcha" uma decisão da vontade que, por sua vez, "põe em marcha" uma decisão da ação (Stein, 2005a). Sendo assim, é a partir do eu pessoal que emerge a possibilidade para a pessoa de se mobilizar e se posicionar para uma resposta a uma solicitação do mundo, mesmo nas condições mais desfavoráveis, e, nesse aspecto, podemos afirmar que a liberdade é indubitavelmente um elemento constitutivo da pessoa humana.

Liberdade, nesse caso, que implicava ou a possibilidade de continuar a fazer o mesmo de sempre, em um movimento centrípeto que os dificultava a ser o que intuíam que deveriam ser; ou autorizava-os a decidirem-se por um sim à vida, movimento centrífugo que, a partir de seu núcleo pessoal, permitia a irrupção de uma energia de autoconfiguração capaz de fazer frente aos condicionamentos psicossociais que lhes aprisionavam (Jost, 2014).

Por fim, deixamos aqui um recado para todos vocês, para todos nós. Nós que podemos nos empenhar ou não em transformar os reservatórios de sentido coletivo no que se refere aos significados sociais cristalizados em relação às crianças, adolescentes e jovens brasileiros inseridos nesses contextos socioculturais não favorecedores da realização do humano. Um recado enviado por Lucas que nos pediu para lhes dizer que "é possível sim". É possível sim fazer surgir, a partir do caos da matéria bruta, uma forma e um sentido, transformando arte em vida e vida em arte, como no caso de Jonas. É possível sim, resgatar a capacidade de sentir e de estimar valores mesmo nos corações "mais petrificados", como demonstrou-nos Marcos. É possível sim, ensinar a amar, com gestos concretos, somente para mostrar ao outro que existe alguém que cuida amorosa e incondicionalmente. É possível sim, acreditar na positividade de uma resposta (Giussani, 2009) realizadora do si mesmo, criando-se condições para o emergir da pessoa, de modo a correspondermos, com nossas ações, às indicações que brotam de nosso núcleo pessoal, mesmo nas situações mais desesperadoras da nossa existência.

Assim, concluindo, deixamos aqui as palavras potentes de quem viveu o crime, de quem tirou de sua vida pessoas importantes, mas que conseguiu, num esforço heroico, transformar o seu destino, tornando-se testemunho da esperança: "[...] Então, é isso: depois de uma grande dor, vem a bênção. Aí, se você for mexer com esses meninos e sentir uma grande dor e eles também, é sinal que a bênção está por vir. Alguns deles vão se recuperar. Agora, outros não. Então, se você não tem mais nada pra fazer, então ama. É só isso, você só precisa amar." (Lucas)

 

Referências

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Nota sobre o autor:

Maria Clara Jost: psicóloga, coordenadora da área de pesquisa da Fundação de Saúde Integral Humanística (FUNDASINUM), docente da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Email: mariaclarajost@gmail.com

 

Recebido em: 05/10/2016.
Aprovado em: 21/11/2016.

 

1 Este artigo é baseado em temas desenvolvidos na tese de doutoramento da autora. Ver: Jost, M. C. (2014). Do sentido para a morte para o sentido da vida: possibilidades de reconfiguração do sentido existencial de adolescentes/jovens autores de ato infracional. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

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