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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.11 no.2 Belém maio/ago. 2019

http://dx.doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol11.n02editorial 

Editorial

DOI: 10.26823/RevistadoNUFEN.vol11.n02editorial

 

 

Saúde mental e projetos intervencionistas em tempos de mudanças das políticas públicas

 

 

Marciana Gonçalves Farinha; Nathália dos Santos Silva

 

O número especial da Revista Eletrônica do Núcleo de Pesquisas Fenomenológicas, "Revista do Nufen" trazem artigos com diversos relatos de práticas afetuosas de cuidado em saúde mental abordando os dilemas, os desafios e os avanços da área de Saúde Mental vinculados ao ensino, pesquisa, assistência e gestão. Estes artigos propõem relatos de serviços, pesquisas e intervenções que tiveram como tema de fundo saúde mental, sofrimento psíquico, e suas estratégias para pensar e propor saúde. São uma diversidade de experiências e maneiras de abordar o fenômeno nos diferentes campos da saúde.

Desde o final da década de 1970, no Brasil, vem consolidando uma política de saúde mental tendo como base a promoção de direitos humanos e a garantia do cuidado em liberdade. Esta política é legitimada pela lei 10.216/2001, entretanto, desde 2017 vem sofrendo graves ataques em função de políticas de governo contraditórias ao que estava proposto.

O campo da saúde mental brasileira atual exige o investimento de projetos, serviços e ações que viabilizem o cuidado em liberdade das pessoas com sofrimento mental, transtorno mental e com problemas relacionados ao uso de drogas. Em tempos de mudanças que impactam os avanços do fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial urge uma constante vigilância crítica dessas novas propostas sem perder de vista as ações inventivas nos serviços, que deem conta dos problemas cotidianos com soluções construídas junto ao território levando em conta a realidade e especificidade desses espaços.

A realidade do indivíduo em sua territorialidade está ligada a uma teia de relações que vão desde o núcleo familiar, a família extensa, a vizinhança, a escola, os serviços de saúde, de Assistência Social, a Universidade, os serviços públicos e privados, organizações não governamentais, as possíveis redes de apoio. Esses espaços e serviços quando articulados ofertam serviços e Atenção Especializada com alcance maior e mais efetivo do que ações individuais e desconexas.

As ações voltadas às pessoas em sofrimento mental pressupõem ações de profissionais pautados pelo acolhimento, disponibilidade de escuta e de atenção favorecendo a consolidação dos vínculos e acesso aos diversos níveis de atenção. O cuidado em saúde mental é demarcado por saberes e fazeres atravessados por um ideário ético-político emancipatório e substitutivo à lógica organicista, médico centrada e hospitalocêntrica.

Portanto, ressalta-se a necessidade de descrever de forma sistemática as práticas desenvolvidas nos serviços e de avaliar a efetividade dos processos de trabalho, tendo como referencial a atenção psicossocial e a desinstitucionalização. Essas ações são oportunas estratégias para defesa da Reforma Psiquiátrica brasileira. Busca-se nos conhecimentos discutidos nesse número trazer experiências que perpassam aspectos técnico-assistenciais, sociais, políticos e históricos envolvendo as relações com a família, a comunidade e a sociedade.

Estão reunidos aqui textos de autores de diferentes expertises, que têm se dedicado à temática com profundidade e rigor. Com a publicação deste Dossiê esperamos colaborar e fomentar, de alguma forma, os debates sobre a Saúde Mental.

Desejamos uma boa leitura a tod@s!

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