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Revista do NUFEN

On-line version ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.12 no.2 Belém May/Aug. 2020

http://dx.doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol12.nº02artigo70 

Artigo

DOI: 10.26823/RevistadoNUFEN.vol12.nº02artigo70

 

Os neurônios-espelho e a relação terapêutica em Gestalt-Terapia

 

The mirror neurons and the therapeutic relationship in Gestalt Therapy

 

Las neuronas espejo y la relación terapéutica en terapia Gestalt

 

 

Luciane Patrícia Yano; Mayara Carvalho de Lima

Universidade Federal do Acre

 

 


RESUMO

Considerando a importância da relação terapêutica para a efetivação de um processo psicoterapêutico, este artigo apresenta os achados sobre os neurônios-espelho e sua participação nesse processo. Para isso desenvolveremos este trabalho partindo do ponto de vista ecológico em Gestaltterapia, seguida da apresentação teórica sobre os neurônios-espelho, a linguagem corporal e emocional, a relação terapêutica em Gestalt-terapia e, por fim, tecendo uma aproximação sobre o lugar dos neurônios-espelho no processo de relação terapêutica em Gestalt-terapia no intuito de provocar um olhar sobre esse subgrupo de neurônios e sua participação potencialmente poética naquilo que se constitui um solo sagrado em Gestalt-terapia: a relação entre pessoa e pessoa.

Palavras-chave: Gestalt-terapia; Neurônios-espelho; Relação terapêutica.


ABSTRACT

Considering the importance of the therapeutic relationship for the psychotherapeutic process, this article presents the theory of mirror neurons and their participation in this process. For this, we developed this work, starting from the Gestalt Therapy ecological point of view, followed by the theoretical presentation on mirror neurons and the therapeutic relationship in Gestalttherapy and, finally, weaving an approach on the location of mirror neurons in the process of therapeutic relationship in Gestalt therapy in order to provoke a look at this subgroup of neurons and their potentially poetic participation in those who have separated themselves from a sacred ground in Gestalt therapy: a relationship between person and person.

Keywords: Gestalt Therapy; Mirror neurons; Therapeutical relationship.


RESUMEN

Considerando la importancia de la relación terapéutica para la realización de un proceso psicoterapéutico, este artículo presenta los hallazgos sobre las neuronas espejo y su participación en este proceso. Para ello desarrollaremos este trabajo a partir del punto de vista ecológico en la terapia Gestalt, seguido de la presentación teórica sobre las neuronas espejo, el lenguaje corporal y emocional, la relación terapéutica en la terapia Gestalt y, finalmente, tejiendo una aproximación sobre el lugar de las neuronas espejo en el proceso de relación terapéutica en la terapia Gestalt para provocar una mirada a este subgrupo de neuronas y su participación potencialmente poética en lo que constituye un terreno sagrado en la terapia Gestalt: la relación entre persona y persona.

Palabras clave: Gestalt; Neuronas espejo; Relación terapêutica.


 

 

INTRODUÇÃO

O encontro humano, em sua intensidade, seja pelo toque ou pela escuta, é potencialmente terapêutico. O entrelaçamento de nossas conexões pessoais, descrevem um caminho possível na restauração de nossos mundos individual e coletivo. É pensando nessa potência, muito mais sentida que explicada, muito mais arte que técnica, que este artigo se propõe a pensar os elementos presentes nessa relação pessoa a pessoa, especificamente, na relação terapêutica.

Tomamos como proêmio deste trabalho a ideia da ecologia que compreende nossas relações. Toben e Wolf (2013, citado por Ribeiro 2019) afirmam que

Construímos a nós mesmos e construímos uns aos outros para além do tempo. [...] Todas as coisas estão interconectadas. Cada parte do seu universo está diretamente conectada a cada uma das outras partes (...) E: Em padrões que variam constantemente, cada universo individual forma todos os outros, e cada universo está conectado com cada um dos outros e com todos os outros (p. 49).

Enquanto na ciência tradicional, inserindo parte do conhecimento construído sobre a subjetividade, tema central da psicologia, o homem mantém-se com postura egológica tornando-se um observador do mundo. Na visão holística, incluindo a Gestaltterapia, a postura adotada emerge do reconhecimento de que se é parte do todo – o homem é participante ativo da natureza, tecendo fios invisíveis que lhe conferem assim uma postura ecológica (Sinay, 1997).

 

 

Nesta compreensão ecológica relacional, resgatamos os desafios da psicoterapia, defendendo a importância de considerar o espaço da relação em psicoterapia como uma posição de encontro entre pessoas, para a construção de uma postura relacional com função terapêutica e antirreducionista. Para Latner (1986) a teoria da Gestalt-terapia toma como peças centrais duas ideias: primeiro, é que o foco apropriado da psicologia é na experiência do momento presente: o aqui e agora do viver. O segundo é que somos, indissociavelmente, capturados por uma rede relacional com todas as coisas e é partindo dessa abertura relacional e ecológica que desenvolvemos esse trabalho.

Este trabalho apresenta uma percepção sobre a influência dos neurôniosespelho na relação terapêutica em Gestalt-terapia, disparada pela curiosidade ativa das autoras quanto aos dois temas: tanto a importância do reconhecimento dos neurôniosespelho na atualidade, quanto a incluir essa discussão para a dimensão terapêutica da Gestalt-terapia. Para isso, nossa caminhada parte de buscas conceituais em relação aos neurônios-espelho, sobre a configuração da relação terapêutica em Gestalt-terapia - destacando os elementos que atuam no favorecimento da qualidade da relação terapêutica e, apresentando a participação dos neurônios-espelho nesse processo.

 

OS NEURÔNIOS-ESPELHO

Os neurônios-espelho foram descobertos pelo neurofisiologista italiano Giacomo Rizzolatti (1937), por meio dos estudos desenvolvidos com macacos Rhesus durante a década de 90. Estes pesquisadores identificaram uma classe de neurônios, denominados de "neurônios-espelho", localizados na área F5 do lobo frontal, que são acionados quando os macacos praticam uma ação específica ou mesmo quando observam outro animal realizando uma tarefa. Além da ativação por meio da observação e execução de uma ação, os neurônios-espelho podem ser ativados também por eventos que possuem relação indireta com a ação, com observação/execução de atividades relacionadas à boca e com expressões faciais comunicativas que estão sendo manifestadas em nossa frente (Lameira, Gawryszewski & Pereira Jr., 2006).

Atualmente, sabemos que os neurônios-espelho estão sendo associados a diversos estudos relacionados ao funcionamento do cérebro no Transtorno de Espectro Autista (TEA) (Raposo, Freire & Lacerda, 2015), com pesquisas relacionadas ao neurôniosespelho como possível base neurológica das habilidades sociais (Ferreira, Cecconello & Machado, 2017) e com a área da aprendizagem (Carvalho, 2018).

Diversas evidências acerca dos neurônios-espelho foram surgindo no âmbito científico, tais como: Estudos funcionais usando a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a ressonância magnética funcional (fMRI); Estudos utilizando a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT); Reconhecimento da lateralidade de figuras da mão e o possível papel dos neurônios-espelho; Circuitos corticais comuns associados com o reconhecimento da lateralidade da mão e com os neurônios-espelho (Lameira et al., 2006). Lameira et al. (2006) apresentam um estudo com a utilização de fMRI para demonstrar que os neurônios-espelho codificam as ações e a intenção dessas ações.

Desse modo, podemos entender que os neurônios-espelho assumem uma fundamental relevância para a compreensão do comportamento humano. Lameira et al. (2006) afirma que os neurônios-espelho possibilitam a compreensão direta das ações dos indivíduos, como também das intenções envolvidas, do significado social do comportamento e das emoções. Esses autores acrescentam que as emoções e as comunicações nãoverbais dos seres humanos podem ser também espelhadas por esse grupo de neurônios, nas quais pode-se pensar a participação dos neurônios-espelho na relação terapêutica. Os neurônios-espelho nos possibilitam a habilidade maior de sentir a relação e não somente pensar a relação. Os neurônios-espelho desempenham uma função crucial para o comportamento humano. São ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa. O espelhamento não depende obrigatoriamente da nossa intenção ou memória: quando alguém faz um movimento corporal complexo e para nós inédito, os nossos neurônios-espelho identificam em nosso sistema corporal os mecanismos proprioceptivos e musculares correspondentes e tendemos a imitar, inconscientemente, aquilo que observamos, ouvimos ou percebemos de alguma forma. (Lameira et al., 2006).

Para Christian e Fadiga (2016), os sistemas somatossensoriais e emocionais, possivelmente fornecem uma base neurofisiológica para fenômenos como incorporação e empatia. No panorama científico, as palavras-chave associadas aos estudos dos neurôniosespelho são: empatia, compaixão, imitação, Teoria da mente, aprendizado de novas habilidades, sociedade, cultura, leitura da intenção de outros humanos, gênese do autismo, espelho-tátil, Rapport e vínculo terapêutico. Essas palavras-chave surgiram a partir do resultado de uma pesquisa realizada pelas autoras, utilizando as plataformas Scielo, JSTOR e Google Acadêmico.

Massumi (2016) apresenta um trabalho sobre hiperconectividade neuronal. As informações apresentadas em seu trabalho, expressam a conexão humana dotada de um contínuo primordial, a ideia de um Nós separado pela pele, ideia que, Gibson Maurer e Spector (2014) nomearam de hiperconectividade neuronal. O processo empático ou o espelhamento - a tendência em sentir a perspectiva de uma pessoa em uma dada situação, é fundamental na construção dos relacionamentos sendo função dos neurônios-espelho. O espelhamento emocional e não verbal atua em situações em que vemos alguém chorar, por exemplo e, as nossas células refletem a expressão do sentimento intrínseco e, quando pequenas mudanças na face e no tom de voz nos ajudam a compreender o que o outro está pensando ou sentindo (Lameira et al., 2006).

Em Spagnuolo Lobb (2018), vemos uma dimensão Nós – ou relação terapêutica, na qual a autora cita como compreendida pelo fenômeno de ressonância corporal em que os neurônios-espelho orientam nossas ações na identificação da comunicação corporal, dandonos uma impressão fisiológica do processo e a preparação para uma resposta empática. Essa relação, sugere a autora, produz um conhecimento relacional estético, promovendo, por meio de empatia e ressonância, uma inteligência sensorial no campo fenomenológico. Ainda que não estejamos reflexivos sobre nossa ação no outro, a neurociência atual apresenta a presença de uma capacidade de sentir o outro, externando-se assim, uma compreensão possível para o respeito radical quanto à espontaneidade da natureza humana.

Tassinari e Durange (2019) descrevem a relação dos neurônios-espelho nos comportamentos imitativos – a exemplo do que ocorre na violência imitativa, bem como, no desejo de ajudar alguém que nos é despertado diante de sua angústia e, defendem o reconhecimento do enraizamento de nossos vínculos: sentimos e representamos as emoções de nós mesmos e dos outros, podemos adotar a perspectiva de outra pessoa, distinguindo o que somos com o que é do outro.

Siegel (2012), apresenta algumas influências neurobiológicas nas relações interpessoais. Para o autor, existem padrões de energia que atravessam nossos circuitos neurais e são compartilhados em nossas relações com os outros. Esse espiral de energia no tempo, contém significados simbólicos que comunicam além do que é dito, revelando a intenção da comunicação. Neste processo, os neurônios-espelho são ativados quando uma ação intencional é tomada ou percebida. As propriedades-espelho indicam que existe um espelhamento de ação e da percepção, revelando que o cérebro é capaz de fazer mapas neurais das ações dos outros, simbolizando sua intencionalidade. Assim, o processo mental da intenção ilustra como o cérebro faz uma imagem da mente do outro, mesmo antes de ser possível formar palavras ou ter uma compreensão intelectual, antecipando nossas ações. As relações interpessoais são caracterizadas por este processo de comunicação integrativa.

 

O CORPO E AS EMOÇÕES NA GESTALT-TERAPIA

Para a Gestalt-terapia, o ser humano é concebido como um indivíduo holístico e integrado, sendo considerado como um todo, principalmente no que diz respeito as manifestações do corpo no espaço terapêutico. Muitas abordagens psicoterápicas enfatizam, predominantemente, o uso do diálogo verbal como instrumento de trabalho na psicoterapia. No entanto, a Gestalt-terapia concede um espaço privilegiado para a vivência corporal do cliente-terapeuta (Ginger & Ginger, 1995). Rodrigues (2011) aponta que

Na Gestalt-terapia, o enfoque holístico sobre o que está ocorrendo permite que, para além das palavras, toda a expressividade possa se manifestar, ampliando a capacidade da pessoa em reconhecer a si mesma em seu próprio processo de vida, enfocando a relação entre pessoas, e não a relação entre discursos (p. 152).

Em se tratando das emoções e corporeidade, uma teoria neuroestética sobre o corpo relacional é a Teoria Polivagal. Essa teoria, que possui como um de seus fundamentos teóricos a Teoria James-Lange das emoções (Cannon, 1927), defende em sua ideia central, a compreensão de que o corpo é também orientado e manipulado pelo ambiente, como descrito por Perls, Hefferline e Goodman (1997, p. 212). A Teoria Polivagal apresenta uma visão que integra os campos da psicofisiologia, neurofisiologia e filogenética e considera que as emoções e os processos afetivos decorrem da evolução do sistema nervoso autônomo dos mamíferos (Porges, 1995). Necessariamente, segundo Porges (2007), há uma interação com o ambiente para a adaptação do organismo via neurocepção, que é o processo que determina a ação ou a inibição pelas estratégias de defesa propostas como independente de uma ação consciente/reflexiva ou voluntária. Especialmente, os comunicadores faciais, verbais e de tônus vocal, possuem uma importância significativa na criação de um ambiente relacional seguro e, potencializam a construção de uma relação terapêutica potencialmente restauradora. Quando o ambiente é percebido como seguro, o estado corporal é regulado, promovendo crescimento e restauração (Porges & Lewis, 2009; Porges, 2011, 2012; Geller & Porges, 2014)

Entendemos que o processo psicoterapêutico é conduzido, considerando as manifestações corporais do cliente-terapeuta, como meio de facilitação da tomada de consciência no aqui-e-agora. Essas considerações nos permitem pensar que o psicoterapeuta, enquanto seu próprio instrumento, se mantém atento e interessado na sensorialidade receptiva, no que se refere ao como o cliente está se sentindo no momento presente, e na mobilização corporal do cliente. Contudo, vale ressaltar que o psicoterapeuta não realiza interpretações ou mesmo "leituras do corpo" do cliente. Em contrapartida, a Gestalt-terapia atua como facilitadora de um processo de tomada de consciência, auxiliando o cliente a perceber, pensar e sentir a respeito daquilo que está vivenciando no momento presente, inclusive, o que está experienciando em seu corpo (Ginger & Ginger, 1995).

Assim, compreendemos que a linguagem corporal é uma fonte rica de informações para a psicoterapia. Dentro do enfoque da Gestalt-terapia, existe a possibilidade da utilização das diferentes linguagens no trabalho terapêutico, inclusive, a linguagem corporal para a tradução do vivido dos clientes (Juliano, 1999).

Embora se destaque a vivência corporal do cliente, vale frisar que o desenvolvimento da psicoterapia se dá na relação terapêutica, sendo parte integrante deste processo o psicoterapeuta, que trabalha como força atuante no campo vivencial do cliente, na medida em que o cliente também exerce influência no campo vivencial do terapeuta (Rodrigues, 2011).

Uma importante contribuição para a reflexão do corpo na Gestalt-terapia é pensar as emoções no encontro terapêutico. Considerando os indivíduos como uma totalidade, as questões emocionais irão repercutir na experiência corporal do clienteterapeuta. Para a Gestalt-terapia, as emoções não necessitam ser dominadas ou interpretadas, mas apreendidas pelo cliente, buscando alcançar seu equilíbrio. O cliente aprende a entrar em contato com essas emoções, as reconhece e as acolhe, ao invés de adotar uma postura de evitação. Dessa forma, o psicoterapeuta atua como um "encanador", com intuito de auxiliar o cliente na circulação fluída das suas emoções, evitando a seca ou o transbordamento (Ginger & Ginger, 1995).

Apesar de enfatizarmos as emoções do cliente como elemento primordial, as emoções que emergem no psicoterapeuta também assumem uma posição relevante. Na Gestalt-terapia compreende-se que, no vínculo terapeuta-cliente, ambos se incluem, de pessoa para pessoa por meio de trocas e compartilhamentos, havendo mobilizações de pensamentos, sentimentos e percepções no psicoterapeuta que devem ser consideradas. Nesse sentido, compreender a estética da fluidez relacional entre psicoterapeuta e o cliente no momento presente é um importante elemento para o processo psicoterapêutico, visto que a Gestalt-terapia entende que estamos interconectados uns com os outros, com a natureza, isto é, com nosso contexto em geral (Rodrigues, 2011).

A Gestalt-terapia exprime uma marca terapêutica psicocorporal. Kepner (2000) apresenta a importância que o psicoterapeuta possui em estimular o reconhecimento da potência do campo vivenciado pelo cliente, apoiando-o na realização de sua vida corporal, incluindo-a em seus processos existenciais em curso. Para o autor, a inclusão do corpo no processo psicoterapêutico interfere no funcionamento íntegro do cliente e na relação psicoterapêutica.

Ginger (2007) descreve que, "só a palavra não basta! Para que ela seja eficaz, é preciso que seja habitada: deve encarnar-se. Para atingir melhor o ser humano, o Verbo se fez carne, mas para gerenciá-lo, a carne se fez verbo!" (p. 140). Assim, é necessário ao Gestalt-terapeuta sensibilidade para apropriar-se do todo e parte e, a qualidade de sua presença mental é um recurso fundamental neste processo. A Awareness corporal, orienta o cliente para que entre em contato com suas sensações físicas e, tornando o corpo verbo, potencializam-se Awareness com esta percepção.

 

RELAÇÃO TERAPÊUTICA EM GESTALT-TERAPIA: AS DIMENSÕES DE UM PROCESSO

Segundo Perls (1977), "Nós não existe, mas é composto de Eu e Tu; é uma fronteira sempre móvel onde duas pessoas se encontram. E, quando há encontro, então eu me transformo e você também se transforma" (p. 09).

A participação dos neurônios-espelho para a relação terapêutica Samardzić e Nikolić (2013) apresentam os elementos empáticos e a neuroplasticidade como possíveis fomentadores da aliança entre cliente e terapeuta. Enquanto a empatia atua nos elementos inclusivos e acolhedores próprios da relação terapêutica e à serviço do cliente, a neuroplasticidade possibilita as atualizações derivadas deste processo.

A relação terapêutica em Gestalt-terapia, baseada em suas bases convida-nos a uma postura ecológica e não egológica. Sendo um dos elementos fundamentais na Gestaltterapia, a relação terapêutica baseia-se num vínculo terapêutico autêntico, no qual psicoterapeuta e cliente são dois parceiros envolvidos em um relacionamento Eu/Tu. Essas considerações apontam que o cliente não ocupa um lugar passivo em comparação com o terapeuta, nem o psicoterapeuta se encontra isolado dessa relação. Ao invés disso, ambos estão incluídos, presentes como pessoa, compartilhando e explorando a aventura do cliente, em uma relação de simpatia. O Gestalt-terapeuta é interveniente e ativo, disposto a ouvir o cliente, acompanhando-o no processo de crescimento, com suas próprias singularidades (Ginger & Ginger, 1995).

Leloup (2011) afirma que "o terapeuta não é uma pessoa de que se supõe saber, mas uma pessoa de quem supõe que saiba escutar" (p. 95). Sobre a qualidade de escuta terapêutica, Juliano (1999) aponta que, "a escuta interessada do terapeuta é curativa por si só, uma vez que consegue, por espelhamento, fazer emergir o interesse da pessoa,

Entende-se que o relacionamento entre psicoterapeuta e cliente também é pautado no contato que ambos estabelecem consigo mesmos e com o mundo exterior. Esse contato é essencialmente uma vivência dinâmica e ativa de um encontro pleno que valoriza o diálogo genuíno entre psicoterapeuta-cliente. Desse modo, é fundamental a inclusão do psicoterapeuta nas vivências do cliente, com qualidade de presença e compromisso no diálogo existencial (Yontef, 1998; Silveira, 2007).

Costa, Carmenates, Madeira e Stanghellini (2014) discorrem sobre o conceito de atmosfera de Hubert Tellenbach nos encontros clínicos. A atmosfera caracteriza-se por uma familiaridade, por via sensório-motora, e que emerge da atitude estética – do sentir. A inserção do conceito de atmosfera nos encontros clínicos resgata a relevância das relações humanas nesses processos. Sendo externa às fronteiras do indivíduo, a atmosfera, de algum modo, pode ser suscitada pelos neurônios-espelho, produzindo afetos vitais que ocorrem no Entre ou Em relação e dão o tônus emocional a esta ao fornecer energia ou apatia ao campo relacional. Compreende-se ainda que, a atmosfera segue uma fluidez de construção e desconstrução, aparecimento e desaparecimento – como na formação e destruição de figuras e, que ocorre quando um corpo entra em relação com alguma coisa no presente transiente. Contudo, para os autores, não somos passivamente afetados pelas atmosferas: somos coparticipativos e propagadores em potencial dessas experiências, gerando o paradoxo de ser interveniente ativo e apreciador passivo. A relação terapêutica insere-se numa atmosfera ou espaço tátil, em que a relevância de atmosferas no encontro clínico é atribuída à sua capacidade de deslocar os limites entre corpo e espaço, enquanto viaja por esse contínuo sensorial atendendo a sua base háptica (tato). Nesse sentido, o espaço das atmosferas na relação terapêutica é experimentado como um espaço tátil.

O vínculo terapêutico é baseado na horizontalidade, responsabilidade, focada no aqui-e-agora e em uma postura acolhedora do terapeuta. Percebe-se que diferentemente de outras correntes teóricas, a relação terapêutica na Gestalt-terapia é percebida com presença qualitativa do terapeuta-cliente (Yontef, 1998). Para isso, a postura acolhedora, com intimidade e confiança, com uma escuta interessada, é imprescindível para que o cliente experimente novas formas de perceber o mundo (Juliano, 1999).

Do mesmo modo, a relação psicoterapeuta-cliente é considerada um encontro genuíno, ressaltando-se a empatia, disponibilidade e abertura para o novo, que permitem um vínculo de confiança entre ambos (Freitas, 2016). Nesse encontro terapêutico é necessária a aceitação do cliente, disponibilidade para o encontro, inclusão, confirmação da existência do outro e uma comunicação genuína (Fabro & Guisso, 2016). Para Hycner e Jacobs (1997)

A experiência Eu-Tu é estar tão plenamente presente quanto possível com o outro, com pouca finalidade ou objetivos direcionados para si mesmo. É uma experiência de apreciar a alteridade, a singularidade, a totalidade do outro, enquanto isso também acontece, simultaneamente, com a outra pessoa. É uma experiência mútua; é também uma experiência de valorizar profundamente, estar em relação com a pessoa – é uma experiência de encontro (p.33).

Chagas (2016) aponta que Martin Buber considerou como um fator primordial em sua corrente de pensamento a relação, onde intitulou uma de suas primeiras obras de "Eu-Tu", apoiada em suas palavras-princípios de Eu-Tu e Eu-Isso. A autora mencionada afirma que

Eu-Tu se refere à forma como um homem se relaciona com outro homem: como um ser sujeito como ele, digno de respeito. Ambos estão disponíveis para o encontro possível, sendo isso necessário para que vivam como seres que se completam. É preciso que ambos estejam disponíveis para esse encontro, que é poeticamente descrito por Buber em seu primeiro livro de sucesso. Já Eu-Isso retrata relações utilitaristas, em que um usa o outro para suas necessidades, desfazendo-se dele depois de atingir seu objetivo. Manter o outro como isso implica uma relação assimétrica e, com frequência, efêmera (Chagas, 2016, p. 17).

Ribeiro (2019) resgata as noções de Martin Buber quanto a uma postura interessada e acolhedora que favorece o vínculo terapêutico. As condições necessárias para o estabelecimento de um diálogo autêntico envolvem abertura - uma visão inocente para o outro, na qual o conhecimento não ponha barreiras ao encontro; reciprocidade - uma entrega descompromissada e confiante à realidade do outro; presença - uma entrega à experiência imediata na aceitação da totalidade do outro, coisa ou pessoa, deixando-se acontecer e; responsabilidade - uma visão do outro como vejo a mim; uma entrega e uma resposta espontâneas na certeza de quem eu sou e na crença de quem o outro é. Para Buber (1979) "somente na medida em que o TU se torna presente a presença se instaura" (p. 14).

Clarkson (1990) descreveu 05 (cinco) modalidades operativas na relação terapêutica. a (1) aliança terapêutica, estimulada por interesse pelo trabalho, trata-se do engajamento relacional em que terapeuta e cliente/paciente sincronizam-se num mesmo projeto existencial; a (2) relação inacabada, formada por interesse ao encontro genuíno, descreve a clareza dos elementos transferenciais, o sentido atribuído ao terapeuta, projeções, expectativas quanto ao processo terapêutico; a (3) relação reparativa, originada por interesse às situações inacabadas, representa a reinstalação atualizada de um modo de funcionamento anteriormente interruptivo; a (4) relação Eu-Tu, suscitada por interesse pelo outro, refere-se à apropriação de uma postura pessoa a pessoa e; a (5) relação transpessoal, gerada por interesse ao espiritual, representa a dimensão do sagrado que provoca uma experiência numinosa.

Ginger e Ginger (1995) expõem a ideia do cliente como um interlocutor validado, apresentando três elementos da relação terapêutica: empatia – uma postura com o cliente ou nele; congruência – atitude comigo mesmo ou em mim e; simpatia – o entre nós, configurando a relação Eu-Tu. Chamamos pela etimologia de ambos termos, simpatia e empatia de acordo com Nerys (2019),

Páthos, portanto, tem um sentido completo em si mesmo, indicando uma disposição ou condição de ser afetado (haver uma excitação dos afetos – sentimento ou emoções) pelo outro. Os prefixos gregos syn- (com, junto) e em- (colocar dentro, em) tornam mais claro de que forma houve este processo. Sentir-com (syn-phatos) explicita um compartilhar, uma transferência imediata de sentimentos, como se houvesse um co-sentimento, co-sensação. A compaixão seria um termo bem próximo ao que se busca nesta junção. Por outra parte, sentir-em (em-phatos) enfatiza que há uma diferença entre eu e o outro, onde o eu entra em contato com o sentimento do outro ciente de que há esta diferença entre eles (p. 27).

Yontef (2002) apresentou como princípios do diálogo a dimensão inclusiva ou confirmativa que compreende incluir ou confirmar o todo - pensamentos, corpo e sentimentos, o verbal e o não verbal e, a dimensão da qualidade de presença que parte do interesse genuíno do terapeuta para estar aqui e agora e com disponibilidade para ser tocado pelo processo relacional.

Ainda para Cardella (2015), acolher o paciente em sua totalidade é uma postura ética fundamental e uma possibilidade de encontro dentro da relação terapêutica. Partindo da concepção de homem para a Gestalt-terapia, entendendo-o como ser aberto, criativo e relacional.

Na clínica gestáltica, é importante que a relação terapêutica se configure em morada, que haja hospitalidade para que o paciente alcance abertura e sustentação na instabilidade e na precariedade da condição humana, e restaure ou inaugure a condição de peregrino e caminhante, engajado na incessante obra de ser si mesmo, cocriando o mundo e o próprio destino (Cardella, 2015, p. 57).

Outrossim, a relação terapêutica em Gestalt-terapia também participa ativamente, com sua configuração processual, estética (no sentir), hermenêutica (no diálogo) e coparticipativa (do que emerge em e da relação) do processo psicodiagnóstico. Na aproximação característica dessa relação, o psicodiagnóstico em Gestalt-terapia é desassossegado, uma vez que busca algum afastamento da categorização, a fim de acolher e convocar o que há. E, para tal, o caminho é o sentir, recorrendo à nossa inteligência sensorial empática e ressonante funções ativadas pelos neurônios-espelho.

 

CONCLUSÃO: APROXIMAÇÕES ENTRE OS NEURÔNIOS-ESPELHO E A RELAÇÃO TERAPÊUTICA EM GESTALT-TERAPIA

Retomando os objetivos deste artigo que foram (1) tecer uma aproximação sobre o lugar dos neurônios-espelho no processo de relação terapêutica em Gestalt-terapia e, (2) provocar um olhar sobre esse subgrupo de neurônios e sua participação na relação entre pessoa e pessoa seguem as seguintes aproximações:

Quanto ao objetivo (1) estabelecendo uma relação entre as dimensões da relação terapêutica apresentadas anteriormente e, nas palavras-chave das referências bibliográficas que tratam sobre os neurônios-espelho, os seguintes elementos, que configuram parte desse todo relacional em Gestalt-terapia, influenciados pela ação deste subgrupo de neurônios foram: reciprocidade (Buber, 1979); engajamento relacional, interesse ao encontro genuíno, interesse pelo outro (Clarkson, 1990); empatia e simpatia (Ginger & Ginger, 1995), inclusão, confirmação, qualidade de presença (Yontef, 2002).

Quanto ao objetivo (2) deste artigo, foi possível identificar que os neurôniosespelho participam do campo relacional, atuando nesta relação antes mesmo que nossa abertura para a compreensão do outro esteja refletida. Neste sentido, um terapeuta neutro pode estar dessensibilizando, ao desviar o conhecimento relacional estético. Considerando que nossas ações para a compreensão das emoções dos outros são vitais para nossa sobrevivência como sociedade, a relação terapêutica empática e ressonante é uma atitude pró-social. Assim, os terapeutas podem fazer uso dos neurônios-espelho para ajudar os clientes na compreensão de seus problemas, adotando uma perspectiva relacional e ecológica.

Destacamos, a importância da qualidade de escuta verbal e não verbal neste campo relacional. Considerando o holismo, o verbalizado e o reconhecimento de outras formas de comunicação, com o corpo, com um suspiro e com o olhar e cada elemento que constituí o poderoso campo que se forma na relação terapêutica. Saber escutar é saber sentir, sendo, portanto, um fenômeno estético. Estes elementos, imprescindíveis, dão forma a uma boa qualidade de presença de presença do terapeuta fomentando a relação terapêutica ou qualidade de vínculo.

Nossa postura terapêutica, acolhedora, como uma arte ou experimento, estimula o que há de emergir. Sejam neurônios-espelho, presença ou relação, o Encontro existencial que em potência reside na relação terapêutica converte o presente em eternidade. Como disse Ribeiro (1986) o sentido da psicoterapia está no encontro e, o Encontro, possibilita a alteração de uma natureza – e isso apresenta uma repercussão infinda. Nossas conexões, profundas e mesmo desconhecidas, são reais, ainda que nem sempre refletidas.

Considerando a importância das relações humanas e, particularmente aqui, da relação terapêutica, este artigo apresentou os achados sobre os neurônios-espelho e sua participação nesse processo. Para isso partimos do ponto de vista ecológico em Gestaltterapia apresentando elementos de nossa conectividade físico-mental, seguida da apresentação teórica sobre os neurônios-espelho e do quanto a inclusão do corpo e do reconhecimento das emoções em Gestalt-terapia fala de uma abordagem que transcende uma orientação teórica e sim, que está embasada em elementos da neurociência. Por fim, apresentamos algumas dimensões da relação terapêutica em Gestalt-terapia e sua interlocuções com os achados sobre neurônios-espelho. Essa pequena caminhada representou uma provocação, que visou incluir a participação dos neurônios-espelho no fazer da Gestalt-terapia, especialmente, como proposta à revitalização da compreensão de relação terapêutica. Como sugestão para aprimoramento desta caminhada, sugere-se investigar a perspectiva neuroestética entre neurônios-espelho e a Teoria Polivagal e seus impactos na relação terapêutica, especialmente, na Gestalt-terapia.

 

 

Referências

Buber, M. (1979). Eu e Tu (2ª ed.). (N. A. V. Zuben, Trad.). São Paulo: Cortez & Morales.         [ Links ]

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Notas sobre as autoras:

Luciane Patrícia Yano - PhD pela Nagoya City University – Japão, Doutora em psicologia clínica e cultura pela UnB; Docente da Universidade Federal do Acre, Gestalt-terapeuta, Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Estudos Existenciais- Fenomenológicos da Ufac. E-mail: lucianepyano@gmail.com

Mayara Carvalho de Lima - Graduanda do curso de Psicologia e Pesquisadora do Grupo de Pesquisas Fenomenológico-existenciais na Universidade Federal do Acre. Supervisionanda em psicologia clínica na abordagem da Gestalt-terapia no Serviçoescola de Psicologia da Universidade Federal do Acre. E-mail: mayaralima2981@gmail.com

 

Recebido em: 23/04/2020
Aprovado em: 16/06/2020

 

 

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