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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.13 no.1 Belém jan./abr. 2021

 

THEORETICAL TEST

 

Pathos-avec: apontamentos para uma prática fenomenológica com grupos em psicologia da saúde

 

Pathos-avec: notes for a phenomenological practice with groups in health psychology

 

Pathos-avec: notas para una práctica fenomenológica con grupos en psicología de la salud

 

 

Gillianno José Mazzetto de Castro1

Universidade Católica Dom Bosco

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo tem por objetivo pensar a categoria fenomenológica Henriana de pathos avec, padecer com, aproximando-a da reflexão sobre os grupos de outros significativos que são caracterizados por experiências coletivas que possuem uma intensa troca afetiva entre os membros que o constituem. Método: trata-se de um ensaio fenomenológico que tem por objetivo propor elementos fundamentais para a construção de uma prática fenomenológica de caráter Henriano nas pesquisas com grupos humanos em Psicologia da Saúde. Resultados: Como principais resultados se pode perceber que: 1 – O pathos avec ajuda a entender os processos de transferência e modalização ou apropriação de si dentro do grupo abrindo possibilidade para a construção de uma nova abordagem de inspiração Fenomenológica, 2 – A interafetividade como um campo a ser explorado nas dinâmicas e nos processos grupais. Limites: É mister o desenvolvimento dos passos metodológicos que viabilizem essas possibilidades.

Palavraschave: Fenomenologia; Psicologia da Saúde; Grupos


ABSTRACT

The present study aims to think about the Henriana phenomenological category of pathos avec, to suffer with, bringing it closer to the reflection on the groups of significant others that are characterized by collective experiences that have an intense affective exchange between the members that constitute it. Method: this is a phenomenological essay that aims to propose fundamental elements for the construction of a phenomenological practice of Henrian character in research with human groups in Health Psychology. Results: As main results it can be seen that: 1 - The pathos avec helps to understand the processes of transference and modalization or appropriation of oneself within the group, opening the possibility for the construction of a new approach of phenomenological inspiration. 2 - Inter-affectivity as a field to be explored in group dynamics and processes. Limits: It is necessary to develop methodological steps that make these possibilities feasible.

Keywords: Phenomenology; Health Psychology; groups


RESUMEN

El presente estudio tiene como objetivo pensar en la categoría fenomenológica de Henriana de pathos avec, sufrir, acercándola a la reflexión sobre los grupos de personas significativas que se caracterizan por experiencias colectivas que tienen un intenso intercambio afectivo entre los miembros que lo constituyen. Método: este es un ensayo fenomenológico que tiene como objetivo proponer elementos fundamentales para la construcción de una práctica fenomenológica del carácter de Henrian en la investigación con grupos humanos en Psicología de la Salud. Resultados: Como resultados principales se puede ver que: 1 - El pathos avec ayuda a comprender los procesos de transferencia y modalización o apropiación de uno mismo dentro del grupo, abriendo la posibilidad de construir un nuevo enfoque de inspiración fenomenológica. 2 - La interfectividad como un campo a explorar en dinámicas y procesos grupales. Límites: es necesario desarrollar pasos metodológicos que hagan factibles estas posibilidades.

Palabras clave: Fenomenología; Salud psicológica; grupos


 

 

INTRODUÇÃO

A reflexão Henriana em Psicologia tem se mostrado um caminho interessante, principalmente no que toca ao horizonte da reflexão sobre o processo de constituição da subjetividade como experiência encarnada e, originalmente, como prova de si (Martins, 2015)

Contudo essa experiência de provar-se a si mesmo sob a forma de gozo e sofrimento se desenvolve dentro de um horizonte de mundo, entendido como "horizonte estático de visibilidade" (Henry, 2015, p.67), e de relações que abrem a experiência da subjetividade à dimensão do estar com os outros e ser afetado por eles e pelo ambiente, no qual se está inserido, constituindo assim, a experiência encarnada do sujeito (Henry, 2000). Como comentam Antunez e Martins (2015): "A vida de cada um de nós supera-se e desenvolve-se ao envolver-se com a vida de todos e de cada um de nós" (p. 182).

É sobre a dimensão da experiência de constituição de uma subjetividade relacional ou, usando a linguagem de Henry (1990), de um pathos-avec que se pretende alicerçar essa reflexão, cujo objetivo é pensar alguns elementos para a construção de uma prática fenomenológica de caráter Henriano para grupos de outros significativos em Psicologia da Saúde. Os grupos de outros significativos se caracterizam por grupos no qual os membros possuem grandes trocas afetivas, tais como famílias (Chen, Boucher & Tapias, 2006; Horberg & Chen, 2010).

Para tanto é que 1º se desenvolverá o conceito de pathos-avec como a base comum sobre a qual uma intersubjetividade interafetiva pode nascer; 2º se pensará como se dá a construção de um si relacional, principalmente em um âmbito de intensa interação afetiva como o são os grupos compostos por outros significativos. Por fim, 3º se observará como alguns elementos desse processo podem contribuir para se pensar uma abordagem fenomenológica de caráter Henriano em Psicologia da Saúde a partir dos conceitos de transferência, modalização e excedência.

A esta altura, faz-se necessário alertar o leitor que aquilo que aparece como primeiro na ordem da experiência, isto é, a manifestação do fenômeno, aponta para aquilo que, na essência, constitui-lhe o fundamento, isto é, o pathos-avec. Portanto é mister considerar essa dinâmica da manifestação, principalmente quando pensando em Psicologia da Saúde, pois aquilo que se manifesta do fenômeno, seja ele sob a forma de sofrimento, surto, síndrome ou sintoma, na ordem implicada e do fundamento, aponta para a essência que é a própria vida, que se customiza e se faz prova de si mesma com os outros, na dinâmina de insistir em viver.

Trata-se de um ensaio fenomenológico que tem por objetivo propor elementos fundamentais para a construção de uma prática fenomenológica de caráter Henriano nas pesquisas com grupos humanos em Psicologia da Saúde.

Não é objetivo desta pesquisa desenvolver uma reflexão para a clínica, bem como não é do seu escopo pensar as relações sociais no nível das instituições ou práticas culturais em âmbito geral; o que se pretende aqui é refletir sobre como se dá o processo de construção da interafetividade, da intersubjetividade e da subjetividade em grupos que possuem grandes trocas afetivas, tais como famílias, grupos de vivência etc.

 

O PATHOS-AVEC

O conceito de pathos-avec, padecer com, nasce no pensamento Henriano como a extensão da reflexão sobre a prova de si, porque, ao provar-se a si mesmo, o sujeito o faz unido com todos os outros "Sis" que na vida se provam, e a tudo o que na vida se prova (Henry, 2004c).

Essa excedência, isto é, a percepção de que a vida do sujeito é originalmente atravessada por outros que não só não lhe cabem, mas lhe constituem, e o amparo de si, é que constituem o núcleo fundamental do fundo comum e do pathos avec, padecer com. Em Henry (2000), a vida se dá sob a forma original e fundamental de estar em relação, de tocar a vida de um outro e ser afetado por ela (Henry, 2004b). Ela se constitui como uma interafetivididade que é condição para uma intersubjetividade encarnada.

O pathos-avec também permite observar uma possibilidade quando pensado à luz da perspectiva de uma prática fenomenológica com grupos em Psicologia da Saúde, pois, na relação com os outros significativos, é que a vida pode tanto adoecer quanto se amparar:

O solo sobre o qual me apoio nunca é maior do que os dois pés que o cobrem. Porque o mistério da vida é este: que o vivo é coextensivo ao todo da vida nele, que tudo nele é a sua própria vida. O vivo não se fundou a si mesmo, ele tem o fundo que é a vida (Henry, 1990, p. 177).

A coextensão da vida nos auxilia a pensar os processos de uma Fenomenologia do coextensivo da experiência em Psicologia, seja ela do gozo da vida ou de sofrimento nela, pois, como afirmam Antunes e Florinda (2015): "os enredos da vida são enredos afetivos; as relações são os fios desse tecido afetivo" (p. 181), abrindo assim a reflexão sobre a importância dos espaços customizados de si no processo de afirmação e manutenção da vida.

Tais espaços podem ser as casas nas quais as famílias moram, os espaços de vivência e encontros, bem como os ambientes simbólicos expressos nas dinâmicas de poder dos grupos, nos jogos de linguagem, nas marcas de customização de si, tais como tatuagens. Essa realidade oportuniza pensar não apenas uma Fenomenologia para grupos em Psicologia da Saúde, mas sim, uma Fenomenologia do espaço afetivo.

Posto isto, faz-se necessário pensar as dinâmicas desse processo de construção dos enredos ou tecidos afetivos que contribuem no processo de corpopropriação e, principalmente, de encarnação da vida na experiência coletiva ou da vida comum.

Dentre os vários processos possíveis dentro da psicodinâmica dos grupos (Yalom & Leszcz, 2011), a atenção volta-se às dinâmicas da transferência e da modalização por sua recorrência dentro da prática psicológica com grupos e por sua significatividade quando pensados à luz de uma prática fenomenológica de base Henriana em Psicologia da Saúde.

A transferência é uma realidade conhecida pela Psicologia desde as suas origens, quando esta se constitui como ciência ou corpo epistemológico próprio (Yalom & Leszcz, 2011). Já em Freud (2016), nos estudos sobre a Histeria, está presente a descrição desse mecanismo que, fundamentalmente, consiste na dinâmica do passar, transferir para outra pessoa, seja ela a figura do psicólogo, do pesquisador ou também outro membro do grupo, elementos presentes na experiência da pessoa que transfere.

Esse fenômeno é comumente tomado sob o ponto de vista da representação (Freud, 1958; Sullivan, 1953; Chen & Andersen, 2008), contudo, a partir da reflexão Henriana, principalmente a partir das descobertas da carne, da corpopropriação, da prova de si e de que é possível pensar a vida humana a partir da afetividade, e não apenas da representação, surge um outro caminho ou oportunidade despertados graças ao duplo aparecer.

Por conta dessa nova modalidade de constituição da subjetividade e da interafetividade, talvez se possa pensar uma outra via para o processo da transferência, não apenas pela imagem ou representação de um outro ou de um acontecimento significativo, mas, sim, pela marca afetiva que esse outro, ou determinada situação, produziu e contribuiu no processo encarnatório da corpopropriação.

Segundo Yalon e Leszcz (2011), a transferência é um processo muito comum no trabalho psicológico com grupos, podendo ela ser um poderoso caminho para a construção de uma prática psicológica quando bem utilizada.

Pensando esses processos dentro do horizonte de afetação próxima, ou no horizonte de outros significativos, é possível notar que o processo de transferência também está presente no fundo comum e no pathos-avec, pois, se o conceito de outro relacional ou significativo é composto por: "conhecimentos armazenados das pessoas sobre si no contexto de sua relação com outros significativos, por exemplo: como eu sou quando me relaciono com a minha mãe" (Chen, et. al., 2008 p. 150), a transferência não pode apenas se caracterizar como uma representação. Muito mais do que isso, ela é o fruir do afeto na vida como patho-avec que se expressa sob a forma de marca afetiva e, também, representacional. Ao se pensar esse processo a partir dessa perspectiva, pode-se ampliar o processo de autorregulação principalmente na vida dos grupos de outros significativos, tais como as famílias e os grupos, como os presentes nos CRAS. Ela pensada no horizonte da afetação pode ser expressa por meio das marcas afetivas e pela excedência desse outro que é revisitado na forma de sentir-se afetado. Ao se considerar isso, a pergunta que se poderia fazer é: Quais são os afetos ou sensações que os membros do grupo percebem ou revisitam ao entrarem em contato com determinada figura significativa, seja ela a de um membro da família, figura de autoridade, agressor etc.? Como essas sensações são modalizadas e se decantam sob a forma de intensidade da vida expressa e modalizada como rejeição, dor, sofrimento, ou ainda, deleite, atração?

Muito mais do que pensar a representação do pai, da mãe, da autoridade, do agressor, é preciso, à luz do pathos-avec, se perguntar quais impressões afetivas que essas figuras produzem e como elas contribuem, ou não, no processo de corpopropriação e de descolamento ou habitação da encarnação no fluxo da vivência.

Ao se pensar como essas figuras operam no processo de uma prática fenomenológica para grupos em Psicologia da Saúde, outro fator importante se manifesta, pois, uma vez que a figura do outro significativo desponta sob a forma de transferência no pathos-avec da vida do grupo, é preciso considerar que o conteúdo da interpretação e, por sua vez, o conteúdo afetivo serão ressignificados e de novo manifestados a partir da experiência presente. O renarrar-se, fruto da atualização da vivência feita no momento da representificação, é precedido por um ressentir-se.

Nesse ponto, faz-se importante retomar uma contribuição que Husserl (1994) desenvolve já nas suas Lições para uma Fenomenologia da consciência interna do tempo, porque lá ele aponta que o processo da retenção possui uma intencionalidade própria que não é de todo ek-statica, pois se trata do conteúdo armazenado pelo sujeito.

A retenção e também a proteção, ou seja, a capacidade de fazer previsões ou reconhecer padrões futuros a partir da experiência vivida, também podem ser pensadas a partir do seu fundo afetivo sob a forma de marca intencional, que possui uma qualidade, uma matéria e pode produzir uma representação.

Quando pensado em níveis de processos interoceptivos, homeostáticos e também no processo de interação com o mundo a partir do todo do sistema nervoso, o processo de fazer previsões e de construir realidades afetivas do mundo fica mais evidente, principalmente a partir dos estudos de Ceunen, et. al., (2013), Garfinkel, et. al., (2015) e Seth (2017), que têm demonstrado que os sujeitos, ao interagirem com o mundo, fazem dele previsões de ordem afetiva e, depois, cognitiva.

Um exemplo disto pode ser explicado por meio das sensações diante de determinadas realidades ou situações, tal como o frio na barriga diante de algo que nos desafia, a sensação da hipocorpopropriação em estados depressivos, a sensação de aquecimento do corpo diante de situações alegres ou relacionadas ao amor, como aponta Nummenmaa, et. al., (2014, 2018).

Por sua vez, a qualidade seria a intensidade da afetação na vida, ou seja, como determinada experiência é vivida pelo sujeito ou pelo grupo. Ela diz do modo da fruição. Já a matéria diz dos elementos ou condições que servem como fonte e ignição para o processo da experiência, e possui uma dupla realidade, a do sentir-se afetado e, portanto, sentir-se atravessado por uma excedência, bem como do sentir-se sentindo-se, o que diz dos processos intencionais patéticos ou, na linguagem de Damasio (2018), interoceptivos e homeostáticos.

A representação aponta para o conteúdo ressignificado ou, em muitos casos, reduzido da experiência e que comumente é o objeto da reflexão científica e das práticas psicológicas. No pensamento de Henry (2004a, 2015), a linguagem bem como a arte são manifestações do pathos, são caminhos que conduzem a manifestação de um hábito de vida e, por isso, têm fundamental importância, não enquanto fim em si, mas enquanto espaços de manifestação da vida.

Uma forma particular de representação que pode também ser um caminho de compreensão do fluxo afetivo da intensidade de vida é a arte (Barrantes-Vidal, 2004; Burch, et. al., 2006; Nettle, 2006; Henry, 2004a), principalmente quando associada a processo de expressão do fluxo da vida, tais como, por exemplo, as experiências com pessoas com esquizofrenia, ou no processo de surto (Faria, 2015).

Pensando o processo da transferência a partir da dinâmica da dupla aparição, podem-se perceber duas dimensões importantes e complementares: 1º da manifestação ek-statica que se expressam sob a forma de representação, relato, recognição, memória, produção artística e que podem ser acessados por ferramentas ou teorias como o modelo social-cognitivo da transferência proposto por Andersen e Glassmann, (1996), Andersen e Baum, (1994), Chen e Andersen (2008), ou ainda pelo modelo do eu relacional de Chen, et. al., (2011).

Tais modelos nos ajudam a entender o caminho da ek-stasis da transferência, pois partem do pressuposto de que a dinâmica das relações em grupos, principalmente de grupos com outros significativos, é baseada no processo de construção de representações a partir de experiências vividas.

Uma vez ativado, a pessoa que percebeu (a representação do outro significativo) interpreta a nova pessoa a partir dos conhecimentos acumulados na sua representação do outro significante e responde à pessoa a partir de um caminho derivado do relacionamento anterior com o outro significante (Chen, et. al. 2011, p. 153).

2º partindo da realidade apresentada pela dupla aparição e pelo pathos-avec, pode-se aprofundar o processo da transferência, pensando-o a partir da sua fonte não codificada ou representada, isto é, o afeto, pois, como afirma Richir (2013): "não há 'afeto' ou 'paixão' que não esteja, em toda cultura, simbolicamente codificado, preso a uma rede de determinações simbólicas, cegas, na medida em que pensamos a partir delas sem ter jamais decidido" (p.499-500).

São essas determinações simbólicas que aparecem no processo da transferência como representação, porém, antes dela, há a afetação que produz o símbolo, a fruição da vida que se expressa e se esconde sob a forma de imagem ou categoria, existe a aletheia no sentido heideggeriano de verdade como aquilo que resiste ao total desvelamento. Há esse 'Si' que é relação "consigo posta por um outro" (Henry, 1990, p. 842).

O pensamento Henriano permite a uma prática fenomenológica em Psicologia da Saúde a possibilidade de pensar o processo de acesso à vida e à dinâmica do fruir da vida em camadas ou níveis de abertura que precisam ser considerados no processo de construção de práticas psicológicas.

Tal consideração é importante para desmistificar a tentativa de uma objetivação clarividente do fenômeno da vida, transformando-a em um objetivo eidético. A vida se desvela na sua fruição como um prisma ou, usando uma categoria de Henry (1990), como uma fonte que precisa ser considerada em seus níveis de aparição.

Ao assumir essa postura com relação à verdade do fenômeno e à verdade da vida, pode-se perceber uma outra possibilidade para se pensar o sofrimento e o cuidado no processo de construção de práticas psicológicas com grupos. Henry (1990), falando sobre a relação entre sofrimento e vida, afirma: "A força daquilo que originalmente adere a si, na união edificadora do ser, a força da afetividade e do sentimento, é isso aquilo que o sofrimento tem a cargo antes de ser o peso da sua tonalidade própria" (p. 840).

Pensar o processo de transferência a partir dessa realidade significa se perguntar pelas possiblidades de esclarecimento das forças de adesão a si, pois, muito mais do que influenciar, por meio de uma construção representacional, o outro significativo imprime uma marca afetiva no processo de encarnação e corpopropriação, de tal modo que esse afeto pode ser representado ou simbolizado sob a forma de dor, ressentimento, trauma, alegria, conforto e também produz uma práxis em torno a isso, que se caracteriza como cuidado ou ausência dele.

A esse ponto se pode compreender a postura de Henry (1954) na sua peça o jovem Oficial e depois nas suas reflexões sobre a técnica, quando ele afirma: "Ética e técnica são o mesmo" (Henry, 1954, p. 89). Conhecer e integrar as dinâmicas de fruição da vida na forma como se pensa e se faz uma prática fenomenológica de base Henriana, em Psicologia da Saúde com grupos, significa assumir o processo de que a vida não pode ser reduzida a uma ideia, a uma categoria ou a um objeto, pois ela não apenas resiste a isso, mas revela o como fazer e o que se deve fazer (Henry, 1954).

Diante disso, pode-se ver outro elemento de uma prática fenomenológica de caráter Henriano para grupos, pois, dentro desse contexto de uma vida que se manifesta e customiza não apenas como prova de si, mas fundamentalmente como fruição de um provar-se a si mesmo com os outros, pathos avec, é possível notar que o papel do acompanhamento psicológico passa a ser o processo de conversão da vida às suas possibilidades, ou seja, o processo de fazer com que as manifestações e customizações da vida sejam reconduzidas ao fundo comum e ressignificadas a partir dele. Como afirma Henry (1981), inúmeras vezes, na obra Le fils du roi: a vida faz de nós irmãos.

Pensando a dinâmica dos grupos, tal revelação da vida pode ser observada no indivíduo pelas modalidades de corpopropriação e nos grupos pela composição de comunidades de hábitos que, ao customizar a vida dentro de um contexto, acabam afirmando uma técnica, entendida como forma humana de customizar o mundo (Heidegger, 1997), e também uma ética sob a forma de insistir cuidando para não deixar perecer, dinâmica essas que não obedecem à linearidade dos protocolos, das políticas, das teorias, ou dos projetos de pesquisa e intervenção, mas, sim, que têm a forma da fluidez da vida que é, desde si mesma, criadora de hábitos encarnados.

Essas manifestações, sejam elas da ordem do pathos ou das representações, expressam o pulsar e o fruir da vida no momento em que o horizonte do significativamente outro se faz presente e constitui aquilo que Henry (1965, 2000) chama de excedência. É graças ao pathos-avec, e, portanto, graças a um outro que compartilha do mesmo fundo comum da vida com o sujeito, que o significativamente outro pode nascer e imprimir a sua marca afetiva no processo.

Portanto a vida adoece, se cura ou se mantém no processo de provar-se a si mesma no horizonte das suas possibilidades de ser pathos-avec. É nesse encontro com a vida, na dinâmica da fruição do afeto que aponta para a fonte comum da qual todos bebem, que se dá a passagem do patológico, do objetal, para o sentimento de si como carne habitualmente corpopropriada.

 

IMPLICAÇÕES PARA UMA REFLEXÃO FENOMENOLOGICA DE BASE HENRIANA

Pensando a dinâmica da uma prática psicológica de base fenomenológica Henriana com grupos de outros significativos, é possível perceber algumas realidades a serem consideradas para a construção do processo; são elas: 1ª O espaço da prática, 2ª a imediação da vida, das quais decorrem dinâmicas como: autodefinição e autoavaliação, o processo de criar expectativas, e a autorregulação.

A primeira implicação importante para a construção de uma prática fenomenológica de base Henriana para grupos é com relação à constituição do espaço da prática, espaço muito mais simbólico que físico. Partindo da realidade da dupla manifestação e do pathos avec, é possível perceber que o espaço no qual o grupo se encontra, deve ser permeado pelo contexto deste e também por uma relação de permeabilidade afetiva. Dentro dessa relação, "não haverá outra ocupação senão confiar uns nos outros" (Henry, 1981, p. 129).

O horizonte do contexto do grupo compreende não apenas aspectos físicos, espaciais, de localização, mas também a história e as realidades que levaram aquelas pessoas a se reunirem enquanto grupo de significativo outros, por exemplo, a história da família, as visões de mundo que estruturam os regimes internos de poder, os papéis, as visões mundo.

Por sua vez, quanto à relação de permeabilidade afetiva, é preciso considerar os acordos não apenas de confiabilidade, mas, sim, a capacidade de criação de empatia que, por sua vez, produz uma abertura ao processo de se expor sob a forma de uma narrativa que aponta para um tecido afetivo vivo.

Essa confiança não é apenas da ordem do contrato ou do acordo, mas, sim, se constrói como uma tentativa de evitar a desnaturalização que, como afirma Henry (2010), é "fruto da redução do fenômeno da aparição a relação de objeto intencional" (p. 110), cujo resultado é que "o aparecer é sempre aparecer do ser e não da vida" (Henry, 2010, p. 110).

Ao se refletir tal realidade dentro do contexto de uma prática fenomenológica de base Henriana em Psicologia da Saúde, é possível perceber que a ênfase do processo não deve apontar sobre o fenômeno do sofrimento ou das dinâmicas relacionadas a ele, ou ainda produzir um processo de reificação do fenômeno do sofrimento ao estado de objeto de dor, mas, sim, se deve estar aberto para perceber em quais realidades, falas, situações apresentadas pelo grupo, se percebe a manifestação, com maior intensidade, do fluxo da vida.

O psicólogo ou pesquisador, nesse contexto, precisa estar atento às dinâmicas do fluir da vida nos hábitos manifestados, pois, ainda que sofredora e, às vezes, doente, a vida aponta para o seu fluxo de prova de si e de pathos avec. Ela aponta para o conhecimento sensível ou patético, entendido como "o solo e o fundamento de todo o conhecimento" (Henry, p. 2010, p. 25).

Outra realidade concernente ao processo de constituição do espaço da prática é com relação à figura do psicólogo e/ou do pesquisador. Ao se considerar o processo de transferência e de modalização, a figura do psicólogo ou a do pesquisador acabam se tornando pontos catalizadores das dinâmicas do grupo, seja sob o ponto de vista da confirmação das perspectivas dos membros, seja sob o ponto de vista da projeção e rejeição do processo.

Considerando isso, é mister pensar sobre o papel do psicólogo e/ou do pesquisador como facilitador, mas também membro e participante daquele fluxo habitual da vida que ali se constitui. A intensidade do fluir da vida só pode ser percebida sob a forma de permitir-se afetar, pressupondo o modo de ser da abertura. Para tanto, faz-se necessário evidenciar ou clarificar as pré-limitações ou pré-juízos (Gadamer, 1999) teóricos que buscam enquadrar a realidade do fruir da vida dentro de categorias sintomáticas ou diagnósticas. Antes de se nominar o fenômeno, é necessário permitir que ele se mostre, a partir de si mesmo, no conjunto das suas possibilidades. Tal perspectiva não é estranha à Psicologia, principalmente aquelas abordagens de caráter existencial e humanista. Um exemplo de uma prática desse tipo pode ser visto nos trabalhos de Boss (1988), Binswanger (1971, 2000, 2010, 2012).

O processo de acompanhamento do grupo, a partir de uma perspectiva fenomenólogica Henriana em Psicologia da Saúde, deve ser feito de maneira transparente, mútua, honesta, respeitando os fluxos e as dinâmicas que a fruição da vida do grupo vai apresentado. É preciso permitir que o fluxo da vida, que insiste em viver e se customizar sob a forma de hábito, inclusive o da doença e da dor, possa encontrar espaço para fluir e se manifestar como aletheia, verdade que se revela como resistência. Faz-se necessário permitir a afeição, entendida como a dinâmica de fruição das tonalidades afetivas que na relação se tecem, para que, assim, o fluxo da comunidade de hábito se manifeste.

Outro ponto importante a se considerar é o do paradoxo da linguagem e da narrativa dentro do processo de construção da vida do grupo. Pois, ainda que a narrativa seja um processo de constituição de sujeitos, como aponta Ricoeur (2010), esse processo, se considerado em si, acaba excluindo dele o fluxo da afetação da vida. Diante disso, é preciso considerar que o eu autobiográfico e autorreferente é apenas uma das dimensões daquilo que compõe o si, e não a sua completude (Damasio, 2010). A vida que se enforma em subjetividade na linguagem sobre a égide de um exercício posicionado de poder (Henry, 1990), se não considerada a partir do seu fundo afetivo e pathético, transforma-se apenas em um epiteto de si mesma. Condensa-se em um simulacro vazio.

O espaço de fruição da vida a partir do seu fundo comum é sem mediação e afetivo, porém sem deixar de se manifestar na linguagem, nas expressões, nas representações. Isso cria uma situação na qual o psicólogo/pesquisador precisa estar atento a esse duplo movimento de manifestação de tal forma que os padrões, as categorias, os enunciados sejam tomados dentro do contexto da sua manifestação, e não apenas no contexto das teorias e visões do mundo que os suportam. Essa poderia ser uma forma de epoché fenomenológica Henriana em Psicologia da Saúde, ainda que a categoria epoché seja bastante problemática dentro do contexto de Henry.

Portanto faz-se necessário considerar cada indivíduo, não apenas a partir das suas dores, sofrimentos, ou representações, mas, sim, a partir das suas histórias e de como a vida vem se afirmando dentro delas nesse movimento de atravessar e ser atravessado desde baixo, desde o fundo comum, pela vida. O grupo não anula os indivíduos, não representa a somatória deles, mas, sim, aponta para o fundo comum, a fonte, da qual cada vida customizada sob a forma de corpopropriação e hábito se vale para continuar insistindo em viver. Disto decorrem dinâmicas inerentes à vida do grupo, pois, principalmente em se tratando de grupos com outros significativos, os processos de autodefinição e de autoavaliação se organizam por meio de intensas trocas afetivo-simbólicas e com a criação de parâmetros de comparação e regulação.

O psicólogo/pesquisador precisa estar atento a essas dinâmicas para poder perceber aquilo que Henry (2010) chama de "essência fenomenológica da vida" (p. 117) isto é, a fruição do pathos e o processo da prova de si.

Outro processo importante a ser considerado é o da gestão das expectativas, seja as do psicólogo e/ou pesquisador, seja as dos membros dos grupos em relação a si mesmo, ao grupo e aquele que exerce o papel de líder, facilitador ou interventor. Sob o ponto de vista de uma Fenomenologia material, se poderia dizer que a expectativa é resultado do processo de projeção da vida no conjunto das suas possibilidades dentro de um contexto. Comumente, quando se pensa nelas, se reflete sobre o conteúdo da expectativa, porque há nela também uma dinâmica de fruição que é muito mais de ordem afetiva do que gnosiológica.

O fruir da expectativa envolve a vida nas suas dimensões mais elementares. Não se espera apenas com a mente, espera-se na vida por um processo de antecipação da existência que, quando não cumprida, frustra e, quando demasiadamente esperada, anseia.

Por fim, outro fator importante a se considerar toca ao processo de autorregulação dos indivíduos em relação ao grupo, principalmente em se tratando de grupos de outros significativos. Dentro desse contexto, é preciso considerar como se dá o processo de afetação, de modo que é preciso se perguntar se as relações estão produzindo processos de afirmação ou de esquecimento da vida e de constituição do estado de barbárie.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O caminho até aqui empreendido permitiu ver que, dentro do horizonte de reflexão sobre a possibilidade de construção de uma reflexão fenomenológica de base Henriana para grupos, é necessário considerar tanto a dinâmica do duplo aparecer quanto a do processo do pathos-avec.

O pathos avec parece ser um conceito chave para se entender os hábitos e os processos encarnatórios e de transferência em grupos com grandes trocas afetivas, tais como os são os grupos de outros significativos. Por isso é mister considerar esse processo junto com as modalizações dos afetos e das narrativas que eles produzem, para se entender como o grupo está modalizando o fruir das vidas que ali se constituem.

A interafetividade como condição da intersubjetividade parece abrir um cenário importante para se pensar os processos de construção da experiência humana de mundo, principalmente quando apoiada por aquilo que os estudos sobre os movimentos interoceptivos e homeostáticos têm revelado no processo de construção do si e do mundo da vida.

O principal limite desta pesquisa se encontra no fato de que se faz necessário clarificar os passos metodológicos para se construir esse processo de pesquisa/intervenção no grupo.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência
Gillianno José Mazzetto de Castro
E-mail: gillianno@ucdb.br

Recebido em: 02/06/2020
Aprovado em: 15/12/2020

 

 

1 Gillianno José Mazzetto de Castro: Doutor em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco. Formado em filosofia no ano de 2008 pela Universidade Católica Dom Bosco UCDB, Campo MS, e "diploma em teologia" pela Università Pontificia Salesiana de Roma (Itália) em janeiro de 2013, Mestre em Psicologia pela UCDB em 2016, doutorado sanduíche em Psicologia na University of California - Berkeley. E-mail: gillianno@ucdb.br

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