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Revista do NUFEN

On-line version ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.13 no.3 Belém Sep./Dec. 2021

 

EDITORIAL

 

Aproximações fenomenológicas da experiência, da pesquisa clínica em saúde e da psicoterapia

 

Phenomenological approaches to experience, of clinical research in health and psychotherapy

 

Enfoques fenomenológicos de la experiencia, de la investigación clínica en salud y psicoterapia

 

 

Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel1,I; Maria de Nazareth Rodrigues Malcher O. Silva2,II

IUniversidade Federal do Pará, Brasil
IIFaculdade Ceilândia/Universidade de Brasília, Brasil

Endereço para correspondência

 

 

As reflexões sobre a prática clínica e de pesquisa inspiradas nos referenciais fenomenológicos, existenciais, hermenêuticos e nos vários sistemas teóricos e técnicos psicológicos nos últimos anos tem apresentado pelos autores que publicam nos diversos periódicos científicos a preocupação em qualificar as estratégias de produção do conhecimento nos vários cenários em saúde.

Os autores estudam temáticas de pesquisa abrangendo questões como doenças raras, racismo, finitude e cuidado; inclusão, diversidade e diferença. Portanto, os autores transitam entre a abertura para diálogos sobre a complexidade associadas aos processos de saúde e doença; bem como, alguns se mantém no horizonte das preocupações clássicas da Psicologia Clínica, que nos anos 60 do século XX, enfatizava atendimentos aos contextos da população da classe socioeconômica favorecida.

Nesta conjuntura amplia-se a exigência de o cliente ter sua voz escutada. Assim, a equipe de saúde, gradativamente, amplia a consciência pessoal e social do compromisso com a atualização da condição humana. Esta premissa requer presença na formação continuada e permanente dos profissionais de saúde. Portanto, as estratégias metodológicas de compor desenhos de pesquisa que corresponda a essas temáticas tem sido um desafio na saúde e à Psicologia Clínica Gestáltica.

Observa-se que o acesso a experiência é permeado por restrições de contato com a vivencia, bem como sua expressividade, principalmente em um mundo composto por imagens, por relações virtuais e distanciamento interpessoal. Deste modo, é necessário convidar as pessoas a praticar comunicações genuínas nos atendimentos clínicos, na pesquisa qualitativa em saúde. Esta é uma premissa indispensável para entrar no mundo subjetivo de cada pessoa. Tal ação implica um acostamento, um comunicar-se com o outro, um colocar-se na experiência do outro, já que a vivência é um ato existencial íntimo, único, pessoal e singular e algumas vezes inacessível.

Outro canal básico é a demonstração pelos profissionais de saúde de um espaço real da escuta empática, com a transmissão do respeito e postura horizontalizada ao cliente, para que este consiga abrir-se a partilhar os motivos que o levaram a clínica. As sessões e procedimentos psicoterapêuticos favorecem o alargamento do horizonte existencial, por meio da magnitude do interesse interpessoal, do afrouxamento das fronteiras sociais que impedem a vivencia do contato íntimo. Portanto, consideramos que a compreensão clínica dos sentidos presentes no mundo da vida de alguém se torna acessível pela expressividade que se vale das diversas linguagens, ou seja, pelo uso conjunto e integrado da elocução verbal, corporal, artística, meditacional, das produções cotidianas etc., pois, em cada cliente existe singularidades, meios habituais de narrar a sua existência.

Neste ponto de vista, a produção do conhecimento na clínica e na saúde é um processo continuo de aprendizagem. Neste sentido, revigora-se a função cientifica da nossa Revista, qual seja, divulgar abordagens diversificadas de questões interdisciplinares importantes que os autores nos brindam com suas produções: o sofrimento humano, os sintomas, o adoecimento, as dificuldades relacionais, a ausência de autoamor, entre outras demandas que provocam angústia. Todo este conjunto de assuntos estão contidos nos textos publicados nesta edição, traduzidos em relatos de pesquisa, de experiência e ensaios, sempre em prol de ampliar os limites apostos aos saberes conhecidos.

Outro alicerce indispensável à publicação de textos é o enfoque interdisciplinar que há na formação dos autores. De um modo geral, são apresentadas diversas abordagens sobre intervenções na clínica, de metodologias de pesquisa e fundamentos teóricos filosóficos, organizadas em reflexões inspiradas na adoção de posições críticas ao status quo da pesquisa. Portanto, todo este arcabouço constitui o volume 13-3 do ano de 2021.

O Instituto NUFEN agradece ao Programa de Pós-graduação em Psicologia (PPGP/UFPA); a preciosa equipe editorial: Professora Dra Kamily Vale (Universidade Federal do Pará/UFPA); Professora Dra Nazareth Malcher (Universidade de Brasilia/UnB); Professora Dra Marciana Farinha (Universidade Federal de Uberlândia/UFU; Portal PePSIC BVS-Psi; Editores colaboradores; Auxiliares Administrativos, nos quais reconhecemos a utopia e o desejo unicamente intrínseco que permeia toda a equipe de vencer o desafio, a cada edição, para a efetividade do projeto de divulgação de conhecimentos científicos em Psicologia de inspiração Fenomenológicas e áreas afins no cenário brasileiro.

Por exemplo, o Qualis da Revista, que em nossa avaliação criteriosa deveria ser atualizado para o indicador A3. Neste sentido, evocamos a CAPES a mudá-lo, pois, compreendemos que a manutenção da regularidade de publicações consistentes e de qualidade simboliza todo esforço da equipe editorial da Revista, apesar das vicissitudes mundanas, fortalecida desde 2020 pela pandemia mundial severa que afeta a biografia pessoal, social e existencial.

Convidamos à leitura!

 

 

Endereço para correspondência
Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel
E-mail: pimenteladelma@gmail.com
Maria de Nazareth Rodrigues Malcher O. Silva
E-mail: malchersilva@unb.br

 

 

1 Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel: ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0048-4976
2 Maria de Nazareth Rodrigues Malcher O. Silva: ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4405-7378

 

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