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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.14 no.1 Belém jan./abr. 2022

 

ARTIGO

 

A Natureza da Consciência Humana

 

The Nature of the Human Counsciousness

 

La Naturaleza de La Conciencia Humana

 

 

Lucas Bianconi1 I

I Faculdade Anhanguera

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A partir de uma perspectiva fenomenológica este trabalho visa tanto enfatizar o pensamento de Edmund Husserl acerca da consciência quanto fazer algumas criticas em relação ao objeto de estudo da Psicologia. No decorrer do texto o metodo de pesquisa empírica das ciências da natureza é questionado enquanto se discute o papel da fisiologia em relação ao da psicologia. Os fenômenos psicológicos são tratados a partir dos conceitos de intuição de essência. O conceito de interpretação aqui é destacado para delimitar a faculdade inteligível da intuição como ato responsável por significar as vivências da consciência humana. Por conseguinte, se realiza uma relação entre consciência transcendental e a experiência ontológica do sujeito empírico, demonstrando como ocorre à correlação do aspecto sensível do organismo com a sua capacidade de intuir sentido. Esta etapa esclarece o papel da reflexão e sua relação fundamental com a intuição de essência subjetiva.

Palavras-chave: Psicologia; Consciência; Subjetividade; Intuição.


ABSTRACT

From a phenomenological perspective, this paper aims to emphasize Edmund Husserl's thought about consciousness and criticize some of the problems of investigating the object of study in psychology. Throughout the text, the empirical research method of the natural sciences is questioned while discussing the role of physiology inside psychology. Psychological phenomena are treated from the concepts of intuition and essence. The concept of interpretation is highlighted here to delimit the intelligible faculty of intuition as the act responsible for signifying human consciousness experience. Therefore, the relationship between transcendental consciousness and the ontological experience of the empirical subject comes to demonstrate the correlation of the sensible aspect of the organism with the capacity to perceive meaning. Capacity to intuit meaning. This step clarifies the role of reflection to psychological subjective essential changes.

Keywords: Psychology; Conscience; Subjectivity; Intuition.


RESUMEN

Desde una perspectiva fenomenológica, este artículo tiene como objetivo enfatizar el pensamiento de Edmund Husserl sobre la conciencia y criticar algunos problemas de la investigación del objeto de estudio en psicología. A lo largo del texto, se cuestiona el método de investigación empírica de las ciencias naturales al discutir el papel de la fisiología dentro de la psicología. Los fenómenos psicológicos se tratan desde los conceptos de intuición y esencia. El concepto de interpretación se destaca aquí para delimitar la facultad inteligible de la intuición como el acto responsable por significar la experiencia de la conciencia humana. Por tanto, la relación entre la conciencia trascendental y la experiencia ontológica del sujeto empírico viene a demostrar la correlación del aspecto sensible del organismo con su capacidad de percibir significado. Capacidad de intuir significado. Este paso aclara el papel de la reflexión ante los cambios esenciales subjetivos psicológicos.

Palabras clave: Psicología; Conciencia; Subjetividad; Intuición.


 

 

A idéia da experiência Psicológica e o problema do objeto de estudo da Psicologia

Os maiores avanços tecnológicos que a humanidade obteve durante os últimos séculos ocorreram por influência do desenvolvimento das ciências naturais. Através da metodologia científica a natureza tem sido rigorosamente explorada. Diversas disciplinas exploraram o mundo natural usando a mesma metodologia. A partir do método experimental de pesquisa diversos fenômenos foram classificados e descritos através de uma análise objetiva. O intuito me parece ser claro, avançar em direção ao domínio técnico sobre a natureza, construindo um conhecimento particularmente humano que possa vir a proporcionar melhores condições de vida.

Caso semelhante se dá com a ciência moderna da psicologia. Esta disciplina está designada à procura de argumentos que expliquem o fenômeno da atividade psicológica humana. Seu objeto de estudo pertence à classe dos fenômenos mais indagados durante todo o decorrer da história da humanidade e nunca havia sido antes submetido à análise perante o método experimental de pesquisa científica.

Aquilo que há de mais intimamente humano no homem passa a ser o seu próprio objeto de estudo em laboratório. Entretanto, no que diz respeito ao estudo do corpo humano, o sujeito não comporta um único "objeto" de tal forma que este objeto defina aquilo que o ser é em si, muito pelo contrário. O ser humano se manifesta como uma unidade complexa. O psicólogo Carl Gustav Jung (1875, 1961, 1928) reconhecendo este fato relata claramente que, no que diz respeito ao ser humano, os fenômenos biológicos e psicológicos encontram-se correlacionados entre si (1928, 2002, p.26).

Duane Schultz (1969, 1975) relata em seu livro História da Psicologia Moderna que boa parte da herança da Psicologia provém da Filosofia (p.13). Entretanto, apesar dos antigos filósofos terem preparado o caminho para a compreensão das causas do comportamento humano, a ciência moderna tomou alguns destes mesmos problemas seguindo uma outra via, em contraste com os métodos mais antigos, racionais e especulativos de investigação, o método empírico apoia-se completamente na observação objetiva (Schultz, 1969, 1975, p.32).

Sob tais influências a psicologia foi dominada pela ideia de introduzir no campo psíquico a experimentação e o cálculo, muito comumente utilizados dentro das investigações da natureza que se apoiam na metodologia cientifica (Burke, 2000, p.117). Como exemplo, Schultz (1969/1975a) menciona que a fisiologia acreditava que a consciência poderia ser explicada através da física e da química (p.32). Os aspectos sensoriais mais elementares da percepção humana foram o enfoque inicial das pesquisas, e teoricamente suas descobertas cumpriam a função de dar a atividade psicológica uma explicação objetiva.

No entanto, o percurso histórico desta ciência nos remete há um cenário repleto de pesquisadores com opiniões distintas. Mais de cem anos depois do primeiro laboratório de psicologia é imensa a diversidade de escolas de pensamento que surgiram com diferenças notáveis entre si. A discussão sobre as leis fundamentais que regem o objeto de estudo da psicologia permanece, resiste. Schultz (1969/1975b ) relata a ocorrência de partidas e equívocos, mas, no total, existe um fio de continuidade que avança rumo a descobertas mais precisas (p.13), todavia, as teorias parecem divergir entre conceitos e definições pouco consistentes e substituíveis.

Diferentemente da medicina a psicologia não está procurando analisar somente o aspecto fisiológico do corpo humano, ela também precisa compreender as inúmeras manifestações da consciência que ocorrem na percepção interna do indivíduo. Através de todos estes fenômenos fisiológicos de congruência física parece haver fenômenos meramente abstratos de ordem cognitiva. Esse é um dos motivos pelo qual surgiram novas postulações teóricas com outros argumentos que não os da fisiologia. Franz Brentano (1838, 1917) serve de exemplo como um dos autores que contrariou a perspectiva fisiológica de uma psicologia científica. Em seu livro Psychology from an Empirical Standpoint (1874) fez criticas ao trabalho de Wilhelm Wundt (1832, 1920) e esclareceu sua posição de forma explicita: What has been said about the objects of external perception does not, however, apply in the same way to objects of inner perception2 (Brentano, 1874, 1955, p.7).

O filósofo brasileiro Raymundo de Farias Brito (1862, 1917) em seu livro O mundo interior também parece crer que a psicologia não deve ser submetida unilateralmente as descrições fisiológicas do organismo. Assim como Brentano (Como citado em Farias, 1914, 2006a) considera que os fenômenos que ocorrem na consciência são o ponto de partida para uma série de fenômenos que são essencialmente distintos dos fenômenos da matéria (p.86), e que, acima de tudo, não se pode tocar, apenas compreender, enfim, explicar segundo a lógica de alguma teoria.

Afinal, esses fenômenos pertencem ao gênero humano e este consiste numa existência real e efetiva. Acredita-se fielmente que certas leis naturais, assim como em outros corpos, determinem a sua função especifica. Porém a determinação dos fatores fundamentais que compõem suas características parece não ter alcançado uma unidade assertiva, pelo contrário, as contradições teóricas entre os pesquisadores segregaram a disciplina de tal forma que a discussão de seu objeto mais parece um cenário de disputas ideológicas em crise. A ideia de que exista alguma espécie de aparelho que determine a função da atividade psicológica humana se tornou o sonho da teoria perfeita, que será capaz de conter e explicar todas as suas particularidades e características.

O que já fora chamado de psique, alma, anima, antecede e muito a era da tecnologia científica. Por isso a definição do objeto desta ciência requer que os pesquisadores não só tenham acesso às novas descobertas contemporâneas, como também requer que explorem a vasta herança histórica dos problemas da consciência já abordados anteriormente pela filosofia.

Tampoco encontraremos contradictores si añadimos que la psicología carece hasta aqui de leyes auténticas y, por ende, exactas, y que las proposiciones que honra com el nombre de leyes sólo son generalizaciones de la experiência, muy valiosas sin duda, pero vagas. (Husserl, 1901, 1982, p.75)

Para estabelecer um conhecimento que defina a dinâmica dessa fantasmagórica estrutura os pesquisadores devem se sujeitar a observação de um objeto que não se comporta como um objeto, mas como um fluxo de atividade contínua. Para suprir a necessidade de compreendê-lo torna-se necessário ilustrar de maneira abstrata o modo geral dessa atividade se manifestar analisando a contingência comportamental dos indivíduos. Diversas linhas teóricas se divergem por questões de interpretação e perspectiva. Metodologias fundamentalmente teóricas passam a proporcionar aos indivíduos uma suposta explicação lógica para os fenômenos que ocorrem na consciência.

Para compreensão do comportamento daquilo que chamaremos referencialmente de unidade psicofísica , há diversas matrizes de pensamento que se distinguem em diversas formas de abordagens. Algumas teorias procuram explica-la em função do corpo enquanto outras focam na influência do ambiente sobre o individuo, há também aqueles que enfatizam o individuo sobre o todo e as contradições entre as escolas de pensamento parecem não ter fim.

Em geral, todas as abordagens reconhecem que o comportamento humano representa as expressões de uma unidade psicofísica, porém, a determinação das leis da atividade psicológica e as suas características acabam por ficar à mercê de ocupar o espaço de acordo como cada abordagem lhes configura (Figueiredo, 2008, p.20). Para Schultz (1969, 1975c) As teorias existentes também podem influenciar, na verdade, determinar, o modo como os fenômenos ou dados pertinentes são classificados. Isto, é claro, pode impedir o cientista de observar os dados sob um novo prisma (Shultz, 1969, 1975, p.20). O alemão matemático e filósofo Edmund Husserl (1859-1938) criticava justamente isso.

Husserl (1901, 1982a) afirma de forma categórica que não havia evidências que comprovassem que as leis naturais do psicológico humano haviam sido descobertas por essas teorias. Pelo contrário, afirmou que Ninguna ley lógica és – en su autêntico sentido – una ley para los hechos de la vida psíquica (Husserl, 1901, 1982, p.81 grifo meu). Para ele, as teorias psicológicas que se baseiam no método de pesquisa das ciências naturais pertencem apenas há um grupo de verdades teoréticas puras, de natureza ideal que reduzem o funcionamento psíquico de um modo mais ou menos mítico (Husserl, 1901, 1982, p.118).

Diante destas problematizações sobre o tema, minha única preocupação é a de que a psicologia venha estabelecer uma base mais sólida. Tanto é essa a minha real intenção com este trabalho que confio ser conivente as palavras de Brentano (1838, 1917) neste parágrafo: In fact, only when the unification of related fields and the separation of unrelated fields is achieved can the boundaries between the sciences be correctly drawn and their classification contribute to the progress of knowledge3, (Brentano, 1874, 1955, p.27). Portanto, se faz necessário investigar a natureza dos problemas ligados à definição do objeto de estudo da psicologia.

 

Da manifestação Psicológica à Consciência Humana: intuição de essência e reflexão como vivência

Se concordarmos que o objeto trabalhado no ramo desta ciência é sempre um e o mesmo, independentemente da linhagem teórica que o justifique, ou seja, de que tal objeto independente da maneira de como será abordado, comporta-se como um processo de construção de individualidade contínua, me cabe parar pra pensar, o que é que seria capaz de sustentar essa vida intrínseca e, principalmente, o que subsiste por si mesmo ou, independentemente de todas essas mais variáveis formas que este objeto se torna aparente aos olhos de abordagens teóricas distintas.

Ora, já dissemos que este objeto se apresenta em meio a um corpo complexo e dinâmico, mas como ele pode ser definido e justificado é o que instiga meu principal interesse a ser levado em consideração nesta pesquisa. Para tanto, irei considerar algumas contribuições de Husserl (1901/1982b) com a sua Fenomenologia.

Necessariamente, a observação que apreende o objeto precisa da experiência. É a partir dela que se revelam ao investigador os elementos que lhe são constituintes. Pois, vejam bem, as expressões do comportamento humano analisadas durante as experiências revelam a superfície somente apenas alguns de seus elementos constituintes, não as propriedades de seu objeto livre de qualquer correlação intrínseca. Não é o ser, mas a experiência do ser. Logo, esses elementos representam o estado atual e momentâneo de uma certa atividade anímica do comportamento humano e não determinam a verdadeira denominação da psique. Contudo, quase sempre os pesquisadores desta área confundem a descrição do seu objeto de estudo com os fenômenos psicológicos que esse objeto é capaz de emitir.

É de se perceber que a identidade da consciência de um indivíduo só se define depois de consolidado alguns atributos do comportamento em sua instância psíquica e mesmo assim, não representam tudo que o indivíduo é ou pode ser, pois, estas configurações apenas apresentam quais são as condições das quais a atividade psicológica se encontra, de acordo com certas circunstâncias relativas à experiência4.

Daí surge certas contradições, como as de categorizar o objeto de estudo da psicologia a fatores elementares do organismo ou de submetê-lo a certas condições externas ambientais socialmente estabelecidas. Alguns fenômenos recebem o título de valor de causa de forma generalizada e se confundem com o objeto de estudo da psicologia. Isso resulta numa redução da capacidade da consciência humana a certos limites aparentemente intransponíveis determinados pela experiência.

Por isso, para adentrarmos a verdadeira natureza da psique é necessário observar a própria disposição da consciência, os chamados fenômenos psíquicos surgem a partir desta atividade intrínseca. Pois bem, para ir de encontro a esse objeto se faz necessário compreender o ponto de partida destes fenômenos psicológicos, sua origem substancial, fundamental e primaria, deve ser posta sobre demonstração empírica. Para facilitar o raciocínio dessa reflexão, pensaremos no corpo isoladamente numa tentativa de encontrar o objeto responsável pela produção desses fenômenos, separando-o dos fenômenos propriamente ditos, seguindo uma metodologia objetiva.

Toda matéria que existe no mundo possui aquilo que denominamos como atividade intrínseca, se não são animais - pelo menos - são animadas. Essa atividade designa para cada órgão do corpo certa disposição natural. Afinal, não é à toa que a investigação objetiva compõe a metodologia científica, ela reconhece que na natureza dos objetos se manifesta uma atividade que os designa certas propriedades que são específicas. A fisiologia reconhece esta atividade. De acordo com Dee Unglaub Silverthorn (2017) todas as tarefas que o corpo humano exerce cumprem suas funções graças há uma espécie de influxo de energia contínua (p.9). Esse influxo de energia faz do corpo uma unidade sensível ao ponto de captar informações sensoriais que serão decodificadas pelo encéfalo, que é justamente onde se pretende encontrar o domínio das atividades psíquicas.

Pela fisiologia o cérebro é visto como o centro integrador destas informações (Silverthorn, 2017, p.14) e é parte indissociável desse influxo de energia, nele há uma série de neurônios em constante movimento comunicando-se entre si. Aparentemente é dali que surgem os fenômenos que chamamos de percepção, memória e inteligência, dentre outros atributos cujo seu funcionamento se aplica. Mas, do que é feito a percepção, a memória e a inteligência? Ou ainda, como a consciência manifesta fenômenos na percepção interna do indivíduo? A fisiologia parece não haver encontrado nenhuma explicação definitiva para responder essas perguntas. De acordo com Silverthorn (2017) por séculos os estudos da função do encéfalo estiveram restritos a descrições anatômicas (p.285). Silverthorn menciona que os estudantes de fisiologia nunca encontraram no cérebro para que a funcionalidade da consciência se aplica e o problema ainda permanece como uma incógnita sem solução efetiva.

Estando todo aspecto fisiológico do corpo vinculado aos fenômenos que ocorrem na consciência, facilmente pode-se cometer o equívoco de concedê-la uma explicação meramente bioquímica. Mas a grande questão está em compreender que a consciência não pode ser reduzida aos fenômenos fisiológicos, porque isto seria o mesmo que reduzir a própria capacidade de transdução do organismo ao seu aspecto sensível e passivo. É correto afirmar que a sensibilidade humana constitui um aspecto fundamental originário para o desempenho das atividades psicológicas, no entanto, explicar as atividades psicológicas através do corpo é recorrer no mesmo equívoco já mencionado acima. Portanto, acima de tudo cabe estabelecer uma distinção entre o campo de estudo da fisiologia em relação à psicologia. A fisiologia cabe o estudo das propriedades (físicas) do corpo humano e a psicologia o entendimento da manifestação dos fenômenos psicológicos, que é onde se situa a definição do objeto que caracteriza a sua disciplina.

A psicologia baseada no método das ciências da natureza propõe que a percepção humana capta as impressões sensoriais de um ambiente e as conduz até o cérebro, Este processo é chamado de transdução e descreve como o organismo realiza a conversão da energia de um estímulo em informação sensorial perceptível (Silverthorn, 2017, p.294). O cérebro, por conseguinte, se torna o responsável por decodificar estes dados para estabelecer uma resposta do organismo, no entanto, este processo não descreve outra coisa senão a natureza fisiológica do organismo mesmo, pois em nenhum momento insere a consciência como fator da experiência e a abandona como sequer existisse. Até aqui, pode-se compreender aquilo que Husserl (1901, 1982c) bem observa e define: las sensaciones son pura y simplesmente vividas, pero carecen de toda interpretacion (Husserl, 1901, 1982, p.268), demarcando justamente por onde se encerra o campo de estudo da fisiologia, que até hoje se confunde com o da psicologia sob o pressuposto de que a atividade psicológica humana seja única e exclusivamente psicofísica5.

No entanto, quando estes dados provenientes dos sentidos chegam até a consciência estes elementos provocam aquilo que chamamos de consciência de algo, ou de intencionalidade, o que quer dizer que os dados das sensações nos permitem tomar consciência de alguma coisa. Husserl (1901/1982d) considera que os fenômenos que se manifestam na consciência podem surgir a partir de diferentes atos perceptivos (p.243). Para Husserl (1901e), de acordo com Angela Ales Bello (2006) existem atos perceptivos corpóreos (instintos em geral), psíquicos (reações e impulsos) e espirituais (reflexões, decisões, controle) (p.39) . Os atos nunca se dão isoladamente, a cada novo ato uma nova vivência, sendo que cada um destes se encontra com seu modo de correlação com o mundo.

Ao invés de chamá-los de fenômenos psicológicos Husserl (1901, 1982f) utiliza o termo de vivências psíquicas que, de acordo com Angela (2006), é o dar-se conta de ter percebido alguma coisa (p.31). No entanto o sentido das coisas depende da interpretação6 da consciência que, para Husserl (1901, 1982g), não pertence nem ao corpo nem ao psicológico propriamente dito e sim ao espirito, uma vez que o sentido daquilo que se percebe é dado pela manifestação do pensamento (ideia ou essência) cuja natureza não pertence à mesma ordem de fenômenos que a do corpo físico (p.285). Para descrever as manifestações destes fenômenos Husserl (1913, 2006) dá o nome de intuição de essência, que não é outra coisa senão a manifestação de ideias na consciência (p.38). Aqui se inicia a região onde ocorrem os fenômenos da atividade psicológica humana denominada por Husserl (1901, 1982i) de vivências psíquicas e que pertencem tanto ao campo de estudo da psicologia quanto da fenomenologia (p.476).

No entanto a psicologia se utiliza do método das ciências naturais que, como já fora dito, está interessada naquilo que remete a existência no seu paralelo psicofísico de assimilação com a natureza. Diferentemente da Fenomenologia que trata das vivências psicológicas a partir das essências que a intuição manifesta, sem considerar a existência de qualquer entidade objetiva, tratando-as como irreais propriamente ditas.

Como bem esclarece Jose Javier San Martin Sala (Sala, 2018) a diferença entre a Psicologia Fenomenológica e a Fenomenologia Transcendental é a de que a psicologia ainda trabalha com o conceito de representação enquanto que a fenomenologia transcendental pretende superar toda noção de representação (p.12). Portanto, para distinguir o objeto de estudo da psicologia das disposições do comportamento humano basta à compreensão do caráter sensível e ativo da consciência. Quer isto dizer mais claramente: de acordo com o meu entendimento o objeto de estudo fundamental da psicologia é a consciência e esta possui uma função a ser exercida.

A percepção do indivíduo está fundamentada na experiência sensorial sensível do organismo, logo, a consciência está correlacionada ao corpo sensorial que internaliza a experiência afetiva. Além disso, a consciência também possui um aspecto ativo, manifesta fenômenos que constituem nossas vivências psíquicas. Para me referir a este aspecto ativo da consciência utilizo o conceito de interpretação dos sentidos, sendo que a interpretação dos sentidos nada mais é do que o discernimento da experiência dado de forma intuitiva. Dizendo de outra maneira: a consciência é responsável pelo ato de significar os "objetos" (ou situações vivenciadas) que a percepção enquadra e o juízo classifica.

Farias (1914, 2006b) compreende que estes fenômenos são apenas expedientes, processos lógicos de que o espírito se serve para facilitar o conhecimento das cousas (Brito, 1914, 2006, p.279). Já Husserl (1901, 1982j) as concebe da seguinte forma: Los conceptos lógicos, como unidades válidas del pensamiento, tienen que tener su origen en la intuicíon. Deben crecer por abstracción ideatoria sobre la base de ciertas vivencias (Husserl, 1901, 1982, p.218). Esses fenômenos que se manifestam na consciência não têm, pois, outra coisa senão apenas existência lógica, pois são manifestações da capacidade de pensar do ser humano, que lhe permite intuir o sentido das coisas através de ideias que as classifiquem. Porém, mesmo assim se referem a objetos ou situações objetivas. De acordo com Husserl (1901, 1982k) todo fenômeno percebido está relacionado a um fenômeno real vivenciado pelo indivíduo (p.478), mas no que diz respeito à consciência humana os sentidos das coisas se manifestam a partir da intuição de essência, ou seja, a consciência interpreta e representa aquilo que vivencia. Isso é o mesmo que dizer que a experiência ontológica dos sentidos está fundamentada nas categorias do juízo conectándose de um modo unitário y continuo (Husserl, 1901, 1982, p.483). Neste ponto o filósofo Eugen Fink (1905, 1975) nos oferece algumas contribuições teóricas coerentes para compreendermos como ocorre a interpretação dos sentidos de forma intuitiva.

Fink (1949, 2020a) aponta que o ser humano vivencia sua experiência cotidiana sob a influência dos pensamentos que emergem da sua consciência, estamos sob seu domínio e não o contrário, afirma (p.201). Sua opinião é a de que é necessário um esforço desmedido para evidenciar os pensamentos que vivenciamos dia após dia (Fink, 1949, 2020 p.201). Portanto, antes de tudo a interpretação dos sentidos é um fenômeno incutido na própria experiência de forma espontânea. A consciência sendo capaz de intuir coloca em perspectiva a essência e doa sentido às nossas experiências no dia-a-dia.

Trata-se de pensamentos nos quais o ser do humano se relaciona com as coisas na orientação natural onde o seu perceber (recordar, imaginar, etc) está sob a influência de seu próprio juízo mesmo que não esteja o desempenhando de forma reflexiva (Husserl, 1913, 2006, p.75). Aqui vivemos nas teses cogitativas, ou seja, influenciados pelos nossos pensamentos habituais acerca das coisas, que surgem como apreensões de uma certa atualidade efetiva. É somente durante o exercício da reflexão que o ente pode mudar a sua orientação em relação aos sentidos manifestados pela sua consciência.

Para tanto Husserl (1913, 2006a) nos apresenta outro modo de orientação da consciência do qual deu o nome de orientação fenomenológica (p.126). Na orientação fenomenológica o sujeito suspende temporariamente o juízo de seus pensamentos efetivos (por exemplo, suas crenças, opiniões, etc) para abrir um novo horizonte de investigação da consciência. Husserl (1913, 2006b) diz que na orientação fenomenológica nós colocamos entre parênteses os pensamentos habituais que temos acerca das coisas para realizar atos de reflexão destinados à compreensão daquilo que nossa intuição nos apresenta (p.118). Desta maneira é possível efetuar atos de reflexão que elaboraram e/ou reelaboram o significado de certas ideias que a intuição apresenta para constituir novas relações de sentido na consciência. Aqui a reflexão se revela como constituinte fundamental da consciência, pois é ela quem em última instância organiza o conteúdo dos fenômenos da intuição de essência subjetiva para delimitá-los a serviço de sua existência ontológico-empírica. Logo, viver e pensar e pensar e viver não são atitudes excludentes, mas coparticipes, pois se complementam em unidades de sentido7 por coexistência.

Como destaca Fink (1949, 2020b) o ser humano é mediador na medida em que existe entre as coisas e é ao mesmo tempo cumplice do fundamento único e originário do qual a explicação para as coisas surgem (p.203). Portanto, a consciência não só permite que a intuição de essência doe o significado de nossas experiências diárias, como também permite que a própria intuição do sujeito possa vir a ser modificada através dos atos reflexivos que efetuam novas relações de essência em sua instância psíquica.

Se o ser humano é aquele que vivencia sua experiência enquanto a reflete no pensamento, pode-se dizer que é crucial que se estabeleça uma comunicação de correspondência entre o corpo sensorial (sensível) e a consciência (ativa). Daí que a própria consciência na sua capacidade de interpretar os sentidos subsiste justamente para que esse paralelo se realize; isso permite que o ser do humano atue segundo as interpretações elaboradas pelo discernimento lógico de seu próprio juízo. Como o próprio Husserl diz: Las leyes normativas pueden, ciertamiente, estar adaptadas a la constituicion específica de los seres que juzgam, siendo por tanto variables con esto. (Husserl, 1901/1982, p.135).

Tendo a consciência humana a função de interpretar os sentidos deve-se prosseguir o seguinte: o pensamento humano varia de acordo com a variação do emprego de normas aplicadas ao juízo (discernimento) e é desta mesma forma que o sujeito pode vir a modificar a intuição de essência dos fenômenos de sua própria consciência. O que é o mesmo que dizer que a forma como interpretamos os objetos ou as situações vivenciadas pode ser alterada através desta capacidade humana de intuir o sentido das coisas.

Portanto o objeto de estudo da psicologia não pode ser premeditado por qualquer espécie de teoria que o categorize como um objeto meramente estático e/ou ser reduzido às leis fisiológicas do organismo. Os fenômenos que regulam a atividade psicológica do ser humano são por essência fenômenos de ordem abstrata e não representam diretamente o objeto de estudo da psicologia, estes fenômenos apenas se constituem a partir dele, que é onde se revela a intuição de essência subjetiva. Ser yo no significa ser objeto, sino ser, frente a todo objeto, aquello para lo que algo es objeto (Husserl, 1901, 1982, p.48).

Vejamos as emoções, por exemplo, possuem diversas tonalidades e todas elas se referem a experiências reais que alteram o estado hormonal do organismo, porém, surtem efeitos que se divergem de ser humano para ser humano, dependendo de como a interpretação dos sentidos submete essa experiência às categorias do juízo. A consciência que percebe o que está sentindo também julga discernere o significado da experiência de estar sensibilizada. Em última instância a consciência só é capaz de compreender os objetos da experiência a partir da interpretação dos sentidos, ou seja, através de pensamentos que lhe concedam alguma intuição de sentido atribuída.

As percepções humanas constituem uma espécie de atualidade; contudo neste único ato específico jamais existe tudo o que pode ser um objeto em particular. A função da consciência deve ser destacada pela sua capacidade de interpretar uma mesma experiência (ou objeto) a partir de uma grande diversidade de perspectivas. Isso prova, pois, como é que uma mesma situação pode vir a ser interpretada de diversas maneiras entre diversas pessoas ou por um único indivíduo.

 

Considerações Finais

A fenomenologia de Edmund Husserl me parece ser a concepção teórica mais próxima da realidade do funcionamento da consciência, por isso julgo-a coerente para a descrição adequada dos fenômenos que ocorrem na atividade psicológica humana tanto quanto para a resolução dos problemas levantados anteriormente nesta pesquisa. Este complexo de comunicação entre o sensível e o ativo vai além da necessidade de sobrevivência do organismo. Antes de tudo consiste especialmente numa característica criativa da capacidade psicológica humana, que o permite se adaptar ao meio ambiente interpretando tudo que a consciência percebe e vivencia.

É de se pensar que as primeiras culturas podem ter sido constituídas no intuito de promover uma variedade de respostas para os problemas que a existência humana admitia. Desde a criação dos mitos até os tempos modernos com a chegada da metodologia científica, o homem representa de forma abstrata tudo aquilo que interpreta através da percepção de seus sentidos e não se contenta nunca em cessar seus esforços em construir mais representações sobre tudo que de alguma forma diz respeito a sua experiência de vida.

Também Farias (1914, 2006) parece concluir isto da mesma forma usando outro raciocínio além da realidade exterior que se desenvolve no espaço e no tempo, impõe-se a existência de uma realidade interna, de uma atividade de ordem psíquica, cuja essência consiste exatamente nessa consciência que é o princípio mesmo produtor do conhecimento (Brito, 1914, 2006, p.328), embora seja forçoso admitir que esse conhecimento é sempre incompleto e imperfeito, devido à complexidade da realidade que é objeto de capacidade humana de intuir o sentido das coisas. A interpretação dos sentidos8 é o meio pelo qual o ser humano se expressa e sintetiza relações para a construção de seu conhecimento sobre as coisas, sobre o ser do humano e sobre o mundo. Assim procede com a constituição da personalidade de cada indivíduo, do "eu" que irá supervisionar e regular as atividades psicológicas do organismo.

O espírito não é somente a base do edifício do pensamento, o princípio dos princípios é também fato que resiste a toda dúvida, verdade que desafia o capricho mais desordenado dos céticos. E negá-lo é cousa que, só por si, envolve absurdo, porque negar é ato da consciência e a consciência é fenômeno do espírito. (Brito, 1914/2006, p.306)

Se acaso o ser humano não fosse preenchido por essa atividade incessante do espírito, como o homem seria capaz de gerar formas complexas de expressões e significados sobre a sua percepção das "coisas" e sobre a sua própria vida? Nesse caso, reconhecer o aspecto transcendental do pensamento intuitivo é compreender a condição de interpretação dos sentidos da qual a atividade psicológica está designada a ofício. Nisso consiste a determinação de um aspecto fundamental: a estrutura psicofísica humana transcende - em essência – numa atividade interior capaz de intuir sentido através de suas vivências psíquicas. Dizer que a dinâmica da consciência humana funciona como uma espécie de atividade transcendental do espírito desafia a perspectiva mecanicista da realidade predominante em toda Europa Ocidental. Isto nos traz diversos obstáculos a serem enfrentados, mas também nos ajuda a resolver diversos equívocos anteriormente estabelecidos por especulações teóricas vazias.

A tomada de consciência dos problemas pertinentes à fundamentação do objeto de estudo da psicologia exige que o método experimental e as teorias (já aceitas) sejam questionados. Isso faz com que o surgimento dos grupos de pesquisa acerca deste tema tenha um número relativamente pequeno e seletivo. No entanto, valem o esforço de bom grado, pois contribuem inestimavelmente para com o avanço da psicologia como disciplina de rigor científico.

No pensamento do homem moderno não havia consenso na determinação da consciência e ainda não há. Na intenção de eliminar as crenças do homem acerca da existência do "sobrenatural" a tradição científica tradicional dos últimos séculos, afirma Farias (1895, 2012c) invalidou toda metafisica e reduziu a filosofia à investigação experimental objetiva (p.19). Infelizmente, se equivocaram ao prescindir que o natural pertencente à consciência se reduz a mera corporeidade deixando de associá-la a sua essência inteligível, que é justamente a consciência no desempenho da função que lhe caracteriza. A humanidade como um todo precisa estabelecer uma compreensão adequada a respeito da consciência humana, das leis universais que regem o funcionamento da atividade psicológica. Refiro-me a um conhecimento que seja fundamentalmente prático que permitirá aos homens fazer bom uso daquilo que os torna essencialmente humanos, o espírito.

Aproximar-se de uma compreensão possivelmente mais adequada para a definição do objeto de estudo da psicologia fora o que definitivamente me levou ao intuito de discutir que a naturalização da consciência, não só pode como deve vir a ser esclarecida pela descoberta do aspecto subjetivo transcendental da consciência exposta pela fenomenologia.

O comportamento humano pode se expressar de diversas formas distintas, pois expressa ininterruptamente a capacidade da consciência de interpretar tudo que se refere a sua experiência de vida. Nada mais poderia definir um ser humano se não a própria aptidão de sua espécie, que a partir de sua essência reinterpreta a si mesmo e ao mundo a procura de uma vida que lhe faça o devido sentido de forma definitiva.

 

Agradecimentos

Respeitosamente, agradeço ao Prof. Tommy Akira Goto por iluminar a compreensão da Fenomenologia de Edmund Husserl.

 

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Endereço para correspondência
Lucas Bianconi
E-mail: lucasbianconi@gmail.com.br

Recebido: 10/01/2022
Revisado: 20/01/2022
Aceito: 30/01/2022
Publicado: 18/04/2022

 

 

1 Lucas Bianconi: ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8493-6070
2 O que vem sendo dito a respeito dos objetos de nossa percepção externa não se aplica, portanto, da mesma forma para os objetos de nossa percepção interna (BRENTANO, F, 1874/1955, p.7, tradução minha).
3 "O que vem sendo dito a respeito dos objetos de nossa percepção externa não se aplica, portanto, da mesma forma para os objetos de nossa percepção interna" (BRENTANO, F, 1874/1955, p.7, tradução minha).
4 Não estaríamos inevitavelmente cometendo o erro de considerar certas peculiaridades individuais como se fossem características gerais? (Brentano, 1874, 1955, p.27, tradução minha).
5 De que os fenômenos psicológicos sejam apenas uma consequência causal dos fenômenos de ordem fisiológica que ocorrem no corpo do ser vivo.
6 A interpretação é o ato de manifestação de alguma intencionalidade que o juízo classifique.
7 Unidades dedutivas de proposições ideais (Husserl, 1901, p.152-153).
8 Discernimento da experiência dado de forma intuitiva.

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