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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.14 no.2 Belém maio/ago. 2022

 

ARTIGO

 

A(o) psicóloga(o) escolar diante da medicalização: estudo com universitários brasileiros

 

The school psychologist facing medicalization: study with Brazilian university students

 

La/el psicólog a(o) escolar frente a la medicalización: e studio co n universitarios brasileños

 

 

Fauston Negreiros1 I; Isabele Linhares Santos2 II; Maiky de Araujo Oliveira3 II; Thaís de Sousa Linhares4 II

I Universidade de Brasília, Brasil
II Universidade Federal do Piauí, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A pesquisa objetivou inquirir o papel d a(o) psicólog a(o) escolar frente à medicalização a partir da perspectiva de estudantes de Psicologia. Dentre 17 instituições de Psicologia existentes no estado do Piauí, foram eleitas as duas mais antigas na esfera privada e pública. A co leta de dados foi realizada com 501 estudantes vinculados e com matrícula ativa, do 3° ao 10° período de psicologia, que responderam a um questionário sobre o papel do psicólogo escolar diante da medicalização. Os dados foram tratados e analisados com auxílio do software Iramuteq. Os resultados revelaram que os alunos pertencentes a períodos mais avançados compreendem que a(o) psicólog a(o) escolar deve disseminar a compreensão crítica nas instituições, promover outras formas de cuidado e conscientizar sobre as diversas formas de produção do fenômeno da medicalização em contextos educacionais. No entanto, alguns estudantes ainda trazem em seus depoimentos um olhar reducionista e uma tendência a descontextualizar o indivíduo.

Palavras-chave: Psicólogo Escolar; Medicalização; Estudantes de Psicologia.


ABSTRACT

The research aimed to investigate the role of the school psychologist in the face of medicalization from the perspective of Psychology students. Among 17 Psychology institutions in the state of Piauí, the two oldest in the private and public spheres were elected. Data collection was carried out with 501 students with active enrollment, from the 3rd to the 10th period of psychology, who answered a questionnaire about the role of the school psychologist in the face of medicalization. Data were processed and analyzed using the Iramuteq software. The results revealed that students from more advanced periods understand that the school psychologist must disseminate critical understanding in institutions, promote other forms of care and raise awareness of the different forms of production of the phenomenon of medicalization in educational contexts. However, some students still bring in their testimonies a reductionist look and a tendency to decontextualize the individual.

Keywords: School Psychologist; Medicalization; Psychology Students.


RESUMEN

La investigación tuvo como objetivo indagar el papel del psicólogo escolar frente a la medicalización en la perspectiva de los estudiantes de Psicología. Entre 17 instituciones de Psicología del estado de Piauí, fueron elegidas las dos más antiguas de los ámbitos privado y público. La recolección de datos se realizó con 501 estudiantes con matrícula activa, del 3° al 10° período de psicología, quienes respondieron un cuestionario sobre el papel del psicólogo escolar frente a la medicalización. Datos fueron procesados y analizados utilizando el software Iramuteq. Los resultados revelaron que los estudiantes de períodos más avanzados comprenden que el psicólogo escolar debe difundir la comprensión crítica en las instituciones, promover otras formas de atención y sensibilizar sobre las diferentes formas de producción del fenómeno de la medicalización en los contextos educativos. Sin embargo, algunos estudiantes aún traen en sus testimonios una mirada reduccionista y una tendencia a descontextualizar al individuo.

Palabras clave: Psicólogo de la Escuela; Medicalización; Estudiantes de Psicologia.


 

 

Introdução

O debate a respeito do aumento do número de diagnósticos em crianças e a consequente patologização de suas dificuldades de aprendizagem tem levado a um despertar crítico com relação a prática do psicólogo escolar frente à medicalização (Pizzinga & Velasquez, 2018). Para tanto, é imperioso fazer um breve percurso na história da Psicologia Escolar e Educacional no Brasil e compreender os fatores que cooperaram para o que hoje denomina-se medicalização da educação. Dessa forma, é importante entender o que é a medicalização e como a prática do psicólogo escolar pode contribuir para a dirimir deste fenômeno.

Sabe-se que a Psicologia Escolar e Educacional (PEE) é uma área da Psicologia que relaciona a produção teórica a despeito do saber educativo com a prática profissional dentro das escolas, estando comprometida com as classes populares e seus interesses (Antunes, 2008). Entretanto, no início de sua trajetória, teve seu desdobramento associado à política higienista do século XIX, além de reforçar estereótipos e teorias como o darwinismo social, promovendo consequências que reverberam até a atualidade (Zucoloto, 2007; Firbida & Vasconcelos, 2018).

No decorrer de seu desenvolvimento a Psicologia como campo de atuação profissional, de maneira mais específica, dentro das unidades escolares resumia-se basicamente à clínica. Segundo Maluf (2008), era uma forma de atuação desligada do contexto social, que não levava em consideração os atravessamentos sócio-históricos que pudessem interferir no processo de ensino-aprendizagem do aluno, e em especial aqueles com origem nas classes populares.

Outrossim, a prática do psicólogo escolar tendia para a total culpabilização do aluno pelo seu "mau rendimento", ignorando todos os fatores determinantes de ordem social, histórica, cultural e econômica que são de suma importância para a qualidade e a compreensão do processo de escolarização (Antunes, 2008). Soma-se a isso a intensa tendência à biologização de quaisquer comportamentos que fugissem do que se entendia por normalidade, desembocando numa prática costumeiramente de classificação psicológica, que descambou para o que se entende hoje por processo de medicalização da educação (Lima, 2017).

No que diz respeito à medicalização, compreende-se que sua primeira aparição foi no livro A Expropriação da Saúde (1975) de Ivan Illich. Para o autor, a medicalização da vida é caracterizada por aspectos da vida individual que passam a ser explicados e sofrem intervenções médicas (Christofari, 2015). A medicalização do cotidiano desencadeia um crescimento na epidemia de diagnósticos, proporcionando a transformação de sensações físicas ou psicológicas normais em sintomas de doenças (Welch, Schwartz & Woloshin, 2008).

Para Foucault (2011), o processo de medicalização está relacionado a uma sociedade na qual o indivíduo é guiado pelo saber médico. Sendo assim, há um poder que acaba por sobressair-se à vida, no caso, a ideia de poder médico que conduziria todas as demais esferas do grupo. Desta forma, acaba por influenciar nas práticas realizadas causando influência em toda uma estrutura social. A medicalização, portanto, se refere à expansão do saber médico sobre alguns aspectos da vida que não eram tratados pelo viés desse saber.

De acordo com Collares e Moysés (1994), medicalização é o processo de tentativa de encontrar as causas para problemas que não são oriundos apenas de origem biológica, e sim, social. Além disso, o indivíduo acaba sendo culpabilizado por questões que fogem ao aspecto individual. Dessa forma, quando não se coloca em discussão o contexto social dos sujeitos e suas aflições, tendemos a rotular ambos pela ótica da patologização e da biologização do que é histórico e social (Leonardo & Suzuki, 2016; Lima & Faria 2019).

No ambiente escolar, nota-se como o discurso medicalizante influencia na educação e na conduta dos atores sociais. O não-aprender da criança ou o não se comportar de forma adequada no ambiente educacional atualmente está cada vez mais ligado a questões de natureza neurológica, isto é, às disfunções ou transtornos neurológicos que interferem em campos essenciais para a aprendizagem (Meira, 2012).

Neste sentido, pesquisas de Collares e Moysés (1994) apontam que tanto profissionais de saúde como profissionais de educação referem-se a problemas biológicos como as únicas causas de a criança não aprender no ambiente escolar (Collares & Moysés, 1994; Garcia, 1997; Costa et al., 2019). Entretanto para Patto (1997) a escola passa a ser um ambiente de exclusão quando reproduz tais práticas através do discurso patologizante e com explicações que se resumem ao individual, excluindo assim, as variáveis externas ao indivíduo.

Por este ângulo, Moysés (2007) apresenta a medicalização como uma institucionalização nas quais crianças e adolescentes estão presos em uma doença invisível, confinados nesta instituição; e através dela, subjetividades são afetadas e produzidas. Sendo assim, o "não aprender" pode ser uma forma de resistência ao ensino que não desperta interesse, não envolve. Tratar esse aluno como "incapaz" e "desinteressado" é um modo de tirá-lo de sua condição de transformação e aprendizado constante, em vez de analisar o contexto que está causando esse não-aprendizado (Garcia, 2014).

Para Carrijo (2010), a falta de sucesso no âmbito escolar deriva de uma construção social que possui seu alicerce na estrutura de classes da sociedade, que ignora as construções sociais e históricos, e acaba precisando rotular o aluno advindo das classes populares como não apto ao trabalho intelectual.

Com esse cenário o psicólogo adentra o ambiente educacional a partir de então como agente possível provedor de intervenções. Entretanto, a compreensão por parte do senso comum sobre o papel do psicólogo dentro das escolas ainda é muito influenciada pela ideia de um profissional que atua somente na observação de comportamentos, na atuação clínica e na aplicação de testes de inteligência. Nessa lógica, o profissional é visto como alguém que possui uma "fórmula mágica" capaz de resolver todos os problemas concernentes ao processo de ensino-aprendizagem (Goldstein, 2016; Moura et al., 2019)

Nessa perspectiva, cabe, então, ao profissional psicólogo o papel de desconstruir tais preconceitos e falsas afirmativas proporcionando amparo e suporte àqueles que de alguma forma sofrem em decorrência da medicalização instituída pelo sistema (Andrada, 2005). Para tanto, é necessário tornar sua prática crítica, enquanto profissional da educação, visto que se multiplicam, cada vez mais, formas de atuação direcionadas pelos estereótipos, tecnicismo, pragmatismo, e pela ausência de uma reflexão crítica e humanitária por parte de muitos profissionais que atuam na educação (Dias, Patias, & Abaid, 2014).

Com esta ideia, a psicologia atua como auxiliadora do indivíduo dentro do seu contexto compreendendo que o mesmo pode ser transformado através da ação do ser. Isto é, o psicólogo, apesar de todas as adversidades deve proporcionar, através de uma reflexão crítica, um desejo de mudança nos indivíduos e de não aceitação das imposições sutis de uma sociedade medicalizada (Peretta et al., 2014).

É com esse pensamento desconstruído diante da visão hegemônica e reducionista ainda presente que na Psicologia, que a psicologia escolar crítica se desenvolve. Assim, ela busca uma maior autonomia dos indivíduos, promovendo a sua emancipação, tendo como diretriz a consciência dos processos históricos-sociais que circundam o desenvolvimento do sujeito. Isto é, quando o homem toma consciência de que a dinâmica social interfere no curso de sua vida, deixa a alienação e passa a refletir sobre o meio. Neste caso, o psicólogo escolar intermedia esse processo interativo entre o indivíduo e sua realidade (Meira & Tanamachi, 2008).

Destarte, Goldstein (2016), afirma que o psicólogo escolar é, na verdade, um facilitador – e não um especialista – que atua em conjunto com os agentes da escola para desconstrução da compreensão medicalizante dos comportamentos dos alunos. Considerando, sobretudo, que ele é acima de tudo um problematizador que cultiva a circulação e troca de ideias, tendo uma visão macro das dificuldades do aluno, não o reduzindo a um problema psicológico.

Dessa maneira, o presente estudo tem como escopo inquirir o papel do psicólogo escolar frente à medicalização a partir da perspectiva de estudantes de Psicologia. A relevância do presente artigo reside justamente em entender como tais graduandos entendem a atuação desse profissional frente uma demanda crescente e emergente da medicalização da educação na sociedade.

 

Metodologia

Participantes

Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo do tipo ex post facto utilizando dados transversais. A seleção da amostra foi não probabilística, por conveniência. Participaram do estudo 501 estudantes de Psicologia do estado do Piauí. Os critérios de inclusão dos participantes foram: ter matrícula ativa na graduação em psicologia e estar em vinculado s em instituição de ensino pública ou privada do estado do Piauí. Como critério de exclusão foram utilizados: não aceitar participar da pesquisa; o não preenchimento de algum dos itens do instrumento de pesquisa e estar fora de pelo um dos critérios de inclusão no estudo. Contou-se, portanto, com a participação de uma amostra de conveniência (não probabilística) de 501 estudantes. Estes tinham idades variando entre 18 e 57 anos (M = 23.22; DP = 6.18), sendo 74.8 % do sexo feminino (N= 374) e 25.2 % do sexo masculino (N= 126), distribuídos entre 3º e 4º período (30%), 5º e 7º período (30%) e a maioria (40%) entre o 8º e 10º da graduação, distribuídos de forma equivalente entre instituições de ensino públicas e privadas do estado.

Local

O estudo foi realizado em 4 (quatro) instituições de ensino superior , sendo eleitas as 2 (duas) instituições mais antigas na esfera privada e pública, distribuídas em diferentes cidades do estado, em que ocorreu consentimento e interesse dos estudantes em participar da pesquisa.

Instrumento

Utilizou-se um questionário elaborado pelos pesquisadores com o intuito de coletar informações relativas ao papel do psicólogo escolar diante do fenômeno da medicalização. Na primeira parte, o questionário continha perguntas gerais que visavam coletar dados demográficos tais como sexo e idade, e também foram inseridas perguntas sobre o período em que se encontravam na graduação, e dependência administrativa (pública ou privada) a que pertenciam as instituições em que os respondentes eram vinculados. Na segunda parte do questionário constava a seguinte pergunta aberta: Para você, qual o papel do psicólogo escolar frente à medicalização?

Procedimentos

Inicialmente, entrou-se em contato os gestores das instituições de ensino superior públicas e privadas do estado do Piauí com a finalidade de solicitar autorização e informar o teor do estudo. Após deferimento, prosseguiu-se com o processo de coleta de dados. A seleção dos participantes foi determinada por critério de conveniência.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí sob o parecer n° 2.948.220 do Sistema Nacional de Ética em Pesquisa (SISNEP). Os dados foram coletados via formulário Google Docs (Online), em momentos diferentes entre os meses de fevereiro e junho de 2018. A obtenção de participantes para a composição da amostra foi via visitas às instituições. Na coleta de dados, foi esclarecido que a participação era de forma voluntária e anônima, explicitando os objetivos do estudo e a obtenção das devidas autorizações e o preenchimento dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecidos, de acordo com o disposto na resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), para que os participantes pudessem autorizar sua participação na pesquisa e responder aos instrumentos. É válido salientar que foi garantido todo sigilo e confidencialidade das respostas dos participantes e que a desistência poderia ocorrer em qualquer momento. O tempo necessário de participação foi em torno de 30 minutos. Não foi verificada nenhuma recusa em participar da referida investigação.

Para análise dos dados, utilizou-se o software IRAMUTEQ - Interface de R Pour Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (Camargo & Justo, 2013), que é compilado a partir do software R. As análises descritivas foram feitas a partir do software IBM SPSS Statistic 21. Nas análises, realizou-se o procedimento de Classificação Hierárquica Descendente (CHD), que é apresentada no formato de árvore e dendrograma. O que indica as classes lexicais em que foram divididos os depoimentos orais, a partir da frequência e do qui-quadrado (X²), modelo este, que foi proposto por Reinert (1990).

 

Resultados

A Classificação Hierárquica Descendente-CHD, oriunda do questionamento "Qual o papel do psicólogo escolar frente à medicalização?", foi formada por 501 respostas no qual geraram 454 Segmentos de Texto - ST, com uma retenção de 84.86%, mostrando-se satisfatória segundo Camargo e Justo (2016). A formação do Dendrograma (Figura 1) foi composta por três classes de palavras, onde a Classe 3, identificada pelo título "Disseminar a compreensão crítica nas instituições sociais", teve uma maior representação (48.9%) e originou um subcorpus que teve como ramificações as Classes 2, "Orientar outras formas de cuidado", segunda mais representativa com 30.18%, e a classe 1 (20.93%) nomeada "Conscientização do uso racional de medicamentos".

A classe 3, "Disseminar a compreensão crítica nas instituições", destacou-se como a mais representativa dos dados, sendo composta por 48.9% das UCE's. Teve como variáveis descritivas os graduandos dos últimos períodos (8º ao 10º) do curso de Psicologia. As palavras apresentadas no dendrograma que constroem essa classe envolvem educação, escola e família como instituições que podem estar fomentando debates críticos acerca deste fenômeno.

Em continuidade, a classe 2, caracterizada por conteúdos semânticos que apontam para "Orientar outras formas de cuidado", representou 30,18% das UCE's e alcançou como variáveis descritivas os graduandos do 3º ao 4º período. Palavras como ajudar, problema e pessoa são mencionadas como formas alternativas ao processo de medicalização, como se pode observar no trecho que segue: "acredito que as coisas não funcionem de maneira tão orgânica, nesse sentido acho que o papel do psicólogo é fundamental para ajudar a resolver essas questões de maneira mais humana tentando compreender os indivíduos cada um a sua maneira" (participante 311).

Por sua vez a classe 1, Conscientização do uso racional de medicamentos representou 20.93% das UCE's. Observa-se que o papel do psicólogo escolar nesta classe relaciona-se a palavras como uso, medicamento, conscientização, alertar.

 

Discussão

Na classe 3 "Disseminar a compreensão crítica nas instituições sociais". quase metade dos participantes indica que a forma de enfrentar o fenômeno da medicalização é disseminar a compreensão crítica. Nesse sentido, o relato do estudante 382, ilustra de forma concisa o conceito da classe: "Auxiliar no âmbito de ensino sobre as perspectivas que trazem os remédios [que produzem o consumo], isto é, trabalhar de maneira multi e interdisciplinar sobre os processos que tangem à aprendizagem e fazer frente com críticas que permeiam o padrão de normalidade imposto no meio de ensino-aprendizagem, o qual é representado especialmente pela instituição escolar".

Apesar de tais depoimentos trazerem uma concepção um pouco mais crítica, ainda há um certo reducionismo ao uso do medicamento, que tange à medicalização e ao âmbito escolar, como podemos perceber na fala do estudante 079: "O psicólogo e o psiquiatra trabalham de mãos dadas, o psicólogo tem que trabalhar e desarticular toda ação desnecessária que venha levar ao aluno ou universitário à medicação sempre trabalhando questões de prevenção contra esse fenômeno que é a medicalização na educação". Não obstante, pode-se considerar esse papel como uma prática crítica, pois a atuação do psicólogo escolar ainda tem sido pautada de forma patologizante, mesmo percebendo sensíveis mudanças e pontos de criticidade em sua prática em contextos educacionais (Chiodi, 2012; Lessa 2010; Viégas, 2016).

Mesmo a teoria já sendo bastante discutida há algum tempo, essa percepção crítica acerca da função do psicólogo escolar está se consolidando de forma lenta entre os profissionais. Ainda assim, a atuação do psicólogo escolar continua se configurando de forma problemática, tanto em função do sistema educacional, como pelas disciplinas ofertadas na formação dos profissionais da Psicologia que atuarão nesse campo (Meira & Tanamachi, 2008).

Dentro dos pontos de criticidade, a atuação desse profissional deve contribuir nos processos de reflexão acerca de uma série de ideias e concepções cristalizadas não somente na escola, mas também na sociedade (Meira & Tanamachi, 2008). E, além disso, auxiliar na construção da formação ética e política dos sujeitos por meio de práticas que favoreçam a capacidade de pensamento crítico e processos de humanização, como ilustra o estudante 173 em seu depoimento: " ele é um profissional importante frente ao enfrentamento desse fenômeno tendo em vista que teoricamente ele está não só na escola mas nas instituições de maneira geral e pode enfrentar problematizando mesmo essas questões facilitando assim a autonomia do sujeito".

No entanto, observou-se que o pensamento crítico foi trazido em sua maioria apenas por alunos veteranos do curso de Psicologia e que já estão próximos da conclusão do curso, o que provavelmente se deve ao fato de já terem passado por disciplinas que abordam a psicologia escolar e sua atuação de forma mínima. Corroborando que a formação, em sua maioria, é deficiente e não abarca as especificidades presentes nos processos educacionais e no contexto escolar, o que acaba por fazer com que esse profissional atue dentro de práticas medicalizantes e por conta disso é necessário disseminar uma compreensão crítica acerca do discurso ideológico desta lógica reducionista, o que implica na necessidade constante de debater o comprometimento da prática do psicólogo escolar e educacional (Guzzo, 2001; Guzzo, Mezzarila, Moreira, Tizzei, & Neto, 2010).

O cerne da classe 2 é a orientação para outras formas de abordagem do processo educativo frente a medicalização. Os depoimentos mais representativos desta classe revelam uma compreensão do fenômeno supracitado, ainda que incipiente e rudimentar. Isso pode ser observado n o discurso da estudante 311: "[...] Acredito que as coisas n ão funcionem de maneira tão orgânica. Nesse sentido, acho que o papel do psicólogo é fundamental para ajudar a resolver essas questões, de maneira mais humana, tentando compreender os indivíduos, cada um à sua maneira"; assim como n o discurso da estudante 355: "[...] Procurar soluções que de fato ajudem as pessoas sem a necessidade do uso de medicamento, levando em conta o contexto e não buscando soluções rápidas"; da estudante 431: "[...] Diagnosticar corretamente o paciente para não transformar uma questão social e de comportamento - adequado a idade da criança - em doença"; e da estudante 436 [...] Conscientizar os pais e os profissionais da educação que o uso da medicação seja uma alternativa de último caso; procurar fazê-los entender que alguns comportamentos infantis são normais e que há outras maneiras de ajudar."

Observou-se que, embora haja uma percepção de que a patologização de questões sociais é uma realidade, ainda existem resquícios de uma visão produzida pelo domínio do saber médico, que pode ser identificada pelo uso das palavras diagnosticar e paciente no excerto da estudante 431, ao referir-se ao trabalho do psicólogo escolar e ao aluno em escolarização, respectivamente: " Diagnosticar corretamente o paciente para não transformar uma questão social [...] em doença", remetendo ao psicólogo enquanto clínico dentro das escolas (Maluf, 2008; Santos, Menezes & Costa, 2019; Lessa & Facci, 2018).

Contudo os depoimentos dessa classe, ao citar o contexto no qual a criança está inserida (excerto do estudante 355) como um fator pertinente a prática profissional, demonstram o entendimento de que o psicólogo é responsável pela promoção de uma prática crítica dentro da escola, compreendendo que as vicissitudes do aluno são influenciadas por muitos outros fatores que podem ser de ordem política, social e econômica (Pizzinga & Vasquez, 2018).

Dessa forma, ele deve atuar de maneira a superar práticas individualizantes que culpabilizam o sujeito, atentando para a realidade da escola e as relações nela estabelecidas, além de reputar a questão coletiva, qual seja, a família e o social como fatores preponderantes no entendimento dos problemas escolares (Arruda & Oliveira, 2018).

Destarte, embora os participantes manifestem uma consciência da necessidade do psicólogo escolar trabalhar com outras formas de cuidado, essas práticas não são descritas ou mencionadas. Essa dificuldade em caracterizar práticas não medicalizantes atestam a deficiência na formação acadêmica desses alunos no que se refere à Psicologia Escolar e Educacional (Santos & Toassa, 2015; Fernandes, Seixas, & Yamamoto, 2018).

Não obstante os participantes não apontarem quais seriam outras práticas de cuidado, essa classe é endossada pela cartilha de Recomendações de práticas não medicalizantes para profissionais e serviços de educação e saúde do Conselho Federal de Psicologia (CFP) (2015), que orienta que o psicólogo escolar contribua para que o ambiente da escola se torne um local potencializador, promovendo coletivamente discussões entre gestores, professores e demais atores da escola para pensar suas práticas e trocar experiências e estratégias na construção de projetos pedagógicos; compreenda a realidade do aluno e conheça sua história, como ele se relaciona com a família e amigos, quais são suas atividades diárias, de forma a encontrar potencialidades frente aos problemas.

Na classe 1 con s tata-se nos segmentos de textos obtidos através d os discursos dos participantes que um dos papéis do referido profissional de Psicologia é atravessado pela necessidade de atentar a população em sua generalidade para o uso irracional da medicação.

Neste sentido, o excerto da estudante 001 ilustra de forma concisa o conceito da classe: "[… não significa que a intervenção farmacológica deva ser vista como algo desnecessário, mas sim que sua banalização causa enorme prejuízo ao sujeito.]". Sendo assim o relato do estudante 245 reforça o posicionamento do estudante anterior em que o papel do psicólogo escolar seria "[ … assumir uma postura que em vez de fortalecer a medicalização, incentive o desenvolvimento de um olhar que busque competências. ]". Com isso, foi possível observar que as interpretações obtidas possuíam caráter restrito aos medicamentos enquanto fármacos. 

Por outro lado, também se fez presente, mesmo em minoria, a ideia de que o psicólogo escolar é o profissional que deve "[… assumir uma postura que em vez de fortalecer a medicalização, incentive o desenvolvimento de um olhar que busque competências.]". Com isso, foi possível observar que a coexistência de duas formas de compreender o seu papel: uma com caráter restrito aos medicamentos – bastante predominante; e outra que parte do enfrentamento ao uso irracional de medicamentos, e de forma mais crítica é ampliada, sinalizando uma atuação que questiona os reducionismos frente à compreensão dos problemas na escolarização e a tendência do olhar de falta acerca do outro (Angelucci, 2014; Ribeiro, Lessa, & André, 2019).

Nesta lógica, compreende-se que o fenômeno da medicalização deva ser enfrentado de forma ampla, de acordo com as estruturas que o produzem. Bem como há necessidade de uma natureza mais interventiva durante o período de formação dos profissionais de saúde e educação, ampliando a divulgação de diferentes formas de cuidados (Meira & Tanamachi, 2008; Beltrame, 2019). Desta forma também, fortalecendo a compreensão crítica acerca desse fenômeno, fortalecendo as práticas emancipatórias e os diferentes atores sociais da comunidade escolar.

 

Considerações Finais

O presente estudo buscou inquirir o papel do psicólogo escolar frente à medicalização a partir da perspectiva de estudantes de Psicologia. A partir da análise dos resultados, foram obtidos três de formas de compreender o papel desse profissional diante da medicalização: disseminar a compreensão crítica nas instituições sociais; orientar outras formas de cuidado; e, conscientização do uso racional de medicamentos.

De início, os dados evidenciaram que os alunos pertencentes a períodos mais avançados possuíam uma compreensão consolidada acerca do fenômeno da medicalização, além de promoverem uma concepção crítica sobre a atuação do psicólogo escolar, enquanto o profissional que atuaria em parceria com os demais segmentos sociais. Nesta perspectiva pode-se perceber também que os mesmos acreditam em outras formas de cuidado, porém em consonância com o fármaco e sendo função do psicólogo articular tal dualidade.

Os resultados encontrados podem fornecer subsídios para a construção de demais políticas públicas educacionais e curriculares, considerando o acompanhamento ao processo de escolarização e às diferentes experiências formativas de educadores e profissionais da educação e da psicologia. É relevante também repensar o currículo de formação em Psicologia Escolar, seu posicionamento crítico e aprofundamento das experiências teórico-práticos, partindo do pressuposto de sua importância no cenário social.

Apesar da grande relevância do tema desta pesquisa, a mesma descreve um contexto específico de um estado do Nordeste brasileiro, dessa forma não podendo ser generalizado. Entretanto, futuros estudos podem ser realizados a partir desse envolvendo professores formadores em Psicologia; estudos longitudinais que acompanhem os estudantes durante todo o curso; além da possibilidade de investigar aproximações e distanciamentos entre os presentes resultados e os de diferentes regiões e estados do país.

 

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Pesquisa/CNPq pelo financiamento de bolsas de iniciação científica e fomento à pesquisa.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Fauston Negreiros
E-mail: fnegreiros@unb.br

Isabele Linhares Santos
E-mail: isabelelinhares@hotmail.com

Maiky de Araujo Oliveira
E-mail: maikyaraujooliveira@gmail.com

Thaís de Sousa Linhares
E-mail: linharessthais@gmail.com

Recebido: 16/04/2022
Revisado: 16/05/2022
Aceito: 16/06/2022
Publicado: 30/06/2022

 

 

1 Fauston Negreiros: ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2046-8463
2 Isabele Linhares Santos: ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5294-3148
3 Maiky de Araujo Oliveira: ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1930-4568
4 Thaís de Sousa Linhares: ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7668-6892

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