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Trivium - Estudos Interdisciplinares

versão On-line ISSN 2176-4891

Trivium vol.3 no.1 Rio de Janeiro jan./jun. 2011

 

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

 

Psicanálise e Nietzsche: um estudo das paixões e da crítica à racionalidade à luz da Psicanálise e da Filosofia

 

 

Autora: Cristina Aparecida Tannure Cavalcanti
Orientadora: Profa. Dra. Maria Cristina Candal Poli
Data da Defesa: 06 de agosto de 2010

 

 


Palavras-chave: Psicanálise, Filosofia, Nietzsche, Paixão.


 

 

O objetivo desta dissertação é estudar o universo das paixões humanas e a articulação desse esforço com a crítica à racionalidade conduzida sistematicamente pela Psicanálise e por Nietzsche e, assim, elaborar uma interlocução entre os campos da Psicanálise e da Filosofia. Trata-se de um estudo exploratório das paixões humanas, que envolve o Desejo e a Racionalidade. Utilizando uma abordagem meta-analítica, pretendeu-se vislumbrar parte do universo da psique humana, onde as relações se constroem e se desenvolvem de várias formas e através de modelos distintos, onde cada sujeito tem uma maneira única de agir e de expressar suas paixões e afecções da alma, que fazem parte do universo interno.

A Filosofia de Nietzsche e a Psicanálise de Freud, através da reflexão e da vivência, passaram a buscar um caminho para pensar a dimensão do desejo do ser humano e não verdades acabadas e definitivas, trazendo para o cerne do método a questão da dúvida, não levada em conta pela razão. Vários textos de Freud, tais como A Psicologia das Massas e Análise do ego, O narcisismo, Inibições, sintomas e ansiedade, Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, O ego e o id, A interpretação dos sonhos, juntamente com os livros de Nietzsche O nascimento da tragédia e Para além do bem e do mal, foram necessários para fundamentar esta dissertação.

No século XVIII, o iluminismo desconhecia os limites internos e externos da racionalidade e não distinguia a razão da ideologia. A subjetividade e o desejo, identificados com a consciência, eram vistos como perturbadores da ordem. Acreditava-se que controlados de forma cognitiva pela razão, não haveria alterações no sujeito. Freud e Nietzsche intervêm nessa concepção da razão cartesiana enraizada na cultura ocidental e, a partir do final do século XIX, promovem uma derrubada da razão e da consciência, constatando que ambas são um mero efeito do inconsciente. O sujeito do conhecimento defendido pelo racionalismo é desqualificado, admitindo-se a sua duplicidade e diferenciando-o em duas ordens distintas: o inconsciente e a consciência, de forma não oposta, mas sim complementar.

O caráter do desejo é revelado de forma paradoxal, ambivalente, em Freud e em Nietzsche: Eros como representante de Apolo, da pulsão de vida e Thanatos como representante de Dionísio, da pulsão de destruição e agressão. Não há uma síntese do desejo, pois como as pulsões, ele se renova infinitamente.

Como todas as pulsões são expressões da vontade de potência e a sublimação é a autossuperação dessa vontade de potência, nota-se que tanto em Nietzsche quanto em Freud, há uma constatação de que todas as pulsões que não se descarregam para fora, que não são externadas e satisfeitas, se voltam para dentro do sujeito, como sentimento de culpa, fazendo com que a agressividade nata do sujeito vire-se contra ele próprio. A parte racional do homem é subproduto das pulsões libidinais que, ao serem reprimidas, voltam na forma de sintoma.

Produtos finais desta dissertação: apresentação de pôster e resumo publicado em CD nos anais da 9º Jornada de Iniciação Científica/8ª Semana de Integração Acadêmica e apresentação de pôster no I Encontro do Programa de Incentivo à Qualificação - PRIQ, ambos na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO.

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