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Trivium - Estudos Interdisciplinares

versión On-line ISSN 2176-4891

Trivium vol.3 no.2 Rio de Janeiro jul./dic. 2011

 

Apresentação

 

 

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade." Nestes termos inicia-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelecida em 1948 pela ONU. No entanto, como assinalam alguns dos textos deste quinto número da revista Trivium, estudos interdisciplinares, esta declaração que se pretende universal deve ser problematizada, sem que isso implique desconsiderar sua extrema importância no cenário da civilização atual.

Abrindo o segmento Artigos, Alain Didier-Weill mostra que para além da dimensão de universalidade, a expressão "o homem", figura em torno da qual se elaboram os trinta itens da Declaração de 1948; evoca, também, um indeterminado que demanda do filósofo, do homem político, do artista e do psicanalista que se pronunciem sobre o sentido que as palavras "liberdade", "igualdade" e "fraternidade" adquirem nos dias de hoje. Em seguida Glaucia Dunley, apresenta as consequências políticas e éticas da filosofia de J. Derrida ao deixar de privilegiar o conceito de homem em favor da noção de outrem, sempre desconhecido, o que nos coloca na busca sempre infinita de justiça. As reflexões de Luiz M. Reino e Paulo César Endo a cerca do conceito de "narcisismo das pequenas diferenças" representam uma contribuição importante à compreensão de que para a psicanálise a universalidade não se constitui unicamente de afirmações conjuntivas. No plano da aplicabilidade dos direitos humanos, o artigo de Junia de Vilhena e Maria Helena Zamora traz um apelo contundente em defesa do tratamento justo e educativo à população de jovens carentes que cumprem medidas socioeducativas no Brasil. Na mesma linha, Silvia Ramos perscruta as mudanças recentes ocorridas no Rio de Janeiro, com a crise do mercado de drogas e a implantação de Unidades de Polícia Pacificadora. Encerrando esta sessão, Alessandro S. da Silva, ciente das dificuldades existentes para efetivar os direitos do cidadão brasileiro, trata da questão da diversidade sexual a partir do olhar da ação política de gestores públicos e o da ação política do educador.

Na sessão de artigos livres, Rosa G. Lopes, a partir da lógica lacaniana do não-todo, defende a tese de que o amor em excesso leva à ruptura e à desinserção. Na sequência, Francisco R. De Farias apresenta o percurso suscitado pelo desejo na neurose obsessiva. Por fim, o artigo de Paulo Roberto de A. Pacheco mergulha o leitor no dinamismo da experiência como fator de conhecimento.

"Estratégias brasileirinhas e brasileirinhos saudáveis" apresenta uma pesquisa em andamento cuja estratégia de estar aberto à escuta da indeterminação dos acontecimentos, sustenta o compromisso da equipe de pesquisadores com o crescimento, bem-estar e equidade no acesso à saúde do povo brasileiro.

Na resenha O "fundo obscuro da existência": no rastro de Samuel Rawet, o destaque do autor à função da literatura após Auschwitz, faz ecoar o tema dos direitos humanos. Em "As palavras passarinhas de Lívia Garcia" aprendemos algo sobre o direito à vida inteligente e literária nas redes sociais. Na sessão Artes o leitor encontrará na poesia de João Viana, no ensaio fotográfico de Gabriela Toledo, no ensaio do poeta João José de Melo Franco e no da psicanalista Tania Rivera, muitos elementos para ajudá-lo a refletir livremente, isto é, sem qualquer posição maniqueísta, o tema dos Direitos Humanos.

 

Betty B Fuks

Editora