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Trivium - Estudos Interdisciplinares

On-line version ISSN 2176-4891

Trivium vol.7 no.1 Rio de Janeiro Jan./June 2015

http://dx.doi.org/10.18370/2176-4891.2015v1p88 

ARTIGOS TEMÁTICOS

 

Masoquismo: o amalgama entre eros e thanatos

 

Masochism: the fusion between eros and thanatos

 

 

Mariana Machado Rocha Lima

Mestre do Programa de Pós-graduação em Psicanálise da UERJ. E-mail: rochalima.m@gmail.com

 

 


RESUMO

O presente artigo visa fazer um recorte sobre a constituição do sujeito a partir do masoquismo erógeno e os seus desdobramentos. A afirmativa de Freud em 1923 de que o masoquismo erógeno seria o testemunho do momento mítico da fusão entre pulsão de vida e a pulsão de morte, revela uma articulação importante entre o masoquismo e a constituição do sujeito. O masoquismo passa a ser uma fonte privilegiada para compreender aquilo que temos de mais arcaico na vida psíquica. A metodologia utilizada nessa pesquisa foi uma revisão bibliográfica.

Palavras-chaves: Masoquismo; Sexualidade perverso polimorfa; Fantasia e pulsão de morte.


ABSTRACT

The main objective of this article is to rethink how the subjects constitute themselves through the concept of erogenous masochism. The Freudian statement (1923) that the erogenous masochism was a witness of the early moments where there was a fusion between life drive and the death drive, reveals the straight bond between the notion of masochism and the emergency of the subjects in the psychoanalysis theory. Therefore, masochism is a privileged source for the understanding of primitive aspects of mental life onset. The methodology used through this research was a conceptual-historic bibliographic investigation of the complete works of Sigmund Freud, the father of Psychoanalysis.

Keyword: Masochism; Perverse polymorph sexuality; Fantasy and death drive.


 

 

O masoquismo se apresenta tanto na clínica quanto na teoria psicanalítica como enigmático. Freud, desde os seus primeiros escritos, ao se aproximar desse tema, evidenciava uma incoerência no seu modelo do aparelho psíquico. Ele descreve, em um primeiro momento, o funcionamento da vida psíquica como sendo regida por um princípio que almejaria uma homeostase das moções pulsionais, portanto, o aparelho psíquico seguiria um modelo econômico que visaria um alívio das tensões, pois o acúmulo pulsional acarretaria o desprazer. Considerando que o aparelho psíquico teria essa tendência a descarga, como compreender um prazer que se deriva do desprazer? O masoquismo surgia dessa forma como um impasse teórico por comportar em si um caráter paradoxal.

O presente artigo faz uma pesquisa bibliográfica para traçar quais foram as mudanças teóricas devidas aos impasses teóricos e clínicos que levaram Freud a conceituar sobre um masoquismo primário para, desta forma, preparar o terreno para pesquisas futuras que busquem um aprofundamento sobre os efeitos do masoquismo na vida psíquica de uma forma geral. Esse recorte teórico, que segue o trilhamento do masoquismo, justifica-se por esse tema passar a ser uma fonte privilegiada para compreender aquilo que temos de mais arcaico na vida psíquica.

 

O despertar do sujeito: a sexualidade perverso polimorfa

Em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (FREUD, 1905/2006a) Freud se dedica à analise da sexualidade e das perversões. A constatação de que não haveria um objeto que satisfaria a pulsão sexual por completo permite a construção freudiana da noção de sexualidade infantil perverso-polimorfa. Essa sexualidade infantil, em que as satisfações pulsionais não estariam submetidas a tantas inibições conforme promovido posteriormente por uma civilização moralista, diz respeito ao seu potencial de satisfação através dos mais variados objetos. Freud afirma que:

É instrutivo que a criança, sobre a influencia da sedução, possa tornar-se perverso-polimorfa e ser induzida a todas as transgressões possíveis. Isso mostra que traz em sua disposição a aptidão para elas; por isso sua execução encontra pouca resistência, já que, conforme a idade da criança, os diques anímicos contra os excessos sexuais - a vergonha, o asco e a moral - ainda não foram erigidos ou estão em processo de construção (FREUD, 1905/2006c, p. 180).

Além de demonstrar como a sexualidade perverso-polimorfa se trata de uma disposição geral presente em todas as pessoas, essa citação de Freud ressalta outro ponto fundamental desse tema, a saber, o papel decisivo da sedução do Outro (Nebenmench) na constituição do sujeito. Através da sedução, que opera como um investimento do Outro no sujeito, a sua sexualidade é despertada. Como descrito na citação acima o sujeito ocupa uma posição passiva, pois nesse despertar da sexualidade ele se encontra verdadeiramente submetido à sedução do Nebenmench. Em um primeiro momento, ao formular o conceito de sexualidade perverso polimorfa, Freud não faz menção ao tema do masoquismo em específico, mas relaciona esse conceito às perversões de uma forma geral. Porém, o masoquismo se destaca no escrito freudiano de 1919, Uma criança é espancada: uma contribuição ao estudo da origem das perversões sexuais, que observa nos relatos de alguns de seus analisandos a existência de uma fantasia masoquista. O pai da psicanálise indica um caminho para articular a sexualidade infantil com a submissão ao Outro e a noção de masoquismo.

 

 

A fantasia e o masoquismo

Em nota do editor da Standard Edition, Freud revela a Ferenczi, através de uma carta datada de 24 de janeiro de 1919, que seu escrito Uma criança é espancada é dedicado ao tema do masoquismo.

O objeto de estudo desse escrito de 1919 era delinear um tipo de fantasia relatada por seus analisandos e que denunciavam a existência de um masoquismo carregado de prazer. Este prazer conduzia seus analisandos ao ato masturbatorio e eram descritos, quando evocados durante a análise, como confissões carregadas muito mais de sentimento de culpa do que as lembranças de sua sexualidade infantil.

O surgimento dessa fantasia masoquista foi atribuída à causas acidentais na primeira infância, destacando como objetivo a satisfação auto-erótica. E o que seriam essas "causas acidentais"? Uma hipótese para o seu surgimento seria uma pulsão sexual que se desenvolve de forma prematura e independente devido à sexualidade perverso polimorfa despertada pelo investimento do outro. Essa função é afastada dos processos posteriores de desenvolvimento por sofrer uma fixação. Contudo, Freud afirma que essa fixação, na maioria das vezes, sofre recalque (no caso do neurótico), ou é substituída por uma formação reativa ou até mesmo por meio da sublimação como uma defesa para que ela não passe a dominar toda a vida psíquica. Assim, a fantasia masoquista pode ser compreendida como uma função, que no caso da neurose, diferentemente da perversão propriamente dita, é recalcada.

Por meio dos relatos colhidos, Freud pode distinguir três fases distintas dessa fantasia. A segunda fase da fantasia é considerada por Freud como aquela de maior importância. No entanto, ela não é lembrada, mas é construída no processo da análise. Podemos resumi-la a partir da seguinte frase "estou sendo espancada pelo meu pai". Essa fase da fantasia é carregada de prazer, portanto, de um "caráter inequivocamente masoquista", devido a uma satisfação através da punição. Freud descreve essa transformação da fantasia da seguinte maneira:

Se a organização genital, que mal conseguiu firmar-se, defronta-se com a repressão, a consequência não é apenas a de que toda representação psíquica do amor incestuoso se torna inconsciente, ou permanece inconsciente, mas existe também outro resultado: um rebaixamento regressivo da própria organização genital para um nível mais baixo. 'o meu pai me ama' queria expressar um sentido genital; devido a regressão, converte-se em 'O meu pai está me batendo (estou sendo espancado pelo meu pai)'. Esse ser espancado é agora uma convergência do sentimento de culpa e do amor sexual. Não é apenas o castigo pela relação genital proibida, mas também o substituto regressivo daquela relação, e dessa última fonte deriva a excitação libidinal que se liga à fantasia a partir de então, e que encontra escoamento em atos masturbatórios. Aqui temos, pela primeira vez, a essência do masoquismo. (FREUD, 1919/2006i, p.204)

Vale ressaltar que Freud descreve que essa segunda fase promove um "rebaixamento regressivo da própria organização genital". Há uma aproximação desse momento da fantasia com o arcaísmo da vida psíquica. Ao convergir o sentimento de culpa com o amor sexual, pode-se destacar que a proibição edípica, o incesto, teve um papel motor no surgimento dessa fantasia e que a convergência do sentimento de culpa e do amor sexual. Nessa segunda fase fica evidente que a fantasia está a serviço da excitação genital e da masturbação e que nesse processo há uma articulação entre dor e prazer.

Desse modo, a fantasia da segunda fase, a de ser espancada pelo pai, é uma expressão direta do sentimento de culpa da menina, ao qual o seu amor pelo pai sucumbiu agora. A fantasia, portanto, tornou-se masoquista. Até onde sei, é sempre assim; um sentimento de culpa é invariavelmente o fator que converte o sadismo em masoquismo. Certamente, porém, não é este o conteúdo total do masoquismo. O sentimento de culpa não pode ter conquistado o campo sozinho; uma parcela deve ser atribuída ao impulso de amor (FREUD, 1919/2006i, p.204).

Segundo Jorge (2011), a vergonha e a culpa que acompanham a fantasia masoquista evidenciam algo para além do campo sexual. E é importante notar que Freud atribui ao sentimento de culpa, que se apresenta com força nesse segundo momento da fantasia, a responsabilidade pela transformação do sadismo em masoquismo. O que justificaria essa mudança? Jorge considera que o caráter sexual que se faz presente na fantasia tem a função de proteção em relação a um gozo não-assimilado, promovendo o entrelaçamento de uma pulsão difusa. Pode-se desta forma considerar que essa operação de transformação seria um recurso para lidar com a difusão pulsional? É o que procuraremos responder mais adiante ao ressaltar a importância do masoquismo como exercendo uma função na constituição do sujeito.

Segundo Freud, essa fantasia, em seus três momentos, revela "a criança envolvida nas agitações do seu complexo parental" (FREUD, 1919/2006i, p.202). A equivalência entre o "ser espancado" e o "ser amado" (Jorge, 2010) que a fantasia masoquista revela teria como matriz o desejo de se encontrar na posição feminina, pelo seu caráter de passividade, e se desloca da situação de ser surrado pelo pai ao desejo de ter relações sexuais passivas com essa figura parental. Sendo uma distorção regressiva do desejo passivo frente ao pai, a fantasia de espancamento da criança, pode-se afirmar que: "A fantasia aqui não surge mais, como no ciclo da fantasia, regendo o princípio de prazer, mas sim articulada a seu mais além, qual seja, o vínculo entre o gozo e a dor" JORGE, 2010, p.96). Há um desejo em ser submetido ao outro.

 

Fantasia e o recalque originário

Chegando ao fim de sua elaboração teórica sobre a fantasia masoquista, Freud afirma que a sexualidade infantil, que é recalcada, atua como a principal força motivadora na formação de sintomas. O sentimento de culpa, que está na base da fantasia masoquista, permanece como uma cicatriz que promove efeitos.

Por esse motivo, a sexualidade infantil, que é mantida sob repressão, atua como principal força motivadora na formação de sintomas; e a parte essencial do seu conteúdo, o complexo de Édipo, é o complexo nuclear das neuroses. Espero haver levantado, nesse artigo, a expectativa de que as aberrações sexuais da infância, bem como as da maturidade, são ramificações do mesmo complexo (FREUD, 1919/2006i , p.218).

Essa afirmação sobre a neurose no final de um trabalho dedicado ao masoquismo demonstra a importância de uma aproximação entre a fantasia masoquista, a sexualidade perverso-polimorfa e o recalque. Tudo indica, nesse momento, que Freud constata que a fantasia masoquista é constituinte do sujeito. É interessante ressaltar que Freud descreve o surgimento da fantasia masoquista como uma fixação prematura de uma pulsão sexual. O recalque originário também diz respeito a uma fixação, ou melhor, uma fixação originária. Laplanche e Pontalis descrevem o recalque originário como um processo hipotético que se refere ao primeiro momento do processo de recalque:

Se, neste texto, a fixação é concebida como "inibição de desenvolvimento", em outros o sentido do termo é menos estritamente genético e designa não apenas a fixação numa fase libidinal, mas a fixação da pulsão numa representação e a inscrição (Niederschrift) desta representação no inconsciente (Laplanche e Pontalis, p. 435).

Assim como a segunda fase da fantasia que, ao ser evocada na análise, só pode ser alcançada como uma construção, o recalque originário também não pode ser desvelado. Lacan, em As formações do inconsciente, livro 5 (Lacan, 1964/1998), retoma essa discussão ao se debruçar na releitura de Uma criança é espancada. Ele inicia a discussão desse artigo pelo ponto em que Freud conclui seu trabalho de 1919, isto é, do recalque. A primeira questão retomada, desta forma, se refere às diferenças entre a estrutura perversa e a estrutura neurótica. Lacan parte de uma crítica parcial a Freud em relação a sua definição nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, de que a perversão seria o negativo da neurose. A perversão compreendida como um desnudamento da pulsão é uma afirmação muito simplista que além de ignorar a sua riqueza singular não a situa em relação à castração.

Há sempre, na perversão alguma coisa que o sujeito não quer reconhecer, com que esse quer comporta na linguagem - o que o sujeito não quer reconhecer só é concebível como estando articulada nela, mas, apesar disso, não somente desconhecido por ele, como também recalcado, por razões essenciais de articulação (LACAN, 1964/1998, p. 242).

Lacan relaciona esse não querer reconhecer com a "mola do mecanismo analítico do recalque". (LACAN, 1964/1998, p.242):

O recalque só pode ser concebido como ligado a uma cadeia significante articulada. Toda vez que vocês têm um recalque na neurose, é na medida em que o sujeito não quer reconhecer alguma coisa que necessitaria ser reconhecida, e esse termo, necessitaria, sempre comportar um elemento discursivo. Pois bem, na perversão dá-se exatamente a mesma coisa (LACAN, 1964/1998, p. 242).

A fantasia, dessa forma, assim como os objetos fetichistas (o chicote, por exemplo) carregam em seu âmago a "natureza de não-sei-quê" que abole algo, que tem valor de uma barra. Segundo a leitura lacaniana de Uma criança é espancada a primeira e terceira fases da fantasia são cenários imaginários que buscam ocultar a operação simbólica que se encontra no segundo momento da fantasia, por isso não se alcança essa fase pela lembrança. O que se encontra ocultado é a equivalência entre ser espancado e entre ser amado, como uma mensagem recalcada e que coloca o sujeito como objeto de desejo do outro. Esse é o ponto fundamental para relacionar o masoquismo com a constituição do sujeito, o desejo em ser objeto de desejo do Outro. Haveria, portanto, uma posição sacrificial inerente ao surgimento do sujeito. A fantasia masoquista entra em cena mascarando, de uma certa forma, o campo inesgotável da pulsão:

A perversão nos oferece o viés mais cômodo para abordar esta questão: aquilo que se goza, aquilo goza também, e de um gozo maior? A problemática perversa, em seu objetivo de corrupção do Outro, não cessa de articular e de verificar a suposição de que o verdadeiro gozo decorre da posição do ser gozado, mais do que da de gozar (ANDRE, 1998, p.240).

André (1998) observa que nos escritos de Sade - o autor que deu nome ao sadismo - o auge do gozo se encontra do lado da vítima. O carrasco é sempre visto em suas obras em estado de estranha apatia. O perverso pode sentir a alteridade do corpo estranho, mas o que de fato ocorre é que seu corpo passa a ser sentido como estranho a si mesmo, enquanto o corpo do outro é sentido como o seu próprio corpo.

Para que ele possa conceber o efeito de sua própria violência sobre outrem, é num outro, previamente, que ele reside; nos reflexos do corpo outrem ele verifica essa estranheza; a irrupção de uma força estranha no interior de 'si'. Ele está ao mesmo tempo dentro e fora (Klossowski apud André, 1998, p.240).

André (1998) afirma que o ato sádico é sustentado pela fantasia masoquista. Ao referir-se a casos de masoquistas, a subjetivação do Outro se torna ainda mais evidente. Já nos casos dos sujeitos neuróticos, ao se constituir pelo desejo do Outro, carregam consigo a marca da ambivalência (dos sentimentos de amor e ódio) que produz o sentimento de culpa. Esse sentimento de culpa é considerado, por sua vez, como uma manifestação masoquista.

 

O masoquismo é originário?

Será apenas em 1920 que Freud afirma textualmente que o masoquismo não seria um desdobramento a partir de um sadismo primário. Inicialmente, tanto nos escritos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (FREUD, 1905) quanto em Pulsões e destinos da pulsão (Freud, 1915), o sadismo era considerado como anterior ao masoquismo. Nos Três Ensaios, por exemplo, o autor afirma que a pulsão sadomasoquista só se faria presente na fase anal-sádica. O sadismo é aqui considerado como anterior ao masoquismo porque a pulsão sexual, em uma primeira instância, se caracteriza como ativa. Isto significaria que para a pulsão assumir uma característica passiva, que o masoquismo implica, ela precisaria sofrer uma modificação em que a sua meta ao ser redirecionada se transformaria em passiva.

Uma reformulação dessas afirmações iniciais passa a ser necessária quando o pai da psicanálise se deparar com os relatos de sonhos traumáticos de ex-soldados. Freud destaca a existência de uma compulsão à repetição que não visava o prazer. Ele repensa toda a sua metapsicologia como uma resposta a essa observação. Mantendo a dualidade do conflito pulsional ele passa a considerar duas novas modalidades de pulsões: pulsão de vida e a pulsão de morte.

 

 

Ao propor a noção de pulsão de vida, ou Eros, Freud a considera equivalente à pulsão sexual, levando em conta que o plasma germinal, a procriação das espécies, visa à continuidade da vida, e nesse sentido, à imortalidade. A pulsão de vida deve ser compreendida como uma força de ligação, responsável pela formação do corpo psíquico que é constituído no narcisismo a partir de uma ilusão de completude, como descrito em A guisa de introdução ao narcisismo (1914/2004). Ao retomar a descoberta dos narcisismos primário e o secundário, em que a libido é investida no Ego, a pulsão de autoconservação também deve ser compreendida como tão sexual quanto as pulsões denominadas como pulsões sexuais. A oposição entre a pulsão de autoconservação e a pulsão sexual perde então o seu sentido, tratando-se apenas de uma classificação topográfica. Como a pulsão de autoconservação visa, antes de tudo, sua preservação, é evidente que ela seguiria os interesses da pulsão de vida. Portanto, a partir dessas constatações, Freud considera que do lado da pulsão de vida estão ambas as pulsões: de autoconservação e as sexuais.

A introdução do conceito de pulsão de morte não foi bem recebida por muitos psicanalistas da época. Eles alegavam que esse conceito fora construído a partir de formulações puramente especulativas (ROUDINESCO, 1998). No entanto, o conceito de pulsão de morte teve um caráter revolucionário, promovendo mudanças significativas na teoria psicanalítica. Assim, esse conceito nasce de uma análise extremamente lógica e se fundamenta em evidências clínicas apontando para um campo desconhecido. Esse conceito denuncia a impossibilidade de completude do sujeito, tendo em vista que os sujeitos não podem ser reduzidos à biologia ou ao aparelho psíquico.

A pulsão de morte objetiva, diferentemente de Eros, a desintegração e a redução completa das tensões, tendendo ao retorno a um estado mítico originário. Para além do aparelho psíquico, haveria o campo pulsional. A pulsão em sua radicalidade de pressão. Deve-se destacar que desde os Três ensaios sobre a teoria da sexualidade a fonte da pulsão era descrita como somática, se encontrando, desta forma, fora do aparelho psíquico.

Na realidade, o que Freud procura explicitamente destacar pela expressão 'pulsão de morte' é o que há de mais fundamental na noção de pulsão, o retorno a um estado anterior e, em última análise, o retorno ao repouso absoluto do anorgânico. Além de um tipo especial de pulsão, o que ele assim designa é o que estaria no princípio de qualquer pulsão (Laplanche e Pontalis, 1982, p.412).

Antes de 1920 a pulsão deveria ser sempre pensada como regida pelo princípio de prazer e, com a introdução desse novo conceito, qualquer pulsão passa a ser pensada em sua origem, como algo para "além do princípio de prazer".

No entanto, a pulsão de morte não objetiva ir contra o princípio de prazer. Não se trata de uma mera oposição de dois tipos diferentes de pulsão. Freud ressalta a importância da função de capturar e atar do aparelho psíquico, após o que as energias livres passam a ser cargas investidas. As pulsões de vida, considerando que a libido é investimento tanto no Ego quanto em outros objetos, são pulsões capturadas, pois libidinizam os objetos em que são depositadas. Já no caso da pulsão de morte, por se tratar daquilo que Laplanche e Pontalis denominou como o "princípio de qualquer pulsão" (Laplanche e Pontalis, 1982), ela se encontra livre em estado puro de "exigência de trabalho". Portanto a capacidade de investir em um objeto ocorre devido a função de captura do aparelho psíquico e a capacidade de desinvestir desse mesmo objeto pode ser justificada pela desfusão pulsional pois haveria uma parcela da pulsão de morte que não permite uma aderência total ao objeto.

E como pensar o masoquismo após a segunda tópica freudiana? Em 1920, ao seguir com sua reformulação da teoria pulsional Freud levanta a hipótese de que o sadismo seria de fato uma parte da pulsão de morte que foi afastada pela libido narcísica do Ego e, deste modo, passou a servir às pulsões sexuais. Freud constata a existência de um masoquismo originário, chamado por ele de masoquismo erógeno. O masoquismo erógeno é o prazer-derivado-da-dor e fundamenta duas outras formas de masoquismo; o masoquismo feminino e o masoquismo moral. Segundo o fundador da psicanálise, esse primeiro tipo de masoquismo poderia ser justificado constitucionalmente e biologicamente. Mas logo em seguida ele afirma que ao se tratar da biologia estaríamos esbarrando em um ponto ainda obscuro para a psicanálise. O masoquismo descrito em Pulsões e destinos da pulsão passa a ser considerado como expressão de um masoquismo secundário, ou seja, o masoquismo moral.

Entretanto, em um ponto a formulação sobre o masoquismo, que apresentamos àquela época deveria ser corrigida por se mostrar demasiado limitadora, ou seja, além do masoquismo secundário que retorna ao Eu, poderia também existir um masoquismo primário que emana do Eu, embora naquele momento eu tenha contestado essa possibilidade (FREUD, 1920/2004d, p.175).

 

O masoquismo e o princípio de prazer

A escrita do artigo O problema econômico do masoquismo, em 1924, tem como objetivo elaborar um impasse presente na teoria da economia pulsional, ou seja, o modelo da homeostase do aparelho psíquico, com a questão da dor prazerosa do masoquismo. Tendo em vista, que o masoquismo consiste em experimentar o prazer a partir da dor, torna-se difícil relacionar essa ocorrência com o modelo do princípio do prazer. Pois, o princípio do prazer opera na vida psíquica como um princípio que busca prazer através da descarga da libido evitando, assim, um aumento de tensão, que causaria desprazer para o aparelho psíquico. Esse embaraço econômico aponta para o fato do masoquismo primário, também chamado de erógeno, indicar outra modalidade de funcionamento. Tais considerações apontam que a pulsão de morte está, para além do princípio de prazer e, portanto, do regime econômico da pulsão sexual.

A partir dessas constatações, pode-se afirmar que a pulsão de morte se faz mais presente através do masoquismo? A primeira questão que Freud busca refletir é justamente sobre a relação do masoquismo com o princípio de prazer.

Como poderíamos pensar no masoquismo como prazer através da dor, quando o princípio de prazer tem por objetivo buscar o prazer ou, ainda melhor, evitar o desprazer? Enquanto a pulsão de vida é regida pelo princípio de prazer, a pulsão de morte objetiva sempre retornar ao seu antigo estado inanimado, seguindo o princípio do Nirvana, cuja tendência é buscar reduzir a tensão para o estado zero.

No curso daquilo que Freud denominou como o desenvolvimento da vida humana, a pulsão de vida se faz presente como coparticipante na regulação dos processos da vida e, portanto, causadora de uma modificação do princípio de Nirvana, que até então regia o aparelho psíquico, em princípio de prazer.

Assim, ao definir em 1924 o princípio de prazer como o guardião da vida psíquica, Freud introduz uma nova visão sobre esse princípio. Inicialmente, tal princípio era visto apenas como regulador das tensões pulsionais, visando a manutenção do mínimo de tensão possível e a descarga imediata. Com a nova concepção da pulsão de vida e de morte, o princípio de prazer pode ser visto como o responsável em conservar uma constância de tensão, mas também como aquele que impossibilita que se tenha uma satisfação completa. Portanto, como guardião da vida.

Freud, dessa maneira, se depara, a partir dessas novas constatações, com a questão da articulação do masoquismo com o princípio de prazer. O enigma repousa na perda de domínio do princípio de prazer, como guardião da vida psíquica, quando a dor e o desprazer perdem seu sentido de alarme para ser o objetivo final da pulsão. Pois ele não é só o guardião da vida psíquica, mas da vida em geral, e o masoquismo se apresenta como uma grande ameaça.

O sadismo não apresenta a mesma ameaça que o masoquismo, pois o sadismo é um mecanismo de projeção que expulsa um excesso da pulsão de morte, buscando defender os interesses narcísicos, evidenciando o seu papel importante frente a vida. Isto não quer dizer que o masoquismo também não busque lidar com a pulsão de morte que permanece no Ego. A observação freudiana ressalta que o perigo representado pelo masoquismo deve ser justificado pela permanência de uma destrutividade próxima ao Ego? Mesmo sendo ameaçador será possível afirmar que o masoquismo erógeno é uma estratégia para dar conta de algo inassimilável?

 

O masoquismo como testemunho da fusão entre Tanatos e Eros

A partir da pulsão de morte, o sadismo e o masoquismo, presentes em qualquer ser humano são percebidos como um dado irredutível da pulsão. Para Vidal (2003), ao abordar o masoquismo pela via da repetição, o sujeito se estrutura através de um não-todo que permite a regulação do aparelho psíquico evidenciando, desta forma, a impossibilidade de completude dos seres humanos. O masoquismo não evidencia o desprazer por se tratar de um limite ao prazer, mas sim pelo fato de se tratar de uma satisfação pulsional em que esse limite é excedido, denunciando o carácter ameaçador da satisfação.

Ao explanar sobre a relação da pulsão de morte com o masoquismo Vidal (2003) afirma:

Com o termo "pulsão de morte", Freud formula uma resposta para a tendência primária da pulsão a reconstruir um estado, sempre anterior da satisfação. Pulsão silenciosa cuja ação só é verificável a partir de sua associação com Eros. A pulsão parcial sadomasoquista constitui a pedra angular desta verificação. O sadismo vem obrigatoriamente em primeiro lugar, talvez porque revela o que o masoquismo oculta. De fato, o sadismo implica em um movimento de exteriorização que Freud segue cuidadosamente (VIDAL, 2003, p. 137).

Essa citação destaca a importância da pulsão sadomasoquista, como "pedra angular", ao promover a articulação entre as duas pulsões. Vidal sublinha que o masoquismo, como ocultador daquilo que o sadismo exterioriza, tem uma função importante ao dar conta dessa articulação entre a pulsão de vida e a pulsão de morte.

Para descrever o masoquismo erógeno é necessário retomar os aspectos arcaicos do aparelho psíquico, já que Freud define esse masoquismo como constitucional. Ele retoma o que escreveu nos ensaios de 1905. Naquele momento, constatou que a tensão prazerosa na sexualidade infantil surge como efeito colateral de processos internos que ultrapassam certos limites quantitativos. Ele levanta, assim, a possibilidade de que qualquer coisa que aconteça de relevante no organismo terá uma parcela de pulsão de morte desviada para contribuir com as pulsões sexuais. Esse raciocínio supõe, consequentemente, que a dor e o desprazer também podem ser acrescentados à pulsão sexual.

Freud busca, contudo, uma explicação ainda mais satisfatória a respeito do masoquismo, que leve em consideração o seu amplo papel na constituição do sujeito. Com esse propósito ele parte de uma suposição mítica em que ao surgir a pulsão de vida, a pulsão de morte, primária em relação à pulsão sexual, se encontra presente desde sempre. A libido, ao entrar em cena, passa a ter a função de frear a destrutividade da pulsão de morte (COUTINHO JORGE, 2010), que tem como objetivo voltar ao estado inanimado. A libido passaria a contar com um "sistema especial de órgãos", a musculatura, que desviaria para fora do organismo uma grande parte da pulsão de morte para o mundo externo a serviço da pulsão sexual. Para Lacan esse é o momento da entrada do significante do Outro (LACAN, 1998a), momento em que o grito do lactente é entendido pelo Outro como apelo (FREUD, 1985/2006a, p.370).

Como é sabido, a parcela da pulsão de morte expulsa é chamada de sadismo e a essa projeção lhe é atribuída uma função essencial para a vida sexual. Sobre o sadismo original Freud afirma: "De fato poderíamos dizer que foi o sadismo anteriormente expulso do Ego que indicou aos componentes libidinais da pulsão sexual o caminho em direção ao objeto." (FREUD, 1920/2004e, p. 175). Assim, a parte da pulsão de morte, que permanece no organismo, mesclada à pulsão de vida, é chamada de masoquismo originário ou erógeno.

O texto A negativa, de 1925, retoma esse processo de expulsão da pulsão de morte e sua importância para a constituição do corpo e da realidade psíquica. Ao se dedicar ao estudo do juízo e do afastamento do princípio de prazer, Freud destaca que inicialmente há um sentimento de indiferença em relação ao Ego e ao mundo exterior. Deve-se ressaltar que esse momento é mítico por ser anterior ao surgimento do sujeito. No entanto, ao lançar mão da projeção, com o acúmulo de tensões que são sentidas como desprazerosas, o aparelho psíquico se edifica a partir de um funcionamento que Freud chamou de Ego-Prazer Inicial. Seguindo o princípio de prazer, aquilo que é sentido como prazeroso é reconhecido como fazendo parte do Ego, e aquilo que causa desprazer é reconhecido como estranho a ele. O que Freud põe em relevo é que a realidade psíquica se organiza a partir de uma expulsão originária que promove a capacidade de emitir um juízo de atribuição que permite delinear um dentro e um fora.

Retomando essa análise da expulsão pelo prisma do sadismo e do masoquismo, as afirmações do texto A negativa ajudam a compreender que no início da vida a dor e o prazer não se distinguem, possibilitando uma união inicial. O papel do masoquismo (que entra em cena com o surgimento do sujeito através do investimento do Outro), ao se encontrar atrelado a componentes da libido, é tomar o próprio corpo como objeto, constituindo um amálgama entre a pulsão de vida e a pulsão de morte (FREUD, 1924/2004f). É através das manifestações clínicas do masoquismo que podemos ter o testemunho desse momento mítico. A constituição do sujeito só é possível quando a pulsão de morte é de certa forma libidinizada, ou seja, através da fusão pulsional.

O masoquismo assume sua face mortífera, quando há uma dominância na vida psíquica e torna-se agressor de si mesmo, ao permitir o direcionamento da pulsão de morte para o Ego. Uma hipótese para essa dominância é levantada por Freud em 1924 através do sadismo, já que há uma desfusão pulsional concomitante da expulsão da pulsão de morte dirigida para fora. Devido ao caráter de reversibilidade da pulsão o sadismo pode ser redirecionado para o Ego, voltando como masoquismo secundário. Nos casos mais graves observa-se na clínica uma desfusão pulsional que evidencia uma compulsão à repetição desenfreada ou uma destrutividade não endereçada a um outro.

Apesar de reconhecer uma ausência de compreensão fisiológica de como ocorre a sujeição da pulsão de morte, Freud afirma que normalmente não temos que lidar com uma presença pura da pulsão de vida e da pulsão de morte, mas, de uma fusão das duas em proporções variáveis em cada caso particular. No entanto, não deixa de prever que, em função de uma série de fatores, a uma fusão das pulsões pode corresponder a uma desfusão delas, fato que se expressaria em diferentes formas patológicas. Trata-se, aqui, de variações nos processos de simbolização que viabilizariam ou não diferentes modalidades de defesa para o sujeito em sofrimento (LEITE, 2011, p.12).

O masoquismo, como erógeno é fundamental, pois permite que algo seja feito com o excesso pulsional. Segundo Rosenberg (2003), ao constatar que o masoquismo erógeno é responsável pela fusão de pulsões, deve-se também considerar que, ao fazer parte do surgimento do sujeito, o masoquismo pode ser pensado para além de seu aspecto de ameaça, como os dois lados de uma moeda, na qual uma delas tem o caráter de masoquismo guardião da vida (Rosenberg, 2003).

 

Considerações finais

Para concluir, a relevância dessa temática repousa justamente no aprimoramento de uma escuta sobre o sofrimento que levam os sujeitos a procurarem uma análise. Não se pode ignorar o importante papel que o masoquismo exerce na vida psíquica e muito menos se render a ele. Esse sofrimento de que o paciente parece não querer abrir mão, na verdade, não se trata de uma escolha mas sim de uma impossibilidade. O analista deve, em primeira instância, respeitar essa limitação que o analisando coloca.

Freud aprofundou seus estudos sobre os efeitos do masoquismo na clínica da neurose e denominou esse fenômeno de Reação Terapêutica Negativa. No entanto, quanto mais nos aproximamos da questão do masoquismo erógeno mais esse tema parece tomar uma dimensão de mais ampla importância. Essa ampliação pode indicar uma direção para pesquisas futuras nas quais seja possível uma articulação no que diz respeito às diferentes estruturas clínicas, para além dos casos de neuroses.

 

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Recebido em: 05/03/2013
Aprovado em: 10/12/2014