SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.9 issue1From one analyst to anotherResearch and formation in psychoanalysis at the university: tensions author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Trivium - Estudos Interdisciplinares

On-line version ISSN 2176-4891

Trivium vol.9 no.1 Rio de Janeiro Jan./June 2017

http://dx.doi.org/10.18379/2176-4891.2017v1p.104 

ARTIGOS LIVRES

 

A pesquisa em psicanálise na universidade: cenário dos grupos de pesquisa no Brasil

 

Research in psychoanalysis at the university: setting the research groups in Brazil

 

 

Carlos Alberto PorcinoI; Karine de Oliveira SilvaII; Maria Thereza Ávila Dantas CoelhoIII

IPsicóloga. Mestra pelo Programa de Pós-Graduação Estudos Interdisciplinares Sobre a Universidade (PPGEISU)/Universidade Federal da Bahia (UFBA). Rua Barão de Geremoabo, s/n - Ondina - CEP: 40.170-115 - Salvador - Bahia. E-mail: carlosporcino@ig.com.br. Tel.: (71) 98798-1699
IIOdontóloga - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Bacharela Interdisciplinar em Saúde - Universidade Federal da Bahia (UFBA). Rua Barão de Geremoabo, s/n - Ondina - CEP: 40.170-115 - Salvador - Bahia. Tel.: (71) 32836798
IIIDoutora em Saúde Coletiva. Psicanalista membro do Colégio de Psicanálise da Bahia. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação Estudos Interdisciplinares Sobre a Universidade / Universidade Federal da Bahia (UFBA). Rua Barão de Geremoabo, s/n - Ondina - CEP: 40.170-115 - Salvador - Bahia. E-mail: therezacoelho@gmail.com. Tel.: (71) 32836798

 

 

 


RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi levantar a situação atual dos grupos de pesquisa em psicanálise no Brasil cadastrados no Diretório do CNPq, assim como identificar os grupos de pesquisa por região, estado, Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas. Trata-se de uma pesquisa aplicada, de cunho exploratório. Foi utilizado o descritor "psicanálise", na consulta do Diretório dos Grupos de Pesquisa. A pesquisa em psicanálise em IES no Brasil possui a característica de ser produzida majoritariamente nas instituições públicas, embora apresente significativo número de grupos desatualizados. Existe uma predominância de grupos de pesquisa nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul do Brasil, bem como uma maior quantidade de mulheres na liderança dos respectivos grupos.

Palavras-chave: PESQUISA UNIVERSITÁRIA, PSICANÁLISE, GRUPOS DE PESQUISA, CNPQ.


ABSTRACT

The aim of this study was to explore the present state of psychoanalysis in research groups in Brazil registered in the CNPq Directory, as well as identify research groups by region, state, higher education institutions (HEIs) public and private. It is an applied, exploratory and descriptive research. We used the descriptor "psychoanalysis", in the consultation of the Research Groups Directory (CNPq). The research in psychoanalysis in IES in Brazil has the characteristic of being largely produced in public institutions, although with significant number of outdated groups. There is a predominance of research groups in the Southeast, Northeast and South of Brazil, as well as a larger number of women in leadership of their groups.

Keywords: UNIVERSITY RESEARCH, PSYCHOANALYSIS, RESEARCH GROUPS, CNPQ.


 

 

Introdução

Com o crescimento expressivo das Instituições de Ensino Superior (IES), houve, concomitantemente, um aumento dos cursos de pós-graduação stricto sensu nas modalidades de mestrado e doutorado. Esse crescimento impactou também no quantitativo dos grupos de pesquisa cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisas no Brasil (DGP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Nesse aspecto, é importante registrar que a instituição universitária critica, produz conhecimento e promove o saber, através da sua disseminação entre os diferentes campos disciplinares (Weber, 2008). Promovem-se,com isso, a formação profissional e o desenvolvimento da ciência, fomentando-se a investigação através das diversas linhas de pesquisas vinculadas aos respectivos grupos.

Moreira e Velho (2008) reiteram que diversos países, na década de 1950, empreenderam esforços, juntamente à comunidade científica e intelectual de suas universidades, para sistematizar atividades de pesquisa, o que culminou na formação de pessoal capacitado e apto a tornar a nação mais competitiva. Posteriormente, o Brasil, na década de 1960, estimulou a formação de pesquisadores, objetivando o desenvolvimento tecnológico, científico e cultural do país. Nessa perspectiva, ações governamentais, a exemplo da expansão da oferta de cursos de pós-graduação stricto sensu, foram ampliadas nas Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.

No ano de 1976, existiam 699 cursos de pós-graduação no Brasil. Comparando-se esse número aos 5.674 cursos existentes, recomendados e reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em dezembro de 2014, observa-se um crescimento de mais de 711%. São mais de 47 mil mestres e 14 mil doutores titulados no país (Brasil, 2010; Brasil, 2014).

Frente a esse contexto, justifica-se o desenvolvimento de estudos que possam demonstrar a realidade dos grupos de pesquisa em Psicanálise, no Brasil. Destarte, espera-se responder a seguinte questão: "Como se distribuem os grupos de pesquisa em Psicanálise no Brasil?". Com a finalidade de elucidar a problemática em estudo, elencou-se, como objetivo geral, realizar um mapeamento dos grupos de pesquisa em Psicanálise no Brasil, cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, e, na qualidade de objetivos específicos, optou-se por identificar os grupos de pesquisa por região, estado, IES públicas e privadas e grande área predominante.

 

A pesquisa em psicanálise na universidade

A relação entre a Psicanálise e a Universidade tem sido tema recorrente, assim como objeto de pesquisa entre diversos teóricos, há algumas décadas, a exemplo de Macedo & Werlang (2012), Mezan (2002), Birman (2001), entre outros. Penna (2003) reitera que essa relação seja interrogada de modo permanente, para que sejam extraídos os aspectos mais relevantes, tanto no que se relaciona ao ensino quanto à transmissão da psicanálise. Coelho (2013,p. 24), entretanto, aponta que a Psicanálise e a Universidade são instituições distintas, seja por suas histórias seja por seus modos de funcionamento distintos. Nesse caso, tanto o diálogo quanto a relação que se estabelece "[...] entre a Psicanálise e a Universidade são necessariamente de natureza interinstitucional. Essa interinstitucionalidade não significa, entretanto, que uma instituição não possa estar presente na outra, ou que as mesmas pessoas não possam transitar ou estar nas diferentes instituições".

De acordo com Lowenkron (2005), a direção da pesquisa em psicanálise é a própria experiência psicanalítica, uma vez que ela possibilita o norteamento para o registro teórico. A partir da experiência, Freud pôde estabelecer os principais conceitos fundamentais da psicanálise. A partir de sua vivência, descartou alguns e construiu outros, considerando os contextos que se apresentavam, direcionando-os, pautado em suas indagações teóricas e nos próprios impasses com que se deparou no processo psicanalítico.

Ainda para esse autor, a partir do estabelecimento de critérios metodológicos, a pesquisa em psicanálise necessita ser transposta a outras áreas de interface próximas à investigação. A partir daí, existe a possibilidade de ampliá-la empiricamente entre diversos campos disciplinares, "[...] utilizando-se desse critério metodológico para a validação da pesquisa fora do processo psicanalítico estrito, mas mantendo a uniformidade teórica das condições experimentais" (Lowenkron, 2005, p. 7).

Nesse aspecto, o que diferencia os demais pesquisadores daqueles que utilizam o método psicanalítico está relacionado ao método e não ao campo observacional tomado como fato singular. Freud, por exemplo, produziu conhecimento a partir de suas observações, recorreu à arte e à mitologia, assim como ao contexto clínico para promover teorizações. Seu próprio método "[...] já está a priori entrelaçado com o pressuposto epistemológico e ontológico da psicanálise" (Hausen, 2012, p. 204).

 

Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq

De acordo com Tolmasqui e Domingues (1998), o CNPq é uma fundação vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI). Ele é considerado uma das maiores e mais sólidas estruturas públicas que confere apoio à ciência, tecnologia e inovação na América Latina. Sua principal finalidade é "[...] promover, estimular e coordenar o desenvolvimento da investigação científica e tecnológica em qualquer domínio do conhecimento" (Brasil, 1951, s/p). Desde o início, o CNPq instituiu o sistema de bolsas, investiu em pós-graduação de cientistas no exterior e financiou pesquisas (Tolmasqui & Domingues, 1998).

OCNPq, através de suas ações, promove a formação de recursos humanos, através da concessão de bolsas e o financiamento de projetos científicos. Além disso, concede apoio a pesquisadores brasileiros para participação em eventos científicos nacionais e internacionais (CNPq, 2011).

O Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (DGP) foi desenvolvido no CNPq desde 1992. Constitui-se, ainda, numa base de dados que contém informações sobre os grupos de pesquisa em atividade no país. Contém informações acerca dos recursos humanos integrados a cada grupo, suas respectivas linhas de pesquisa, especialidades do conhecimento, campos de atividades envolvidas, assim como a produção científica, tecnológica e artística, tanto de pesquisadores quanto de estudantes vinculados aos próprios grupos (CNPq, 2012).

Nesse aspecto, para Tolmasqui e Domingues (1998), os referidos grupos estão instituídos e vinculados a universidades públicas e/ou privadas, instituições isoladas de ensino superior, institutos de pesquisa científica, institutos tecnológicos, laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de empresas estatais ou ex-estatais, e em algumas organizações não governamentais que atuam na área de pesquisa.

O grupo de pesquisa é a denominação atribuída a um grupo de pessoas, docentes, estudantes e pessoal de nível técnico, que se reúnem em torno de um mesmo objetivo, seguindo uma linha de pesquisa e que, por meio de indagações, realizam pesquisas, objetivando o desenvolvimento e a melhoria de uma determinada questão (Brasil, 2014).

Segundo o CNPq (2010, s/p), o grupo de pesquisa é definido como sendo um conjunto de indivíduos hierarquicamente organizados, "cujo fundamento organizador" é "[...] a experiência, o destaque e a liderança no terreno científico ou tecnológico", pautado por implicação profissional constante com atividades de pesquisa. Nele, o trabalho é organizado em comum, através de linhas de pesquisa, com compartilhamento de instalações e equipamentos. Cada grupo de pesquisa é organizado "[...] em torno de uma liderança (eventualmente duas), que é a fonte das informações constantes na base de dados". Desse modo, o "[...] conceito de grupo admite aquele composto de apenas um pesquisador. Na quase totalidade dos casos, esses grupos se compõem do pesquisador e de seus estudantes".

O Diretório dos Grupos de Pesquisa possui três principais finalidades: 1) é um eficiente instrumento para o intercâmbio e a troca de informações; 2) além das informações disponíveis sobre os grupos, seu caráter censitário convida ao aprofundamento do conhecimento por meio das inúmeras possibilidades de estudos de tipo survey; e 3) na medida em que é recorrente a realização de censos, tem cada vez mais um importante papel na preservação da memória da atividade científico-tecnológica no Brasil (CNPq, 2012).

Existem alguns requisitos e critérios a serem cumpridos por parte das IES que almejam integrar-se ao Diretório dos Grupos de Pesquisa. No momento da solicitação, a instituição deverá estar previamente cadastrada no Diretório de Instituições do CNPq e os currículos de todos os componentes dos grupos de pesquisa - pesquisadores e estudantes - devem encontrar-se atualizados na Plataforma Lattes. Podem compor o Diretório: as universidades federais, estaduais, municipais e privadas; instituições de educação superior (IES) não universitárias (centros universitários, faculdades integradas, faculdades isoladas, institutos, escolas, centros de educação tecnológica, etc.) que possuam pelo menos um curso de pós-graduação - mestrado ou doutorado - reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC); institutos públicos de pesquisa científica; institutos tecnológicos públicos e centros federais de educação tecnológica; laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de empresas estatais (CNPq, 2012).

 

Metodologia

O presente estudo configura-se como uma pesquisa de cunho exploratório, que objetiva gerar conhecimento acerca da distribuição dos grupos de pesquisa em psicanálise, cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. Ele possibilita a descrição de fatos e fenômenos de determinado contexto, com vistas a torná-los explícitos, contribuindo para o levantamento de hipóteses (Gil, 2008; Gerhardt & Silveira, 2009).

O lócus deste estudo é, portanto, a Base Corrente do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, que possibilitou o levantamento de informações presentes na base atual do diretório. Ressalta-se, ainda, que esses dados são alimentados diariamente, o que reflete as atualizações e inclusões de novos grupos feitas pelas lideranças. Só podem ser encontrados, nessa base, os grupos certificados pelas concernentes instituições participadoras (CNPq, 2012). Assim sendo, realizou-se uma consulta à respectiva base, no período compreendido entre 14 a 20 de setembro de 2014, com a finalidade de levantar os grupos de pesquisa em psicanálise no Brasil, por região e estado, considerando a identificação da IES (pública ou privada), a situação dos grupos, os temas das linhas de pesquisa, o(a) líder do grupo, a grande área do conhecimento, o número de linhas de pesquisa e o ano de formação do grupo. O descritor "psicanálise" foi utilizado na consulta ao Diretório dos Grupos de Pesquisa.

Os dados foram categorizados de acordo com a distribuição dos grupos de pesquisa em psicanálise no Brasil, seu status junto ao CNPq no momento da consulta, em ordem decrescente por estado, por década - considerando o ano de criação - e pelo sexo dos (das) respectivos líderes.

 

Resultados e discussão

Na Figura 1, estão disponibilizadas as quantidades de grupos de pesquisa em psicanálise distribuídos por IES públicas e privadas existentes no Brasil, por região, perfazendo o total de 397.

A primeira posição é ocupada pela região Sudeste, composta pelos estados Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, com 222 grupos de pesquisa, seguida da região Nordeste, com 71 grupos, da região Sul com 66, da região Centro-Oeste com 21 e da região Norte com 17 grupos. Fica evidente a discrepância do número de grupos de pesquisa em psicanálise entre as diversas regiões brasileiras.

Vale salientar que, segundo dados do IBGE (2010), a região Sudeste é a mais populosa. Possui a maior concentração de renda no país e seu Produto Interno Bruto (PIB) encontra-se estimado em torno de R$ 1.698.590.000.000,00. A título de exemplo, apenas o estado de São Paulo tem a participação de 33% no PIB nacional. Esses aspectos possivelmente justificam, em parte, o número expressivo de grupos de pesquisas em psicanálise alocados nessa região.

Entre os 397 grupos encontrados, 76 se encontravam, na época do levantamento, com o status "não atualizado há mais de 12 meses", disponibilizado na Tabela 1. Destes, 12 foram instituídos em IES privadas e 64 em IES públicas. Vinculadas aos 397 grupos de pesquisa em psicanálise, encontram-se distribuídas 1364 linhas de pesquisa. Destas, 227 encontram-se em IES privadas e 1137 em IES públicas.

No Gráfico 1, os grupos de pesquisa foram distribuídos por estado, em ordem decrescente. Os grupos de pesquisa em psicanálise estão distribuídos ainda de acordo com as grandes áreas do conhecimento da seguinte forma: Ciências da Saúde - Enfermagem 1; Ciências Humanas - Educação 1; Ciências Humanas - Educação/Psicologia 2; Ciências Sociais Aplicadas 15; Ciências da Saúde 26; Linguística, Letras e Artes 75; e Ciências Humanas com 277 grupos. Um fato que chama atenção é o estado de Roraima não possuir nenhum grupo de pesquisa em psicanálise, cadastrado no DGP.

O grupo de pesquisa em psicanálise mais antigo cadastrado no DGP está vinculado à Universidade de São Paulo (USP), criado em 1979, na área de Linguística, Letras e Artes. Na década de 1980, foram cadastrados, no respectivo diretório, apenas quatro grupos: um na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1987, dois na USP e outro na Universidade Estadual de Londrina (UEL), em 1985. Na década de 1990, mais 40 grupos foram cadastrados, conforme a Tabela 2. No período de 2000 a 2014, entretanto, foram cadastrados 352, disponibilizados na Tabela 3. Se, por um lado, esse período apresenta expressividade na quantidade de grupos cadastrados, por outro é possível observar um maior número de grupos desatualizados. Observa-se ainda que, na década de 1990, apenas seis grupos foram cadastrados no DGP por IES privadas, nos estados do Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, sendo esses dois últimos estados integrantes da mesma região que lidera o ranking em número de grupos de pesquisa.

Vale a pena ressaltar que o grupo de pesquisa em psicanálise mais antigo da região Nordeste foi cadastrado na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em 1997, seguido do primeiro do estado da Bahia, em 1999, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Em 2000, mais dois grupos foram cadastrados na Bahia, ambos vinculados à Universidade Federal da Bahia (UFBA), nas áreas de Ciências Humanas e de Linguística, Letras e Artes. No que tange ao sexo do (da) líder do grupo de pesquisa, as mulheres conduzem majoritariamente tais grupos, conforme aponta a Figura 2. Por representarem expressividade frente ao número de pesquisadores, lideram também o quantitativo de grupos não atualizados há mais de doze meses. Dos 76 grupos, elas constituem 48, ao passo que eles são em número de 28.

 

Considerações Finais

A partir dos dados apresentados, observamos que, no cenário brasileiro, os grupos de pesquisa em psicanálise estão, em sua maioria, na região Sudeste, com 56% do total de grupos, enquanto que a região Norte detém apenas 4% deles, o menor número de grupos de pesquisa por IES no Brasil. Foi também demonstrado que o Nordeste ocupa a segunda posição quanto ao número de grupos de pesquisa, com 18%.

A pesquisa universitária em psicanálise no Brasil apresenta também a característica de ser essencialmente produzida em universidades/instituições públicas, em cujo âmbito encontramos um quantitativo importante se o compararmos à produção das universidades/instituições particulares. As mulheres, por sua vez, lideram o ranking quanto ao número de grupos que coordenam. Quanto à época de criação desses grupos e seus respectivos registros junto ao DGP do CNPq, verificamos que a expansão maior ocorreu no período compreendido entre 1990 a 2014.

Neste estudo, também se observou que os grupos de pesquisa em psicanálise estão concentrados nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul do Brasil. No Nordeste, a Bahia ocupa posição de destaque entre os estados com 18 grupos, seguida por Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. Observou-se ainda que a grande área do conhecimento predominante entre os grupos é a das ciências humanas, que concentra o maior quantitativo de 276 grupos.

Assim sendo, as contribuições aqui apresentadas a partir deste estudo exploratório não possuem a pretensão de esgotar as reflexões, discussões e problematizações acerca das questões que envolvem a pesquisa em psicanálise na universidade frente aos grupos de pesquisas cadastrados no CNPq. O presente trabalho apresenta-se, ao contrário, como estímulo a que outras pesquisas possam vir a aprofundar as reflexões aqui suscitadas.

 

Referências

Brasil. (1951). Presidência da República. Lei nº. 1.310, de 15 de janeiro 1951. Criação do Conselho Nacional de Pesquisas, e dá outras providências, Acesso em 12 de dezembro de 2014, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L1310.htm.         [ Links ]

Brasil. (2010). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo Demográfico 2010. Brasília: IBGE, Acesso em 20 de setembro de 2014, de http://censo2010.ibge.gov.br/resultados.         [ Links ]

Brasil. (2014). Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Cursos Recomendados/Reconhecidos. Brasília: CAPES, Acesso em 12 de dezembro de 2014, de http://www.capes.gov.br/cursos-recomendados.         [ Links ]

Birman, J. (2001). Gramáticas do erotismo: a feminilidade e as suas formas de subjetivação em psicanálise. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.         [ Links ]

Coelho, MTAD (2013). Psicanálise e Universidade. Revista Trivium, 1, Acesso em 15 de dezembro de 2014, de http://www.uva.br/trivium/edicoes/edicao-i-ano-v/artigos-tematicos/psicanalise-e-universidade.pdf.         [ Links ]

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). (2010). Informações Gerais: Aquisição de dados - o conceito de grupo. Brasília. Acesso em 13 de janeiro de 2014. http://dgp.cnpq.br/censos/inf_gerais/index_que_eh.htm.         [ Links ]

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). CNPq em Ação 2011. Acesso em 12 de dezembro de 2013. http://www.cnpq.br/documents/10157/64f81c26-639f-4e68-81ac-4b4efed24b4a.         [ Links ]

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). (2012). Censo do Diretório dos Grupos de Pesquisa terá novo sistema em 2013. Brasília. Acesso em 26 de janeiro de 2014. http://www.cnpq.br/web/guest/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/591001.         [ Links ]

Hausen, DC. (2012). Pesquisa em psicanálise, para além do caso clínico. Em MMK Macedo & BSG Werlang (Ed.), Psicanálise e universidade: potencialidades teóricas da pesquisa. (pp 200-211). Porto Alegre: EDIPICURS.         [ Links ]

Gerhardt, TE & Silveira, DT. (2009). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS.         [ Links ]

GIL, AC.(2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas.         [ Links ]

Lowenkron, TS. A investigação psicanalítica está ameaçada de extinção?. In Anais do Congresso Brasileiro de Psicanálise, 20, Brasília, 2005. Acesso em 12 de setembro de 2014, de http://www.febrapsi.org.br/publicacoes/artigos/xx_cbp_theodor.doc.         [ Links ]

MEZAN, R. (2002). Interfaces da psicanálise. São Paulo: Companhia das Letras.         [ Links ]

Moreira, ML & Velho, L (2008 Novembro). Pós-graduação no Brasil: da concepção "ofertista linear" para "novos modos de produção do conhecimento" implicações para avaliação. Revista Avaliação, 13(3). Acesso em 16 de novembro de 2014, de http://www.scielo.br/pdf/aval/v13n3/02.pdf.         [ Links ]

Penna, LMD. (2003). Psicanálise e universidade: há transmissão sem clínica?. Belo Horizonte: Autêntica.         [ Links ]

Tolmasqui, AT & Domingues, HMB (1998 Março/Junho). Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): mais um acervo para a história da ciência. Hist. cienc. Saúde - Manguinhos, 5(1), Rio de Janeiro, Acesso em 27 de maio de 2014, de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59701998000100009&script=sci_arttext.         [ Links ]

Weber, S. (2008). Educação, ciência e desenvolvimento social. Em L Bianchetti & P Meksenas (Ed.), A trama do conhecimento: teoria, método e escrita em ciência e pesquisa (pp 19-42). São Paulo: Papirus.         [ Links ]

 

 

Recebido em: 26/03/2015
Aprovado em: 18/07/2015

 

 

ANEXO I

 


Figura 1 - Clique para ampliar

 

 


Figura 2 - Clique para ampliar

 

ANEXO II

 


Tabela 1 - Clique para ampliar

 

 


Tabela 2 - Clique para ampliar

 

 


Tabela 3 - Clique para ampliar

 

ANEXO III

 


Gráfico 1 - Clique para ampliar

Creative Commons License