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Trivium - Estudos Interdisciplinares

versão On-line ISSN 2176-4891

Trivium vol.9 no.2 Rio de Janeiro jul./dez. 2017

http://dx.doi.org/10.18379/2176-4891.2017v2p.246 

ARTIGOS LIVRES

 

O desejo de ter um filho e a mulher hoje*

 

The desire to have a child and the woman nowadays

 

 

Cristina Moreira Marcos

Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC Minas. Endereço: Avenida Itaú, 525. Bairro Dom Cabral, Belo Horizonte - Minas Gerais, CEP: 30535012. E-mail: cristinammarcos@gmail.com / Tel.: (31)3319-4568

 

 


RESUMO

Ser mãe foi uma das respostas formuladas por Freud à pergunta sobre o que quer uma mulher. Hoje, esta resposta se converte em uma pergunta e uma preocupação das sociedades contemporâneas. Minha questão consiste em investigar as conjugações do desejo de ter um filho para uma mulher hoje, buscando interrogar a maternidade, para além do possível valor fálico da criança, quando ela se converte em palco de sofrimento cuja expressão vai da depressão puerperal ao infanticídio, passando por todo um cortejo das dificuldades maternas, desencadeamentos psicóticos, angústias, transtornos alimentares, entre outros. O artigo apresenta alguns fragmentos clínicos que permitem apreender as mais diversas declinações do desejo de ter um filho.

Palavras-chaves: MATERNIDADE; PSICANÁLISE; SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS.


ABSTRACT

"What does a woman want?" asks Freud, and one of his answers is "to be a mother." Nowa-days, this answer is more a question and a worry: what does it mean, to be a mother? My inquiry concerns the different ways of the desire of having a child for a woman today, beyond the possible phallic value of the child, and the suffering associated with this desire. The question concerns what is motherhood, beyond the possible phallic value of the child, when it becomes a stage of suffering, whose expression goes from puerperal depression to infanticide, through all sorts of maternal difficulties, such as psychotic triggers, anguishes, and eating disorders. The article presents some clinical fragments that allow to apprehend the most diverse declinations of the desire to have a child.

Keywords: MATERNITY; PSYCHOANALYSIS; CONTEMPORANY SOCIETIES.


 

 

Introdução

Este artigo visa investigar as modulações do desejo de ter um filho e sua particularidade nas mulheres hoje, interrogando, por um lado, a tese freudiana que faz do filho um equivalente do falo e, por outro, discutindo o que quer uma mãe quando o filho não está no lugar do falo. Esta pergunta é colocada em relação aos efeitos das mudanças da civilização nos sujeitos. Parte-se da afirmação freudiana de que a maternidade seria o destino que abriria caminho à feminilidade (Freud, 1931/1989). A significação da maternidade para Freud estaria na equivalência entre a criança e o falo como resposta à castração. Lacan (1969/2003) abre uma outra perspectiva ao colocar a criança como um possível objeto a para a mulher e propor uma dissociação entre a mãe e a mulher.

Ser mãe foi uma das respostas formuladas por Freud à pergunta sobre o que quer uma mulher. Hoje, esta resposta se converte em uma pergunta e uma preocupação das sociedades contemporâneas. Minha questão consiste em investigar as conjugações do desejo de ter um filho para uma mulher hoje, buscando interrogar a maternidade, para além do possível valor fálico da criança, quando ela se converte em palco de sofrimento cuja expressão vai da depressão puerperal ao infanticídio, passando por todo um cortejo das dificuldades maternas, desencadeamentos psicóticos, angústias, transtornos alimentares, entre outros. Esta interrogação justifica-se na medida em que se insere em um contexto social mais amplo: a gravidez na adolescência, as novas configurações familiares, a reprodução assistida, os diversos sofrimentos psíquicos ligados à dificuldade materna.

A interrogação acerca da mãe não pode deixar de convocar o tema da feminilidade. É a partir dela que a questão é colocada. Se as mulheres da civilização ocidental têm acesso hoje a uma infinidade de possibilidades no campo profissional e pessoal e adquiriram o direito de disporem livremente de si mesmas e de seus corpos nas relações amorosas, a relação com a maternidade também mudou. As configurações familiares atuais, educar uma criança sozinha ou com outra mulher, as mulheres encarregadas da família, as novas imagens e símbolos da mulher, o discurso em relação ao gozo sexual, definindo-o não apenas como legítimo, mas sobretudo como um bem ao qual todos têm direito, independente do amor ou da reprodução, a reprodução assistida e a separação entre sexo e procriação são evidências da abertura de novos caminhos e destinos e levam a questionar o adágio "mater semper certa est".

Ainda não conseguimos mensurar os efeitos das mutações nas famílias. Um projeto de lei que define a família unicamente como uma união entre homem e mulher foi pauta de discussão na Câmara dos Deputados em Brasília. A resposta dos deputados às novas configurações familiares parece uma reação nostálgica ao declínio do pai, buscando relegar a uma não-existência as múltiplas formas de famílias. Hoje temos que considerar os remanejamentos da instituição familiar e as novas formas de vida que se tornaram possíveis graças aos avanços da ciência e às mudanças na civilização. O discurso jurídico esforça-se em regulamentá-los.

No Brasil, as famílias chefiadas por mulheres passaram de 22,2% para 37,3% entre 2000 e 20101. O que se tornaram as famílias hoje? O que é ser mãe e querer ter um filho quando reprodução e sexo se separam, quando reina a equidade no exercício da parentalidade, quando as relações se horizontalizam em uma espécie de comunidade fraterna que parece vir no lugar do pai? Os efeitos das mutações da civilização sobre a família manifestam-se nos sujeitos, em seus sintomas e modos de gozo. A psicanálise nos permite abordá-los. É preciso levar em conta a variedade das formas das famílias contemporâneas e interrogar o que muda em relação à maternidade, ao desejo de ter um filho, ao lugar da criança no inconsciente materno, ao exercício da função materna.

Pensar a maternidade hoje a partir da psicanálise significa interrogar acerca da validade das teses freudianas e lacanianas sobre o tema, após tantas décadas de transformações e modificações históricas, sociais e culturais que abriram campos inéditos de trabalho e de realização às mulheres. As práticas clínicas são chamadas a responder a sintomas que exigem um constante avanço da teoria. Os desafios colocados pelo cenário contemporâneo aos profissionais da saúde mental nos levam a repensar, questionar e reavaliar diversas premissas e conceitos psicanalíticos. É na medida em que a psicanálise enfrenta estes desafios que ela pode avançar e abrir novos caminhos para as intervenções clínicas. Que as transformações sociais, políticas e econômicas se traduzam em produções discursivas diferentes a cada momento da civilização e que estas determinem posições subjetivas diferentes é inegável.

Exatamente por se constituir como discurso do Outro, como sede dos valores e comandos de uma determinada cultura, o inconsciente se revela como um laço social diferente em cada momento da civilização. (...) Tratar das questões do sujeito significa, também, a possibilidade de ler os efeitos e as características do controle social concretamente presente. (Pinto, 2008, p.70).

A psicanálise é um laço social que propõe tratar os impasses de cada sujeito como efeitos de um certo momento da civilização. Trata-se de pensar a teoria e a clínica psicanalíticas a partir das questões do nosso tempo. É preciso compreender como se mantêm, mas também como se transformam, as teses freudianas e lacanianas acerca do feminino, seus sintomas e seus modos do gozo, confrontadas ao mundo contemporâneo. O analista é convocado a um redimensionamento dos referenciais teóricos buscando colocá-los em relação com o nosso tempo e, como afirma Lacan, o psicanalista deve "alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época" (Lacan, 1953/1998, p. 322).

 

Ser mãe hoje?

 

 

A maternidade, ligada ao corpo e à reprodução, sempre pareceu natural e evidente. Ora, para além da reprodução, a função de cuidado da mãe é, e assim foi desde sempre, substituível, como testemunham as amas de leite e a adoção. O clássico livro de Elisabeth Badinter, "O amor incerto" (1980), nos oferece uma excelente demonstração de que o amor materno é resultado não de um instinto materno, mas de uma construção histórica, social e cultural e de como os cuidados com a criança podem ser desempenhados por substitutos.

Para o discurso médico, a maternidade está vinculada ao corpo e à reprodução. A psicanálise afasta-se desse pensamento: pode-se estar grávida e não ter o filho na cabeça, pode-se não ter filhos e ser mãe do mundo, pode-se desejar estar grávida e não querer ser mãe. A maternidade ultrapassa a biologia, a procriação e a gestação. O desejo de ter um filho adquire diferentes sentidos para diferentes mulheres. A criança não completa integralmente a mãe e há que se perguntar que lugar o objeto criança ocupa para a mãe nesses novos complexos familiares. Ser mãe é encarnar o Outro da demanda e implicar a criança em um desejo e em um gozo. As ficções maternas criam a ilusão de uma satisfação real e frequentemente encobrem uma zona enigmática para a mãe.

O esgarçamento dos laços sociais contemporâneos e o declínio da autoridade paterna parecem ter como correlato uma idealização da mãe, que se converte em um querer ser mãe generalizado e em uma crescente demanda por uma criança endereçada à ciência. O desejo de maternidade testemunharia uma exigência feroz? Uma imagem idealizada da mãe é veiculada pelos diversos meios de comunicação e a criança surge como uma espécie de mais-valia, objeto elevado ao zênite social2, de tal modo que ser mãe torna-se um imperativo ao qual todo mulher deve responder. A ciência, com suas técnicas de assistência à reprodução, conduz esse desejo ao ilimitado: Só não é mãe quem não quer. O discurso capitalista acrescenta aí seu mandamento de eficácia e performance. Nesse cenário, a maternidade e a criança podem ser o palco de grande sofrimento quando se evidencia a distância entre o objeto ideal e o objeto real. O ideal materno é abalado por certos testemunhos encontrados na clínica nos quais a maternidade, como possibilidade de inscrição do feminino, não se realiza. São mulheres que querem ser mães na tentativa de inscrever algo do feminino e que não conseguem particularizar o cuidado.

O debate sobre a mãe não é novo para a psicanálise. Depois de Freud, o desenvolvimento da psicanálise com crianças trouxe a mãe para o primeiro plano da cena. A mulher na mãe ficou esquecida: Melaine Klein e a mãe plena de objetos, Winnicott e a mãe suficientemente boa, Balint e a unidade da mãe e da criança como um amor de objeto primário. Lacan retoma esta discussão para dizer que a relação mãe-criança concerne à dialética do desejo em sua relação com a falta. O lugar da criança para uma mulher é a ser considerado à luz da sua castração.

Permanece a questão de saber o que se modifica na função materna hoje. O que vemos no século XXI? Como correlato ao declínio do pai, vemos uma idealização da mãe, que se converte, em muitos casos, no único parceiro estável da criança. Vemos também frequentemente a criança perder seu brilho fálico e se converter naquela que tudo rouba da mãe, sua beleza, seu tempo, sua carreira profissional, causa de uma série de privações. Vemos ainda mulheres inteiramente ocupadas em ser mães, para as quais o filho é tudo. E ainda, mulheres nada ocupadas com seus filhos e deles esquecidas.

Se é verdade que os progressos da ciência permitem que as mulheres tenham seus filhos como e quando desejam ou que não os tenham, esse poder de decisão não converte a maternidade em um mar de rosas. Em alguma medida, leva as mulheres a um mar turbulento, pois a maternidade se torna uma escolha, decisão e não um destino, tal como antes. O desejo de ter um filho não testemunharia hoje uma exigência feroz que coloca a maternidade como sinal de realização de uma mulher? Entre a onipotência do discurso da ciência que estende os limites possíveis da maternidade, o discurso capitalista que inclui a eficiência e a performance no exercício da maternidade e aquilo que se articula como desejo próprio a cada mulher, a maternidade pode tornar-se palco de novos sintomas.

Solano-Suárez (2014) fala das mães que testemunham as dificuldades encontradas por cada uma delas em suas experiências com a maternidade. Os testemunhos revelam que

(...) para o ser falante o amor materno não é programado, o encontro de uma mãe com seu filho é suscetível de não despertar nela um elã maternal e que, para estar à altura de assumir o estado "ser mãe", uma mulher deve fazer frente ao que do nascimento de uma criança se desvela como impossível. (Solano-Suárez, p. 67, 2014)

Encontramos nos ditos de nossas analisantes como é doloroso para uma mulher não conseguir se deixar levar pela alegria de ter um filho e não sentir na maternidade uma manifestação de amor por seu filho. A ausência do laço amoroso é sentida como uma falta, uma culpa e uma angústia intensa. Solano-Suárez (2014) fala de uma "catástrofe subjetiva" e de um "estado de apagamento". A clínica médica e psiquiátrica define esses sofrimentos sob diversos nomes: depressão pós-parto, psicose puerperal, tristeza materna (baby-blues). À psicanálise, interessa a multiplicidade dos retratos de maternidade que podemos destacar. De George (2014) relata a análise de três mulheres para as quais a maternidade foi vivida sob o signo do sofrimento. Esta experiência é marcada, para cada uma delas, pela angústia e pela culpabilidade. O autor nos convida a escutar a palavra do sujeito a partir da qual o acesso à verdade de cada uma nos afasta dos clichês quanto à culpabilidade das mães ou ainda dos transtornos e reeducações comportamentais. A experiência da maternidade convoca o inconsciente de cada uma e do lado da mãe podemos encontrar a depressão pós-parto, a psicose puerperal, os desencadeamentos psicóticos, as despersonalizações, as desestabilizações psíquicas, a angústia, o luto, a melancolia, o infanticídio.

Que a maternidade não responda a um instinto e que toda mulher deva se confrontar com a face do impossível que a gravidez e a criança revelam não é uma novidade. Entretanto, o que há de inassimilável e incomensurável na gestação e na maternidade precisa ser recoberto, mesmo que permaneça sempre um resto impossível de ser simbolizado. Existe a possibilidade, para algumas mulheres, de a criança vir a representar para a mãe, por um certo tempo ou duradouramente, um encontro com o além do simbólico e com os limites de todo saber. Quando não há o recobrimento necessário do horror pelos significantes, a maternidade transforma-se no palco de um desastre.

Ora, para a mulher, a gravidez coloca o corpo, que se transforma, em primeiro plano. Sua estranha forma será mais ou menos aceita, enaltecida ou rejeitada. O ideal materno vem investir este corpo que se torna um lugar narcisicamente privilegiado. Entretanto, a criança pode ser vivida como um corpo estranho e parasita, que ameaça e inquieta, ou mesmo, que devora. Algumas mulheres sentem a criança em seu ventre como um parasita que a impede de realizar seus trabalhos, seus movimentos e rouba sua existência. Quando essa face real da maternidade não se deixa velar pelo amor materno ou pelo desejo, surge um sofrimento sem limite. No nascimento da criança, sentem-se incapazes de mantê-lo vivo.

São retratos da maternidade o que vemos relatado no livro Tremblements de mères (Maman Blues, 2014). O livro reúne testemunhos recolhidos pela Associação Maman Blues. Nele, diversas mulheres falam da realidade da dificuldade materna nos dias atuais e revelam que ter um filho não significa ser mãe. Às vezes, a relação com o filho que acaba de nascer é invadida por um sofrimento intenso. O ideal materno é abalado, impondo a ferocidade de um voto de morte no lugar do amor. Assim, Rose, após um momento de crise, tem o sentimento de que é necessário que um morra para que o outro sobreviva e percebe sua morte como a única possibilidade de colocar um fim em seus sofrimentos. Agathe escreve: "Eu não quero fazer mal a meu bebê na minha barriga, mas não posso mais suportar a vida, é muito pesado, quero fugir, tenho medo." (Maman Blues, 2014, p. 4). Elas falam de uma "descida ao inferno", de uma "perda de consistência do real", de um "flutuar na irrealidade".

Sobre a mãe, podemos extrair do texto freudiano a conclusão de que o desejo de um filho é um destino da inveja do pênis; ter um filho seria um equivalente simbólico da posse do falo. Uma importante tese acerca da maternidade se desenha nesta equivalência criança-falo e a situa do lado da lógica fálica. Temos, em Freud, a maternidade assinalada como uma solução para o feminino. Entretanto, a clínica nos dá testemunhos de que a maternidade, frequentemente situada do lado da lógica fálica, não se deixa recobrir inteiramente por ela. A experiência da gestação, do parto e da maternidade frequentemente deixam entrever aquilo que da mãe não se reconhece nesta equivalência fálica (Marcos, 2007).

Lacan abre uma outra perspectiva ao colocar a criança como um possível objeto a para a mulher. Ou seja, o homem toma a mulher como objeto causa de desejo, inscrevendo a condição fetichista do desejo masculino. Do lado masculino, o homem se serve, portanto, da mulher, que toma a forma de fetiche, para encobrir a castração. Para a mulher, o objeto do qual ela se ocupa seria a criança.

Um pai só tem direito ao respeito, e até mesmo ao amor, na medida em que o dito amor, o dito respeito, é, vocês não vão acreditar no que vão ouvir, père-versement orientado, isto é, ele faz de uma mulher, objeto a que causa seu desejo, mas o que uma mulher acolhe assim não tem nada a ver com a questão. Aquilo de que ela se ocupa, é de outros objetos a, que são as crianças, junto a quem o pai intervém, portanto - excepcionalmente no bom caso para manter na repressão, no junto midieu, a versão que lhe é própria de sua perversão. (Lacan, 1974-1975, grifo nosso.)

Não importa somente a relação do pai com a lei, mas também com o gozo. O amor e o respeito aos quais o pai tem direito se devem à sua relação com a mãe como mulher objeto causa do seu desejo, mais do que enquanto mãe. Desse lugar perversamente orientado, a mulher se ocupa de outros objetos a, que são as crianças. Assim, a perversão feminina, se ela existe, encontraria na criança sua orientação. Bem antes do seminário "R. S. I.", Lacan afirma que: "Freud nos revela que é graças ao Nome do Pai que o homem não permanece amarrado ao serviço sexual da mãe" (Lacan, 1964/1966, p.852). A criança é um objeto real nas mãos da mãe que, para além dos cuidados, pode usá-lo como uma possessão. Teríamos assim a criança na posição de fetiche.

É o que Lacan afirma também no "Seminário 4" acerca do fetichismo, no qual o sujeito encontra seu objeto, seu objeto exclusivo (Lacan, 1956-1957/1995, p. 85). Neste seminário, Lacan aproxima a mãe do Outro da demanda e a define como uma encarnação do Outro da demanda (Miller, 2015), uma potência que pode satisfazer a demanda. Aquela de quem o bebê se torna dependente, de quem aguarda a resposta.

Lacan (1969/2003) também destaca como a criança pode vir a ocupar o lugar de objeto da mãe em "Nota sobre a criança". Ele afirma que a função de resíduo exercida pela família conjugal "na evolução das sociedades destaca a irredutibilidade de uma transmissão de algo que é de outra ordem que não a da vida segundo as satisfações das necessidades, mas da constituição de uma subjetividade implicando a relação com um desejo que não seja anônimo" (Lacan, 1969/2003, p. 369) que se conjugam as funções da mãe e do pai. É neste contexto que ele vai dizer que o sintoma da criança pode ser a verdade do casal familiar. Quando o sintoma que prevalece é decorrente da subjetividade da mãe, a criança é implicada diretamente como correlata de uma fantasia.

A distância entre a identificação com o ideal do eu e o papel assumido pelo desejo da mãe, quando não tem mediação (aquela que é normalmente assegurada pela função do pai), deixa a criança exposta a todas as capturas fantasísticas. Ela se torna o "objeto" da mãe e não mais tem outra função senão a de revelar a verdade desse objeto. (Lacan, 1969/2003, p. 369)

Ou seja, "na relação dual com a mãe, a criança lhe dá, imediatamente acessível, (...) o próprio objeto de sua existência, aparecendo no real" (Lacan, 1960/1966a, p. 370). Na relação mãe-filho entra em jogo o que Lacan nomeia como uma "relação de objeto no real" (Lacan, 1960/1966a, p. 654). A criança é um objeto real nas mãos da mãe que, para além dos cuidados que exige, pode ser usada como uma possessão, presa ao serviço sexual da mãe (Lacan, 1964/1966, p. 852). Qual lugar, no inconsciente materno, é designado a este objeto surgido no real? Ele pode ser o substituto do falo, mas pode não sê-lo e se converter em um pequeno pedaço de carne. A criança pode vir a ocupar para sua mãe o lugar de objeto íntimo, vivido como estrangeiro e estranho e pode vir a representar uma parte rejeitada dela mesma. Uma mulher que se torna mãe, longe de encontrar um apaziguamento na sua relação com a criança, objeto de seu desejo, pode, ao contrário, fazer a experiência de uma devastação, sendo raptada de si mesma por um gozo enigmático, fora de sentido.

Em 1960, Lacan escreve que "devemos nos interrogar se a mediação fálica drena tudo o que se manifesta de pulsional na mulher, e notadamente toda a corrente do instinto materno" (Lacan, 1960/1966b, p.730). Entretanto, será somente na década de 70 que ele irá formalizar o não-todo. Se a lógica fálica inscreve uma série de objetos na qual a criança pode se situar, o não-todo é habitado pelo silêncio e pelo vazio.

 

 

Como já foi dito, Lacan coloca em relevo a criança como um possível objeto a para a mãe e faz uma dissociação entre a mãe e a mulher. Medéia talvez seja o paradigma mais evidente desta distância entre uma e outra. É em uma passagem de "Jeunesse de Gide ou la lettre du désir" que Lacan (1958/1966c) comenta o ato de Madeleine de queimar as cartas de Gide como sendo o ato de "uma verdadeira mulher, em sua inteireza de mulher" (p. 761). Lacan destaca o dilaceramento de Gide ao ser arrancado desse desdobramento de si mesmo que eram as cartas, chamadas por ele de minhas crianças: "Pobre Jasão (...) ele não reconhece Medéia". (Lacan, 1958/1966c, p. 761) Ora, para Lacan, uma verdadeira mulher se define pela distância subjetiva da posição da mãe (Marcos, 2015).

Essa disjunção entre "ser mãe" e "ser mulher" é considerada, segundo Miller (2015) a partir da oposição entre o "Outro da demanda" e o "Outro do desejo", a quem não se demanda nada. A clínica nos ensina que tomar a criança como substituto do falo nem sempre resolve a questão. Em "A significação do falo", Lacan (1958/1966d) afirma que, por mais paradoxal que possa parecer, é para ser o falo, o significante do desejo do Outro, que a mulher se priva de uma parte essencial de sua feminilidade. Ela encontra o significante de seu desejo no corpo daquele a quem se destina sua demanda de amor. O órgão, revestido pelo falo, toma valor de fetiche. Nela, convergem amor e desejo.

Entretanto, a criança pode preencher mas também pode dividir a mãe (Miller, 2014). É este o sentido da metáfora paterna, ela remete a um divisão do desejo que impõe que o objeto criança não seja tudo para a mãe. Que ela não esteja dissuadida de encontrar no corpo daquele a quem dirige sua demanda de amor, o significante do seu desejo. Lacan (1956-1957/1995) assinala a importância para a criança de encontrar para além da mãe que satisfaz e completa, a mãe desejante, a mãe para a qual a falta fálica está no lugar da causa de desejo. A distância entre a mãe e a mulher se evidencia aqui. O ser mãe encontra uma solução para a falta pela via do ter, sob a forma da criança, substituto do falo. Entretanto, o ser mulher da mãe não se resolve inteiramente aí e faz surgir no horizonte um outro desejo que não se satisfaz na relação com a criança. Na medida em que ela é mulher, uma mãe não é toda ocupada com o filho. A noção do não todo inscreve, para além desta divisão interna ao registro fálico, uma outra: a divisão entre o falo e o S de A barrado. Podemos distinguir no desejo feminino enquanto ele faz a mãe ausente, aquilo que, desta ausência, se inscreve do lado da simbolização fálica e aquilo que se indica como Outro, sem se inscrever.

O desejo fálico de uma mulher subtrai algo da criança, mas também tem um efeito separador. O silêncio do não-todo fálico, Outro absoluto que tem relação com o gozo Outro, enigmático, este silêncio não se inscreve e permanece indecifrável. Ele faz da mãe, em seu querer inconsciente, uma mulher nada ocupada com a criança fálica. A nocividade materna se divide em dois polos: entre a possessividade e o abandono. Toda ocupada da criança, ela a faz refém fálico; nada ocupada, ela o deixa sem recurso diante da potência do silêncio. Esse abandono, no plano subjetivo, não tem relação com o abandono da criança no nível da realidade corporal e não é incompatível com a presença da mãe e com a possessão do corpo como real. A criança é cifra fálica, mas é também objeto real, impossível a cifrar, "aparecendo no real".

 

Declinações do desejo de ter um filho hoje

Embora na tese freudiana clássica o bebê seja desejado porque é um substituto do falo, produto do inconsciente equivalente ao pênis, às fezes, ao seio, não faltam exemplos em Freud nos quais se vislumbra que a maternidade não é a via régia para a feminilidade. Ser mãe situa-se, em seus primeiros textos, em um território entre o medo e a aspiração: medo de engravidar durante o ato sexual, aspiração inexorável na qual o desejo de maternidade é mais forte que tudo e se constitui como causa de diversos sintomas histéricos. No "Manuscrito E", Freud (1887-1989c) afirma que a sensação de angústia no coïtus interruptus se manifesta nas mulheres sob a forma de um medo de engravidar (p. 103). No texto "As teorias sexuais infantis" (1908/1989d), ele explica a repugnância ao ato sexual, em certas mulheres, pelo medo de se encontrar grávida novamente.

Não devemos concluir de modo unívoco o que significa a noção vulgata da psicanálise tão evocada do filho desejado. Que o desejo de filho não seja idêntico ao desejo de ser mãe é algo frequentemente demonstrado nas análises. Muito dependerá do lugar que o inconsciente materno outorga a esse objeto surgido no real. Ao menos, se lhe for outorgado um lugar, pois para algumas mulheres, na falta de ser um substituto fálico, a criança se converte em um pedaço de carne. Testemunham-no os casos de psicose puerperal nos quais o nascimento representa um encontro com o real que presentifica um ponto de foraclusão.

A clínica revela uma ampla variedade quando nos interrogamos acerca dos efeitos, para cada sujeito, de se tornar mãe. O que é desejar um filho? Ser mãe é um desejo, uma vontade, uma decisão? Ficar grávida equivale a desejar ser mãe e ter um filho?

Duas questões trazem Maria à análise: as crises de angústia que se repetem ao entardecer e a urgência em se decidir a ter um filho com seu parceiro. acompanhada da fantasia de que não seria capaz de engravidar. Quanto ao desejo de ter um filho, aparecem uma insatisfação em relação à sua vida profissional, ainda instável, e a lembrança de um aborto permeada por muita culpa e um medo de punição. Um imperativo de gozo rege a parceria do casal, levando a um estilo de vida bastante condizente com o mundo atual. Gozar de todos os bens, bons vinhos, restaurantes, viagens, sem restrições. Ela se desdobra para ser A mulher e fazer o casal, não há limites a suas concessões para corresponder às exigências de gozo do parceiro. Ser A mulher se constrói em oposição à mãe e coloca a maternidade no campo da impossibilidade. "Como posso ser companheira do meu marido se tiver que cuidar de uma criança?", "Como vou acompanhá-lo em suas aventuras?". Ser mulher é estar sempre disponível para gozar da vida junto a seu parceiro. O filho representa a privação do seu corpo, da sua liberdade, da sua "vida boa". A posição d'A mulher constrói um obstáculo ao ser mãe contudo, ao mesmo tempo, ela não consegue se decidir por uma vida sem filhos. Maria revela que não uma equivalência entre o desejo de ter um filho e o desejo de ser mãe. A maternidade é colocada como algo da ordem da privação e a criança como aquela que tudo rouba da mãe, seu tempo, sua vida profissional, sua beleza, seu parceiro, seu corpo.

Soler (2003) situa a inibição como um dos sintomas inéditos da mulher contemporânea. A emancipação que multiplica as possibilidades da mulher, permitindo que ela se determine por seus anseios, por sua escolha de trabalhar ou não, de se casar ou não, de ter ou não filhos, quando ela quiser, se quiser, do modo como quiser, com quem quiser, faz surgir o drama da inibição não mais unicamente do lado masculino. Segundo a psicanalista, nos dias atuais, aquilo que não é interdito torna-se quase necessariamente obrigatório e assim encontramos hoje nas mulheres o mesmo recuo diante do ato que encontrávamos nos homens obsessivos. Elas hesitam diante de decisões fundamentais e o homem e a criança, desejados, são eternamente procrastinados. É esta questão que conduz Maria, como outras mulheres, a uma demanda de análise.

A equivalência apontada por Freud entre o pênis e o bebê nem sempre é o que se verifica. Para certas mulheres, como é o caso de Maria, para ser mulher é necessário recusar ser mãe. Ela deseja ser mãe, o anuncia a todos, no entanto há sempre um obstáculo que impossibilita a gravidez: primeiro, a indecisão, depois a incapacidade de engravidar sem nenhuma razão orgânica. A recusa inconsciente da maternidade realiza, neste caso, a disjunção entre a mãe e a mulher.

Uma insatisfação e um mal-estar em relação a seu casamento, seu trabalho e seu corpo exibem-se em uma certa falta de cuidado e destrutividade que, segundo Joana, estiveram presentes desde sempre. Logo na primeira sessão, Joana revela que há uma indecisão em sua vida quanto a ter ou não filhos e na medida em que a idade avança esta questão a atormenta. Pouco tempo após procurar a analista, Joana engravida. A gravidez será vivida com muita estranheza, a criança em seu ventre, sentida como um corpo estranho, ameaçador e inquietante. Fantasias de morte e de que a criança nasceria com alguma deficiência grave a invadem. A narrativa das outras mulheres que descreviam a gravidez como um tempo de plenitude a enchem de incredulidade e culpa. Solano-Suarez (2014) afirma que, para certas mulheres, a criança é vivida como um objeto íntimo que não pode ser reconhecido na interioridade que concerne a mãe enquanto sujeito e é sentida como objeto externo, estrangeiro. Neste caso, a criança representa para a mãe uma parte rejeitada dela mesma. É ela que se vive então como estrangeira, desalojada e fora de si, aspirada por um buraco. Assim ocorre com Joana, presa a um sofrimento sem limites.

Após o nascimento, os cuidados com o bebê se sucedem de modo mecânico. "Entrei em uma rotina extenuante dos cuidados. Mas não consigo brincar com ela, sorrir, conversar". Joana cumpre a função de cuidado imputada à mãe e esperada por todos, entretanto ela faz coincidir demanda e desejo. A satisfação da necessidade aparece como engodo no qual a demanda de amor é esmagada. Neste caso, uma compulsão com o alimento se instala. Não será a criança que irá recusar o alimento para faz surgir o que está para além da demanda, o desejo do Outro, como assinala Lacan (1957-1958/1998) acerca da anorexia infantil, mas Joana que iniciará uma prática bulímica que representa o naufrágio da realização do ideal do sujeito através da irrupção do real pulsional na cena do ideal.

A ausência de um sentimento amoroso em relação à filha e a interpretação de uma certa indiferença da parte dela - "ela sempre sorri para a tia, jamais para mim" - são vividos como uma falta que anula os atributos maternos e conduzem a uma espécie de derrisão subjetiva. Joana revela a dificuldade e a dor de não ser embalada pela alegria de estar grávida, pelo nascimento e pelo amor em relação à criança. A tentativa de subjetivar algo do feminino na maternidade não se realiza e ela afunda no sofrimento. A análise lhe permitirá concluir que ser mãe para ela não estava separado de uma interrogação acerca da sua feminilidade e da sua relação com sua própria mãe.

 

Considerações Finais

A maternidade frequentemente é situada na ordem fálica, a criança sendo em geral enviada à equivalência freudiana criança-falo. A presença da criança, por meio dessa equação simbólica, viria tamponar a falta fálica. Conhecemos os destinos propostos por Freud para o

Édipo feminino - a maternidade seria aquela que abriria o caminho à feminilidade (Freud, 1933/1969). Decepcionada pela mãe, a menina volta-se para o pai na esperança de ter o falo. O feminino e a histeria encontram-se na mesma lógica do desejo - a menina dirige-se ao pai como aquele que detém o falo desejado, pedindo-lhe que a libere da sedução materna. Para Freud, maternidade e feminilidade se confundiriam na equivalência entre a criança e o falo como resposta à castração. A criança, destinada a preencher a falta a ser da mãe, pareceria tecer um véu sobre a castração materna. Lacan (1969/2003) acrescenta que a criança, como objeto real, faz uma função de tampão e impossibilitaria o acesso da mãe à sua verdade. É uma outra face da maternidade que se dá a ver e que, ao invés de encobrir a castração, exibe seu furo, o impossível recobrimento do real pelo simbólico, desenhando uma face de sombra da maternidade. As modulações do desejo de ter um filho e sua particularidade nas mulheres hoje só podem ser abordados interrogando-se o recobrimento da maternidade pela lógica fálica e as diferentes posições em relação à criança e os impasses próprios a cada mulher nesta relação.

 

Notas

(1) Os dados estão na pesquisa Censo Demográfico 2010 - Famílias e domicílios - Resultados da Amostra. Disponível em http://censo2010.ibge.gov.br/resultados.html Acesso em 20 de novembro de 2015.

(2) Refiro-me à expressão de Lacan (1970/2003a) em "Radiofonia".

 

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Recebido em: 22/11/2016
Aprovado em: 06/02/2017

 

 

* Trabalho realizado graças ao auxílio da Fapemig concedido para a pesquisa "O que quer a mãe, hoje: um estudo sobre maternidade no século XXI a partir da psicanálise".

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