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Trivium - Estudos Interdisciplinares

On-line version ISSN 2176-4891

Trivium vol.11 no.2 Rio de Janeiro July/Dec. 2019

http://dx.doi.org/10.18379/2176-4891.2019v2p.130 

EDITORIAL

 

Temas atuais em Psicanálise, Saúde e Sociedade

 

Current Topics in Psychoanalysis, Health and Society

 

Temas actuales en psicoanálisis, salud y sociedade

 

 

Betty Bernardo Fuks

Editora responsável

 

 

Em novembro de 2019, comemoramos dez anos do lançamento da revista Trivium: estudos interdisciplinares. Uma boa ocasião para reunir uma série de artigos que contemplam a proposta de ensino e pesquisa do Programa de Pós-graduação em Psicanálise, Saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida. Disponibilizamos, na presente edição, trabalhos interdisciplinares que testemunham a importância da referência teórica à Psicanálise nas organizações sociais e na cultura; artigos que interrogam a subjetividade de nossa época sob a escuta psicanalítica e, finalmente, os que convidam o leitor a retornar a pontos-chave da teoria psicanalítica.

Começo o mapeamento do primeiro bloco de artigos pela tradução de Le travail du film [O trabalho do filme] de Thierry Kuntze, teórico do cinema; um texto que testemunha a relação entre Arte e Psicanálise, como espaço de conhecimentos excludentes diferentes, próprios, embora possam estabelecer, sob certas condições, um campo de diálogo privilegiado. Em seguida, o leitor é convidado a mergulhar no universo da interface psicanálise e político, pelas pesquisadoras Franciana Figueiredo e Perla Klautau: O sujeito à mercê do mercado: desamparo e precarização das relações de trabalho. Trata-se de uma reflexão contundente sobre o paradigma atual de realização profissional do neoliberalismo, o trabalhador-empresa. Em Contrapontos entre Psicanálise e Medicina no Hospital Oncológico, Luzia Rodrigues Pereira e Ana Maria Medeiros da Costa mostram que medicina e psicanálise podem conviver no contexto hospitalar, uma vez que o que escapa à primeira é central na abordagem da clínica psicanalítica. Passamos à discussão atual sobre os efeitos das novas tecnologias de informação e comunicação no sujeito, através da pesquisa de Véronique Donard, que resultou na escrita de Rythmes et NTIC. Sybchronicité du lien, asynchronicité des sujets, e nos inteiramos de que os TICs determinam outro espaço-tempo, no qual os sujeitos desenvolvem uma vida afetiva, econômica e política no cotidiano. Na sequência, Lavor Filho, Rochelly Holanda, Carlos André S. do Vale e Antoniel dos Santos G. Filho, em O homem moderno e o mal-estar na era da informação: um ensaio à luz da psicanálise, estabelecem um estudo interdisciplinar - psicanálise e sociologia - para refletir sobre o lugar das tecnologias e meios de informação na formação subjetiva de nosso tempo.

Alguns dos desafios da clínica psicanalítica na atualidade são abordados num segundo bloco de artigos que destacam o compromisso do psicanalista em ouvir e refletir sobre as mudanças socioculturais do tempo que testemunha, para operar na clínica e fazer avançar a teoria do inconsciente. É o que podemos depreender da leitura dos textos Elas não querem ser mães: algumas reflexões sobre a escolha pela não maternidade na atualidade, de Thassia Souza Emídio e Thaís Gigek e de Em trânsito pelo simbólico: o adolescente e a subjetividade em rede, escrito por Paloma V. Silva e Nuria M. Muñoz. Os dois textos apresentam a leitura psicanalítica de temas bastante discutidos na atualidade e nas mais diversas áreas de conhecimento: maternidade e feminilidade, adolescência e meio virtual.

A importância da amizade entre Freud e Fliess abre o bloco de artigos que abordam a teoria psicanalítica, enfatizando os princípios fundamentais da clínica do particular. Em Amizade, alteridade e o estranho. Joana S. Primo e Miriam Debieux sustentam, de maneira inovadora, que as cartas trocadas entre os dois amigos e colegas serviram de suporte à criação da teoria que coloca o outro como constitutivo do eu. Por fim, encerrando a seção Artigos, o texto de Clarice Medeiros e Isabel Fortes, A dor do luto: perspectivas psicanalíticas, examina especificamente o caráter penoso e dolorido da reação afetiva do luto diante da perda do objeto amado.

Na seção Resenha, o texto de Cristiane Cunha Freire instiga à leitura do livro A psicanálise e os lestes (org. Paulo Sérgio de Souza Jr.) cujos artigos enriquecem as discussões psicanalíticas atuais em torno de demarcações fixas tidas como naturais entre Leste e Oeste, bárbaros e civilizados, colonizados e colonizadores - temas controversos da atualidade e da história da humanidade. O comentário crítico de José Maurício Loures sobre a exposição de Ai Weiwei - Raiz no Rio de Janeiro, mostra que a obra do artista chinês ressalta o potencial de liberdade e de crítica da arte - um dos passos mais efetivos para transformar e doar mais dignidade ao momento atual.

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