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Trivium - Estudos Interdisciplinares

versão On-line ISSN 2176-4891

Trivium vol.12 no.spe Rio de Janeiro set. 2020

 

ARTIGOS

 

A histeroistória ou a histoeria ontem e hoje

 

The hysterohistory or the histoeria yesterday and today

 

La hysterohistoire ou la histoérie hier et aujourd'hui

 

 

Vera Pollo

Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise, saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida - UVA. E-mail: verapollo8@gmail.com

 

 


RESUMO

O presente texto parte da constatação da proximidade gráfica entre história e histeria e aborda brevemente a história da histeria, defendendo a ideia de que ela está tão viva quanto antes. Faz a crítica da concepção de "fraqueza moral da histeria", proposta por Janet, trabalha com as elaborações de Lacan acerca do discurso da histeria e com a leitura de autores contemporâneos que a colocam em uma posição limite do ponto de vista da civilização, ou que a aproximam do diagnóstico de borderline. Analisa a inquietante proximidade entre o discurso da histeria e o da ciência.

Palavras-chave: HISTERIA; HISTÓRIA; SINTOMA; DISCURSO; LAÇO SOCIAL.


ABSTRACT

This paper begins by testifying the graphic proximity between history and hysteria. It approaches briefly the hysteria history, enduring the idea that she is so alive as before. It does the criticism of Janet's conception of the hysteria "moral weakness", develops Lacan's elaborations about hysteria discourse and the lecture of nowadays authors who state that the hysteria is in a limit position from civilization's point of view, or who considers she is near to the borderline diagnosis. The paper analyses the proximity between hysteria discourse and science.

Keywords: HYSTERIA; HISTORY; SYMPTOM; DISCOURSE; SOCIAL TIE.


RÉSUMÉ

Ce texte commence par la constatation de la proximité graffique entre histoire et hystérie. Il traite brièvement l'histoire de l'hystérie, en prônnant l'idée qu'elle est vivante comme avant. Il fait la critique de la concéption de Janet d'une « faiblesse morale » de l'hystérie, travaille avec les élaborations de Lacan sur le discours de l'hystérie et avec auteurs contemporains qui placent l'hystérie dans une position limite du point de vue de la civilization, ou qui pensent qu'elle est proche du diagnostique de borderline. Il fait l'analyse de l'inquiétante proximité entre le discours de l'hystérie et celui de la science.

Mots-clés: HYSTERIE; HISTOIRE; SYMPTOME; DISCOURS; LIEN SOCIAL.


 

 

Quando Lacan decide fazer dos vocábulos história e histeria uma só palavra, entendemos que, para ele, tamanha vizinhança gráfica não seja casual, esconde-se aí uma implicação máxima, talvez uma imissão conceitual. Que não haja histeria sem história, este parece ser um saber de longa data - histéricos são contadores de histórias, dizem até mesmo os leigos - , mas talvez não se possa dizer o mesmo, se o ponto de partida for a história. Ora, será que não há história sem histeria? Perceberia um não psicanalista o laço social implícito no ato de se contar uma história? Como desenvolver essas indagações?

 

 

Não chega a ser uma novidade dizer que a psicanálise advém do feliz encontro de dois desejos: o desejo de Freud e o das primeiras histéricas que lhe foram encaminhadas. Em 1964, Lacan1 o deixou bem claro: dois desejos se podem encontrar em um mesmo objeto, se o desejo de um toma como objeto o desejo do outro. Eis, então, como teve início a história do laço analítico: Freud desejava saber o que querem as histéricas, como se formam seus sintomas. Pouco depois, em carta a Fliess2, relatava sua descoberta de que a verdade factual se confunde facilmente com a verdade desejada. Por meio de seus sintomas, as histéricas freudianas, as primeiras "bocas de ouro" da história da psicanálise, como chegou a dizer Lacan3, queriam saber o que faz um pai e o que quer uma mulher. Em outros termos, indagavam como separar desejo e gozo.

Em 17 de maio de 1976, Lacan (2001/2003, p. 567-569) redige seu Prefácio à edição inglesa do Seminário 11, no qual escreve: "Agora, ou seja, no crepúsculo, introduzo minha pitada de sal feita de histoeria [hystoire], o que equivale a dizer de histeria", e repete algo que ele já havia escrito, ou seja, que foi uma mulher paranoica, a sua Aimée, quem o conduziu até Freud. Lacan nos dá a entender que, juntos, Marguerite Anzieu4 e ele haviam entrado em uma forma de laço social chamada "discurso da histeria", em que um toma a palavra para que o outro faça disso um saber. O que significa dizer não apenas que 'discurso da histeria' e 'sintoma histérico' não são termos equivalentes, mas também - o que é, sobretudo, inovador - que até mesmo um sujeito psicótico pode ocasionalmente frequentar o discurso da histeria.

Então, dez anos depois de lançar a máxima "o analista só se autoriza por si mesmo"5, ele agora parafraseia a si próprio: "o analista só se historisteriza por si mesmo". Por que isso? Antecipemos uma primeira resposta: há que se tomar a palavra, contar histórias, fabricar narrativas e relatos, não há outra forma de enfrentarmos o real do trauma. A palavra implica o Outro, campo da linguagem, o qual subsiste quando habitado pelos outros, seres encarnados.

Um pouco de história da histeria para começar. Se já não fosse suficientemente distante no tempo datar o início do diagnóstico de histeria em 360 a.C., no diálogo Timeu de Platão, houve quem o fosse procurar ainda mais longe. Em 1986, a psiquiatra francesa Étienne Trillat publica sua "História da histeria", asseverando que podemos localizá-la em papiros egípcios de mais de dois mil anos antes de Cristo, quando o significante 'histeria' era associado principalmente ao significado de "sufocação da matriz".

No primeiro, ou seja, em Platão, encontramos a interpretação do útero como o animal ávido de alimento que erra pelo corpo da mulher, na ânsia de produzir filhos. Insaciável, ele produz pressão no peito, falta de ar, sensação de sufocamento e tremores. Nas palavras da psiquiatra-historiadora: "a histeria perdeu seus trajes ridículos e estranhos, deixou de lado o atrativo e o charme". Segundo ela, a história da histeria teria sido a de uma redução no sentido culinário do termo, ou seja, a evaporação que acompanha a transformação do preparado. "Na verdade", prossegue ela,

O interesse por essa personalidade não é novo: uma a uma, bruxa, vaporosa, criatura sensível, delicada e sonhadora, mas igualmente caprichosa, extravagante, imprevisível, mentirosa quando necessário, mitômana, lúbrica e perversa: conforme a época e o humor dos autores, por falta de sintomas, revestiu-se a histérica de atributos.

E, então, conclui: "A histeria está morta, isso é claro. Ela levou consigo seus enigmas para o túmulo" (TRILLAT, 1986/1991, p. 284).

Entre a interpretação platônica da histeria e a da psiquiatra contemporânea que lhe decretou a morte, muitas outras interpretações surgiram e a variedade é tamanha, que beira eventualmente as raias da contradição. Pois, se houve quem dissesse que a histérica seria uma mulher mais mulher que as outras por sua sensualidade, houve também aqueles que a consideraram uma criança quase completamente alheia ao sexo. Além destes, existiram também, e ainda existem, os que se ocupam em distinguir a 'pequena nuance' que separa a histeria da ninfomania; e aqueles que decidiram aplicar-lhe o "tratamento moral", afastando-as do sexo e dos homens.

Em seu livro A gênese dos conceitos freudianos, Paul Bercherie (1991) menciona Pierre Janet (1859-1947), contemporâneo de Freud, que chegou a postular uma "abulia histérica", caracterizada pela fraqueza psíquica, preguiça mental ou covardia de viver. Forjou as expressões "psicastenia" e "delírio psicastênico", em que se percebem resíduos da influência de Charcot, principalmente no destaque ao "delírio de ação" como ponto terminal do grande ataque. Janet agiu como um filósofo, pontuou Lacan, sem atentar para o fato de que as lesões nos pés de Madeleine - paciente que ele acompanhou por tantos anos - surgiam sempre na mesma data, a saber, a da Paixão de Cristo, e sem tampouco procurar esclarecer os êxtases de Madeleine ou suas "imobilidades felizes", ignorando o fato de que já não se estava na Idade Média. Para ele, sua paciente era, sobretudo, débil, como o são as crianças, os retardados e os povos primitivos. Embora tenha chegado a enunciar que "todo aquele que se ocupa das histéricas nunca mais é um homem comum", decidiu que o método de tratamento que lhes convinha era a "direção de consciência". E Lacan (1953/1998, p. 306) não se furtou a interpretar o psiquiatra que rivalizava com Freud, enunciando a propósito das concepções de Janet: "Eis que somos pensadores novamente, eis restabelecidas as distâncias que é preciso guardar com os pacientes."

A psiquiatria, já o dissemos, decretou a morte da histeria, porém não sem antes outorgar-lhe diferentes nomes, o que é no mínimo curioso. No livro de Trillat, pode-se ler que ela se deixou substituir pelo que hoje denominamos "doença psicossomática". Não é esta, no entanto, a opinião dos psicanalistas de orientação lacaniana, que enfatizam a diferença entre o sintoma histérico, portador de uma mensagem cifrada e de um gozo fálico, e o fenômeno psicossomático, que pode emergir em qualquer estrutura clínica, portando um gozo enigmático e ausência de mensagem inconsciente.

No CID-10, encontramos a histeria sob a denominação de transtorno somatoforme e mais algumas, ou seja, esfacelada. No próprio campo psicanalítico, houve quem dissesse que "não se fazem mais histéricas como antigamente". Duvidou-se da sobrevivência do grande ataque. Até mesmo Lacan, em certo momento, chegou a pensar que se havia apagado o que, no século XIX, era chamado de "teatro ou circo da histeria" e que a difusão cultural do discurso analítico seria responsável por esse apagamento, por ter restituído sua verdade à histeria. Tudo indica que houve, nesse ponto, um pequeno equívoco de Lacan, já que o grande ataque permanece tão vivo como antes, embora não chegue, ao menos com frequência, aos consultórios de analista. Hoje, os sujeitos que sofrem do grande ataque dirigem-se preferencialmente aos hospitais e aos ambulatórios de neurologia.

Na esteira de Freud, como sempre recordamos, Lacan irá abrir o Seminário de seu décimo sétimo ano de ensino - O Seminário, livro 17: o avesso da psicanálise - com a assertiva de que a histérica banca o homem, de que ela é capaz, tanto quanto o homem, de bancar o todo fálico. Por um lado, o que lhe interessa é permanecer como "precioso objeto de discurso", por outro lado, "ela quer que se saiba que a linguagem derrapa na amplidão daquilo que ela, como mulher, pode abrir para o gozo" (1969-70/ 1992, p. 32). Fato é que a histeria é o único tipo clínico no qual, segundo Lacan, é possível demonstrar claramente a incidência da linguagem sobre o corpo. O sintoma histérico demonstra a junção do sexual com o significante. Por isso mesmo, o sintoma fala e pode ser dito 'fálico', conforme uma das respostas de Lacan em Radiofonia, segundo a qual o falo é o ponto de mito em que o sexual se faz "paixão do significante" (LACAN,1970/ 2003, p. 416).

Para quem se lembra do sintagma freudiano "a anatomia imaginária da histeria", não é difícil compreender por que Lacan afirma que falar em "corpo simbólico" não é fazer metáfora. O corpo do ser falante é tão constituído de organismos, no sentido estritamente fisiológico, quanto de frases e palavras muito precocemente ouvidas e gravadas; todavia, além ou aquém do sintoma, mas certamente independentemente dele, a histeria é único tipo clínico que faz laço social.

Quanto Lacan formula o discurso da histeria, em 1969, e assinala a histericização como necessária à entrada em análise de qualquer sujeito, subentende que o sujeito não necessita ter um sintoma conversivo, nem mesmo a estrutura histérica, para entrar no discurso histérico, ou seja, que o discurso histérico como os demais, aliás, que nem são tantos -pois são apenas mais três - é uma maneira de ordenar o gozo acessível aos sujeitos de diferentes estruturas clínicas. A causa de gozo é colocada no lugar da verdade, enquanto o semelhante humano, o outro, é colocado no lugar do mestre que detém um saber sobre a sua verdade. Se não, vejamos.

O que são os discursos lacanianos? Eles são uma teoria da cultura, disse Lacan em 1975, nos Estados Unidos. Conjugando-se com os discursos do mestre, do analista e da universidade, o discurso histérico compõe, assim, o quarteto discursivo que, nas palavras de Lacan, exaure todas as possibilidades de convívio ou laço social, uma vez que o discurso do capitalismo6 nada mais é do que uma corruptela do discurso do mestre. Mas Lacan também fala algumas vezes em discurso da ciência e, sempre que o faz, o aproxima bastante do discurso histérico, chegando mesmo a dizer, numa dessas ocasiões que são o mesmo. Acredito que se trata aí de outra forma de enfatizar a incidência do discurso histérico sobre o saber e sobre o real.

Em 2012, Colette Soler comenta que o laço social histérico é trans-histórico, não se modifica com a passagem do tempo. O que se modifica é o parceiro da histeria, o significante-mestre, também chamado de significante do ideal. E Colette (2012/2016, p. 80) lembra não apenas a afirmação de Lacan (1975, Joyce, o Sintoma) de que "toduomem tem direito a isso" [a histeria], como seus diagnósticos de que Sócrates teria sido o "histérico perfeito" e Hegel, "o mais sublime dos histéricos". Segundo ela, a histeria de Sócrates, ou sua maiêutica se assim preferimos, diferentemente das indagações das jovens histéricas freudianas, não se teria conjugado à questão da feminilidade. Assim procedendo, a histeria de Sócrates ensinar-nos-ia que a fórmula da questão histérica não é exatamente "O que é uma mulher?", porém, precisamente: "O que é o sintoma do outro corpo?". Logo, a histeria não é, por essência, nem homo nem heterossexual, menos ainda feminina, uma vez que no triângulo histérico socrático há três homens: o próprio Sócrates, Alcebíades e Agatão.

Talvez seja justamente este o motivo pelo qual encontramos tantas visões contraditórias no decorrer da história da histeria e tanto antagonismo no que tange à aceitação de seus sintomas. Explico-me melhor: enquanto alguns decretam a morte da histeria, outros a consideram uma modalidade de laço que deve ser buscada, inclusive uma meta a ser alcançada, por ser um laço mais 'saudável' ou socializável, paradoxalmente mais civilizado do que o laço do mestre e o do universitário. Ele é, igualmente, um laço menos restrito que o analítico. Além disso, como dissemos acima, o gozo é colocado no lugar da verdade a ser desvelada. "A histeria", diz também Colette (Idem, p. 54), "é um discurso do gozo e clinicamente um eminente sujeito do desejo", mas o desejo é um falso laço social; nele, o parceiro do sujeito é, na verdade, o objeto de sua própria fantasia. Os discursos são laços sociais porque são ordenadores do gozo, sem os quais não há convívio.

Os anos vão passando e os psicanalistas se vão pronunciando. Cito alguns. Em 1984, Bleichmar define o sujeito histérico pelo epíteto de "sujeito da esperança", pois:

Quando Lacan propõe o retorno a Freud e sustenta o imperativo de contemplar a ordem simbólica na qual o sujeito se inscreve, a histérica vê renovadas suas esperanças de ser compreendida, sobretudo se a proposta inclui a explicação de por que a histérica sempre tem esperança.

Em 1988, Catherine Millot evoca a figura lendária de Marilyn Monroe e desenvolve sua tese, segundo a qual:

Por sua posição no limite, a histeria em nosso século preenche talvez a função de proteção de nossa civilização. Por sua resistência à pretensão ao universal do falicismo, que ela manifesta à guisa de subtrair-se desse lugar, assumindo encarnar o que não se deixa reduzir ao falo, a histeria valoriza o que não poderia ser eliminado sem levar ao pior. Às vezes dramaticamente identificada com o que o simbólico não contabilizou, ela pode ser tentada a encarnar, até o sacrifício supremo, a verdade que nossos tempos modernos ameaçam foracluir.

Ao longo dos anos 1990, Slavoj Zizek, Jaques Alain Miller e Jean-Baptiste Pontalis consideram que devemos reconhecer nos chamados fenômenos borderline a forma contemporânea da histeria. Para Zizek, o histérico-pequeno-burguês seria o traidor da burocracia totalitária, por não corresponder ao apelo burocrático de renúncia ao desejo e à subjetividade. Parece-me, no entanto, que Zizek cai em certa oscilação, porque, ao mesmo tempo em que reconhece no sujeito histérico aquele que luta contra o advento do Homo psychologicus, esta redução da dimensão subjetiva à vivência imaginária, ele também sustenta a tese de que a histeria é "o efeito e testemunho de uma interpelação malograda" (apud POLLO, 2003/2016, p. 142).

No segundo caso, a histeria seria a resistência do sujeito, sob a forma de incapacidade a satisfazer a identificação simbólica e assumir sua missão no mundo. O que não se poderia dizer, a meu ver, de Bertha Pappenhein, nossa querida Anna O, nem de tantas outras, como por exemplo, de nossa Chiquinha Gonzaga, que colocou seus admiradores a debaterem se era lícito ou não feminizar o vocábulo maestro; ou ainda - por que não? - na ocasião em que Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, do debate sobre a possibilidade de falarmos em "presidenta", em vez de "a presidente". Não creio que se tratasse de incapacidade em satisfazer uma identificação simbólica, mas justo o contrário.

Não existe histérica desatualizada, concluiu Lacan mais para o final de seu ensino, produzindo nessa ocasião uma analogia deveras inspiradora: "Uma vez preenchida toda a página", disse ele, "a histérica prova que é possível escrever no verso, e até em outra página, porque ela hoje é logicista" (raciocina com as regras da lógica). Ao fazer parceria com os significantes mestres de determinada época e lugar, os histéricos deixaram que se percebesse que o significante não é idêntico àquele que o encarna, seja ele o mestre, o pai, ou ainda o Homem com maiúscula, produto feito tão somente de imaginação.

A questão que me fica diz respeito justamente à cumplicidade do discurso histérico com o da ciência, sobretudo pela dupla face deste último. Um cientista, conforme nos ensina Lacan, sabe do que é capaz, mas ele pode não saber o que quer. Nessa medida, ele pode desconhecer completamente as consequências de sua invenção e/ou descoberta, o que pudemos constatar a respeito da bomba atômica. Operando por meio do simbólico, mas desconsiderando o imaginário, o cientista obtém uma reposta do real, que é da ordem do saber, mas não, necessariamente, da ordem do 'humano', no sentido do laço social.

 

Notas

1 Tal como se pode ler nas respostas ao debate incluído no fim do primeiro capítulo do Seminário, livro 11, intitulado "Excomunhão".

2 efiro-me à famosa carta 52 da Correspondência Freud-Fliess, também chamada "Carta do Equinócio".

3 Se não me engano, no decorrer do Seminário, livro 17: o avesso da psicanálise.

4 O verdadeiro nome da Aimée de sua tese de doutorado "Da psicose paranoide em suas relações com a personalidade".

5 A qual se encontra em sua "Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola".

6 Acrescentado por Lacan em uma Conferência pronunciada em Milão, em 12 de maio de 1972.

 

Referências

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