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Trivium - Estudos Interdisciplinares

versión On-line ISSN 2176-4891

Trivium vol.14 no.spe Rio de Janeiro abr. 2022

 

OS DISCURSOS E AS CAUSAS

 

Nostalgia do Pai

 

Father's nostalgia

 

Nostalgia del padre

 

 

Ana Maria Rudge

Psicanalista. Docente do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Psicanálise, Saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida. Pesquisadora 1D do CNPq, da FUNADE e da Rede Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. E-mail: amrudge@outlook.com

 

 


RESUMO

Retomam-se alguns dos principais trabalhos em que Freud mostra que os conceitos da psicanálise, formulados a partir da prática clínica, são potentes para a abordagem dos fenômenos sociais, e para a crítica social. A noção de alienação em Piera Aulagnier é valorizada como uma contribuição da psicanálise em que o sujeito do ideal e as ideologias do ponto de vista social são contemplados.

Palavras-chave: grupo, desamparo, idealização.


ABSTRACT

Some of the main works in which Freud shows that the concepts of psychoanalysis, formulated from clinical practice, are powerful for the approach of social phenomena, and social criticism. The notion of alienation in Piera Aulagnier is valued as a contribution of psychoanalysis in which the subject of the ideal and ideologies from a social point of view are considered.

Keywords: group, helplessness, idealization.


RESUMEN

Retomamos algunos de los principales trabajos en los que Freud muestra que los conceptos del psicoanálisis, formulados desde la práctica clínica, son poderosos para el abordaje de los fenómenos sociales y para la crítica social. Se valora la noción de alienación en Piera Aulagnier como un aporte del psicoanálisis en el que se contempla el sujeto del ideal, y las ideologías desde un punto de vista social.

Palabras clave: grupo, desamparo, idealización.


 

 

"Psicologia das massas" é o texto em que Freud detalha a importância da identificação na constituição do eu. Como a identificação é o processo pelo qual o eu se constitui, este pode ser considerado um histórico das relações com pessoas e grupos importantes pelos quais cada indivíduo transitou. Os conflitos psíquicos não são apenas entre as pulsões e as normas da cultura. Muitos dos conflitos psíquicos se darão entre identificações contraditórias e, consequentemente, entre diversas partes e ideais do eu.

O ponto mais conhecido e citado do texto "Psicologia das Massas e Análise do Eu", é aquele no qual Freud (1921) reivindica claramente o estatuto de ciência social para a psicanálise, ao questionar, desde o início, que haja alguma psicologia individual em sentido estrito. Os laços com os outros, que são fenômenos sociais, constituem o campo da prática e da teoria psicanalíticas. "De fato, todas as relações que foram até então o tema principal da pesquisa psicanalítica podem ser consideradas fenômenos sociais" (Freud, 1921, p. 69). Esse é um ponto com o qual Lévi-Strauss concordará integralmente:

Estas audácias relativamente à tese de Totem e Tabu e as hesitações que as acompanham são reveladoras. Mostram uma ciência social como a psicanálise – porque é uma delas – ainda flutuante entre a tradição da sociologia histórica... e uma atitude mais moderna e cientificamente mais sólida, que espera da análise do presente o conhecimento de seu futuro e de seu passado (Lévi-Strauss, 2012, p. 537).

Freud interpretará a estranha forma de funcionamento do grupo descrito por Le Bon, utilizando sua descoberta sobre o inconsciente: as pulsões habitualmente recalcadas surgem indomadas na massa.

A importância assumida pelo líder nas massas nos remete à importância do que Freud chama Pai e, no texto de 1921, "Outro" com maiúscula, que desempenha papel fundamental na primeira identificação. Para Assoun, essa grafia já antecipa Lacan, na medida em que, além da relação individual com o outro, supõe "uma relação permeada pelo coletivo" (Lindenmeyer, 2018, p. 432).

O apelo ao Pai remete a uma descoberta e a um sintagma freudiano que tomei como título: A nostalgia do Pai. Na 2ª edição de Interpretação dos sonhos, o livro mais valorizado pelo autor e esteio de sua confiança na própria obra, acrescentará um prefácio revelador. Tendo seu pai falecido quatro anos antes da publicação do livro, dirá que:

Este livro tem uma outra significação subjetiva para mim – uma significação que só percebi depois de terminá-lo. Era, descobri, uma porção de minha própria autoanálise, minha reação à morte de meu pai – isto é, ao evento mais importante, à perda mais pungente na vida de um homem (Freud, 1975/1900, p. XXVI).

 

 

A nostalgia do Pai terá uma posição central em toda a construção da teoria psicanalítica. O apelo ao Pai continuará mostrando seu vigor e seu caráter necessário através da existência e importância da religião como elemento central das mais diversas culturas. A própria diversidade das religiões, entretanto, mostra o caráter necessariamente falhado dessa busca por Deus como ponto de apoio para o sujeito (Maleval, p. 74). O fundamento da religião é o desamparo do ser humano face à angústia e o sofrimento, desamparo que na infância, em que o infante era totalmente dependente para sobreviver, foi acalmado pela presença de um pai.

Estamos sempre sujeitos a sermos remetidos ao desamparo e à angústia, por nosso corpo vulnerável à dor, a doenças e à morte, por outro ser humano, ou pela natureza. A pandemia, tão surpreendente e assustadora, que enfrentamos, imprevisível para a maioria, invocou o reconhecimento da nossa vulnerabilidade ao desamparo e à angústia, apesar dos recursos que a cultura nos provê. A ciência, minorando os efeitos da pandemia e permitindo a esperança de tempos mais amenos, mostra a cultura em seu papel de amparo contra o desamparo, mas a enorme de perda de humanos pelo vírus, e as milhares de famílias podadas de seus queridos, ilustram o desamparo como algo de inarredável na existência humana.

O lugar do Pai está em destaque no mito freudiano do assassinato do Pai da horda pelos filhos reunidos, no qual vigora a lei do mais forte. Seu assassinato pelos filhos reunidos é o passo fundador da cultura, da religião, das leis e da moralidade. Depois de morto, o Pai tirano é idealizado e seu triste destino instaura no coração dos filhos o remorso. "O Pai morto se torna mais poderoso que quando era vivo", pois sua morte instaura as leis de proibição do incesto e do assassinato do animal totêmico que o representa.

Esse papel do Pai morto na transformação da horda primeva em organização social é o que permite a formulação freudiana de que a massa é a transposição idealista da horda. É o pai morto que sustenta as normas sociais, representadas no mito pelas proibições do incesto e de matar o animal totêmico, primeira forma de Deus e do Supereu.

Antes da idealização do Pai, não há moralidade alguma. O bebê é inteiramente amoral, e só a partir de receber do Outro a linguagem e as experiências pulsionais é que poderão surgir os ideais do eu. A moralidade será concebida como sustentada em ideais do eu, que têm sua origem na cultura, da qual os pais são porta-vozes, mas que também apresentam aspectos singulares, visto que carregam traços pulsionais da infância de cada um.

Não esqueçamos que a psicanálise acentua a extrema insuficiência do infante para a sobrevivência, inclusive sua total amoralidade ao nascer, abrindo espaço para a importância da cultura, e para a extrema diversidade entre as culturas. Todos os valores têm sua origem nas experiências com o Outro, porta-voz da cultura.

O mito científico sobre a origem da cultura foi concebido por Freud a partir da clínica das neuroses, de sua descoberta da sexualidade infantil e do Complexo de Édipo. Sua construção apoiou-se não apenas no que foi apreendido a partir do atendimento clínico dos neuróticos, mas também da própria análise que se deu através da transferência a Fliess e da escrita de seus sonhos e do trabalho de interpretação sobre eles. Interpretação dos sonhos é o livro em que seus sonhos e sua análise são expostos e, a partir de tal experiência, a teoria do sonho como via régia para o inconsciente é construída.

Não faltaram críticas ao mito freudiano do assassinato do Pai, especialmente de antropólogos, como Kroeber (1952/1920) que, em "Totem e Tabu: uma psicanálise etnológica" (1920), critica o psicanalista por suas adivinhações sobre o passado da humanidade, especialmente sobre a origem do totemismo. A suposição de que Freud considerasse que o assassinato do Pai primevo como um fato efetivamente ocorrido foi um dos equívocos em que incorreram os antropólogos, e que emana de uma incompreensão sobre a especificidade epistemológica da psicanálise. O próprio Freud chamou a narrativa de sua autoria de "mito científico". Não supôs algo efetivamente ocorrido no passado e herdado, mas uma estrutura que, de formas singulares, se apresenta novamente na infância de cada um, como a clínica lhe demonstrou.

Mito significa uma narrativa fantástica. O mito da horda primeva foi qualificado por Freud de científico, porque expressa uma verdade sobre o humano; mas não algo que ocorreu como tal, "é a projeção na pré-história de uma fantasia recolhida na escuta dos neuróticos" (Maleval, 2009, p. 77), e não um assassinato real como origem do tabu do incesto.

Por que iniciar um texto sobre Psicologia das Massas voltando a Totem e Tabu? Porque o Pai mítico assassinado de Totem e Tabu sempre ameaça ressuscitar, representado por um totem ou por um líder idealizado. A busca da proteção de um pai se manifesta na eleição de um líder que possa prover às pessoas certo conforto em face da angústia ligada ao desamparo estrutural que se atualiza inevitavelmente em diversos momentos da vida de cada um.

Em seu livro "Futuro de uma ilusão", Freud remeterá a religião à necessidade de tornar o desamparo tolerável. Ante o mesmo, apoiando-nos nas memórias de como o adulto nos protegeu no desamparo infantil, recorremos à Providência divina. Portanto "a nostalgia por um pai é um motivo idêntico à necessidade de proteção contra as consequências de sua fraqueza humana" (Freud, S. p. 24). Além de trazer alívio em relação à perspectiva da morte, que significaria a passagem para outra forma de existência, os valores morais são apoiados pela crença em que o bem é recompensado e o mal punido; se não aqui, em outra existência. O pai está envolto na ideia de Deus.

Em "Psicologia das Massas", o grupo é definido como um número de pessoas que têm, ligando-as entre si, laços libidinais. Esses laços são especialmente de identificação, sendo a identificação o mais antigo laço amoroso. Apoiado em Le Bon, Freud descreve a massa como um fenômeno em que os traços singulares de cada um tendem a desaparecer, e aquilo que é homogêneo fica inflacionado. Além disso, surgem novos traços: na massa cada um se sente poderoso e capaz de atos que não ousaria sozinho. O grupo, devido ao contágio e à sugestionabilidade aumentados, é emotivo, irritável, impulsivo, e sua formação permite uma liberação do recalque, um aflorar das pulsões.

As privações que a cultura requer do ser humano recaem sobre as pulsões, especialmente os desejos pulsionais de incesto, e de matar. É em razão da culpa por ter assassinado o pai do mito que os filhos o idealizam, simbolizam no totem e sustentam a religião, sendo o Totem uma primeira versão de Deus e do que depois será formulado como Supereu.

Mas há uma modificação de ênfase entre o mito da horda e "Psicologia das Massas". O desejo inconsciente que mobiliza a massa é o de um líder a quem obedecer. É disso que depende a massa, mais do que do poder e talento de um tirano de subjugar seus seguidores, ou mesmo da culpa por o terem assassinado. A nostalgia do Pai, o único ser verdadeiramente poderoso que todos encontram na infância, já que medido a partir da fragilidade e dependência necessária do infante, está em jogo em toda formação de multidões, torcidas, times, que se unem por identificação. Esse afastamento do modo habitual de ser de cada um dos componentes e a intensa sugestionabilidade ilustrada pelo fenômeno da hipnose, tem então como explicação a transferência e a idealização que, na análise, apresenta-se na figura do sujeito suposto saber.

O líder substitui e repõe a figura mítica do pai, que permite que os membros do grupo se sintam irmanados em sua posição filial. As massas passam a ser consideradas como de natureza libidinal, erótica, familiar. Lastimavelmente, todo esse amor se dá às custas de um mecanismo para evitar a ambivalência, ou ódio a quem se ama. Para se livrar da ambivalência que frequenta qualquer relação amorosa, a massa escolhe um grupo externo, que serve como bode expiatório e receptáculo desta carga de hostilidade. Esse é o mecanismo que está na base de fenômenos tão espantosos como os ataques que torcedores de um time de futebol perpetram contra torcedores de outro time, chegando, não raras vezes, ao assassinato.

O líder de uma massa é idealizado e colocado, por cada um de seus submissos e acríticos liderados, no lugar do próprio ideal do eu. Com isso, Freud, em uma de suas mais importantes contribuições, assinala que, nesse caso, o ideal do eu se eximirá de suas funções, com a consequência de um rebaixamento de senso crítico. No lugar de um esforço envolvido na reflexão ética, é a adesão cega aos códigos de conduta associados ao grupo a que se conformou, e aos proferimentos do líder idealizado é que prevalecem.

Este mecanismo é aparentado ao do amor-paixão, que constrói uma massa a dois. O mesmo efeito de perda do senso crítico se faz presente. O objeto do amor idealizado substitui o ideal do eu. Tudo o que este objeto preconiza é aceito incondicionalmente, e o critério da avaliação moral, de que antes o ideal do eu se encarregava, falha miseravelmente. Tornar-se incompreensivelmente um criminoso sem remorsos, a partir de um encontro apaixonado, pode ser o resultado da dinâmica dessa massa a dois, como na história de Bonnie and Clyde que inspirou o filme dirigido por Arthur Penn (1967).

Sabemos que a nostalgia do pai morto, que se atualiza nos ideais que orientam as massas, pode ter efeitos mortíferos como assassinatos e crueldades perpetradas, em nome de alguma crença religiosa, contra as mulheres e infiéis. Mas, mais do que tomar os aspectos sociais corrosivos da nostalgia do pai morto, que são de grande importância, vale a pena trazer a contribuição de Piera Aulagnier sobre a dinâmica dessas formações grupais de cunho religioso e assustador.

Analisando o estado passional da alienação, a autora isola um estado que corresponde a uma patologia particular do investimento libidinal. Este não supõe uma patologia prévia, como fica claro em fenómenos de massa em que, em minutos, uma nova atitude, aparentemente incompatível com a habitual de cada um, irrompe como comportamento de grupo incompatível com a história de cada um.

Segundo Aulagnier, a tentação por esses caminhos da identificação que implicam delegar o ideal do eu, se dá porque assim se consegue driblar os inevitáveis conflitos entre Eros e Tanatos, assim como os conflitos identificatórios entre eu e ideal do eu. A droga, o jogo, e o parceiro no amor apaixonado, permitem, tal como a submissão ao líder, fugir momentaneamente de todo conflito e angústia.

Quanto ao parceiro na paixão no qual também se deposita seu próprio ideal, esse não é qualquer objeto de amor. É importante, para o entendimento da massa a dois, diferenciar amor e paixão. A diferença não é apenas quantitativa, é qualitativa. No amor, o objeto é de demanda e prazer, já na paixão, é de necessidade.

A alienação do pensamento próprio à ideologia que o outro defende significa desinvestir o próprio projeto e os próprios ideais "o que implica o desinvestimento nada menos do que do tempo futuro em proveito da idealização maciça de um projeto supostamente já realizado pelo outro" (Aulagnier, 1980, p. 13).

Qual o motivo de se alentar o outro? Há sempre um aspecto econômico, de evitação de desprazer. A alienação evita a dúvida e o conflito que estão invariavelmente presentes na tensão entre o eu e seus ideais, com os quais temos normalmente que lidar. O que a alienação busca alcançar é excluir toda a causa de dúvidas, de conflito e de sofrimento, mas às custas de desistir da própria atividade de pensamento, para retomar, como um eco, o que já foi dito ou pensado por outro: uma doutrina, uma ideologia, palavras de ordem repetitivas. Basta a fantasia de que o líder ama a todos com igual amor, para que todos os liderados fiquem seguros e, compartilhando suas certezas, tornem-se irmãos, e desenvolvam hostilidade, quanto aos grupos que não aceitam seu credo, hostilidade que pode atingir grande intensidade.

O ponto de vista de Aulagnier afasta a ideia de que a alienação depende de alguma patologia prévia, tomando-a como um destino patológico dos investimentos libidinais. É um destino no qual, acossado por dúvidas e angústias ligadas a suas escolhas éticas, qualquer sujeito estaria vulnerável. A alienação a um líder, sustentada pela idealização, com a sua contrapartida de intolerância ou ódio ao grupo externo e à diversidade, é uma saída para a angústia pela qual a nostalgia do Pai pode levar a caminhos sombrios, tanto pessoais como coletivos. A Inquisição ou os terrorismos de inspiração religiosa fundamentalista, entre outros horrores, atestam a violência a que a recusa à nostalgia do Pai e o preenchimento deste lugar pela idealização, pode levar.

 

Referências

Assoun, Paul-Laurant, "El sujeito del ideal", in "Aspectos del malestar en la cultura", Manancial, B. Aires, 1987, p. 109.         [ Links ]

Aulagnier, Piera (1980) Los destinos del Placer – alienación amor pasión. Madrid: Ediciones Petrel.

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