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Psicologia Ensino & Formação

versão impressa ISSN 2177-2061

Psicol. Ensino & Form. vol.2 no.1 Brasília  2011

 

RELATOS DE PESQUISA

 

Relato de uma pesquisa avaliativa sobre as contribuições da Psicologia para o Ensino Médio

 

Evaluating research on the contribuitions of Psycology to High School: a report

 

 

Rosane Gumiero Dias da Silva

Universidade Estadual de Maringá. Pós doutora em pedagogia instituicional. rosane_gds@hotmail.com

 

 


RESUMO

Este artigo é parte de uma pesquisa de doutorado, realizada em 2005, que relata uma pesquisa avaliativa após o terceiro ano de inserção da disciplina Psicologia no ensino médio entre os anos 1999 a 2003 em uma escola pública do Estado do Paraná. Vale informar que, nesse período, essa disciplina deixou de ser elencada no novo currículo do ensino médio após a LDB, Lei n. 9.394/96. A inserção que relatamos faz parte de uma decisão singular da escola em elaborar os conteúdos da ciência psicológica para sua população escolar. Nesta pesquisa participaram, como protagonistas, 59 alunos que cursavam a terceira série do referido curso e que responderam a questionários com questões abertas relacionadas às possíveis contribuições que os conteúdos programáticos estudados na disciplina Psicologia haviam dado à sua vida cotidiana. De forma geral, os resultados desta pesquisa revelam que esses jovens se mostraram interessados em seu autoconhecimento, deixando em segundo plano outros assuntos abordados, como, por exemplo, compreender sua estrutura psíquica e saber relacionar-se consigo mesmo e com o outro. Esses resultados podem ser um alerta para nós, educadores, sobre quais conteúdos são considerados importantes para serem ministrados nesse grau de ensino.

Palavras-chave: Disciplina Psicologia. Ensino médio. Pesquisa avaliativa.


ABSTRACT

This article is part of a doctorate research conducted in 2005 which evaluated the insertion of the subject psychology from 1999 to 2003 in a public high school in the State of Paraná. In this period this subject was excluded from the high school syllabus after the LDB, Law nº 9.394/96 was published. The insertion of psychology in the school syllabus was a decision the school board made to elaborate the contents of the psychological science for the students. 59 students who attended the third year of that course answered questionnaires with subjective questions related to the possible contributions that the syllabus studied in the Department of Psychology had favored their everyday life participated in the research. In general, the results of this research show that the students were interested in their self-knowledge first of all, and secondly in understanding their psychic structure or knowing how to relate with themselves and with others. The results indicate to educators which contents are considered important for this grade.

Keywords: Subject psychology. High school. Evaluative research.


 

 

INTRODUÇÃO

A inserção da disciplina Psicologia no ensino médio é uma experiência concreta e inovadora, realizada em parceria com a Universidade Estadual de Maringá - Departamento de Psicologia, por solicitação do corpo pedagógico e administrativo de uma escola pública do Estado do Paraná. Essa inserção foi realizada por meio do projeto de extensão Assessoramento e acompanhamento na implantação da disciplina de Psicologia no ensino médio, iniciado em junho de 1999 e finalizado no ano 2003, tendo como um dos seus objetivos auxiliar a escola na definição e na elaboração dos conteúdos programáticos para essa disciplina.

Após quatro anos de atividades desenvolvidas no ensino médio utilizando o referido projeto, consideramos importante socializar essa implantação para verificar o seu grau de importância e a sua validade no contexto educacional desse grau de ensino, que deve valorizar o desenvolvimento integral dos jovens.

Segundo a Legislação n. 08, do Conselho Federal de Psicologia (1999, p.143), fazem parte das atribuições do psicólogo escolar a criação de "programas educacionais completos, alternativos ou complementares e participar do trabalho das equipes de planejamento pedagógico, currículo e políticas educacionais." Além dessas funções, gostaríamos de acrescentar outras duas delineadas por Del Prette (2002), a assessoria e a implementação de projetos de atendimento às escolas, que constituem funções próprias do psicólogo escolar.

Apresentamos essas questões para reafirmar nossa condição de participantes na elaboração dos conteúdos programáticos da escola, considerando-se que, historicamente, na literatura brasileira, encontramos pouco investimento do profissional psicólogo em propostas educacionais no sentido de participar da elaboração dos conteúdos programáticos educacionais.

 

O LUGAR DA PSICOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

A partir da LDB (Lei nº 9.394/96), encontramos, nos fundamentos filosóficos do ensino médio, a proposição de revolucionar o conhecimento dos jovens, de diminuir as desigualdades sociais e de formar um novo cidadão, mais consciente de seus direitos e obrigações.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio propagam, desde 1996, que o ensino médio é voltado para a vida, terá identidade própria, será autônomo, integrado ao trabalho e às novas tecnologias, o que fará decrescer o individualismo e fazer crescer o trabalho em equipe, ou seja, produzir um novo homem para um novo contexto social, político e econômico - a globalização; um homem novo para velhos problemas sociais - a desigualdade. Como afirmam Heloani e Capitão, "vai-se paulatinamente necessitando de um trabalhador com maiores habilidades, ágil, que saiba lidar com uma nova representação de mundo" (2003, p. 103). Como obter essa qualidade do novo se os problemas sociais e econômicos permanecem os mesmos, se não existem preocupações reais com esse homem?

No entanto, atribui-se à educação o papel, e espera-se que ela o desempenhe, de resolver problemas sociais, criados pela própria herança de um país assentado em bases econômicas desiguais, mas com um discurso de igualdade em seu processo de construção de cidadania, que é pautada na desvalorização do trabalho produtivo em prol dos trabalhos intelectuais. Complementa-nos Novais dizendo que: "no presente, há nítida sinalização de que a alta tecnologia, a modernização acelerada, a globalização perversa desvinculada de uma sólida revisão dos valores humanos não garantem uma sociedade consciente, responsável e mais justa" (2002, p. 93).

Nas palavras de Heloani e Capitão:

Esse princípio de realidade adentra e fere o psiquismo humano, fazendo com que as pessoas se sintam exigidas; o sentimento de impotência e de desvalorização, que leva as pessoas pouco resistentes a degenerar-se rapidamente, avilta de si qualquer potencial humano que pudesse se somar às conquistas da civilização [...] o rompimento de vínculos de relações fundamentais para manutenção e fortalecimento da subjetividade humana desencadeia relações desumanas e aéticas (2003, p. 103-106).

Infelizmente, essa é nossa realidade, frágil nas relações, com somatória de medos e inseguranças em relação ao futuro e com a criação, pela mídia, de uma cultura da juventude que se contrapõe à educação sistematizada.

Por outro lado, a Lei n. 9.394/96 coloca como princípios e fins da educação nacional em seu art. 2º que : "A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho."

Entende a LDB, portanto, que a educação, juntamente a outras ciências e às instituições familiar e estatal, a partir de mudanças na política vigente que rege a lei do trabalho e as oportunidades sociais, poderia e pode auxiliar o educando em seu pleno desenvolvimento.

Entre as finalidades do ensino médio, a LDB rege, ainda, em seu art. 35, inciso III, que é preciso buscar "[...] o aprimoramento [do educando] como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico [...]."

Na visão de Gomes, outras situações que vêm causando problemas escolares e que solicitam a atuação da Psicologia e de políticas públicas específicas e eficientes para os jovens deveriam integrar essas finalidades:

A repercussão no ambiente escolar da violência externa, seja ela das ruas ou do ambiente familiar, o efeito da disseminação do uso de drogas por parte da população em geral, afetando também crianças e adolescentes, a prática sexual precoce e a gravidez na adolescência, acarretando também o problema da contaminação pelo vírus da Aids (2002, p.56).

Considerando relevantes as questões discutidas até então, anunciamos que, no decorrer da elaboração das Propostas Curriculares vigentes para o ensino médio, a disciplina Psicologia não foi representada nas Diretrizes Curriculares e nem nas áreas de conhecimento como disciplina efetiva. Relata-se apenas que, ao serem tratados assuntos como História, Geografia, Sociologia e Filosofia, os conhecimentos sobre Psicologia podem ser passados por meio de diversas alusões, explícitas ou não. Essa empregabilidade da Psicologia sugere para muitos a sua não permanência no currículo do ensino médio, sendo uma tendência da própria escola optar por conteúdos mais técnicos.

Nas preocupações de Eliomini, a não obrigatoriedade da disciplina Psicologia no ensino médio vai fazer com que "a educação se torne cada vez mais técnica, formando os alunos com vistas exclusivamente ao mercado de trabalho, esquecendo a importância da consciência crítica e do conceito de cidadania, fundamentais para a formação do ser humano" (2001, p. 1).

Em contrapartida, observa-se que a maioria das discussões curriculares regidas pelo MEC, principalmente ao que se refere à área de ciências humanas e de suas tecnologias, está permeada por questões que também fazem parte de estudos psicológicos, o que nos leva a dizer: na verdade, não seria necessário que a disciplina fosse efetivada? Por que ela permeia todos os eixos do currículo escolar?

Sabemos que a resposta dada seria negativa, mesmo que o conteúdo da disciplina se encontre identificado em alguns itens, tais como: construção de identidade, interdisciplinaridade, relacionamentos interpessoais, sociabilidade, autonomia intelectual, pensamento crítico, aprimoramento da pessoa humana, formação de valores, formação ética, afetividade, etc, ficando explícito que a Psicologia está a serviço da educação. Torna-se pertinente parafrasear Kuenzer, neste momento, quando coloca que "aquilo que está em tudo corre o risco de não estar em lugar nenhum" (2000, p. 41).

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, ao sugerirem que se discuta o ser humano e suas relações em vários segmentos sociais, como: escola, trabalho, família, lazer, etc, almejam que o indivíduo desenvolva a prática da solidariedade, da fraternidade, da sensibilidade e da igualdade. A nosso ver, esse objetivo pode ser atingido a partir do momento em que o ser humano construir sua história e formar sua identidade por meio de suas relações sociais. Para tanto, deverá ter consciência de seu papel como agente da História. Acreditamos que a Psicologia seja uma das ciências que pode contribuir para que o indivíduo obtenha condições de acesso aos conhecimentos que analisam os modos pelos quais o ser humano se constrói na interação com seu meio, consolidando o conhecimento científico em seu projeto pedagógico.¹

Embora a nova LDB apresente certos avanços em relação à legislação educacional anterior (as Leis n° 4.024/61 e nº 5.692/71, que reformaram a estrutura do ensino primário e médio), ela vem causando insatisfações entre os profissionais psicólogos no que se refere à profissionalização do psicólogo que atua na interface Psicologia-educação. Em seu artigo 71 e inciso IV, não apenas exclui o psicólogo mas situa os seus serviços entre "outras formas de assistência social." Além de um entendimento equivocado sobre as funções do psicólogo na área escolar, isso é retratado como o aumento de despesas pelo Estado.

Segundo Del Prette, além de profissional, o psicólogo precisa participar dos "movimentos em defesa da educação pública e de qualidade, e, no caso específico da nova LDB, estar atento não apenas ao seu conteúdo mas também às suas possíveis distorções conjunturais, na medida do possível compondo o fórum em defesa das diretrizes legítimas aí estabelecidas" (2002, p. 55).

Enfim, independentemente da inserção no quadro funcional da escola, resta a nós, profissionais que atuamos na interface Psicologia-educação e que estamos comprometidos com as questões educacionais, nos servirmos de estudos e de opções de atuação que possam ser viabilizados por meio de projetos que visem à intervenção e às transformações necessárias em nosso sistema educacional. Acreditamos na contribuição da ciência psicológica para discutirmos com os alunos alguns temas que favorecem o seu entendimento e o seu desenvolvimento como seres humanos. Como exemplo, podemos citar: a passagem do período da adolescência, época de muitos conflitos e questionamentos, o auxílio no reconhecimento e no desenvolvimento de algumas competências e habilidades, na formação de sua identidade, personalidade e outros assuntos pertinentes a essa faixa etária: afetividade, ética, sexualidade, relacionamento interpessoal, valores, mercado de trabalho, mídia, família e escolha profissional.

Nesse contexto, podemos salientar que a Psicologia pode oferecer conceitos científicos considerados apropriados para subsidiar debates e reflexões aos jovens sobre o seu mundo subjetivo.

Vale relembrar todo o trajeto da Psicologia no nível pedagógico para se lançar independentemente de outras ciências pedagógicas e constituir seu corpo teórico. No entanto, não temos conhecimento de que, no decorrer desse processo, a disciplina Psicologia tenha passado por avaliações anteriores ao ano 1983, quando a Secretaria de Educação do Estado do Paraná iniciou uma discussão sobre a reformulação do nível médio para conhecer, em específico, a filosofia do curso, o posicionamento teórico dos professores e o conteúdo programático das disciplinas.

No cenário dessa avaliação do MEC, trabalhávamos com a disciplina Prática de Ensino de Psicologia, na qual realizávamos estágios no Curso de Habilitação ao Magistério (segundo grau) em diferentes escolas.Verificamos que, embora as disciplinas de Psicologia tivessem recebido o mesmo título, seus conteúdos programáticos, objetivos e fundamentos epistemológicos e metodológicos se diferenciavam entre as escolas da mesma cidade e de todo o Estado (SILVA, 2005).

Nesse sentido, concordamos com a Secretaria de Educação do Estado do Paraná, que, em 1983, lança alguns questionamentos como resultado daquela investigação, argumentando que a Psicologia não estava cumprindo seu real papel de transmitir os conteúdos científicos pertinentes à ciência psicológica. De modo geral, supervalorizava "o individualismo, o psicologismo, o excesso de tecnicismo e de superficialidade na formação de professores, e seu conteúdo se caracterizava pelo ecletismo, sem que fosse seguida uma orientação ou posicionamento crítico dos fundamentos que a sustentam e sem embasamento teórico dos professores" (SEED/DESG/SE/PR, 1992, p. 22-23). Seus conteúdos se mostravam desvinculados da realidade do aluno e destituídos de contextualização histórica, valendo-se do senso comum para serem entendidos.

Alguns desses dados podem ser verificados em estudos realizados por Puttini (1988), Branco (1988) e Silva (1995), que evidenciam de maneira geral como a disciplina Psicologia era considerada de fácil entendimento por professores e alunos: "todos entendem um pouco de Psicologia." Os professores confundiam textos científicos com explicações de senso comum, valorizavam-se os feitos da Psicologia na didática, priorizavam-se características morais e sociais e discutia-se a personalidade dos alunos. Assuntos como namoro, casamento e gravidez eram frequentes nos ensinamentos de sala de aula, sem programação prévia e sem conteúdo sistematizado. Atribuía-se autoridade ao professor para desenvolver um perfil de profissional terapeuta, que não é função de quem ministra a disciplina Psicologia, sendo ele formado em Psicologia ou Pedagogia.

A esse respeito, concordamos novamente com a Secretaria de Educação quando coloca que:

A maioria dos futuros professores chega ao curso com o conhecimento psicológico presente em nossa sociedade e determinado principalmente por 'slogans' psicológicos estereotipados (ex. 'mais ou menos inteligentes', 'nasceu assim', 'igual ao pai', etc, ou seja, representações carregadas de determinismos, como, por exemplo, o biológico). É importante que lhes sejam oferecidas oportunidades para a superação desses falsos saberes ideológicos [...] portanto, se a Psicologia deve intervir na formação dos professores, é também no sentido de esclarecer esses 'slogans' psicológicos, que distorcem e, muitas vezes, dirigem a prática pedagógica" (1987, p.3).

Verifica-se que nem todos os conhecimentos transmitidos em sala de aula provêm de cursos de formação, mas de uma prática interpessoal e das mais variadas e duvidosas fontes. Parafraseando Gallo (2002), podemos dizer: muito embora todos os homens entendam um pouco Psicologia, nem todos são psicólogos, isto é, nem todos têm as condições teórico-práticas suficientes para elaborar a sua própria visão de mundo. Para que todos os homens realmente se tornem psicólogos, é necessário compreender qual é o papel da Psicologia no âmbito escolar e qual é o seu significado na realidade social, a quem ela serve e a quem deveria servir.

 

ALGUNS MOMENTOS NA ELABORAÇÃO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS PARA A DISCIPLINA PSICOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

As preocupações em relação à importância da Psicologia no ensino médio iniciaram-se mesmo antes do convite da escola para a elaboração dos conteúdos programáticos da disciplina Psicologia. Datam de 1990 a 2002 (como docente-supervisora na disciplina Prática de Ensino de Psicologia), sendo o convite concretizado por meio de um projeto de extensão que coordenamos a fim de realizar as atividades vinculadas à implantação da disciplina Psicologia no ensino médio. Ressaltamos, portanto, que agregamos as atividades já previstas na disciplina Prática de Ensino de Psicologia às atividades do projeto.

Diante desse fato, elaboramos o projeto de extensão Assessoramento e acompanhamento na implantação do programa da disciplina de Psicologia no ensino médio (1999-2003), no qual, além de acompanharmos os professores no acesso às bibliografias, aos recursos metodológicos e à elaboração de textos-guias, em um outro momento, nos propusemos a conhecer as contribuições da Psicologia em sala de aula para o jovem que cursa o ensino médio, por meio da avaliação desse trabalho, em nossa tese de doutorado.

Um dos objetivos do projeto de extensão, vale relembrar, foi incluir conteúdos programáticos que atingissem os interesses e as necessidades dos jovens que cursam um nível de ensino que não mais profissionaliza, porém, que exige competências e habilidades frente a questões pessoais, sociais e ao mercado de trabalho. Embora seja essa a perspectiva dos documentos legais do ensino médio, não foi nesse sentido que elaboramos os conteúdos programáticos para o ensino médio. Nós nos preocupamos, sim, em apresentar situações do dia a dia do aluno, buscando trabalhar o seu desenvolvimento, a sua aprendizagem e o seu crescimento pessoal, priorizando questões que o levassem ao autoconhecimento e que pudessem auxiliar nas suas necessidades e dificuldades perante a realidade vivenciada.

Por solicitação da escola, elaboramos conteúdo programático para as três séries do ensino médio na disciplina Psicologia, e assessoramos as professoras que atuavam na referida disciplina, tanto na prática teórico-pedagógica quanto nas estratégias de ensino.

Durante os estudos, a equipe discutiu que modelo de homem o projeto estaria preocupado em formar, um jovem que servisse ao mercado de trabalho sem conhecer o seu próprio universo ou um jovem que conhecesse a si mesmo e ao outro, e que também pudesse ter opções no mercado de trabalho. Ficamos com a segunda opção.

Portanto, por estarmos vinculados e ministrarmos a disciplina Prática de Ensino de Psicologia, a equipe do projeto contou também com a colaboração dos alunos que cursavam, na ocasião, essa disciplina no que se refere a observações em sala de aula e à elaboração de material pedagógico para o momento de regência, ou seja, a aplicação de conteúdos programáticos em sala de aula, conforme a obrigatoriedade dessa disciplina.

Com a referida parceria, foram elaborados alguns textos, e estes foram inicialmente aplicados pelos alunos em regência nas salas de aula do ensino médio. Ao final do ano 1999, havíamos, em forma de regência, realizado um trabalho-piloto no que se refere a conteúdos programáticos e a metodologias.

Após a aplicação desse material, nós o avaliamos em reuniões e reelaboramos os textos, tanto no sentido de anexar conteúdos quanto de retirá-los, atendo-se à linguagem mais apropriada para esse grau de ensino. Algumas alterações foram solicitadas pelos próprios alunos do ensino médio e pela professora titular da disciplina Psicologia², responsável pela turma de 1º e 2º séries.

Nesse sentido, a partir do ano 2000, elaboramos conteúdos tematizados para a disciplina Psicologia, de acordo com as respectivas séries.

1º SÉRIE - PSICOLOGIA, AUTOCONHECIMENTO, IDENTIDADE E SEXUALIDADE

A. Definição de Psicologia - do senso comum ao científico;

b. Áreas de atuação da Psicologia;

c. Relação homem-sociedade na Psicologia, diferentes visões do ser humano (inatista, empirista e socio-construtivista); quem sou eu? (Valores, personalidade, hábitos e crenças);

d. Construção e formação da identidade, características da adolescência, processo de alienação = negação da identidade, identidade x influência do grupo: adolescência e sexualidade - orientação sexual: transformações biopsicossociais: puberdade, gravidez indesejada, anticoncepção (métodos anticoncepcionais), DSTs - AIDS, relacionamento afetivo ficar, modelos de família, sexualidade e mídia, diálogo e comportamento.

Esses temas se fundamentam na nova proposta pedagógica do ensino médio, quando, em seus documentos oficiais, está explícito que o currículo deve ser um instrumento da cidadania democrática que "deve contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagem que capacitem o ser humano para a realização de atividades nos três domínios da ação humana: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a experiência subjetiva" (BRASIL, 1999, p. 8-9).

O espaço no currículo para atender essas especificidades do aluno se faz presente nos seguintes objetivos: discernir o que é a ciência e o senso comum, com o propósito de promover no jovem o espírito científico; orientar a participação no mundo do trabalho demonstrando as áreas de atuação de Psicologia (neste caso específico); desenvolver valores e competências necessárias à integração do projeto individual do jovem ao projeto da sociedade; a construção do eu e do outro para inserção no mundo social.

2º SÉRIE - AFETIVIDADE E MUNDO DO TRABALHO COM ESCOLHA PROFISSIONAL

A-Emoções no cotidiano: autoestima, autoconceito, timidez, motivação, agressividade, conflitos íntimos, desenvolvimento da afetividade e emoção no cotidiano;

b-O universo das profissões: profissões tecnológicas, bacharelado, habilitação plena, cursos sequenciais, carreiras militares e carreira religiosa, interesses, aptidões, valores; informação profissional: levantamento e conhecimento das áreas, dos cursos, das opções profissionais; mercado de trabalho: tendências - profissões em alta, em baixa, perfil profissional do século XXI, terceirização, transformações no modo de contratação; processo decisório: fatores (ocultos) da escolha profissional, critérios de escolha profissional; projeto de vida; o modo capitalista de produção e o mundo do trabalho, ontem e hoje; relação de trabalho flexível no mundo globalizado; escolha profissional e o perfil do profissional do novo milênio.

Para a segunda série, foram elaborados temas que enfocavam o mundo do trabalho, com o objetivo de orientar o jovem, nesse momento, a começar a pensar sobre seu futuro, sobre as condições de trabalho, a conhecer profissões e mesmo a escolher uma delas para prestar o vestibular, se assim o fizesse. Outra opção seria a de não prestarem o vestibular e mesmo assim conhecerem profissões que não fazem parte de sua realidade, porém ambas com o propósito de fazer do nosso jovem uma pessoa, e não um número no mercado de trabalho, a fim de que ele possa se tornar um aluno-sujeito em suas decisões e escolhas.

Na perspectiva da Lei n. 9.394/96, o ensino médio, como parte da educação escolar, "deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social" (Art. 1º), e os PCNEM acrescentam que o ensino médio busca a preparação e a orientação básica para integrar o jovem no mundo do trabalho, além do seu aprimoramento profissional e da capacidade de acompanhar as mudanças que ocorrem no mercado de trabalho.

Em Delors, verificamos que a educação, mais do que nunca, tem o papel de "conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, discernimento, sentimentos e imaginação de que necessitam para desenvolver os seus talentos e permanecerem tanto quanto possível donos do seu próprio destino" (1999, p. 100). Nesse aspecto, acreditamos que a liberdade se inicie quando conhecemos nossos sentimentos, a fim de elaborarmos os nossos juízos de valor.

3º SÉRIE - TEMAS SOCIAIS DA ATUALIDADE

No início do ano letivo de 2000, por solicitação da equipe escolar, elaboramos materiais para serem aplicados na terceira série, tendo como norte as contribuições da Psicologia social para o desenvolvimento do ser humano e tomando por base as representações sociais dos alunos.

Acreditamos que esses temas devessem versar sobre dois aspectos considerados fundamen tais: primeiro, procurar atualizar o aluno para prestar o vestibular, e segundo, levar o jovem a estar mais próximo da realidade social e poder assim adquirir maior consciência do contexto no qual está inserido.

Portanto, nessa série, os alunos tiveram oportunidade de discutir sobre política, prostituição, educação, preconceitos, racismo, valores, guerras, ética, violência, movimentos sociais, tecnologia, corrupção, enfim, acontecimentos atuais. Com isso, espera-se que cada aluno compreenda o mundo que o rodeia, "sob os seus diversos aspectos; isso favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real, mediante aquisição de autonomia na capacidade de discernir" (DELORS, 1999, p. 91).

Elucidamos que a veia teórica desse trabalho é a ideia de educação, aprendizagem e desenvolvimento que está contida nos pressupostos da Psicologia histórico-cultural, que tem o materialismo como método. No materialismo histórico dialético, estuda-se o indivíduo concreto, no seu momento histórico e no seu contexto social. Essa concepção pode contribuir com a especificidade da Psicologia como ciência, no sentido de explicar o homem inserido nas contradições sociais.

Segundo Vygotski (1995), estudar algo historicamente é estudar o movimento, já que seria contraditório pensar que o estudo da História inclui somente o passado. A História está em constante movimento, e esse movimento é uma das exigências do método dialético, não por imposição, mas por coerência com o que o método preconiza. Um estudo baseado no método proposto envolve ir à origem, à vida, verificar como se desenvolveu, que relação existe entre os fatos históricos, identificar as questões fossilizadas, ou seja, aquelas que foram impressas no homem ao longo da História, mas que, ao mesmo tempo, podem ser modificadas. Essa transformação pode surgir em decorrência das condições apresentadas ao indivíduo no contexto escolar, por meio das mediações realizadas pelo professor.

Nesse sentido, podemos dizer que, se o professor trabalhar compreendendo que o conhecimento é histórico, que o aluno necessita de sua contribuição para o seu auto-conhecimento e o da sociedade, assim como do investimento teórico em uma perspectiva que vincula o homem como construtor de sua história à Psicologia histórico-cultural, concordamos então com Facci quando diz que:

Se o professor não tem um domínio adequado do conhecimento a ser transmitido, terá grande dificuldade em trabalhar com a formação dos conceitos científicos e também com a zona de desenvolvimento próximo de seus alunos. Se o professor não realiza um constante processo de estudo das teorias pedagógicas e dos avanços das várias ciências, se ele não se apropria desses conhecimentos, terá grande dificuldade em fazer de seu trabalho docente uma atividade que se diferencie do espontaneismo que caracteriza o cotidiano alienado da sociedade capitalista contemporânea. Como exigir do professor que ele ensine bem, que ele transmita as formas mais desenvolvidas do saber objetivo, se ele próprio não teve e continua não tendo acesso a esse tipo de ensino e de saber? (2003, p.184).

Nessa perspectiva, acreditamos na aplicação de conteúdos que favoreçam o desenvolvimento das funções psicológicas superiores (linguagem, raciocínio, memória, percepção), que não são estanques, mas inter-relacionadas. Não é mais possível estudar a afetividade separada da cognição e da atividade humana.

O enfoque da teoria sociointeracionista nos mostra como as habilidades do homem se desenvolvem e se transformam no decorrer da vida e como os processos psicológicos se entrelaçam, provocando mudanças em um contexto cultural e histórico. Essas mudanças ocorrem nas inter-relações entre o professor, o aluno e o conhecimento historicamente acumulado.

Nessa mesma perspectiva, em 1994, Saviani acrescenta que "o trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens" (p. 17). O ensino espontâneo e o senso comum, portanto, deixam de ser instrumentos de trabalho do professor e passam a ser meras considerações.

 

CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA

Ao optarmos pela pesquisa avaliativa, encontramos em Aguilar (1995) três momentos distintos em que a avaliação pode acontecer: antes, durante e depois de realizado um projeto. O percurso do nosso trabalho conduz, fundamentalmente, à análise após a implantação da disciplina Psicologia no ensino médio, que é denominada por Aguilar de avaliação ex-post.

Para fazer essa análise, é necessário compreender que o mérito de qualquer trabalho consiste em sistematizá-lo, tornando-o mais eficaz, procurando selecionar o mais eficiente recurso para tal situação, a fim de utilizar métodos para se chegar a resultados válidos. É relevante pensar, neste momento, sobre os efeitos do senso comum para a ciência, em que o verdadeiro conhecimento científico é a transformação do saber comum em saber utilitário. Nas palavras de Santos, "o conhecimento científico pós-moderno só se realiza enquanto tal na medida em que se converte em senso comum" (1996, p. 57).

Verificamos que Aguilar nos oferece essa perspectiva quando considera a importância de se avaliar, focalizando o ato de julgar necessário e dotado de significado para a sociedade. Esses valores vêm ao encontro de alguns anseios para se repensar a disciplina Psicologia no ensino médio e alertar a Psicologia educacional para uma das funções do psicólogo na escola segundo a Legislação n. 08, do Conselho Federal de Psicologia, entre outras, que é "[...] criar programas educacionais completos, alternativos ou complementares: participar do trabalho das equipes de planejamento pedagógico, currículo e políticas educacionais" (CFP, 1999, p. 142).

Além dessas funções, gostaríamos de acrescentar outra, delineada por Del Prette (2002), a de que a assessoria e a implementação de projetos de atendimento às escolas são uma função própria do psicólogo escolar.

Essas questões nos motivaram à decisão de apresentar ao público e de avaliar a importância da Psicologia para o jovem. Encontramos em Aguilar resposta para os objetivos deste trabalho e para o enriquecimento desta pesquisa.

A avaliação é uma forma de pesquisa social aplicada, sistemática, planejada e dirigida destinada a identificar, obter e proporcionar, de maneira válida e confiável, dados e informação suficientes e relevantes para apoiar um juízo sobre o mérito e o valor dos diferentes componentes de um programa (tanto na fase de diagnóstico como na de programação ou execução) ou de um conjunto de atividades específicas que se realizam, foram realizadas, ou se realizarão, com o propósito de produzir efeitos e resultados concretos: comprovando a extensão e o grau em que se deram essas conquistas, de forma tal que sirva de base ou guia para uma tomada de decisões racional e inteligente entre cursos de ação, ou para solucionar problemas e promover o conhecimento e a compreensão dos fatores associados ao êxito ou ao fracasso de seus resultados (1995, p. 32-33)

A conjunção desses fatores - necessariamente articulados - permitiu a tomada de decisões norteadoras para os procedimentos metodológicos após o processo de implantação da disciplina Psicologia em 1999.

Descrevemos, a seguir, cada um dos itens propostos na metodologia da pesquisa avaliativa, pautados em Cohen (1994, p. 137), com o propósito de seguir um padrão metodológico para este estudo: o universo do projeto é representado pela população que recebe os seus benefícios e que constitui o alvo do nosso estudo. No caso deste trabalho, o universo foram 59 alunos da terceira série do ensino médio de uma escola pública no Estado do Paraná, nos períodos diurno e noturno, que estavam cursando a disciplina Psicologia nesse nível de ensino no momento desta pesquisa, e que constituem a população total de alunos que cursaram os três anos da disciplina.

A unidade de análise é o próprio objeto da avaliação. Esse objeto pode estar, no momento da comparação, entre qualidades observáveis nos sujeitos, na relação de uma unidade com a outra ou mesmo na própria unidade. Verificamos, portanto, as contribuições da disciplina Psicologia para o jovem do ensino médio.

As hipóteses, de modo geral, contribuem para verificar se os resultados da pesquisa tiveram ou não êxito e por quê. A hipótese que levantamos para este estudo é a seguinte: A inclusão da disciplina Psicologia no ensino médio favorece o crescimento pessoal e o desenvolvimento das potencialidades do jovem desse nível de ensino?

O plano de análise implica a escolha de métodos, técnicas e recursos utilizados para alcançar os resultados buscados na pesquisa. A fim de obter os resultados esperados, trabalhamos com a fonte de análise documental (estudo dos PCNs) e com pesquisa de campo, por meio de questionários que foram compostos de duas partes, a primeira contendo questões referentes à identificação dos sujeitos: idade, sexo, série e escolaridade, e a segunda, com questões relativas à importância da disciplina Psicologia no ensino médio. Essas questões foram, predominantemente, abertas e com opções para explicações e/ou justificativas.

Segundo Cohen, "de modo geral, chama-se questionário aos instrumentos para a coleta de informação aplicáveis a qualquer tipo de unidade de análise que contenha variáveis relevantes para a avaliação" (1994, p. 144).

SÍNTESE DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A fim de verificarmos as contribuições da disciplina Psicologia para o desenvolvimento do jovem estudante do ensino médio, foram lidas, organizadas e analisadas todas as respostas obtidas da realização dos questionários às seguintes perguntas: a) Você está cursando a disciplina Psicologia? b) O que você entende por Psicologia? c) Você considera importante estudar a disciplina Psicologia? Por quê? d) Na sua opinião, qual a importância da disciplina Psicologia para sua formação como estudante, como trabalhador, como aluno e como filho? e) Em que situações do dia a dia você considera importante ter o conhecimento visto na disciplina Psicologia em sala de aula? Em seguida, foram construídas categorias principais e subcategorias, temáticas importantes para a compreensão da validade da disciplina Psicologia no ensino médio, respondendo, dessa forma, ao problema proposto.

As respostas dos alunos ao questionário foram, inicialmente, organizadas, estudadas e transcritas por ordem numérica das questões aplicadas. Em seguida, formularam-se categorias de análise segundo a temática dos argumentos das respostas, levando-se em conta o aspecto quantitativo (frequência do aparecimento dos temas) e qualitativo (organização das categorias). A distribuição das respostas foi feita em termos de frequência e porcentagem, considerando-se o número total de argumentos para cada pergunta e as categorias de conteúdo, formuladas a partir da leitura e da análise dos dados.

A descrição dos dados seguirá a ordem das questões apresentadas acima.

CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS

Dos 59 alunos que participaram desta pesquisa, 22 estavam matriculados no período diurno e 37 alunos, no noturno. Constatamos que 67,80% dos sujeitos tinham idades entre 17 e 18 anos; 20,34%, entre 19 e 21 anos, e 11,86%, entre 21 e 31 anos. A idade média dos sujeitos era de 17,9 anos, com predomínio do sexo feminino, 62,71%, e 37,29 do sexo masculino.

Categorias de conteúdo da Psicologia

b-1. Conceito de Psicologia

Nessa categoria, foram consideradas as respostas dos alunos referentes ao seu entendimento sobre o estudo dos conceitos da ciência da Psicologia. Buscamos sistematizar o seu pensamento sobre a representação de Psicologia, que se apresenta dividida, constantemente, entre o senso comum e o psicologismo. Em seguida, as respostas foram distribuídas em outras três subcategorias: autoconhecimento, relação indivíduo e sociedade e conhecimento de si e do outro, como está demonstrado na Tabela 1.

 

 

Ficou demonstrado que, em média, 54,24% das respostas dos alunos se vinculam, globalmente, à busca de autoconhecimento. Esse enfoque nos leva a acreditar que, no decorrer das séries de ensino médio, houve preocupações com o jovem e com o seu desenvolvimento. Encontramos, também, concentração significativa de argumentos nas respostas que conceituam Psicologia como relação entre o indivíduo e a sociedade, ou seja, 23,73%; 15,25% das respostas se concentram no conhecimento de si e do outro, o que representa um índice expressivo, e 6,78% , no conceito sobre comportamento³.

De modo geral, podemos assinalar, nessa categoria, que, pelos argumentos dos alunos, houve um primeiro passo para o entendimento de Psicologia como ciência, em detrimento do senso comum, do psicologismo e do sensitivo, tão frequentes em trabalhos acadêmicos dessa natureza. Conclui-se, ainda, que, apesar de em várias respostas os alunos conceituarem Psicologia como comportamento humano, estas não constituem as principais ou a maioria das respostas e, quando são assinaladas, não se apresentam como comportamento no sentido somente da teoria comportamentalista, mas aparecem como atitudes, entendimento, emoções, sentimentos, etc., o que nos levou à inferência de auto-conhecimento.

Fortalecendo esses argumentos, apresentamos alguns exemplos de respostas, o que nos proporciona certa credibilidade e fidedignidade em relação aos conceitos elaborados.

- Psicologia é o estudo das características interiores de cada ser humano. Compõe a personalidade, maneira de ser e agir, como reagir em determinada situação, comportamento, como entender o ser humano, seu ego.

- É estudar, aprender, conhecer mais o 'eu', interiormente, os sentimentos, ações, o que se pensa, o que decide, seus valores e tudo que está relacionado com o que pensamos.

- É a ciência que tem por objetivo resolver os problemas tanto pessoais quanto sociais.

- É o estudo dos sentimentos, do comportamento, pois controla nosso modo de fazer as coisas. Ex. fazer coisas em um certo padrão de seguimento. Nos sentimentos, ajuda a ser calmo e não tomar decisões precipitadas.

Essas respostas demonstram que, no ensino médio, alguns jovens que cursaram a disciplina Psicologia começam a entendê-la como uma ciência preocupada em estudar os fenômenos psicológicos, ou seja, nossos processos internos, que são construídos no decorrer de nossa existência.

Ao se construir um conceito, estamos evidenciando formas de ser, pensar, sentir e agir, em consequência, de construção de identidade, principalmente quando compreendemos o sentido do científico e do senso comum em nosso cotidiano, o qual pode levar à reflexão e à compreensão dos mecanismos sociais dos quais fazemos parte.

Em nosso olhar, mesmo diante das respostas dos sujeitos por nós consideradas progressistas no que se refere à não conceituação da ciência Psicologia somente como comportamento humano e por não terem direcionado a conceituação com argumentos direcionados à área clínica, como, por exemplo, a Psicologia trata dos loucos, saltam algumas indagações: será que a nossa intenção de fazer o aluno deixar de ver a Psicologia como formadora de bruxos, de adivinhos que descobrem facilmente, como mágica, os pensamentos e comportamentos deixou de ser gritante?

Talvez não; no entanto, percebemos que os sujeitos pesquisados conseguiram expressar seu entendimento, se sentiram capazes de mostrar sentimentos, de ter desejos e de pensar de modo independente. Isso caracteriza para nós um avanço, na medida em que o aluno se posiciona como um ser no mundo . É a suspeita de que o sujeito começou a pensar criticamente e se permitiu ser mais livre. Embora a liberdade seja ilusória pelo constante controle que a sociedade exerce sobre nós, em se tratando de decisões, comportamentos, estilo de roupas e qualidade, critérios de bom e ruim, bonito e feio, etc, acreditamos na capacidade do ser humano de discernir o aspecto subjetivo das influências sociais.

Diante desse quadro, acreditamos que a população estudada tenha avançado em sua aprendizagem e em seu desenvolvimento e, em consequência, tenha retribuído com respostas sobre o conceito de Psicologia que retratassem preocupações com seu próprio eu, conforme visto na análise do referido trabalho.

Fica evidenciada, aqui, a necessidade de se valorizar as relações que os sujeitos pesquisados mantêm com o mundo no qual estão inseridos, no qual raramente encontram condições facilitadoras para o seu desenvolvimento ou para conseguirem ir além das aparências.

b-2. Contribuições da Psicologia para o discente do ensino médio

Na segunda categoria, nossa preocupação foi verificar se a Psicologia se mostra de fato importante para o jovem que está cursando o ensino médio. A forma de inferir/perceber essa valorização é considerar os argumentos que se referem às atividades de caráter teórico-prático, denominadas aplicação dos conteúdos teóricos no cotidiano, e às respostas relativas à aprendizagem teórica recebida durante os três anos na disciplina Psicologia no ensino médio.

Para tanto, foram apresentadas as seguintes questões: a) importância de se estudar Psicologia e por quê, b) importância da disciplina Psicologia para a formação como estudante, como trabalhador, como aluno e como filho, e c) situações do dia a dia em que é importante ter o conhecimento visto na disciplina Psicologia em sala de aula.

Os argumentos relevantes das subcategorias foram: autoconhecimento, conhecimento de si e do outro, relação indivíduo e sociedade e aplicação da Psicologia no cotidiano, conforme a Tabela 2.

 

 

Um ponto que chama a atenção ao se analisar essa segunda categoria é a continuidade de respostas da primeira categoria no que se refere ao investimento do jovem em seu crescimento pessoal e de como se situar no mundo e em seu contexto social.

Nota-se que a importância da Psicologia para o jovem se manifesta, primeiramente, em seu crescimento pessoal; depois, na compreensão do mundo a sua volta e em como se estabelecer nesse mundo.

No que se refere à pergunta importância de se estudar a Psicologia no ensino médio e de se estudar a Psicologia como trabalhador, aluno e filho, houve 100% de respostas assertivas, sendo os argumentos dos alunos ressaltados com alguns exemplos:

- Sim, é importante, porque só assim descobriremos o mistério de nossas ações, da nossa vida no meio psíquico. É importante também para a mudança de nossa sociedade.

- Considero muito importante, porque a Psicologia nos ajuda a desenvolver nossa criatividade, nosso comportamento físico e mental.

- Sim, para sabermos coisas que nem imaginávamos que fossem importantes para nossa vida.

- Sim. Com que aprendi nos três anos que estudo esta disciplina, me valerá para toda a vida; as outras matérias são também muito importantes, mas passam conceitos prontos, regras. A Psicologia nos mostra coisas que vamos enfrentar em nosso dia a dia.

- Como estudante, é importante devido ao comportamento e maneira de ser dentro do colégio, convivendo com muitas pessoas diferentes, saber como lidar com elas; como trabalhador, é importante para se preparar no dia a dia, rotina de trabalho; como filho, é importante no relacionamento com os pais.

- A importância da Psicologia em minha vida realmente foi despertar meu senso crítico, das atitudes do ser humano.

- Nos prepara para lidar com situações do cotidiano e enfrentar os desafios da vida.

A maior concentração de respostas, ou seja, 17 delas, o que representa 28,81% do total, localiza-se em relacionamentos vinculados à afetividade, como nos exemplos abaixo:

- Eu aprendi a respeitar meus amigos de sala e os professores.

- Nos trabalhos em grupo, pois temos opiniões diferentes e maneiras de trabalhar diferentes.

- Saber conversar e tentar entender as pessoas com quem convivemos.

- Sim, porque aprendemos mais sobre nossos sentimentos.

As respostas dos alunos direcionam-se para a importância do relacionar-se. Nesse sentido, novas interações são realizadas e vínculos são fortalecidos.

Para a teoria vygotskniana, quando o homem desenvolve suas funções psicológicas superiores, ele se lança a fazer projetos e a pensar prospectivamente. A escola, na maioria das vezes, preocupa-se em cumprir programas, e não dá de fato a possibilidade de o homem ser ele mesmo o construtor de sua história. Se o objetivo central da escola for a formação global do aluno, em consequência, deverá proporcionar aos alunos conhecimento e crescimento pessoal.

Consideramos que as mudanças focalizadas nas respostas dos alunos acima apresentadas ocorreram primeiramente no nível individual e depois no social, e ficam claras as alterações citadas pelos alunos em suas outras relações, como na família, na escola, no namoro, no trabalho, nos vínculos afetivos; enfim, as inter-relações que ocorrem no indivíduo ocorrem na sociedade e podem repercutir em todas as relações cotidianas. Nesse sentido, perguntamos: por que não as apresentarmos e discutirmos na escola, local almejado para o crescimento, a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal e, por que não dizer, para a saúde mental?

A fim de desenvolver essa tarefa, faz-se necessário que, de antemão, a escola invista em disciplinas que possam se mostrar facilitadoras desse objetivo, que ofereçam conteúdos vinculados ao amadurecimento mental do ser humano e que ministrem conhecimentos cientificamente elaborados.

Segundo a Tabela acima, 11 respostas, ou seja, 18,64% dos jovens acreditam que a contribuição da disciplina Psicologia no ensino médio tenha repercutido em todos os setores de sua vida, ou seja, no trabalho, no relacionamento, na família, no namoro, etc. Assim, é importante frisar que os conteúdos programáticos administrados na disciplina transcenderam a vida dos sujeitos em sala de aula e se relacionaram com o seu cotidiano, com o mercado de trabalho e com a construção de sua identidade, objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, que fixam a aplicação do conhecimento escolar no cotidiano pela via da contextualização. Convém ressaltar que, nessas respostas, como também nos argumentos anteriores dos alunos, estão presentes os quatro pilares da educação no sentido de aprender a conhecer, fazer, viver e ser, que trazem, portanto, a expectativa de que o jovem adquira conhecimento para se aprimorar, para se enriquecer quanto ao aspecto maturacional.

Muito próximo a esses índices, 9 respostas, 15,25% dos jovens, relatam que, no trabalho, encontraram ou encontrarão maior auxílio da Psicologia; como exemplo, citamos:

- No trabalho, pois a Psicologia favorece nas decisões tomadas; ex: saber aceitar e discutir opiniões.

- Nas minhas preciosas horas de serviço.

- Em atendimento a um cliente. Relacionamento com amigos e família.

Também se torna significativa a preocupação dos alunos com a importância de resolver problemas, perfazendo um total de 5 frequências, 8,47%, e de 4 frequências, 6,78%, que se interessaram pelo tema família.

Em seguida, temos o assunto sexualidade como aplicação da Psicologia no cotidiano, com 3,39% das respostas; drogas e namoro, com 3,39%, seguida de uma distribuição equilibrada, 1,69%, nos demais assuntos, como limites, raiva, violência, namoro, ética e depressão.

Diante desses resultados, frisamos a importância da Psicologia como uma das disciplinas de formação humanística, para facilitar ao jovem a compreensão do contexto social em que vive e permitir que ele se veja como um ser inserido na sociedade, o que contribui para sua autocompreensão. À medida que os jovens são levados a refletir sobre seu mundo, criam-se as condições necessárias para que analisem e critiquem os fatos que os rodeiam.

Sabemos que as atitudes e as ações do jovem no grupo e seu relacionamento interpessoal se mostram permeadas por diferentes exigências que acabam servindo como verdadeiros eixos em busca do sucesso em todos os setores da vida. Atualmente, há maior exigência no setor profissional pelo fato de a sociedade estar se transformando, cada vez mais, em uma sociedade imediatista, que exige de seus membros uma prática incisiva, inovadora, crítica, e conhecimento global e emocional em todos os relacionamentos.

Pelas diversas situações do cotidiano, tomando os exemplos citados acima: namoro, família, relacionamento, trabalho, escola, droga, sexualidade, etc, percebe-se que existe grande preocupação por parte do jovem com o reconhecimento externo, aquele advindo de grupos, os quais fazem parte do seu dia a dia, principalmente no período da adolescência, em que o modelo do outro influencia suas atitudes em todo o contexto social e contribui para a formação de sua identidade.

Nunca é demais lembrar que, desde o primeiro momento de vida, o indivíduo se encontra inserido em um contexto histórico-social (família, política, educação, cultura, economia, etc), necessitando de outras pessoas para a sua sobrevivência. Em cada grupo social, encontramos normas que regem as relações entre os indivíduos. Essas normas basicamente caracterizam os papéis sociais e determinam as relações sociais, a interação com o outro. Nós nos caracterizamos como pessoas pela identidade social que é definida no conjunto de papéis que desempenhamos.

Podemos afirmar, portanto, que a construção do nosso eu ocorre no processo de interação entre diferenças e semelhanças entre nós e os outros. É nesse contexto que desenvolvemos a nossa individualidade, a nossa identidade social e a consciência de nós mesmos e do outro, e é nesse contexto também que o nosso jovem do ensino médio, adolescente, se pergunta incessantemente: quem sou eu? Se o eu se faz com o outro, então é mediante os relacionamentos que eu me constituo como indivíduo. Talvez essa seja a resposta para o envergamento de interesses dos discentes em apreciar os temas da disciplina Psicologia que correspondam ao crescimento e ao desenvolvimento pessoal de cada aluno.

Ora, é bastante plausível, também, supor que a exigência vinculada aos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, a de que o jovem adquira hoje uma formação geral capaz de resolver situações conflituosas, seja emocionalmente equilibrado, tenha um saber técnico e científico e saiba cada vez mais e melhor se relacionar com seus pares tenha influenciado as respostas desses jovens.

Esse seria um tema de investigação fecunda, dada a necessidade de conhecimento dos temas da ciência psicológica na formação do jovem do nível médio, principalmente quanto à construção de sua identidade e ao processo de autoconhecimento.

 

CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa em forma de relatos escritos de jovens que estudaram conteúdos programáticos próximos à sua realidade e ao seu cotidiano tendo como parâmetros a ciência psicológica nos levam a questionar a nossa prática de educadores e de cientistas da educação. Questões como: por que da necessidade do jovem em se aproximar do conhecimento científico pela prática do seu cotidiano? Por que a aproximação entre a vida e a escola leva a nossa juventude a se interessar pelo conhecimento da Psicologia? Por que os conteúdos programáticos de Psicologia auxiliaram os jovens em seus relacionamentos, no trabalho, no estudo, etc, e mais, por que o grande interesse dos jovens em se autoconhecer?

Diante dessas colocações, restam-nos alguns desafios: fazer uma reflexão sobre o significado do ensino da Psicologia no nível médio, implementar a disciplina Psicologia no ensino médio, direcionar suas propostas curriculares para uma visão social e empreendedora do crescimento humano como um todo, direcionar os conteúdos programáticos do ensino médio para o entendimento do processo tecnológico, em que a participação do homem não se resuma simplesmente ao manuseio das máquinas e ao aumento de produção, e conquistar um espaço político-pedagógico para o profissional de Psicologia atuar como docente nesse grau de ensino. E, por fim, demonstrar a cientificidade da disciplina Psicologia por meio das propostas apresentadas, tendo como norte o aprimoramento do educando e desmistificando o psicologismo em nossos bancos escolares.

 

NOTAS

1 A partir das Diretrizes, conforme a Resolução nº 03/1998/CNE, "[...] cada escola elaborará seu projeto pedagógico segundo as suas especificidades. O núcleo comum segue o mesmo padrão de disciplinas em nível nacional, e a parte diversificada dependerá das condições e da realidade das escolas. Na região de Maringá, Estado do Paraná, os conteúdos da parte diversificada são preferencialmente artes, aulas de computação, inglês e redação, e três escolas, das 22 que compõem o ensino médio, optaram pela disciplina Psicologia."

2 Após 1999, o primeiro ano desse projeto, a disciplina Psicologia ficou a cargo de duas professoras titulares do colégio de ensino médio responsáveis pela disciplina, uma formada no Curso de Pedagogia e outra, no Curso de Psicologia, inicialmente na 1º série e depois na 2º e na 3º série, que foram orientadas e assessoradas pela equipe do projeto

3 Queremos elucidar que, embora em várias outras respostas dos alunos estivesse contemplado o conceito de Psicologia com o termo comportamento, somente foram consideradas as respostas que diziam que a Psicologia é a ciência que estuda o comportamento do homem. Quando as respostas estavam acrescidas de outros conceitos como: atitudes, sentimentos, alma, pensamento, mente humana, as elegemos como auto-conhecimento, porque o aluno não a havia designado como ciência pura do comportamento e sim, como a construção do seu eu.

4 Chegou-se a esses questionamentos em função de dados coletados por meio de uma pesquisa informal realizada pela autora em uma escola pública de ensino médio na cidade de Maringá, PR, com alunos da 3º série do nível médio que não estudavam a disciplina Psicologia. O objetivo era investigar quais os conceitos de Psicologia atribuídos por esses jovens e qual era a contribuição que essa disciplina poderia lhes oferecer. As respostas dos alunos demonstraram pouco conhecimento do que seja Psicologia, e houve falta de entendimento sobre as contribuições dessa ciência para o seu cotidiano..

 

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Recebido: 07 de setembro de 2009
Aceito : 14 de setembro de 2010.

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