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Revista EPOS

versão On-line ISSN 2178-700X

Rev. Epos vol.3 no.2 Rio de Janeiro dez. 2012

 

EDITORIAL

 

 

Estamos chegando ao final do terceiro ano de existncia da Revista EPOS, com seis volumes já publicados dentro de uma linha de trabalho que propõe o estudo articulado ou autônomo entre genealogias, violências e subjetivações, uma inovação para este segmento acadêmico do mercado editorial. Temos procurado divulgar e estimular uma produção consistente, de natureza interdisciplinar, sobre esses grandes eixos temáticos, buscando a consolidação de uma rede de pesquisa que contribua para o pensamento crítico sobre os problemas que assolam a realidade contemporânea e, especificamente, a brasileira. Esses esforos tm se refletido no crescente interesse pela publicação por parte de pesquisadores.

No presente número da Revista EPOS, seus leitores encontrarão estimulantes reflexões que colocam em relevo dois de seus eixos principais: subjetivações e violência.  

Retomando Freud, e em torno do conceito de pulsção, os psicanalistas Margarida Maria Tavares Cavalcanti e Rodrigo Ventura ressaltam a dimensção da experincia psicanalítica enquanto experincia de subjetivação capaz de engendrar novos modos de vida e de relação com o mundo, procurando pensar  a psicanálise como prática de liberdade.  Ainda a partir da questção da pulsão, e enfatizando a problemática do excesso pulsional, Isabel Fortes aponta para uma cartografia do corpo na teoria freudiana, em que este é, antes de tudo, um corpo subjetivado.

Articulando subjetivação e violncia, Rita Flores MŸller propõe uma reflexão sobre o processo de medicalização da população masculina brasileira a partir de uma análise do discurso da Política Nacional de Atenção Integral ˆ Saúde do Homem lanada em 2009 pelo Ministério da Saúde. Nesse mesmo eixo, Elizabeth Maria Andrade Aragção, Lilian Rose Margotto e Ruth Batista procuram entender, por meio de encontros com adolescentes em conflito com a lei e em privação de liberdade, a produção de subjetividades e os agenciamentos possíveis que podem suscitar movimentos de potncia de vida ou de mortificação naquele contexto.

Ressaltando a questção da violncia, dois artigos abrem importantes vertentes de pesquisa. Katerine Sonoda estudou o processo de intimidação e cooptação de líderes em favelas do Rio de Janeiro por traficantes/milícias/policiais, procurando observar de que modo esse fenômeno tem afetado o desenvolvimento sócio-espacial e a saúde desses líderes. Já Ricardo Santos Rodrigues trabalha com o conceito de diáspora e seus efeitos no processo de constituição da identidade cultural, que engendra a presena civilizatória dos povos africanos que foram espalhados pelo "Novo Mundo".

Apresentamos ainda neste número uma entrevista com Daniel Aarão Reis, que nos brindou com uma lúcida reflexão sobre a ditadura pós-64 e a importância do trabalho da Comissção da Verdade no sentido de ampliar a compreensção desse episódio de nossa história.

Fechando o número, a resenha de Vera Malaguti Batista revela a densa e instigante reflexão sobre a questção criminal proposta por Marildo Menegat em Estudos sobre ruínas, que procura dissecar, por uma perspectiva atualizada do marxismo, as heterotopias das nossas cidades-punitivas.

Desejamos a todos(as) uma leitura proveitosa e que os artigos aqui publicados suscitem debates, intervenções e novos artigos, de modo a contribuir para o enfrentamento das problemáticas que aí estação em jogo.

Silvia Alexim Nunes
Cristiane Oliveira
Editoras executivas