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Estudos Interdisciplinares em Psicologia

versão On-line ISSN 2236-6407

Est. Inter. Psicol. vol.9 no.2 Londrina maio/ago. 2018

 

Artigos

 

Inteligência emocional: revisão internacional da literatura

 

Emotional intelligence: a review of international literature

 

Inteligencia emocional: una revisión de la literatura internacional

 

 

Joene Vieira-SantosI i; Diego Costa LimaI ii; Raquel Martins SartoriI II iii; Patrícia Waltz ScheliniI iv; Monalisa MunizI v

I Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

IICentro Universitário de Votuporanga (UNIFEV)

 

 

 


Resumo

O conceito de Inteligência Emocional (IE), compreendido como a capacidade de processar informações emocionais e usá-las de maneira adaptativa, surgiu há quase três décadas. Nessa trajetória, há questionamentos sobre a existência desse construto, bem como diferentes concepções sobre a IE. O objetivo desse trabalho é examinar o cenário de pesquisas sobre o tema, em âmbito internacional, buscando melhor compreensão do atual estado de desenvolvimento da área. Para tanto, foi realizada uma análise dos artigos publicados na base de dados PsycArticles da American Psychological Associotian (APA), a partir da palavra-chave emotional intelligence, que resultou em 79 estudos. Destes, 44 atenderam aos critérios de inclusão estabelecidos. Todos os artigos encontrados referiram-se a estudos empíricos. A maioria dos estudos relacionou a IE a outros construtos ou analisou propriedades psicométricas de instrumentos destinados à sua mensuração. Novas pesquisas sobre programas de intervenção para promoção de IE e avaliação da sua eficácia são sugeridas.

Palavras-chave: Inteligência emocional; Inteligência; Revisão de Literatura.


Abstract

The concept of emotional intelligence (EI), understood as the ability to process one's own and others' feelings and emotions and use them adaptively, has just completed twenty-six years old. Different conceptions about the construct have been proposed since then. The examination of the research scenario on the topic, in the international scope, promotes understanding of the current state of development of the area. Thus, this article is concerned with an analysis of articles published in PsycArticles database of the American Psychological Association (APA), from keyword emotional intelligence, was carried out having 44 out of 79 articles meeting the established inclusion criteria. All articles found referred to empirical studies. The majority of studies sought to relate the EI to other constructs or to examine psychometric properties of instruments to its measurement. Recent studies on intervention programmes for promoting EI and evaluation of its effectiveness are suggested.

Keywords: Emotional Intelligence; Intelligence; Literature Review.


Resumen

El concepto de Inteligencia Emocional (IE), entendida como la capacidad de procesar la información emocional y utilizarlos de forma adaptativa, completa veintiséis años. Dentro de este recorrido existen dudas acerca de la existencia de esta construcción, así como diferentes concepciones de la IE. El objetivo de este trabajo es examinar el escenario de investigación sobre el tema a nivel internacional, en busca de una mejor comprensión de la situación actual del desarrollo de la zona. Por lo tanto, se llevó a cabo un análisis de los artículos publicados en la base de datos PsycArticles de la American Psychological Associotian (APA) con la palabra clave inteligencia emocional que resultó en 79 estudios, de los cuales 44 cumplieron los criterios de inclusión establecidos. Todos los artículos encontrados se refieren a estudios empíricos. La mayoría de los estudios trataron de relacionar IE a otros conceptos o analizar las propiedades psicométricas de los instrumentos de medición. Una nueva investigación sobre los programas de intervención para la promoción y la evaluación de su eficacia IE se sugieren.

Palabras clave: Inteligencia Emocional; Inteligencia; Revisión de la Literatura.


 

Introdução

O conceito de Inteligência Emocional (IE) pode ser definido como a capacidade de processar informações emocionais de forma acurada e eficiente a partir de processos mentais de reconhecimento e regulação e uso adaptativo das emoções próprias e alheias (Salovey & Mayer, 1990). Essa compreensão da IE ser uma capacidade de processar informações é o elemento mais importante que a faz equivaler a um tipo de inteligência, mas a diferença com as demais capacidades reside no raciocinar sobre as emoções e na utilização das informações emocionais para auxiliar no pensar e no tomar decisões. Sendo assim, IE pode ser considerada, um tipo, uma capacidade da inteligência.

Traçando o desenvolvimento histórico deste conceito, Del Valle e Castillo (2010) e Woyciekoski e Hutz (2009) fizeram referência a Thorndike (1936) como o precursor da noção de que o conceito de Inteligência deveria ser expandido para além das capacidades intelectuais gerais. Thorndike, não apenas sugeriu a ampliação, mas incluiu a definição de Inteligência Social (IS), a qual fazia referência à capacidade do sujeito de perceber os estados emocionais próprios e alheios, motivos e comportamentos, além da capacidade de agir com base nestas informações. Essa descrição da IS se assemelha ao que hoje é entendido por IE, com isso, a IS mesmo não tendo se concretizado empiricamente como um tipo de inteligência, é uma das bases da proposição do construto de IE.

Ao longo de quase três décadas de desenvolvimento do conceito de IE, diferentes modelos foram propostos e podem ser divididos em duas categorias: os modelos de habilidades e os mistos. Os modelos de habilidades são aqueles que se centram nas habilidades mentais que permitem utilizar as informações emocionais e raciocinar sobre elas para melhorar o processamento cognitivo (Fernández-Berrocal, Berrios-Martos, Extremera, & Augusto, 2012). Os modelos mistos abrangem definições mais amplas de IE que incluem a capacidade não-cognitiva, competência ou habilidade combinadas a uma mescla de habilidades mentais e variáveis de personalidade tais como, felicidade, adaptabilidade, tolerância ao estresse, por exemplo (Mayer, Roberts & Barsade, 2008). Além disso, esses dois modelos também refletem os principais problemas enfrentados na área de IE que serão mais bem pontuados nos próximos parágrafos: comprovação de que IE é um tipo de inteligência e que não é um traço de personalidade apesar de se correlacionar.

Os autores do modelo da IE como habilidades, Salovey e Mayer (1990), inicialmente a propuseram como habilidade de “monitorar os sentimentos e emoções próprias e dos outros, discriminar entre eles e usar essa informação para guiar pensamentos e ações” (Salovey & Mayer, 1990, p. 189, tradução livre) e foi definida com base na capacidade para lidar com as informações emocionais que favorece comportamentos adaptativos e a saúde mental das pessoas.

Posteriormente, Mayer, Caruso e Salovey (2001) aprimoraram o conceito de IE e o apresentaram a partir de quatro fatores: a capacidade de perceber as emoções (identificar emoção e conteúdo emocional em si, nos outros, em objetos e situações, bem como expressar adequadamente as emoções), a capacidade de usar as emoções para facilitar o pensamento (acessar, gerar, identificar e refletir sobre emoções que possam auxiliar em determinada resolução de um problema, pois tenderia a facilitar o pensamento e a tomada de decisão), o conhecimento emocional (conhecer as diversas emoções e saber usar esse conhecimento para melhorar a compreensão das emoções) e a capacidade de regulação emocional (gerenciamento das emoções em si e nos outros, mas para isso precisa saber perceber, conhecer e utilizar as emoções).

Preocupados com a legitimidade científica do conceito de IE, Mayer et al. (2001) analisaram o cumprimento dos seguintes critérios estabelecidos para um padrão de inteligência: operacionalização da IE como um conjunto de habilidades; relação com outras medidas de inteligência existentes; desenvolvimento da inteligência com a idade e a experiência. Nesse mesmo trabalho, os autores apresentaram resultados de pesquisas com IE que demonstraram o atendimento aos três critérios, o que consideraram como “um grande passo no sentido de demonstrar um caminho plausível para a existência dessa inteligência” (Mayer et al., 2001, p. 291, tradução livre), além de informar o que ela pode prever.

A popularização do conceito, porém, ocorreu principalmente em função da obra Emotional Intelligence, publicada por Goleman em 1995, conforme apontam Roberts, Flores-Mendoza e Nascimento (2002), Primi (2003) e Woyciekoski e Hutz (2009). Del Valle e Castillo (2010) destacaram que Goleman estruturou o conceito de IE com base em competências, que incluem um conjunto de habilidades afetivas e cognitivas, sendo dividido em cinco dimensões: autoconhecimento, autocontrole, automotivação, empatia e habilidades sociais, dividindo a IE em duas grandes categorias de competência para lidar consigo e competência para lidar com os demais. A proposta de Goleman, de acordo com Woyciekoski e Hutz (2009), foi denominada de modelo misto, por incluir conceitos não intelectivos ao fazer referência a dimensões da personalidade. Woyciekoski e Hutz (2009) apontam que Goleman fez afirmações sem fundamentos empíricos, o que ocasionou críticas dos precursores da definição.

Ainda, Primi (2003) fez uma análise crítica do que foi divulgado a respeito do construto IE e apontou que a proposta de Goleman não foi submetida à avaliação por pares e não ofereceu respaldo empírico para as afirmações. Esse autor também aponta que a proposta de Mayer et al. (2001), que foi um aperfeiçoamento da primeira definição feita por Salovey e Mayer (1990) ficou menos popularizada por ser difundida principalmente através de meios científicos e em periódicos acadêmicos, o que a tornou mais restrita ao público em geral; no entanto, a popularização da proposta de Goleman (1995), sem respaldo e validação da comunidade acadêmica, levou a um descrédito do construto e, com isso, achados importante foram negligenciados pela comunidade acadêmica.

O descrédito atribuído à teoria da IE pelo meio acadêmico, apontado por Primi (2003), também foi tema do artigo de Roberts et al. (2002). Estes autores afirmaram que apesar da popularização e atratividade do conceito, seria prematuro considerar a IE como um novo construto científico, devido a problemas conceituais e de mensuração. Além disso, os mesmos autores afirmaram que a teoria da IE se apropriou de outros construtos da inteligência e personalidade já consolidados pela área acadêmica, não oferecendo uma clara diferenciação e avanço em relação a estes.

Apesar das fortes críticas atribuídas à área de estudo da IE, principalmente nos seus 15 anos iniciais, há trabalhos realizados no sentido de fornecer fundamentos e respaldo empírico para o conceito de modo que estudos de revisão são fundamentais para compreender melhor o construto, o que está sendo pesquisado sobre, quais resultados foram encontrados, quais as lacunas que precisam ser respondidas. Fernández-Berrocal et al. (2012) apresentaram um estudo de revisão sobre IE na Espanha que abrange trabalhos científicos publicados no período de 1990 a ediminuindo a probabilidade de fracasso. No entanto, os autores reconhecem, pelo menos, duas limitações. A primeira refere-se ao construto em termos da sua medida, dada a necessidade de desenvolvimento de uma metodologia mais confiável e válida, adaptada às características socioculturais próprias de cada grupo. A segunda diz respeito à possibilidade de generalização, o que demanda o desenvolvimento de programas de intervenção eficazes, adaptados às necessidades e ao perfil dos destinatários da formação socioemocional.

No Brasil, Gonzaga e Monteiro (2011), em um estudo de revisão sistemática do panorama da pesquisa científica sobre IE no Brasil, identificaram 37 artigos publicados no período de 1996 a 2009, sendo 12 teóricos e 25 empíricos. Estes últimos foram divididos para análise em qualitativos e quantitativos. Os artigos teóricos e os empíricos qualitativos foram analisados quanto ao ano da publicação, autores, periódicos e bases de dados em que foram publicados. Já os empíricos quantitativos, além destas análises, também verificaram as seguintes categorias: categoria de estudo, instrumentos utilizados, grupos amostrais e o número de participantes de cada pesquisa. A categoria de estudos dividiu-se em correlacionais e de validação, com predominância de estudos de correlação. O MSCEIT foi o instrumento utilizado em mais da metade dos estudos empíricos e o público pesquisado foi variado, com predominância de estudantes, seguido por categorias profissionais. As autoras avaliaram que a produção científica identificada é pequena, dado que há centros internacionais que se dedicam exclusivamente ao estudo do construto. Apesar disso, as pesquisadoras destacaram o aprimoramento dos artigos teóricos ao longo desses 13 anos ao considerarem que apenas três dos treze artigos teóricos discutiram a IE como um construto psicológico em si, enquanto os demais abordaram as emoções a partir de diferentes perspectivas teóricas, não se restringindo necessariamente a discussão do construto de IE. Os artigos empíricos, por sua vez, foram predominantemente dedicados a validar ou aplicar testes de IE ou subescalas associadas.

A realização de um estudo de revisão sistemática sem restringir as buscas às produções de um único país pode favorecer a identificação do estado em que se encontram as pesquisas sobre o tema, bem como analisar os possíveis avanços do construto, tanto em termos teóricos como em termos empíricos, nesses países. Assim, procurando expandir a compreensão de como a IE tem sido investigada nos últimos cinco anos, o presente artigo teve por objetivo fornecer um panorama da pesquisa científica desse construto publicada em uma base de dados internacional para verificar o que está sendo pesquisado e discutido sobre IE no âmbito internacional. Algumas questões que se pretende responder, a partir desta revisão, são: Quais os tipos de artigos mais publicados: teóricos ou empíricos? Quais são os objetivos principais mais frequentes? Quem são os participantes destes estudos? Quais instrumentos têm sido empregados para avaliar a IE? Quais os procedimentos mais empregados em investigações sobre IE?

Método

Para o presente estudo de revisão sistemática sobre a produção científica a respeito de IE foi realizada em outubro de 2015 na base de dados PsycArticles da American Psychological Associotian (APA), a partir da palavra-chave emotional intelligence, que resultou em 79 estudos. Os critérios de inclusão dos artigos foram: (a) presença do termo no título, resumo e/ou palavras-chave; (b) ter sido publicado nos últimos cinco anos (2011-2015); e (c) se referir especificamente à IE. Foram excluídos artigos que correlacionavam outros tipos de inteligência a problemas emocionais, mas sem referir-se ao construto de inteligência emocional ou que abordavam emoção, mas sem relação com a IE, bem como resenhas e erratas. O levantamento dos artigos foi realizado por dois pesquisadores independentes e houve 100% de concordância sobre os artigos selecionados.

A leitura dos abstracts dos 79 artigos levantados resultou na seleção final de 44 artigos (ver Apêndice A), tendo como base os critérios de inclusão e exclusão, previamente estabelecidos. Em seguida, os artigos selecionados foram classificados quanto ao tipo de estudo em teóricos e empíricos. Dados distintos foram extraídos de cada tipo de artigo. Enquanto nos artigos teóricos buscou-se apenas identificar os objetivos de cada trabalho, nos artigos empíricos buscou-se informação sobre objetivo, participantes, instrumentos e procedimentos. Estas categorias de análise foram adotadas a partir de Gonzaga e Monteiro (2011) e da avaliação de uma juíza com experiência na área de estudos sobre IE. Para extração destes dados primeiramente consultou-se os resumos e, posteriormente, quando estes não traziam todas as informações necessárias, recorreu-se a partes específicas do texto, como método e resultados. Também foram realizadas análises em relação à distribuição de artigos por ano, autor e periódico.

 

Resultados

A análise dos artigos localizados, a partir dos parâmetros descritos acima, demonstrou que, quanto ao tipo de estudos, não havia artigos de revisão teórica dentro da amostra. Todos os artigos localizados referiam-se a estudos empíricos. Assim, a análise do presente trabalho prosseguiu com as pesquisas empíricas, observando, conforme já relatado no método, as categorias de ano de publicação, autoria, periódicos, objetivos, participantes, instrumentos e procedimentos.

Em relação à distribuição dos artigos por ano, dos 44 selecionados, 20 (45,4%) foram publicados em 2012 e 2015 (10 em cada ano) e 24 nos demais anos (oito em cada). A média foi de 8,8 artigos por ano.

Quanto à autoria, duas informações distintas foram extraídas: a quantidade de artigos por autor e a quantidade de autores por artigos. Em relação ao primeiro aspecto mencionado, foram identificados 129 autores distintos nos artigos analisados, sendo que destes 120 participaram da elaboração de um único artigo, sete participaram em dois artigos e apenas dois autores participaram da elaboração de três artigos. Referente à quantidade de autores em cada artigo, verificou-se que 28 artigos (63,6%) possuíam até três autores, sendo que oito foi a quantidade máxima observada de autores por artigo.

Os artigos analisados foram publicados em 21 revistas científicas distintas, sendo que os periódicos com maior quantidade de artigos publicados foram Emotion (25%), European Journal of Psychological Assessment (11,4%), Journal of Applied Psychology (9,1%) e Psychological Assessment (9,1%). O periódico Emotion possuía 11 artigos, o European Journal of Psychological Assessment possuía cinco publicações e Journal of Applied Psychology e Psychological Assessment possuíam quatro publicações cada.

Referente aos objetivos dos artigos analisados, verificou-se que a maioria dos estudos buscou relacionar a IE a outros construtos (63,6%), tais como a qualidade da relação conjugal, a competência multicultural (Zeidner, Kloda & Matthews, 2013), a eficácia do trabalho em equipe (Farh, Seo & Tesluk, 2012), entre outros. O segundo objetivo mais mencionado nos artigos referia-se às propriedades psicométricas de instrumentos destinados a mensurar a IE (20,5%). Além destes, também foram citados como objetivo: desenvolvimento de modelos teóricos para explicar IE a partir da coleta de dados empíricos (6,8%), elaboração de medidas para a IE (4,5%), caracterização da IE em determinada população (2,3%) e intervenção voltada para o desenvolvimento de IE (2,3%).

Na Tabela 1 estão descritas informações dos estudos em relação às faixas etárias e níveis educacionais das amostras utilizadas. São apresentadas as categorias de classificação, a frequência e a porcentagem.

 

 

Em relação aos participantes, conforme pode ser observado na Tabela 1, a maioria dos estudos foi realizada com adultos que possuíam ou estavam cursando nível superior. Não foram identificados artigos cujos participantes fossem exclusivamente crianças (0 a 10 anos) ou idosos (mais de 60 anos). Na categoria Diversas foram considerados estudos que envolviam mais de uma faixa etária, como por exemplo, a pesquisa desenvolvida por Keefer, Holden e Parker (2013), a qual avaliou propriedades psicométricas do Emotional Quotient Inventory – Youth Version (EQi:YV-Brief) em um estudo longitudinal no decorrer de um período de 6 anos, desde a infância tardia até a adolescência.

Também foi possível identificar estudos que envolviam grupos específicos de participantes, tais como homens encarcerados (Copestake, Gray & Snowden, 2013; Ermer, Kahn, Salovey & Kiehl, 2012), homens que praticavam meditação (Lomas, Edginton, Cartwright & Ridge, 2014), casais heterossexuais recém-casados (Zeidner, et al., 2013), estagiários do curso de Psicologia (Rieck, Callahan & Watkins Jr, 2015; Rieck, Hausdorf & Callahan, 2015; Rieck & Callahan, 2013), estudantes de medicina (Libbrecht, Lievens, Carette & Côté, 2014), pessoas envolvidas com organizações esportivas (Wagstaff, Fletcher & Hanton, 2012), tripulantes de transporte aéreo (Piñar-Chelso & Fernández-Castro, 2011), veteranos de guerra (Gaher et al., 2014), profissionais de saúde (Dafeeah, Eltohami & Ghuloum, 2015) e administradores (Chrobot-Mason & Leslie, 2012; Gregory & Levy, 2011).

Na Tabela 2 estão demonstrados os diversos instrumentos utilizados nos estudos verificados. São descritos os nomes completos, as siglas, os autores responsáveis pela versão original das medidas, bem como a frequência e porcentagem de uso nas pesquisas identificadas nesta revisão.

 

 

Em relação aos instrumentos utilizados nas pesquisas foi possível observar a utilização de 20 medidas diferentes. O MSCEIT (Mayer et al., 2002) foi o teste aplicado com maior frequência, contabilizado em 17 (38,6%) dos 44 estudos. Na sequência os instrumentos mais usados foram o WLEIS (Wong & Law, 2002) em seis estudos, SREIT (Schutte et al., 1998) em cinco, o TEIQue-SF (Petrides & Furnham, 2004) em quatro e o TMMS (Salovey et al., 1995) em três. Os demais instrumentos foram empregados em apenas uma (2,27%) ou duas (4,54%) pesquisas.

A análise dos procedimentos utilizados nos artigos permitiu identificar dois tipos de informação: a quantidade de estudos em cada artigo e a forma como os dados foram coletados. A maioria dos artigos (n=34) apresentava um único estudo; contudo, foi possível identificar trabalhos constituídos por dois (n=8) ou três (n=2) estudos. A forma de coletar os dados foi bastante variada, conforme pode ser observado na Tabela 3, envolvendo desde procedimentos que exigem um nível menor de trabalho para coletar os dados, tais como a análise de dados extraídos de bancos de dados existentes, até procedimentos mais complexos, os quais empregavam diversas formas de coletar dados.

 

 

As formas de coleta de dados mais empregadas foram classificadas na categoria diversas (29,5%), autoavaliação juntamente com a avaliação por pares (15,9%) e aplicação coletiva dos instrumentos em sala de aula com resposta individual (13,6%). Entre os 13 artigos que utilizaram formas diversas de coletar dados, seis deles referiam-se a trabalhos que apresentavam dois ou três estudos em uma única publicação.

Discussão

Diante do objetivo de fornecer um panorama da pesquisa científica sobre IE, o presente artigo possibilitou uma exposição a respeito dos tipos de estudo, público alvo, objetivos, instrumentos e procedimentos mais investigados na área. A ausência de artigos teóricos foi um dado não esperado, por dois motivos. Primeiro, porque em revisões anteriores, realizadas por Fernández-Berrocal et al. (2012) e Gonzaga e Monteiro (2011), na amostra de artigos selecionados, foram verificados estudos teóricos, embora o predomínio tenha sido de artigos empíricos. Em segundo lugar, se deve ao fato do conceito de IE ser relativamente novo, quando, por exemplo, o comparamos com o construto da inteligência tradicional que é investigado há mais de 120 anos (Cohen, Swerdlik, & Sturman, 2014) e, desta forma, esperava-se encontrar artigos que buscassem discutir ou fortalecer a elaboração do construto de IE (quer entendida dentro dos modelos de habilidades, quer compreendida a partir de modelos mistos), bem como a relação da mesma com outros tipos e/ou modelos de compreensão da inteligência.

A preocupação com evidências científicas que comprovem a adequação do construto de IE como um tipo de inteligência já era evidente na proposta apresentada por Mayer et al. (2001). Para estes autores a IE era compreendida como uma habilidade cognitiva e tinha relação com outras capacidades da inteligência já existentes, critérios importantes para esse construto ser considerado uma capacidade da inteligência. Neste sentido, o estudo de MacCann, Joseph, Newman e Roberts (2014) parece relevante, pois avaliou, a partir de modelos estruturais, se a IE podia ser considerada como um fator do 2º estrato do Modelo de Cattell-Horn-Carroll (CHC) das habilidades cognitivas da inteligência. A partir da coleta de dados com 688 universitários, usando o MSCEIT e uma bateria de testes cognitivos – Educational Testing Service Kit of Factor Referenced Cognitive Tests acrescida de dois testes (Conclusão de frases e Analogia) para avaliar os fatores de inteligência cristalizada (Gc), conhecimento quantitativo (Gq), processamento visual (Gv), capacidade e armazenamento e recuperação da memória de longo prazo (Glr) e inteligência fluida (Gf) – os autores encontram evidências para apoiar um modelo hierárquico de inteligência cognitiva, no qual a IE seria um dos fatores do 2º estrato, propondo, então, uma expansão do Modelo CHC para inclusão da IE como um fator de segundo estrato.

A discussão sobre IE ser um tipo de inteligência (modelo por desempenho) ou um traço de personalidade (modelo misto) foram discussões encontradas em diversos artigos desde o surgimento da IE proposta por Salovey e Mayer (1990). Os dados do estudo de MacCann et al. (2014) respaldam a IE como inteligência, pontuando-a em alto nível ao sugerir, por conta dos dados encontrados, que ela faça parte da teoria mais aceita e atual na literatura científica sobre inteligência que é o modelo CHC. Destaca-se que as pesquisas com IE apontam mais evidências do seu status como inteligência do que algumas capacidades inseridas no modelo CHC por McGrew (2009) e que continuaram após a revisão desse modelo em Schneider e McGrew (2012). Tais capacidades são: olfativa, tátil, cinestésica, psicomotora e velocidade psicomotora. Assim, de certa forma, a discussão de aspectos teóricos a partir de dados obtidos em estudos empíricos (como no caso de MacCann et al. (2014), parece ser um avanço desejável na elaboração e confirmação de qualquer construto e, portanto, a ausência de artigos exclusivamente teóricos talvez não represente exatamente uma dificuldade. No entanto, vale ressaltar que artigos teóricos trazem uma importante contribuição no processo de detectar lacunas na área e, portanto, os dados sugerem que novas pesquisas devem ser desenvolvidas neste intuito.

Apesar da ausência de artigos teóricos, aparentemente a produção a respeito do construto de IE tem se mantido constante ao longo dos últimos cinco anos, demonstrando ser esta uma área de conhecimento que tem avançado sobre dados científicos. No entanto, em média, foram publicados nove artigos por ano, considerando que a busca foi realizada em uma base de dados internacional e de grande expressividade em publicações científicas, inclusive com periódicos específicos sobre inteligência e emoção, essa quantidade aponta a necessidade de mais estudos na área.

Outro aspecto observado foi a grande quantidade de autores, o que poderia representar o envolvimento de um número cada vez maior de pesquisadores nesta área de investigação. Todavia, o grande número de autores com uma única publicação sobre o tema pode levar a duas hipóteses distintas: (1) ou o envolvimento destes pesquisadores com a área é pontual, resultado de uma intersecção entre a verdadeira área de interesse do pesquisador com o construto de IE; (2) ou as pesquisas na área são complexas, tornando a coleta, análise e publicação de dados um processo bastante demorado. Pesquisas que cobrissem um período mais extenso e que analisassem a questão da autoria poderiam permitir avaliar a veracidade destas hipóteses.

Em relação às revistas científicas, o levantamento do presente artigo apontou a revista Emotion como o periódico mais utilizado para publicar artigos sobre IE, o que provavelmente está relacionado à proposta adotada pelo mesmo. Emotion publica estudos que apresentam contribuições significativas para a compreensão da emoção a partir de uma ampla gama de tradições teóricas e domínios de investigação (American Psychological Association, 2015).

A análise dos objetivos dos estudos permitiu verificar que 63,3% deles buscavam estabelecer relação entre IE e outros construtos. Este dado esta de acordo com as revisões de Fernández-Berrocal et al. (2012) e Gonzaga e Monteiro (2011), nas quais a maioria dos estudos também eram correlacionais. Um aspecto que se destaca ainda com relação ao objetivo principal dos artigos refere-se ao fato de haver predomínio de pesquisas empíricas destinadas a fornecer evidências para uma compreensão mais acurada da IE com construtos associados à mesma, bem como para o desenvolvimento de instrumentos com propriedades psicométricas válidas. No entanto, observa-se escassez de estudos que busquem promover intervenções no sentido de desenvolver a IE. Assim, parece que apesar do corpo teórico que se tem produzido em relação à IE, pouco investimento científico tem sido realizado no intuito de que este conhecimento resulte em programas de intervenção voltados para o desenvolvimento da IE em públicos diversos.

Em sua maioria os estudos foram realizados com adultos que possuíam ou estavam cursando nível superior. Considerando que o desenvolvimento ao longo da idade é um dos critérios para determinado construto ser concebido como uma capacidade da inteligência (Mayer et al., 2001), é importante um maior investimento em pesquisas com crianças menores de 10 anos e adultos maiores de 60 anos, pois as capacidades intelectuais tendem a apresentar uma curva inicial ascendente e final descendente (Salthouse, 1998; 2004), e se espera que o mesmo ocorra com a IE, mas para essa investigação são necessários estudos contemplando as faixas etárias mencionadas.

Além disso, o predomínio de estudos cujos participantes foram abordados dentro de instituições de ensino (seja referente à Educação Básica ou ao Ensino Superior), como também foi evidenciado nas revisões de Fernández-Berrocal et al (2012) e Gonzaga e Monteiro (2011), provavelmente deve-se à facilidade de acesso e à sensibilidade que o ambiente acadêmico proporciona à participação em pesquisas, principalmente no meio universitário. Em vários estudos, a participação na pesquisa foi recompensada com créditos acadêmicos, mecanismo que tende a aumentar a adesão dos participantes. Fora do ambiente acadêmico pode ser mais difícil encontrar estratégias que garantam a participação até o final da coleta de dados, principalmente em pesquisas que envolvem muitas horas e/ou dias de coletas.

Dos instrumentos empregados nas pesquisas analisadas, o MSCEIT foi o mais utilizado, dado também verificado no estudo de revisão sobre a produção científica brasileira de IE (Gonzaga & Monteiro, 2011). Os autores identificaram a utilização do instrumento elaborado por Mayer et al. (2002) em 12 de 18 estudos quantitativos realizados no Brasil. No entanto, é importante ressaltar que no Brasil os instrumentos de IE, mesmo o MSCEIT é somente para uso em pesquisa, pois não ainda não há instrumento de IE aprovado no Brasil para uso profissional, conforme o que deve ser seguido pela Resolução 005/2012 do Conselho Federal de Psicologia. O MSCEIT, desenvolvido por Mayer, Salovey e Caruso (2002), foi construído com o cuidado para que mensurasse o construto por desempenho, como os demais instrumentos de inteligência.

A utilização de uma medida por desempenho é importante, pois avalia o quanto uma pessoa demonstra ter de capacidade, e não o quanto ela acha que tem, como em escalas de autorrelato. Assim, concordando com Mayer et al. (2001), uma inteligência precisa ser passível de mensuração por testes de desempenho, por isso é importante que as pesquisas com IE mantenham esse critério. Esse dado também pode ser considerado um avanço, pois o MSCEIT foi construído semelhante aos testes de inteligência, ou seja, por desempenho, e se manteve como o mais utilizado, o que é mais um indício que IE pode ser considerada uma inteligência, tanto que parece ser mais bem avaliado por esse tipo de instrumento, uma vez que é a preferência nas pesquisas.

Ainda quanto aos instrumentos, é importante ressaltar sobre a dificuldade para identificação de cada um nas pesquisas analisadas. Por exemplo, a sigla do instrumento elaborado por Schutte et al. (1998; denominado no presente estudo como Self Report Emotional Intelligence Test – SREIT) era utilizada de forma diferente nas pesquisas. No estudo de Chong e Chan (2015) o autor não colocou a sigla por extenso, apenas denominou o instrumento de SREIT, contudo é importante salientar que ele utilizou uma versão adaptada (Siu, 2009) para uma população de Hong Kong. No estudo de Cho, Drasgow e Cao (2015) os autores, apesar de especificarem o nome por extenso Self Report Emotional Intelligence Test, eles denominaram de SEIT, retirando o termo Report da sigla. Gaher et al. (2014) optaram por denominar o instrumento de, somente, Emotional Intelligence Scale, por isso a sigla EIS. Zeidner et al. (2013) denominaram o instrumento de Schutte Self-Report Inventory, por isso a sigla foi escrita como SSRI. Por fim, Harris, Reiter-Palmon e Kaufman (2013) denominaram o instrumento apenas de measure of EI, não especificando uma sigla. Essas inconsistências nas siglas, provavelmente, ocorreram porque no estudo original de desenvolvimento e validação (Schutte et al., 1998) os autores não definiram uma sigla para o instrumento de inteligência emocional. Para sanar esse problema foram verificadas, além da análise descritiva dos instrumentos na parte de método das pesquisas analisadas, as referências das medidas de avaliação.

Por fim, o exame de como os dados foram coletados demonstrou que a forma mais empregada era aquela que envolvia diversos procedimentos. Em relação a isto, um aspecto que chama atenção é que aproximadamente metade dos artigos que empregaram formas diversas de coleta de dados referia-se a manuscritos compostos por mais de um estudo. Isto pode ser explicado, em parte, pelo fato de que quanto maior a quantidade de estudos apresentados em um artigo, mais complexa era a pesquisa descrita e mais difícil de classificá-las quanto à forma como os dados eram coletados, uma vez que tais trabalhos tendiam a usar diversas maneiras para coletar os dados necessários para responder às hipóteses levantadas (por exemplo, Elfenbein, Barsade & Eisenkraft, 2015). No entanto, o emprego de diversas formas de coleta de dados não foi exclusividade das publicações que apresentavam dois ou três estudos, sendo possível identificar artigos que correspondiam a um único estudo, mas que utilizavam mais de uma forma de coleta (por exemplo, Harris et al., 2013).

Outro aspecto que se destaca com relação à forma de coletar dado diz respeito ao uso de recursos tecnológicos, o que pode ser observado nas categorias preenchimento on-line dos instrumentos utilizados e uso de computador em sessão supervisionada e em alguns estudos que entre as diversas formas de coletar dados empregaram também recursos tecnológicos (por exemplo, Libbrecht et al. (2014) e Robinson, Moeller, Buchholz, Boyd, e Troop-Gordon (2012). A informatização na administração e correção de testes, o desenvolvimento de softwares para realizar levantamento de informações ou permitir a monitoria ou execução de atividades no ambiente virtual e as facilidades relativas ao acesso e transmissão de informações via internet não apenas facilitam o processo de coleta e análise de dados, como viabilizam a participação de pessoas que poderiam não participar caso a coleta fosse realizada somente presencialmente. Desta forma, o uso de recursos tecnológicos pode contribuir para pesquisas com um maior número de dados, analisados de forma mais consistente, permitindo a identificação de evidências mais robustas para apoiar ou refutar as hipóteses levantadas.

 

Considerações finais

O trabalho apresentou um panorama dos últimos cinco anos de investigações sobre IE no cenário internacional, permitindo examinar a natureza das pesquisas, bem como avanços na área. O estudo do desenvolvimento das pesquisas em IE no âmbito internacional permitiu verificar que a discussão sobre a validade da existência do construto de IE não tende a aparecer. A ausência de pesquisas discutindo a existência ou não da IE enquanto construto, os estudos abordando sua correlação com diversas variáveis e o desenvolvimento de instrumentos, são informações que podem sugerir a maior aceitação do construto IE pela comunidade científica. Apesar disso, ainda são necessárias pesquisas com faixas etárias menores, bem como pesquisas sobre intervenção de IE e a eficácia dessas intervenções.

O estudo apresentou os limites de restringir-se à análise de artigos de uma única base de dados, não examinando bases diversificadas ou trabalhos de dissertações e teses, o que poderia gerar dados variados. Pesquisas futuras que explorem um maior número de bases de dados e outras fontes podem ampliar o mapeamento da área e oferecer um desenvolvimento histórico sobre IE.

 

Declaração de conflitos de interesse

Não há conflitos de interesse.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Joene Vieira-Santos

e-mail: joenesantos@yahoo.com.br

Endereço para correspondência
Diego Costa Lima

e-mail: diegopsicologia@yahoo.com

Endereço para correspondência
Raquel Martins Sartori

e-mail: ra_ms10@hotmail.com

Endereço para correspondência
Patricia Waltz Schelini

e-mail: patriciaws01@gmail.com

Endereço para correspondência
Monalisa Muniz

e-mail: monamuniz@gmail.com

Recebido em: 26/10/2016
Revisado em: 25/05/2017

Aceito em: 13/07/2017

 

 

 

Certificamos que todos os autores participaram suficientemente do trabalho “Inteligência emocional: revisão internacional da literatura” para tornar pública sua responsabilidade pelo conteúdo. A contribuição de cada autor pode ser atribuída como se segue: J.V.S., D.C.L. e R.M.S. contribuíram para o levantamento, sistematização, análise dos artigos e escrita completa do artigo, e P.W.S. e M.M. contribuíram para a análise dos artigos e escrita completa do artigo.

 

i Psicóloga, mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Tem experiência em pesquisa e/ou docência nas áreas de Análise do Comportamento, habilidades sociais, habilidades sociais educativas e ensino universitário, formação do docente universitário.

ii Psicólogo, mestre em Psicologia pela Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Tem experiência em pesquisa e/ou docência nas áreas de Saúde Mental, Saúde Pública, Habilidades Sociais, Estatística Aplicada às Ciências Humanas, Avaliação Psicológica, Metodologia de Pesquisa, Psicologia Experimental e Terapia Cognitivo-Comportamental.

iii Psicóloga, mestre em Educação Especial e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). É professora e atual coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário de Votuporanga.

iv Psicóloga, mestre e doutora pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Atua como professora associada do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos, onde ministra aulas na graduação e na pós-graduação e desenvolve estudos sobre a inteligência/cognição, metacognição e pensamento imaginativo. É a atual coordenadora do Curso de Graduação em Psicologia da UFSCar.

v Psicóloga, mestre e doutora em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco. Atua como docente na graduação e pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos e é pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento Humano e Cognição - Ladheco.

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