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Estudos Interdisciplinares em Psicologia

versión On-line ISSN 2236-6407

Est. Inter. Psicol. vol.10 no.3 supl.1 Londrina dic. 2019

http://dx.doi.org/10.5433/2236-6407.2019v10n3suplp48 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Psicologia da família, self e relação: revisão narrativa da construção de um campo disciplinar

 

Family psychology, self and relationship: a narrative review of the construction of a disciplinary field

 

Psicología de la familia, self y relación: una revisión narrativa de la construcción de un campo disciplinario

 

 

Edna Lúcia Tinoco Ponciano

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

 

 


RESUMO

A Psicologia da Família surgiu como disciplina na década de 1980, nos EUA. Influenciada pela Terapia de Família, adota a Abordagem Sistêmica como referencial teórico e se articula aos referenciais tradicionais da Psicologia. Defende a integração entre perspectivas teóricas que abordem o self e a relação. Realizou-se uma revisão narrativa, cujo objetivo foi o de analisar e discutir a produção nacional, considerando temas e áreas disciplinares. Foi feita uma pesquisa no SCIELO e na PEPSIC, de 2010 a 2019, com os termos Psicologia e Família. Posteriormente, foram trazidos artigos ilustrativos do Journal of Family Psychology, a fim de especificar a articulação entre self e relação. Os resultados indicaram que os estudos nacionais sobre família são realizados em várias áreas disciplinares da Psicologia e apresentam temas tradicionais e inovadores, que podem sugerir novas formas de intervenção psicológica.

Palavras-chave: Psicologia da Família; Self; Relação.


ABSTRACT

Family Psychology emerged as a discipline in the 1980s in the USA. Influenced by Family Therapy, it adopts the Systemic Approach as a theoretical framework and articulates with the traditional frameworks of Psychology. It advocates the integration between theoretical perspectives that approach the self and the relation. A narrative review was carried out, whose objective was to analyze and discuss the national production, considering subjects and disciplinary areas. A research was conducted at SCIELO and PEPSIC, from 2010 to 2019, with the terms Psychology and Family. Subsequently, illustrative articles were brought from the Journal of Family Psychology in order to specify the articulation between self and relationship. The results indicated that national family studies are conducted in various disciplinary areas of psychology and present traditional and innovative themes that may suggest new forms of psychological intervention.

Keywords: Family Psychology; Self; Relationship.


RESUMEN

La Psicología de la Familia surgió como disciplina en la década de 1980 en los Estados Unidos. Influenciada por la Terapia Familiar, adopta el enfoque sistémico como marco teórico y se articula a los referenciales tradicionales de la Psicología. Defiende la integración entre perspectivas teóricas que se acercan al yo y a la relación. Se realizó una revisión narrativa, cuyo objetivo ha sido analizar y discutir la producción nacional, considerando temas y áreas disciplinarias. Una encuesta se realizó en SCIELO y PEPSIC, de 2010 a 2019, con los términos Psicología y Familia. Más tarde, se trajeron artículos ilustrativos del Journal of Family Psychology para especificar la articulación entre el self y la relación. Los resultados indicaron que los estudios familiares nacionales se realizan en diversas áreas disciplinarias de la Psicología y presentan temas tradicionales e innovadores, que pueden sugerir nuevas formas de intervención psicológica.

Palabras clave: Psicología de la Familia; Self; Relación.


 

 

INTRODUÇÃO

O surgimento de uma nova disciplina, nos anos de 1980, nos Estados Unidos, pode ser entendido como o resultado do movimento de integração entre diferentes perspectivas teóricas e da expressiva diversidade de temas de interesse no campo de estudos sobre família (Pinsof, 1992; Ponciano, 2017). Fundada a nova Divisão (43) da American Psychological Association (APA), cria-se oficialmente, em 1984, a disciplina chamada Family Psychology. Se for considerada de maneira ampla, e não regulamentada como disciplina, uma psicologia da família pode ser identificada como forma de atuação vinculada à clínica com famílias e casais, sendo exercida, principalmente, por profissionais de variadas disciplinas que praticam a psicoterapia de família, além dos psicólogos que atendem a família, devido a características da sua clientela, como no caso de atendimento a crianças (Vane & DeMaria, 1988).

Na década de 1980, entretanto, o termo Family Psychology começa a ser usado formalmente para nomear um campo disciplinar multifacetado de estudos e de intervenções sobre a família, sendo realizados especificamente por psicólogos. A compreensão da família abarca suas formas e variações históricas, sua estrutura e funcionamento ao longo da história, seus espaços, culturas e gerações, além de seus atributos idiossincráticos e sistêmicos. Para além do foco no tratamento, a nova disciplina visa a implementar novas teorias e investigações empíricas, abarcando o estudo do que se compreende amplamente por família (Kaslow, 1987).

Como disciplina, surgida nos EUA, sofre grande influência da Terapia de Família, a exemplo de um artigo de Patrícia Minuchin (1985) que já evidenciava uma articulação entre o desenvolvimento individual e o familiar, entre a Abordagem Sistêmica e a Psicologia do Desenvolvimento, a partir do conceito de Ciclo de Vida. A Psicologia da Família possui, no entanto, suas próprias características, representando a matriz de um conhecimento psicológico, envolvendo o desenvolvimento de teorias, de pesquisas e de práticas, a respeito da família contemporânea e seu extenso contexto, em uma perspectiva de diálogo com várias áreas da Psicologia e, sendo caracterizada pela interdisciplinaridade, é influenciada pelas Ciências Sociais e da Saúde, de um modo geral (Kaslow, 2001; L'abate, 1998; Parker, 2017).

No lançamento do primeiro número do Journal of Family Psychology, em 1987, há uma tentativa de definição deste novo campo, enfatizando que a Psicologia da Família utiliza tanto a perspectiva sistêmica quanto a ênfase da Psicologia tradicional sobre o indivíduo (Liddle, 1987). Embora tenha um foco primordial sobre a família e o casal, focaliza igualmente o indivíduo em suas relações primárias e estruturais, assim como focaliza a ecologia social da família, ou seja, as redes sociais nas quais a família se insere. O indivíduo e a família são construídos, nesta perspectiva, como todos e partes, dependendo do contexto que é tomado como foco de estudo. Esta disciplina, portanto, nasce da necessidade de compreender psicologicamente a dinâmica individual (intrapsíquica), conjugando-a com a compreensão da dinâmica familiar (relacional); abarcando estas duas dimensões, há a compreensão de que fazem parte de um sistema e estão inseridas em um contexto extenso de família e de sociedade. Por consequência, para o estudo das relações íntimas, há que se incluir o psicológico, o desenvolvimental e o sistêmico (Kaslow, 2001; L'abate, 1998). Nesse sentido, há uma diferenciação em relação ao treinamento para a prática clínica, sendo entendida de um modo amplo e não vinculada somente às técnicas utilizadas no consultório particular. É necessária a formação de competências específicas com um treinamento baseado em uma perspectiva teórica de integração (interdisciplinaridade) e de suporte em pesquisas empíricas (Kaslow, Celano, & Stanton, 2005).

Há, portanto, a necessidade de familiarização com a epistemologia sistêmica, tendo uma compreensão psicológica que integre as dimensões intraindividuais, interpessoais, ambientais e macrossistêmicas, o que promove uma consciência dos fatores contextuais que impactam o indivíduo, o grupo e a sociedade (Stanton & Welsh, 2011). Um psicólogo da família deve ser treinado em conceituar e avaliar nesses termos, além de basear suas intervenções nessa compreensão. Modelos de avaliação, de intervenção, de metodologia, de consultoria e análises estatísticas devem ser consistentes com a abordagem sistêmica, a serem aplicados na prática com indivíduos, casais e famílias na atenção básica de saúde, nas escolas, nas organizações e em outros sistemas sociais mais amplos. Portanto, além de utilizar modelos tradicionais de Psicologia, os profissionais devem estar familiarizados com as pesquisas sobre a eficácia dessas práticas e o surgimento de intervenções inovadoras para contextos e situações específicas. Devem, sobretudo, desenvolver uma capacidade de reflexão clínica que considera os valores da clientela atendida, levando à emancipação da clientela, integrada às pesquisas empíricas, além de fundamentar teórica e tecnicamente o desenvolvimento de habilidades clínicas alcançadas com a experiência prática. A colaboração interprofissional é, igualmente, uma habilidade importante para o Psicólogo da Família, que pode trabalhar em contextos institucionais variados, no qual atende indivíduos e suas famílias, em conjunto com uma diversidade de especialistas (Harway, Kadin, Gottlieb, Nutt, & Celano, 2012).

Para compreender essa junção entre o indivíduo e família, Kaslow (1991) utiliza a analogia da dança entre o self e o sistema, que reverbera nos casais, nas famílias e nos rituais comunitários, os quais dão ritmo, continuidade, padrões e estímulos à vida familiar. Nesse sentido, a Psicologia da Família é uma resposta à tradicional separação entre o intrapsíquico e o relacional na Abordagem Sistêmica, criticando a necessidade de se fazer uma escolha entre o indivíduo (self) e a família (sistema). Ao abarcar ambos e estabelecer uma correspondência entre variáveis externas e internas, são inúmeras as possibilidades de atuação (L'Abate, 1992, 1998). Desse modo, como campo de intervenção, psicólogos da família podem atuar em diversas áreas, conforme APA - Divisão 43 (https://www.apadivisions.org/division-43/about, recuperado em 8 de junho, 2019), tais como na prática clínica, nas escolas e universidades, nos serviços de família e de comunidade, nos serviços de saúde física e mental e na construção de políticas públicas, além de prestarem consultorias (Nutt & Stanton, 2008).

No Brasil, a Psicologia da Família ainda não é um campo formalizado como uma disciplina, mas há uma tradição de investigações e de práticas interventivas com e sobre famílias que, sem dúvida, podem ser qualificadas como uma área de atuação dos psicólogos. Nesse sentido, o argumento da discussão que apresento aqui é que, embora não haja um campo disciplinar formalizado nacionalmente, a família, no Brasil, também é da Psicologia. Para tanto, apresento três questões norteadoras: quais são as áreas disciplinares e os temas abordados pelos psicólogos que trabalham com famílias; quais são os temas que se apresentam como perspectivas futuras de investigação e de desafios práticos, para os psicólogos que atuam na área, e por último, quais artigos são exemplares da articulação entre disciplinas, que trabalham tanto o self (psicológico) quanto o relacional (sistêmico), conforme a proposta da Psicologia da Família, publicada no Journal of Family Psychology. Essas três questões orientam a revisão da literatura, a partir da interpretação de textos e de análises feitas anteriormente, seguindo o viés da minha interpretação e da trajetória que tenho como investigadora sobre família e professora, ministrando uma disciplina intitulada Psicologia da Família, primeiramente na PUC-Rio, em 2009, e, posteriormente, na UERJ, desde 2010. O objetivo desse artigo, portanto, é analisar e discutir a produção nacional, considerando temas e áreas de diálogos com o amplo campo da Psicologia da Família.

 

MÉTODO

Com caráter amplo e o objetivo de discutir o estado da arte de um determinado campo, a revisão narrativa, também chamada de revisão tradicional ou exploratória, tem a proposta de discutir o desenvolvimento teórico-conceitual de um determinado assunto, o que permite identificar os problemas e as lacunas, além dos potenciais e das questões que indicam a necessidade de aprofundamento e de mais investigações. Embora, não seja baseada em passos sistemáticos que podem ser facilmente reproduzidos, pode ser realizada com rigor e indicar modos de sistematização específicos e singulares, que indicam reflexões. Além disso, em uma visão qualitativa dos resultados, a literatura é analisada criticamente (Rother, 2007), visando à aquisição e à atualização do conhecimento, percebendo novas ideias e como elas têm sido articuladas na literatura selecionada.

Portanto, em uma busca exploratória, orientada pelas duas primeiras questões norteadoras, acima mencionadas, e pela leitura de textos relativos ao tema, foram acessadas as bases de dados nacionais SCIELO e PEPSIC, a fim de identificar e realizar uma análise e discussão qualitativa da produção nacional, considerando temas e áreas de diálogos com o amplo campo da Psicologia da Família. Por conseguinte, após o resultado nas bases nacionais, verifiquei a necessidade de orientar a busca no Journal of Family Psychology pela leitura de uma articulação teórica específica entre self e relação, orientada pela terceira questão acima mencionada, discutindo artigos ilustrativos cujas temáticas aliam estudos de integração entre o psicológico e o sistêmico, em uma perspectiva interdisciplinar, por mim adotada.

Inicialmente, em maio de 2019, especificando o período de 2010 a 2019, foi lançado o termo Psicologia da Família nas duas bases de dados nacionais, sendo encontrado somente um artigo que utilizava o termo (Carvalho-Barreto & Lima, 2013). Devido a esse resultado, pude verificar que o termo ainda não é utilizado, sendo encontrado somente esse artigo, ao realizar a pesquisa de descritor na BVS-Psi lançando o termo Psicologia da Família. Dessa forma, decidi fazer um levantamento geral para observar e analisar a direção de um campo, ainda que não seja nomeado como Psicologia da Família, lançando os termos Psicologia e Família nos resumos, a fim de identificar quais artigos surgem relacionando os dois termos de alguma forma.

Os critérios para inclusão foram artigos de autores nacionais publicados nas revistas de Psicologia e que apresentassem discussões relativas ao campo de estudos sobre famílias na Psicologia. Foram excluídos todos aqueles que não se enquadravam nesses critérios. Na base de dado SCIELO, foram encontrados 94 e na base PEPSIC foram 104. A análise foi feita pelo título e pelo resumo e, quando necessário, foi feita a leitura do artigo, a fim de observar quais são os temas sobre os quais os psicólogos trabalham com famílias e quais são as áreas disciplinares que estão discutindo as temáticas em torno desse assunto, somando, ao final, 78 artigos analisados nas duas bases. Portanto, como eixos de análise, os artigos foram organizados pelos temas e pelos campos disciplinares aos quais pertencem, apresentados em uma tabela.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela I, são apresentados os artigos agrupados por áreas disciplinares e por temas. São as seguintes áreas, com o quantitativo de artigos encontrados: Psicologia Clínica (26); Psicologia Cultural (1); Psicologia do Desenvolvimento (5); Psicologia Escolar (3); Psicologia Hospitalar (10); Psicologia Jurídica (11); Psicologia Política (1); Psicologia Social (4); Saúde da Família (17).

Áreas disciplinares e os temas abordados pelos psicólogos que trabalham com famílias

Nesse tópico, discuto a primeira questão norteadora sobre quais são as áreas disciplinares e os temas abordados pelos psicólogos que trabalham com famílias. Embora não seja possível delimitar uma disciplina chamada Psicologia da Família no Brasil, é possível, a partir de uma interface com variadas disciplinas, indicar trajetórias já consolidadas e caminhos possíveis para um campo de estudos sobre família, que se aproximam da referida disciplina. As interfaces disciplinares igualmente indicam as afinidades de um tipo de estudo sobre a família que necessita se fazer no diálogo com referências de vários campos teórico-conceituais, proposta interdisciplinar apresentada pela Psicologia da Família e pela nomeação das disciplinas discriminadas na tabela, indicando a interseção com os campos da saúde, da política, do sociocultural, do educacional e do jurídico.

A Psicologia Clínica (26) apresenta o maior número de artigos, exemplificando temas variados. Predomina a Psicoterapia com crianças (5),historicamente relacionada à prática de atendimento às famílias, seguido de temas tradicionais no campo, além de surgirem temáticas ligadas a atuações mais recentes, como a do CRAS e a da Fisioterapia.

A Psicologia Cultural (1) apresenta o tema da adoção, e a Psicologia Política (1) o tema sobre o conceito de família. Embora os temas possam ser vistos como tradicionais e tendam ao diálogo com o campo das Ciências Sociais, essas duas áreas disciplinares podem representar uma interface recente e inovadora no campo dos estudos sobre família, o que pode estar indicado pelo ainda pouco número de artigos apresentados.

A Psicologia do Desenvolvimento (5) apresenta temas variados como família; clima social; formação de leitores; parentalidade; família e escola, sendo o da formação de leitores que parece ser o mais recente e inovador. A Psicologia Escolar (3),que pode ser considerada uma interface com a Psicologia do Desenvolvimento, apresenta temas tradicionais como da educação especial e o da aprendizagem.

A Psicologia Hospitalar (10) apresenta temas tradicionais do campo e apresenta uma notória quantidade de artigos relacionados à família, especialmente os que se referem à internação. De modo semelhante, é notório o número de artigos na área da Saúde da Família (17), sendo a maioria relacionada à atuação do psicólogo nos programas de saúde de atendimento às famílias.

A Psicologia Jurídica (11) apresenta um número considerável de artigos e temas tradicionais desse campo, tais como adoção, abuso sexual e conflitos com a lei, sem novidades aparentes quanto às temáticas. Já a Psicologia Social (5),apresenta temas que indicam campos inovadores de investigação e de atuação tais como Bolsa Família, conjugalidade e fibromialgia e pais e vitória.

A partir de um simples levantamento não é possível indicar de modo extenso quais são as características e as estratégias de investigação e de atuação, baseadas nessas potenciais interfaces disciplinares entre essas Psicologias, a Psicologia da Família e outras disciplinas. É possível, porém, refletir sobre essa potencialidade a partir dos temas inovadores que indicam a importância de se articular o self, a família e seu contexto, proposta evidenciada pela Psicologia da Família.

Temas que se apresentam como perspectivas futuras de investigação e de desafios práticos

Ao discutir a segunda questão norteadora sobre quais são as áreas disciplinares e os temas abordados pelos psicólogos que trabalham com famílias, nessa seção, são apresentados os artigos de algumas das áreas disciplinares listadas, cujos temas se destacam pelo teor de novidade e de desafios futuros. São descritos temas das pesquisas e as principais conclusões, que indicam potencial de serem agrupados como característicos de um campo nacional, genericamente, denominado como Psicologia da Família.

Em uma ampla prática clínica com as famílias, realizada por Psicólogos, destacam-se dois artigos cujas temáticas evidenciam novos campos de investigação e de desafios para a atuação: um sobre CRAS e outro sobre fisioterapia. No primeiro, em uma pesquisa que aborda as relações subjetivas, procura-se identificar as novas formas subjetivas encontradas nas relações.

Destaca-se na conclusão que o enrijecimento de uma visão de família, a nuclear, sendo escolhido como modelo para as intervenções, interfere nas atividades cotidianas do CRAS, podendo inviabilizar o trabalho, além de ser identificada a necessidade de reinventar o modelo tradicional de Psicologia e de suas práticas interventivas (Andrade & Romagnolis, 2010). No segundo, a participação de familiares em intervenções com crianças é evidenciada como importante na área de fisioterapia, no atendimento a crianças com distúrbios neurológicos. São discutidas formas de envolver os pais nos contextos de intervenção fisioterapêutica, buscando promover a participação da família e beneficiando os resultados da reabilitação (Gennaro & Barham, 2014).

A formação de leitores é o tema apresentado em uma pesquisa sobre o processo de constituição de leitores, que estão na universidade, focando o ambiente familiar e os impactos afetivos das práticas de leitura vivenciadas ao longo da vida. Os resultados identificam impactos afetivos na constituição dos pesquisados como leitores, reconhecendo a participação da família (Orlando & Leite, 2018).

A respeito da internação e das visitas familiares, a visita das avós aos bebês internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é destacada em uma pesquisa que discute o fortalecimento da rede de apoio e a inclusão do bebê na família. Sendo acompanhadas por psicólogos, as avós ajudam a compreender a dinâmica psíquica da família em seus aspectos transgeracionais, o que pode embasar intervenções psicológicas (Peixoto, Gomes Pereira, Freitas Leite, & Junqueira-Marinho, 2012).

A Psicologia atuando na Saúde da Família é retratada no contexto de um relato sobre a experiência em uma Residência Multiprofissional. Profissionais das equipes de Saúde da Família e usuários têm a expectativa de que a Psicologia desenvolva intervenções clínicas individuais. Também realizadas por psicólogos, foram feitas intervenções de promoção, prevenção e educação em saúde, além de ações de articulação com outros serviços. Estas intervenções tendem a não serem reconhecidas como da atuação psicológica, demarcando uma visão fixa sobre a atuação do psicólogo vinculada a modelos tradicionais (Cezar, Rodrigues, & Arpini, 2015). Ainda nesse campo, a construção da identidade profissional é um tema a ser investigado, proposta de outro artigo. Ao serem realizadas entrevistas com psicólogos, foi constatada uma visão da Psicologia relacionada ao modelo privado de atuação em consultório clínico, além de ser enfatizado o atendimento individual. Com essa pesquisa, conclui-se que há uma incoerência na concepção desses profissionais, mantendo formatos de atuação que podem dificultar a intervenção da Psicologia na atenção básica de saúde (Vasconcelos & Aléssio, 2019).

O programa Bolsa Família é outro campo de atuação de psicólogos que demanda um processo de construção de formas não-tradicionais de atendimento psicológico, atendendo uma população que está sujeita à vulnerabilidade e ao risco social. Trabalhando com famílias em grupo, profissionais de Psicologia relatam ocorrer o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, aumentando o reconhecimento da função de cada membro na família e da sua importância para a manutenção do benefício, que está sujeito a regras que não podem ser descumpridas (Souza & Marin, 2017).

Considerando que os artigos acima descritos abordam temáticas no campo dos estudos sobre família e indicam a necessidade de inovação na atuação dos psicólogos, esses poderiam ser discutidos no interior do campo da Psicologia da Família, relacionando às características já mencionadas de interdisciplinaridade, de integração teórica e de criação de intervenções que considerem o self, a família e o contexto social. Nesse sentido, a conjunção do enfoque individual com o da família para compreender os fenômenos psicológicos, além da rede social e do contexto (Kaslow, 2001), é uma das marcas de um campo que, aparentemente, no Brasil, se consolida por temas tradicionais e inovadores, sendo que os últimos demandam uma reflexão sobre a atuação do psicólogo e as suas formas de intervenção. Identificar os temas que se apresentam como perspectivas futuras de investigação e de desafios práticos, para os psicólogos que atuam na área, está diretamente vinculado à terceira e última questão norteadora.

Journal of Family Psychology: artigos exemplares da articulação entre disciplinas, e do Self (psicológico) com o relacional (sistêmico)

Ao realizar uma reflexão sobre o passado e o futuro da Psicologia da Família, na comemoração de 30 anos do Journal of Family Psychology, Parker (2017) retoma tópicos que confirmam a interdisciplinaridade e a consequente necessidade de integração teórica, para embasar as práticas e os projetos de investigação. Um dos tópicos retomados trata da necessidade de continuamente discutir o que se entende pelo termo família e quais são as implicações desse entendimento para a atuação do psicólogo. Outro diz respeito aos temas inovadores e a necessidade de ampliar a discussão e a formação profissional, a partir desses temas, a fim de implementar as práticas investigativas e as intervenções correspondentes.

De muitas formas, a Psicologia da Família consolidou uma identidade que focaliza os processos intrafamiliares (cognições, crenças, comportamentos e a dinâmica das trocas entre os membros do grupo familiar), considerando díades e tríades e a família como uma unidade. No entanto, insiste Parker (2017), é improvável que compreendamos plenamente as famílias sem reconhecer as contribuições de outras disciplinas. Os sociólogos nos informam sobre questões de raça, classe, desigualdade e mudanças sociodemográficas, os antropólogos nos alertam para variações transculturais, enquanto os economistas documentam mudanças econômicas. Os profissionais da área médica fornecem informações sobre doenças e estratégias de promoção do bem-estar da família, e estudiosos da área oferecem vislumbres de como as famílias podem ser ajudadas ou prejudicadas por leis e políticas sociais que afetam diretamente as famílias. Historiadores nos lembram que, ao longo do tempo, mudanças nas formas familiares, crenças e práticas estão constantemente sob revisão. A tarefa do Psicólogo de Família é entender melhor como essas percepções interdisciplinares modificam as teorizações sobre o processo de funcionamento familiar. Além desses tradicionais colaboradores para o estudo da família, para Parker (2017), algumas disciplinas não receberam atenção suficiente dos estudiosos da família tal como arquitetura e design. A maioria das moradias é voltada para a família nuclear, mas outras formas de habitação acomodariam melhor as novas formas familiares. Os idosos nos EUA, por exemplo, estão cada vez mais morando com seus filhos adultos, e mais casas com cômodos e/ou apartamentos agregados, como parte do projeto original encorajariam a inclusão de várias gerações em uma habitação. Desse modo, os arranjos da habitação precisam ser examinados a fim de verificar os efeitos nos processos da dinâmica familiar.

Além dessas considerações, Parker (2017) observa que, apesar do rápido aumento das influências biológicas (por exemplo, neurociências e genética) sobre a compreensão do comportamento em Psicologia, esses tópicos só recentemente e de forma lenta se tornaram parte do diálogo com a Psicologia da Família. Claramente, conclui Parker (2017), as soluções para os problemas enfrentados pelas famílias contemporâneas precisam de estudiosos e de praticantes de muitas disciplinas, espelhando o que foi encontrado nos periódicos nacionais.

O periódico Journal of Family Psychology apresenta 2263 artigos, publicados desde 1987 em 33 volumes. Qualquer opção de revisão dessa extensa produção resultaria em um considerável número de temas diversos, além de indicar a articulação entre variadas disciplinas. Nesse caso, considero relevante observar que alguns tópicos escapam da análise de Parker (2017), tais como os estudos sobre as emoções, o estresse, a regulação emocional e a Fisiologia, que formam um grupo temático inovador. Destaco esses temas, que visam à promoção de saúde e do bem-estar em várias fases de desenvolvimento, por serem pertinentes a minha inserção e forma de trabalhar nesse campo. Desse modo, realizei uma busca desses temas inovadores no periódico Journal of Family Psychology a fim de ilustrar uma articulação com a Biologia, a Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia Positiva.

Nesse sentido, é importante considerar a terceira e última questão norteadora sobre quais artigos são exemplares da articulação entre disciplinas, que trabalham tanto o self (psicológico) quanto o relacional (sistêmico), conforme a proposta da Psicologia da Família, publicada no Journal of Family Psychology. Para essa discussão foi realizada uma busca de artigos que abordassem temas do meu interesse de estudo mais recente (Ponciano, 2016; 2017), escolhendo dois estudos que enfatizam a regulação emocional na família e abordam a articulação com a Biologia e a Psicologia do Desenvolvimento, no primeiro caso, e a Psicologia Positiva, no segundo caso. Por conseguinte, essa última parte da discussão enfatiza o que foi destacado na comemoração de 30 anos do Journal of Family Psychology, ilustrando com dois artigos que indicam interdisciplinaridade e temáticas inovadoras que apresentam desafios teórico-conceituais e de aplicação, no campo da Psicologia da Família.

Em um estudo sobre a dinâmica das mudanças no afeto dos pais em paralelo à regulação cardiovagal do adolescente, foi realizado um experimento que mediu as variações da regulação em tempo real, exemplificando o efeito na Fisiologia, a partir dos eventos estressantes vividos na relação familiar (Cui, Morris, Harrist, Larzelere, & Criss, 2015). De acordo com a Teoria Polivagal, a reatividade da arritmia sinusal respiratória (ASR - fenômeno cardiorrespiratório caracterizado pela flutuação na frequência cardíaca), durante um engajamento social, reflete a nossa habilidade para regular a atenção e a emoção (regulação cardiovagal - Porges, 2007; 2012). Nesse estudo, foi analisado o papel do afeto dos pais, positivo e negativo, sobre a reatividade na ASR do adolescente, durante uma tarefa de discussão conflituosa entre eles, utilizando eletrocardiograma. Os resultados indicaram que a raiva vivida nesse momento de estresse é negativamente associada à ASR, enquanto as emoções positivas são positivamente associadas à ASR. Esses achados sugerem que a expressão do afeto positivo pode estar relacionada a uma melhor regulação vagal, com o aumento da ASR, enquanto a expressão de raiva pode estar relacionada a uma regulação vagal empobrecida e ao decréscimo da ASR, durante a interação pais e filhos. Esse artigo, portanto, indica um campo promissor de investigações que articulem a Biologia, a Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia da Família, a partir do foco da emoção compreendida no contexto familiar, aliando as dimensões intrapsíquicas e sistêmicas, o self nas relações.

Outros estudos, publicados em diversos periódicos, tem defendido essa ideia de que a regulação emocional é vivida e aprendida no contexto relacional, sendo afetada, principalmente, pela habilidade de regulação emocional dos pais, criando um clima emocional familiar a partir do estilo parental, do apego, da expressão familiar e do relacionamento conjugal. A socialização da regulação emocional ocorre desde a infância e atravessa a adolescência indo até a fase adulta, devendo ser estudada em suas dimensões individuais e relacionais (Cheung, Leung, Chan, & Lam, 2019; Morris, Silk, Steinberg, Myers, & Robinson, 2007).

Esses estudos podem servir como uma base para a compreensão da experiência emocional e de sua regulação na família, indicando possíveis caminhos de investigação e de intervenção que se aliam também aos estudos da Psicologia Positiva que focam na promoção do bem-estar e da felicidade. Nesse sentido, mais um artigo do periódico Journal of Family Psychology é ilustrativo, ao abordar as relações familiares positivas (RFP) em um estudo longitudinal (Preston, Gottfried, Oliver, Gottfried, Delany, & Ibrahim, 2016). O construto conceituai das relações familiares positivas (RFP) define como os membros de um grupo familiar estão progredindo bem, apoiando-se mutuamente, a longo prazo. A RFP mostrou-se independente de fatores socioeconômicos e de status e teve uma relação generalizada com uma variedade de domínios psicológicos, ao longo do tempo, sendo relacionada positivamente à coesão familiar e inversamente ao conflito familiar, positivamente ao apoio parental, ao autoconceito das crianças, ao desempenho acadêmico das crianças e à realização educacional, e inversamente aos problemas de comportamento das crianças.

Dessa forma, esses artigos são ilustrativos da interdisciplinaridade e exemplificam um campo específico, que é o da regulação emocional na família, além de evidenciarem possibilidades de articular o self (psicológico) com o relacional (sistêmico), a partir da temática da experiência emocional vivida nas relações. Sendo exemplos, ilustram uma via promissora que pode embasar a compreensão sobre a saúde emocional na família (Ponciano, 2016) e as diversas práticas clínicas (Duriez, 2011; 2017), ao considerar a regulação emocional como potencial aplicação técnica nos atendimentos e demandas de variados serviços dirigidos às famílias, considerando tanto o self quanto a relação.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Psicologia que se exerce nacionalmente tem sido influenciada pelos EUA, especialmente no campo de estudos e de intervenção sobre a família. Entretanto, não se pode afirmar que há uma disciplina Psicologia da Família no Brasil. Embora não considere imperativo adotarmos os mesmos modelos de forma rígida e não refletida, a análise e discussão da produção nacional encaminhada indicam reflexões para a construção disciplinar nacional do que se pode chamar de Psicologia da Família, a partir dos parâmetros da disciplina oficializada nos EUA. Pela busca realizada nos periódicos nacionais constata-se, ao mesmo tempo, que há uma vasta produção de estudos sobre família sendo realizada por psicólogos, mas ainda não é sistematizada como uma disciplina, o que considero importante para o amadurecimento da atuação profissional nesse campo. Essa sistematização pode orientar as investigações e as práticas interventivas em diversas instituições, além de fundamentar a formação profissional de psicólogos que trabalham com famílias, acrescentando às práticas tradicionais as inovações teórico-técnicas, que podem auxiliar na coerência e efetividade de propostas advindas da Psicologia que aborda o grupo familiar, não se restringindo à clínica privada. Por consequência, a sistematização é uma forma de consolidar um campo e defender a sua necessidade, ao aumentar a consciência sobre a importância da Psicologia para a compreensão da família e para a promoção da saúde familiar.

Seriam possíveis diferentes formas de realizar a revisão de literatura desenvolvida nas bases nacionais e internacionais. Coerentemente, como uma revisão narrativa, essas escolhas, porém, devem ser justificadas a partir da leitura, da argumentação e das questões pertinentes à trajetória de quem realiza a revisão. A partir dessa revisão, no entanto, poderia pensar em formas alternativas tal como realizar buscas nas bases de dados por áreas disciplinares ou pelos termos encontrados, em conjunção com a busca do termo família.

Dessa forma, poderia ser realizado um aprofundamento, por vez, de articulações específicas entre a Psicologia da Família e outra disciplina da Psicologia, especificando as temáticas relevantes para cada área disciplinar, além de considerar as estratégias adotadas quanto à interdisciplinaridade e à integração de teorias e técnicas. Essa estratégia de busca também poderia ser realizada especificamente no Journal of Family Psychology, o que ampliaria a discussão aqui iniciada e, provavelmente, traria outras questões importantes não levantadas pelas escolhas que fiz.

Há que se considerar, por fim, que ao articular self e relação nos contextos, adotando a Abordagem Sistêmica e os referencias teóricos tradicionais da Psicologia, além da perspectiva interdisciplinar, a proposta da Psicologia da Família é desafiadora. Nesse sentido, insere-se em uma perspectiva da complexidade que demanda uma constante reflexão epistemológica e a busca de coerência teórico-prática, baseada em pesquisas empíricas que se apresentem, efetivamente, na forma emancipatória das diversas famílias e de seus membros (Morin, 1994; Vasconcelos, 2007).

 

DECLARAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSE

Não há conflito de interesses.

 

REFERÊNCIAS

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Recebido em: 10/06/2019
Revisado em: 16/08/2019
Aceito em: 16/12/2019

 

 

Sobre a autora
Edna Lúcia Tinoco Ponciano é psicóloga, mestre e doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professora Adjunta na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Investigadora no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC). E-mail: ednaponciano@uol.com.br

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