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Revista Polis e Psique

On-line version ISSN 2238-152X

Rev. Polis Psique vol.6 no.2 Porto Alegre July 2016

 

ARTIGOS

 

Foucault e a Psicologia no Brasil: interlocuções e novas perspectivas

 

Foucault and Psychology in Brazil: Interlocutions and New Perspectives

Foucault y la psicología en Brasil: interlocuciones y nuevas perspectivas

   

 

Larissa de Moura CavalcanteI, Aline Kelly da SilvaII, Carlysson Alexandre Rangel GomesIII e Simone HuningIV

I Universidade Federal do Alagoas (UFAL), Palmeira dos Índios, AL, Brasil.

II Universidade Federal do Alagoas (UFAL), Palmeira dos Índios, AL, Brasil.

III Universidade Federal do Alagoas (UFAL), Palmeira dos Índios, AL, Brasil.

IV Universidade Federal do Alagoas (UFAL), Palmeira dos Índios, AL, Brasil.

 

 


RESUMO

Este artigo analisa como a Psicologia no Brasil tem se aproximado do pensamento de Michel Foucault em produções acadêmicas publicadas em periódicos eletrônicos indexados. É o resultado de uma pesquisa de levantamento bibliográfico no sítio eletrônico da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS-Psi) que incluiu artigos publicados até o ano de 2013. Inicialmente, identifica as produções acadêmicas que articulam o pensamento foucaultiano com a psicologia, considerando o período histórico das produções, as fontes de publicação e as instituições de produção. Em seguida, discute os campos temáticos das produções que dialogam com a teorização foucaultiana. Conclui apontando para (a) a ampliação e aprofundamento das interlocuções dessa disciplina com o autor, em trabalhos que se afirmam simultaneamente nos campos teórico e político; (b) a emergência de novos objetos e perspectivas teórico metodológicas para a Psicologia; e (c) o empenho em construir novas visões de sujeito e, consequentemente, novas práticas da Psicologia.

Palavras-chave: Psicologia; Michel Foucault; Subjetividade.


ABSTRACT

This article analyzes how psychology in Brazil has approached the thought of Michel Foucault in academic works published in indexed electronic journals. It is the result of a bibliographic survey on the website of the Virtual Health Library (Biblioteca Virtual em Saúde, BVS-Psi) that included articles published until the year 2013. To begin with, it identifies academic works that associate Foucault's thought with psychology, taking into account the historical period of the works, the sources of the publications, and the institutions from which they arise. Later, it discusses the thematic fields of the texts that dialogue with Foucault's theorizations. In the end, the work points to: (a) the expansion and deepening of the interlocutions between the discipline with the author in works that become established simultaneously in theoretical and political fields; (B) the emergence of new objects and new theoretical and methodological perspectives for psychology; and (c) the effort to build new visions of subject and, consequently, new practices for the field of psychology.

Keywords: Psychology; Michel Foucault; Subjectivity.


RESUMEN

Este artículo analiza cómo la psicología en Brasil se ha acercado al pensamiento de Michel Foucault en las producciones académicas publicadas en periódicos electrónicos indexados. Es el resultado de una investigación de revisión bibliográfica en el sitio web de la Biblioteca Virtual en Salud (Biblioteca Virtual em Saúde, BVS-Psi) que incluyó artículos publicados hasta el año 2013. Previamente, identifica las producciones académicas que articulan el pensamiento foucaultiano con la psicología, tomando en cuenta el período histórico de las producciones, las fuentes de las publicaciones y las instituciones de producción. Más adelante, discute los campos temáticos de los textos que dialogan con la teoría foucaultiana. Al final, el trabajo apunta hacia: (a) la ampliación y la profundización de las interlocuciones entre la disciplina con el autor en trabajos desarrollados simultáneamente en campos teóricos y políticos; (b) la emergencia de nuevos objetos y de nuevas perspectivas teórico-metodológicas para la psicología; y (c) el esfuerzo para construir nuevas visiones de sujeto y, consecuentemente, nuevas prácticas para el campo de la Psicología.

Palabras-clave: Psicología; Michel Foucault; Subjetividad.


 

 


Aproximações

Os diálogos da Psicologia com o trabalho de Michel Foucault têm se tornado cada vez mais frequentes na produção acadêmica brasileira. Atualmente, grande número de pesquisadores têm desenvolvido trabalhos dialogando com a produção teórica de Michel Foucault, produzindo assim novas perspectivas teóricas para esse campo disciplinar. Além de uma aproximação problematizadora de temas e objetos que a Psicologia toma para análise, esses diálogos têm produzido reflexões importantes para as próprias práticas e saberes psicológicos. Nesse artigo, apresentamos o resultado de uma pesquisa que buscou conhecer e analisar o desenvolvimento das produções brasileiras da psicologia que se articulam com o pensamento foucaultiano.

Para alcançarmos o objetivo proposto, analisamos como a Psicologia tem se aproximado do pensamento de Michel Foucault, a partir das produções acadêmicas publicadas em periódicos eletrônicos indexados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS-Psi). O material analisado nessa base de dados foi acessado por meio dos seguintes descritores: “Psicologia” + “Foucault”. Não foi feita delimitação temporal em relação ao período inicial das publicações, na medida em que nos interessou identificar quando essas produções começam a aparecer. Assim, foram considerados todos os materiais que corresponderam aos critérios de busca disponíveis online. Estabelecemos como limite temporal final os materiais publicados até 2013, a fim de viabilizar a análise. Após a identificação inicial do material pela correspondência dos descritores utilizados na busca, os resumos foram lidos para análise dos aspectos relativos aos objetivos específicos dessa pesquisa. Nos casos em que o resumo não permitiu a decisão a partir dos critérios adotados, realizamos a leitura na íntegra do material. No primeiro procedimento de organização e análise do material realizamos a organização cronológica das publicações, bem como a identificação das revistas onde o artigo foi publicado e das instituições de origem dos autores à época da publicação. O segundo passo foi a identificação e análise das temáticas às quais se vinculam tais produções, seguida da análise dos conceitos foucaultianos trazidos para o campo da Psicologia, esta última discutida em outro trabalho.

Foram analisados cinquenta e oito artigos; destes, nove artigos foram excluídos da pesquisa, pois, embora possuíssem os descritores utilizados na busca, não propunham um diálogo entre as teorizações de Foucault e a Psicologia. Justificamos essa exclusão, pois esses artigos falam de questões mais amplas, como as ciências humanas em geral e sua metodologia ou de questões/ acontecimentos específicos. É importante destacarmos que a delimitação disciplinar utilizada pode ser alvo de críticas, inclusive a partir de uma perspectiva foucaultiana, já que limites disciplinares são sempre produções arbitrárias. Ainda assim, optamos por correr esse risco, pois nosso interesse em realizar essa análise demarcando a relação da Psicologia com o trabalho de Foucault é também dar visibilidade a uma nova produção nesse campo, que, ao mesmo tempo em que questiona muitas perspectivas já consagradas, legitima novas Psicologias possíveis a partir da interlocução com outros autores não consagrados no território psi.

A seguir, construímos uma breve revisão do desenvolvimento das produções acadêmicas que articulam o pensamento foucaultiano com a Psicologia, levando em consideração o período das produções, as fontes de publicação e instituições de produção e discutimos os campos temáticos nos quais situamos as publicações analisadas. Para concluir, discutimos os desafios que se colocam à produção nacional que articula o pensamento de Michel Foucault e o campo da ciência psicológica.

A fim de delimitar nosso foco de análise e organizar a discussão sobre as questões que emergem nesses trabalhos, elaboramos quatro grupos de análise: processos de subjetivação; psicanálise, psicologia clínica e psicologia da saúde; produção de conhecimento; corpo. A inclusão dos artigos nos grupos foi baseada nas contribuições mais relevantes de cada trabalho, ainda que em alguns momentos elas trouxessem questões de mais de um deles. É importante assinalar ainda que em cada grupo os temas não se encontram isolados um do outro, mas relacionam-se entre si.

 

Encontros e interlocuções

O material encontrado nos permite afirmar que a articulação das teorizações de Michel Foucault com o campo da Psicologia no Brasil aconteceu recentemente, sendo que as primeiras publicações identificadas nas bases da BVS-Psi datam do ano de 2001. A partir desse ano, essas teorizações e elementos conceituais e metodológicos começam a ser empregados de forma crescente pela Psicologia.

Inicialmente, apresentamos as principais fontes de publicação, as filiações institucionais dos autores, as localizações das instituições e o período dessas publicações, procurando construir um panorama dessas publicações que nos permita visualizar as relações institucionais e cronológicas dessa produção.

Na Tabela 1, apresentamos a distribuição dos artigos a partir dos anos de publicação e regiões do Brasil onde se localizam as instituições de filiação de seus autores, no material examinado.

Tabela 1: Distribuição das Publicações por Região e Ano

Regiões (Instituições)
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total
Norte 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
Nordeste 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 2 0 5
Centro-oeste 0 0 0 0 0 1 3 1 0 1 0 0 0 6
Sudeste 2 1 1 1 1 0 0 2 4 5 1 5 0 23
Sul 0 1 0 1 0 0 2 3 0 1 4 2 0 14
Total 2 3 1 2 2 1 6 6 5 7 5 9 0 49

Instituições: Região Norte - Universidade Federal do Pará. Região Nordeste - Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Universidade Federal de Sergipe; Universidade Federal da Bahia. Região Centro-Oeste - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; Fundação Municipal para Educação Comunitária; Tribunal de Justiça de Minas Gerais; Faculdade de Direito Milton Campos. Região Sudeste - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Centro Universitário Paulistano; Universidade Federal Fluminense; Universidade Federal de Juiz de Fora; Universidade de São Paulo; Universidade Federal do Rio de Janeiro; Universidade Metodista de São Paulo; Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Universidade Federal de São Paulo; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Universidade de Santa Úrsula; Universidade Federal do Espírito Santo; Universidade Estadual Paulista; Universidade Federal de São Carlos; Centro Universitário Hermínio Ometto; Secretário Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro e Fundação Oswaldo Cruz. Região Sul - Secretária da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul; Universidade Federal de Santa Catarina; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Comunitária da Região de Chapecó; Universidade Estadual de Londrina.

No que se refere à distribuição geográfica dos autores, destacou-se o predomínio da região sudeste (vinte e três artigos), seguida pela região sul (quatorze artigos), centro-oeste (seis artigos), região nordeste (cinco artigos) e norte (um artigo). Quarenta e nove artigos foram analisados, porém foram verificadas quatro parcerias inter-regionais: em três artigos as parcerias foram entre as regiões sul e sudeste e em um artigo a parceria foi entre a região nordeste e sul. Nesses casos, contabilizamos o vínculo institucional pela informação do primeiro autor. Acreditamos que esses dados relacionam-se ao fato de que o maior número de centros de pós-graduação stricto senso em Psicologia no Brasil e, consequentemente, o número de pesquisadores concentram-se nas regiões sul e sudeste do país. Ainda sobre essa dimensão institucional, destacamos, no que tange à afiliação institucional desses autores, que a maioria provinha de instituições públicas federais ou estaduais.

Quando atentamos ao número de produções ao longo dos anos, podemos observar seu crescimento. Até 2006, encontramos entre um e três artigos a cada ano, sendo apenas um nos anos de 2003 e 2006; dois para cada ano, em 2001, 2004 e 2005; e 3 artigos publicados em 2002.  A partir de 2007, identificamos que esses números aumentam significativamente: nos anos de 2007 e 2008 são publicados seis artigos por ano; nos ano de 2009 e 2011 foram registrados cinco artigos por ano; em 2010, sete artigos; e, finalmente, em 2012, nove artigos.

Assim, embora o diálogo da Psicologia com o trabalho foucaultiano possa ser considerado recente, podemos acompanhar a relevância que vai assumindo ao se tornar cada vez mais frequente nas publicações acadêmicas da área. Isso nos permite afirmar uma maior interferência do autor no campo, repercutindo sobretudo em novos modos de se produzir e legitimar o conhecimento em Psicologia.

Outra informação que consideramos importante é a identificação e distribuição dos artigos por periódicos onde foram publicados. A Tabela 2 traz essa distribuição juntamente com o ano de publicação.

Tabela 2: Periódicos e Anos de Publicação

Regiões (Instituições)
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total
Psicologia Teoria e Pesquisa 1 0 0 0 0 0 1 0 0 2 0 0
4
Psicologia USP 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 1
4
Psicologia: Reflexão e Crítica 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1
Revista Mal-Estar e Subjetividade 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0
3
Psicologia: Ciência e Profissão 0 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1
4
Psicologia e Sociedade 0 0 0 1 0 0 1 1 1 0 2 2
8
Revista do Departamento de Psicologia da UFF 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0
2
Psicologia em Estudo 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 0 3
7
Estudos e Pesquisa em Psicologia 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
1
Jornal de Psicanálise 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
1
Physis: Revista de Saúde Coletiva 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
1
Revista Psicologia e Política 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
1
Fractal Revista de psicologia 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 2
5
Interface-Comunicação, Saúde e Educação 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0
2
Temas em Psicologia 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
1
Revista Estudos Feministas 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
1
Tempo Psicanalítico 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
1
Trans/form/ ação 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
1
Revista Brasileira de Educação 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
1
Total 2 3 1 2 2 1 6 6 5 7 5 9
49

Os artigos analisados foram encontrados em dezenove diferentes revistas acadêmicas, indicando a amplitude das interlocuções estabelecidas, já que diferentes periódicos significam diferentes perspectivas editoriais, focos específicos de interesse na produção do conhecimento e até mesmo diferentes perspectivas da Psicologia, como, por exemplo, a ênfase na Psicologia Social ou Clínica. Observamos maior número de artigos no periódico Psicologia e Sociedade (oito artigos); seguido do periódico Psicologia em Estudo (sete artigos); Fractal: Revista de Psicologia (cinco artigos); Psicologia Teoria e Pesquisa, Psicologia USP e Psicologia: ciência e profissão (quatro artigos em cada periódico); Revista mal-estar e subjetividade (três artigos); Revista do Departamento de Psicologia da UFF e Interface-comunicação, saúde e educação (dois em cada periódico); e Psicologia: reflexão e crítica; Estudo e pesquisa em psicologia; Jornal de Psicanálise; Physis: Revista de Saúde Coletiva; Revista Psicologia e Política; Temas em psicologia; Revista Estudos Feministas; Tempo Psicanalítico; Trans/form/ação; Revista Brasileira de Educação (um artigo em cada periódico).

Prosseguindo a análise na busca por uma organização didática, que nos permitisse melhor visualizar o que essas publicações abordavam ao estabelecerem a interlocução da Psicologia com o pensamento foucaultiano, organizamos esses trabalhos em quatro grupos temáticos, quais sejam: processos de subjetivação; psicanálise, psicologia clínica e psicologia da saúde; produção de conhecimento; e corpo. Embora aqui apresentados em grupos distintos, muitas das temáticas se articulam e não são excludentes e sua inclusão em um ou outro grupo foi decidida em função daquilo que definiam como temática central. Passamos agora a apresentar e discutir as principais questões desses trabalhos no que concerne aos diálogos estabelecidos entre a Psicologia e o pensamento de Michel Foucault.


Processos de subjetivação

Reunimos nesse grupo os artigos que promovem a discussão da noção de sujeito e processos de subjetivação em Foucault, mostrando as divergências do pensamento foucaultiano com o de outros autores, inclusive autores clássicos da Psicologia. São trabalhos que enfatizam a importância do pensamento de Foucault para este campo de conhecimento, trazendo para a Psicologia a noção de subjetividade da obra desse autor. Os focos das pesquisas reunidas nesse grupo de análise são: subjetividade; processos de subjetivação; subjetivações e práticas discursivas; subjetivação e saúde mental; subjetividade e trabalho; relações étnico-raciais; subjetivação e governamentalidade.

Podemos afirmar que, nesses trabalhos, a temática da subjetividade/subjetivação é o ponto chave na articulação entre a obra de Michel Foucault e a ciência psicológica. Uma das principais contribuições das teorizações foucaultianas para a Psicologia, identificada nesse grupo de artigos, é pensar a subjetividade como múltipla, processual, produtiva e construída historicamente permitindo novas formas de ser/existir e indissociável dos objetos de conhecimento.

Retoma-se, como no trabalho de Soler (2008), o modo como a produção de subjetividades aparece nos escritos foucaultianos: na arqueologia, onde Michel Foucault mostra que a partir dos discursos houve a produção de verdades e de sujeitos; associada ao desenvolvimento do biopoder; como prática de assujeitamento, entendida enquanto potência tanto da disciplinarização quanto de resistências; enquanto história política, produzindo a ética do cuidado de si; como forma de resistir aos modos de subjetivação da sociedade contemporânea; presente nos jogos de enunciação, associada a um poder que incide sobre a vida e relacionando a história política da subjetividade com a trajetória ética do cuidado de si.

Essa visão de subjetividade vai dialogar com outros temas na Psicologia. É, por exemplo, usada para pensar as relações de trabalho no artigo de Ramminger e Nardi (2008), no qual, pela análise da concepção de poder/saber/subjetivação, os autores propõem uma problematização do governo contemporâneo, produzindo sujeitos, práticas e saberes no trabalho (Ramminger & Nardi, 2008). A produção da subjetividade passa a ser compreendida como construção e o sujeito como produto das relações entre saber e poder, sempre situadas em contextos históricos e políticos.

No trabalho de Zamora (2012), a leitura de Foucault é usada para pensar o racismo ancorado nas práticas de fazer viver e deixar morrer do Estado, reafirmando a noção de critérios das vidas que devem ser investidas ou não.

Um dos artigos que exemplifica a articulação entre dois grupos temáticos aborda a relação entre os processos de subjetivação e o nascimento da medicina, com um novo discurso que aparece para o sujeito, onde o corpo pode ser descoberto pelo olhar, produzindo um discurso racional sobre o indivíduo e alterando a relação do sujeito consigo (Baroni & Toneli, 2012). Já a relação entre subjetividade e governamentalidade é vista através dos modos de domínio político que encontram na subjetividade um campo de atuação e nos outros modos de pensar o sujeito, que permitem fugir do saberes inerentes a esse processo (Silva & Méllo, 2011).

Os artigos desse eixo temático destacam que na obra de Foucault há uma proposta de desnaturalização do sujeito, ou seja, uma perspectiva que o considera como historicamente construído e não como universal. Sendo esse produzido historicamente, cabe à Psicologia considerar os processos de subjetivação para analisar como este é capturado nas relações de poder/saber, das quais ela mesma faz parte, sempre evidenciando as formas de resistência aos aprisionamentos pelas normas, que possibilitam a construção de indivíduos múltiplos, com várias possibilidades de existência.


Psicologia clínica, Psicanálise e Psicologia da saúde

Nesse grupo inserimos trabalhos que trazem discussões sobre a Psicologia Clínica, a Psicanálise e a Psicologia da Saúde. Nele há um predomínio da temática da saúde, seguida pela psicologia clínica e psicanálise, grandes temas que fazem interface com questões como processos de subjetivação; gênero; saúde mental; loucura; sexualidade na adolescência; reforma psiquiátrica; biotecnologias e práticas de saúde.

Optamos por colocá-los em um mesmo grupo, pois os autores usam contribuições foucaultianas semelhantes para abordá-las. Esses trabalhos colocam a Psicologia em diálogo com o pensamento foucaultiano questionando práticas de normalização e governo das condutas do sujeito, problematizando as estruturas clínicas, a relação da psicanálise com o contexto histórico, retomando a discussão entre normal e patológico, e analisando a relação do sujeito com a doença e a saúde como prática biopolítica a serviço do governo dos corpos, visando à prevenção de ricos e desvios. São discutidas as práticas, as teorizações e a epistemologia no campo da clínica e da saúde.

Em relação ao tema da Psicologia Clínica, os autores dos artigos analisados colocam-no em diálogo com o que Michel Foucault entende por desnaturalização do sujeito e por ética. Assinalam que o cuidado de si em Foucault necessita de uma ética; além disso, as práticas discursivas muitas vezes perpassam o âmbito da moralização e, por isso, devem ser constantemente problematizadas e reinventadas. A ampliação da clínica é tomada como um processo de criação de si, e intervir no plano ético é resistir a todas as formas naturalizadas de existência (Machado & Lavrador, 2009). A psicologia clínica possibilita o lugar do sujeito. No entanto, produz e reproduz práticas de disciplinarização das normas (Machado & Lavrador, 2009).

Nesse sentido, o trabalho de Peres (2010), sobre cartografias dos discursos imperativos na clínica, também permite problematizar os estados existenciais e serve como ferramenta de uma clínica crítica e ampliada que possibilita o diálogo com os saberes e os modos de subjetivação, promovendo assim uma Psicologia mais comprometida com a mudança social (Peres, 2010).

Muitos trabalhos colocam a psicanálise em interlocução com o trabalho de Foucault, seja para tecer críticas ou discutir suas potencialidades (Almeida & Atallah, 2009; Bastos, 2001; Birman, 2010; Ferreira Neto, 2007). Por um lado, a clínica psicanalítica é abordada como um dispositivo de enunciação, produzindo diversos discursos e, consequentemente, uma multiplicidade de sujeitos; a teoria psicanalítica é tida então como condição de possibilidade da descentralização do indivíduo, do corpo, do eu e da consciência (Bastos, 2001). Por outro lado, também em diálogo com Foucault, o artigo de Ferreira Neto (2007), por exemplo, aponta para a relação hierarquizada de poder que considera constitutiva da clínica psicanalítica e, trazendo a interface dessa prática no âmbito da saúde pública, questiona a necessidade da “mediação técnica de um profissional ‘psi’” na “produção de processos de subjetivação autônomos” (p. 182).  

No que se refere à Psicologia da Saúde, os autores dos artigos analisados tomam a perspectiva foucaultiana que considera a saúde e o corpo como alvos do poder, além da noção de ordem discursiva, biopoder, biopolítica, população, governamentalidade, autogoverno e dispositivos de segurança como modo de problematizar os atendimentos psicossociais e os discursos dos funcionários da área da saúde (Pinto & Ferreira, 2010). Foucault é utilizado como instrumento para desnaturalizar o que esta socialmente instituído. A atenção em saúde é considerada uma prática biopolítica de governo sobre o outro (Pinto & Ferreira, 2010).

De um modo geral, esses trabalhos utilizam-se de noções como arqueologia, genealogia, dispositivo, linhas de subjetivação e singularização em Foucault para problematizar a Psicologia e as práticas em saúde e saúde mental (Nalli, 2011; Pinto & Ferreira, 2010; Santos & Nechio, 2010). Abordam questões como as práticas asilares, o isolamento e a naturalização da loucura (Santos & Nechio, 2010); práticas de reabilitação psicossocial e o avanço da medicalização e das neurociências (Pinto & Ferreira, 2010); além do próprio questionamento sobre a patologia mental (Nalli, 2011).


Produção de conhecimentos

Reunimos aqui os artigos que discutem a crítica foucaultiana aos modos de produção de conhecimentos e aos dispositivos técnico-científicos modernos, a partir dos quais se definem as regras dos jogos de verdade nas ciências humanas, de modo amplo, e especificamente na Psicologia. São trabalhos que englobam também a relação entre ciência e política, bem como a discussão sobre a utilização de pistas metodológicas presentes no trabalho de Foucault para fazer pesquisa em Psicologia (Prado Filho, 2012; Rodrigues & Mattar, 2012; Scisleski & Guareschi, 2011; Silveira & Simanke, 2010).

Nesses trabalhos, a produção de verdades é abordada na interface com outros temas, tais como o sistema prisional, a formação em Psicologia Social, a produção de fenômenos psicológicos, os efeitos das práticas jurídicas, parecer psicológico, ética e formação em psicologia, intervenção psicossocial, paternidade e o discurso jurídico brasileiro, juventude, psicologia humanista, psicologia jurídica, psicologia e filosofia (Coimbra & Nascimento, 2001; Coimbra, 2004; Ferreira Neto, 2008a; Ferreira Neto, 2008b; Ferreira, Curvello & Monteiro, 2009; Frezza, Maraschin & Santos,  2009; Prado Filho, 2011; Perucchi & Toneli, 2008; Rodrigues & Mattar, 2012; Scisleski & Guareschi, 2011).

Os artigos trazem um cenário de luta política, onde os jogos de verdade e as produções de saberes disputam espaços em um campo de correlação de força. A problematização dos saberes da Psicologia a partir das teorizações foucaultianas, nesses trabalhos, busca a desnaturalização de suas práticas ao mesmo tempo em que afirma que a produção do conhecimento psicológico não é neutra; pelo contrário, produz verdades e potencializa formas de ser/estar no mundo. São enfatizadas, nesses artigos, a dimensão política do processo de pesquisa e a produção de verdades, seu caráter histórico, provisório e vinculado às relações de saber/poder (Silveira & Simanke, 2010; Rodrigues & Mattar, 2012; Scisleski & Guareschi, 2011; Prado Filho, 2012).

Trazidas para o diálogo com a Psicologia, as teorizações foucaultianas levam a questionamentos sobre o espaço ocupado pelos objetos de estudo; o lugar do sujeito para falar dos objetos de conhecimento; o campo dos enunciados; o uso dos discursos; e as práticas que promovem a individualização, possibilitando a promoção da multiplicidade na psicologia (Silveira & Simanke, 2010). Além disso, a contribuem para pensar a ligação entre a Psicologia e a Filosofia desde a Modernidade (Rodrigues & Mattar, 2012).

Se, por um lado, tais análises apontam para a produção de regimes de verdade vinculados à normalização, encontramos também nesses trabalhos autores que sugerem, a partir de uma leitura da genealogia foucaultiana, linhas de fuga para a experiência da judicialização e as ligações do saberes e práticas psicológicos com esse processo, que aproximam contextos jurídicos e científicos, com o objetivo de buscar a verdade (Scisleski & Guareschi, 2011), e abertura para críticas ao nosso contexto sociocultural (Prado Filho, 2012).

Nesse grupo temático a contribuição foucaultiana para a Psicologia é, predominantemente, a proposta de desnaturalização do dispositivo da ciência moderna, por meio do qual as regras dos jogos de verdade são definidas, colocando em questão, portanto, a relação entre subjetividades e verdade. Considera-se também a produção dos saberes científicos perpassados por poderes, e evidencia-se a imbricação da psicologia com a política.


Corpo

Contemplamos aqui os trabalhos que analisam a problemática do corpo na Psicologia, a partir das teorizações foucaultianas. Corpo como objeto privilegiado das relações de poder e de saber, onde se inscrevem os processos de subjetivação e as formas de resistir dos indivíduos. São artigos que abordam as relações entre corpo e alma; corpo e processos de subjetivação e infâncias saudáveis, situando o corpo e a alma como instrumentos para formas de investimento do poder. Além disso, consideram que falar sobre o corpo do sujeito é considerar as práticas de saberes e poderes que têm legitimidade ou não no âmbito social, problematizando o governo do corpo, o gerenciamento de condutas e a disposição das coisas para dirigi-las (Barros & Colaco, 2012; Camargos & Belo, 2010; Frezza, Maraschin & Santos, 2009; Perucchi & Toneli, 2008; Santos, 2011; Silveira, 2009).

O trabalho de Santos (2011) ilustra essa abordagem do sujeito que se produz como efeito das produções discursivas e das relações de saber/poder que investem sobre o corpo. Faz isso a partir da análise de como a noção de corpo foi tomada no campo de pesquisa da Psicologia do Desenvolvimento pelo uso dos manuais de puericultura. Os manuais constituem-se em estratégias de governo dos corpos das crianças, por meio de relações de saber/poder que têm como foco mães e pais.

Discutindo a noção de corpo atravessado pela história, esses trabalhos instigam a problematização da ciência psicológica como instrumento para formas de intervir na sociedade e promover mudanças. Se, por um lado, abordam o corpo como alvo das investidas de saber e de poder, portanto, alvos do assujeitamento às normas, por outro lado afirmam que estes possuem a capacidade de resistência ao que está instituído em nossa sociedade, e tornam-se, assim, meios pelos quais se pode problematizar os processos de subjetivação.


Caminhos possíveis entre a ciência psicológica e as teorizações Foucaultianas

O interesse pela realização do levantamento e análise dos trabalhos proposto por nosso estudo  relaciona-se, por um lado, à crescente influência do trabalho de Foucault para a Psicologia na atualidade e, por outro lado, pela consideração de que ainda que essa influência tenha se ampliado, acompanhamos, em nosso cotidiano junto a instituições de pesquisa em Psicologia, o modo como frequentemente essas abordagens são consideradas marginais e ilegítimas no campo psi, por posturas mais conservadoras que acusam tais trabalhos de se afastarem da especificidade de ‘teorias psicológicas’.

Evidentemente, não esperamos que o trabalho aqui realizado por si só transforme essa posição. No entanto, entendemos que, tanto do ponto de vista teórico como político, demarcar e dar visibilidade a novas perspectivas da Psicologia que se produzem pelo contato com esse autor – ainda que consideradas marginais (o que se pode inclusive considerar desejável) –, assumem, pelas próprias regras de formação e legitimação acadêmica, reconhecimento ao tornarem-se também parte de um corpo de conhecimentos legitimado pelos periódicos científicos, essa instância de inscrição dos ‘conhecimentos válidos’ em uma ciência. Não se trata, portanto, de buscar instituir uma nova ‘psicologia foucaultiana’, mas de destacar a potência do pensamento desse autor para nosso campo, assinalando aquilo que esse diálogo desestabiliza, interroga e produz de novo em nossas certezas.

Entendemos que essa potência é sinalizada nos trabalhos analisados pela amplitude de alcance na abordagem de diferentes questões que são tomadas pela Psicologia, e pelo aumento crescente dos diálogos com o autor. Esses aspectos tornam-se ainda mais significativos quando consideramos que, com o passar dos anos, esses artigos trazem mais complexidade e usam de forma mais aprofundada maior número de conceitos-ferramentas oriundos da obra de Foucault, conforme analisamos em outro trabalho.

O que podemos concluir, a partir desse estudo, é que essas interlocuções da Psicologia com o trabalho de Michel Foucault têm possibilitado a emergência de novos objetos e alvos de interesse para a Psicologia, bem como de transformações nos sujeitos e nesse campo de conhecimento. A significativa produção que coloca em discussão os modos de construção de conhecimento na Psicologia é um desses importantes elementos que vem contribuindo para o questionamento da ciência psicológica e seu estatuto de verdade, colaborando com uma ampliação da reflexão crítica e ética. É nesse sentido que compreendemos o empenho desses trabalhos em construir novas visões de sujeito e, consequentemente, novas práticas da Psicologia.

São estudos que se afirmam simultaneamente nos campos teóricos e políticos, os quais, mesmo quando não oferecem respostas às questões que problematizam, produzem abertura para uma Psicologia transformadora do presente. Essa relação com o presente pode inclusive ser destacada como marca desses trabalhos, que colocam em discussão principalmente as novas dinâmicas e questões do campo social contemporâneo, tornando predominantes, embora não exclusivos, os diálogos com o autor em abordagens vinculadas à Psicologia Social, nos artigos analisados.

Nossa análise limitou-se aos artigos publicados em periódicos acessíveis através da ferramenta de busca da BVS-Psi, excluindo, portanto, outros importantes trabalhos, como teses, dissertações e livros. Nessa análise não se fez qualquer avaliação sobre a qualidade, cientificidade, ou validade dos artigos incluídos, apenas buscamos mapear e discutir essas produções a partir de sua relação com o pensamento foucaultiano.



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Data de submissão: 15/03/2016
Data de aceite: 15/06/2016


I Graduada em Psicologia pela UFAL. E-mail: lalinhacavalcante@hotmail.com

II Mestre em psicologia pela UFAL. E-mail: kelly_legiao@hotmail.com

III Graduando em psicologia pela UFAL. E-mail: carlysson_al@hotmail.com

IV Docente e Pesquisadora dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Alagoas. Líder do Grupo de Pesquisa Processos Culturais, Políticas e Modos de Subjetivação. E-mail: simonehuning@yahoo.com.br

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