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Revista Polis e Psique

On-line version ISSN 2238-152X

Rev. Polis Psique vol.8 no.2 Porto Alegre May/Aug. 2018

http://dx.doi.org/10.22456/2238-152X.77857 

ARTIGOS

 

A questão do estrangeiro na contemporaneidade: Uma leitura a partir de Zygmunt Bauman

 

The foreigners question in contemporaneity: A reading from Zygmunt Bauman

 

La cuestión del extranjero en la contemporaneidad: Una lectura a partir de Zygmunt Bauman

 

 

Dandara Peraro de SousaI, Rafael Bianchi SilvaII

I Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, Brasil.

II Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, Brasil.

 

 


RESUMO

Vive-se um momento global em que pessoas estão sendo forçadas a sair de seus países, preponderantemente por considerarem que estes não oferecerem condições de vida e proteção, dirigindo-se para outras localidades em busca de refúgio. A partir destes movimentos internacionais levantam-se a necessidade de construir modos de convivência. O presente trabalho pretende analisar a problemática do contexto atual de migrações internacionais e a questão do estrangeiro a partir da obra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Nesta análise, é realizada uma discussão acerca da questão do estrangeiro amparada ao conceito de identidade. Considerando a alteridade como uma dimensão que se faz presente na relação com o outro, por fim entendemos a necessidade de desenvolver um olhar que inclua o reconhecimento do outro em sua singularidade.  Ao  mesmo  tempo,  compreendemos  a importância de desenvolver uma nova política vinculada à construção de espaços físicos e simbólicos que viabilizem a vivência na diferença.

Palavras-chave: Estrangeiro; Imigrante; Identidade; Alteridade; Zygmunt Bauman.


ABSTRACT

We live in a global moment when people are being forced to leave their countries, mainly because they consider that they do not offer living conditions and protection, going to other places in search of refuge. From these international movements it is possible to observe the need to construct ways of coexistence. The present work intends to analyze the problematic of the current context of international migrations and the issue of the foreigner from the ideas of polish sociologist Zygmunt Bauman. For this analysis the issue of the foreigner supported by the concept of identity. Considering the otherness that is present in the relationship with the other, finally we understand the importance of the recognition of the other in its singularity. At the same time, we understand the need to develop a new policy linked to construction of physical and symbolic spaces that make possible the experience of difference.

Keywords: Foreigner; Immigrant; Identity; Alterity; Zygmunt Bauman.


RESUMEN

Se vive un momento global en que las personas están siendo forzadas a salir de sus países, principalmente por considerar que éstos no ofrecen condiciones de vida y protección, dirigiéndose a otras localidades en busca de refugio. A partir de estos movimientos internacionales se plantea la necesidad de construir modos de convivencia. El presente trabajo pretende analizar la problemática del contexto actual de las migraciones internacionales y la cuestión del extranjero a partir de la obra del sociólogo polaco Zygmunt Bauman. Para este análisis se plantea la cuestión del extranjero amparado al concepto de identidad. Considerando la alteridad que se hace presente en la relación con el otro, por fin entendemos la necesidad del reconocimiento del otro en su singularidad. Al mismo tiempo, se entiende que es necesario desarrollar una política vinculada a la construcción de espacios físicos y simbólicos que viabilizen la vivencia en la diferencia.

Palabras-clave: Extranjero; Inmigrante; Identidad; Alteridad; Zygmunt Bauman.


 

 

Introdução

O ser humano, desde os primórdios, migrou e ocupou diferentes espaços o que está relacionado com o desejo de buscar novas possibilidades de vida para assim potencializar seu desenvolvimento, configurando o fenômeno migratório como uma característica presente em diferentes contextos populacionais. Ainda que possam variar de questões individuais ou estruturais, o que parece estar em jogo na migração é que ela traz, majoritariamente, de modo implícito a perspectiva de prosperidade, ou seja, da busca da melhoria das condições de vida (Oliveira, 2015).

Atualmente estamos vivendo a maior onda migratória não voluntária desde a Segunda Guerra Mundial (Godoy, 2016). Pessoas estão sendo forçadas a sair de seus países, preponderantemente por considerarem que os territórios em que viviam não ofereciam condições de vida e proteção, com precárias possibilidades de emprego, saúde, educação e em alguns casos perigo de morte decorrente de diversos conflitos e guerras, tornando a vida insustentável. São estas pessoas que se dirigem para outras localidades em busca do que comumente chamamos de refúgio.

O Brasil tem uma população de refugiados reconhecidos de mais de 9 mil pessoas (Brasil, 2017), um número pequeno se comparado a países do Oriente Médio e Europa. Conforme dados do relatório Tendências Globais da Organização das Nações Unidas (2017), durante o ano de 2016, 10,3 milhões de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas, representando uma média por minuto de 20 novos deslocamentos involuntários. Mais da metade dos refugiados (55 %) vêm de apenas três países (Síria, Afeganistão e Sudão do Sul), sendo que outros cinco (Turquia, Paquistão, Líbano, Irã, Uganda e Etiópia) são os que mais recebem refugiados. A onda de migrações destinadas ao Brasil começou a aumentar principalmente a partir de 2014 quando o país passava por um período de grande crescimento econômico e grandes obras para eventos como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas em 2016 (Delfim, 2017).

Mas, para além do movimento migratório, é possível problematizar um outro elemento que faz parte desse processo: a necessidade de construir modos de convivência com a diferença, expressada pelo estrangeiro na aprendizagem de um novo idioma e percebido no novo contexto de vida pelas roupas utilizadas e os costumes adotados que marcam a relação com os países de origem.

Nesse contexto, a questão do estrangeiro torna-se importante para as ciências humanas. O presente trabalho pretende analisar tal problemática a partir das contribuições teóricas do sociólogo polonês Zygmunt Bauman em diferentes momentos de sua obra que inclui um debate sobre os movimentos migratórios e os modos de enfrentamento da diferença.

Para tanto, inicialmente, apresentaremos a visão do autor acerca do conceito de estrangeiro e sua relação com a ideia de estranho. Em um segundo momento, discutiremos os tipos de vinculação com o estrangeiro e como este processo passa por um debate acerca da questão da identidade. Por fim, abordaremos de que modo a alteridade pode fornecer caminhos para o enfrentamento das problemáticas colocadas.

 

Sobre o Estrangeiro

Segundo o Dicionário Aurélio, a palavra “estrangeiro” diz respeito à pessoa que é “de nação diferente daquela a que se pertence” (Ferreira, 2008, p. 379). Representa qualquer indivíduo de outro lugar, outros costumes, outra língua, sendo aqueles que passam a ocupar um espaço em uma terra a qual não é a sua. Etimologicamente, “estrangeiro” e “estranho” derivam do latim extranèus, que significa “o que é de fora, que não pertence à família, desconhecido” (Intelisano, 2010).

Ao estar em um espaço e convivendo com pessoas que se diferenciam em suas formas de ser, o estrangeiro causa estranhamento: por possuir traços distintos (língua que fala, comportamentos e valores adotados, etc), a sua presença pode causar desconforto, medo e horror àqueles que viviam no espaço antes de sua chegada.

... Estranhos são perigosos; assim, cada estranho é um perigo. Ou, pelo menos, é o que creem. Mais que qualquer outra coisa, desejam estar seguros em relação ao perigo. Mais exatamente, contudo, estar seguros em relação ao medo aterrorizante, angustiante e incapacitante da insegurança. Esperam que os muros os protejam desse medo (Bauman, 2013, p. 88).

Nos deparamos cotidianamente com a diferença. Em um exemplo simples, um vizinho de bairro ou um colega de trabalho podem se configurar como um outro, estranho ou estrangeiro de mim. Isso acontece desde que marque alguma variação no campo vivido, algo que o afete como novo. É a presença desse outro que vem trazer uma possível desconstrução do que parecia estar estruturado concreta e subjetivamente. Na experiência da diferença, a potência da irrupção de sentimentos de insegurança derivados do desconhecimento referente a quem o outro é ou como age, implica a necessidade em diferentes intensidades pelo vivente do confronto com o novo. Assim, conforme afirma Farbri (2013, p.113), “ser afetado implica que, no início, há sempre um responder a uma provocação, a uma solicitação estrangeira, numa palavra: Está uma responsividade que não se explica em termos de intencionalidade, ou ato de conferir sentido”.

Enquanto função, a construção do sentido está articulada com a tentativa de manutenção da estabilidade subjetiva. Porém, como bem pontua Hall (2005, p. 41), trata-se de um processo frustrado, visto que os significados conferidos são marcados pela instabilidade. Ao mesmo tempo em se busca o fechamento por meio da fixação de uma identidade, o significado é perturbado pela diferença. Isso acontece, segundo o autor porque “existem sempre significados suplementares sobre os quais não temos qualquer controle, que surgirão e subverterão nossas tentativas para criar mundos fixos e estáveis”.

Nesse aspecto, o estrangeiro configura-se radicalmente como um outro detentor em si de um campo semântico e uma cultura próprios, ou seja, um universo que aponta para a esfera do não-eu, lugar da alteridade que nos diferencia. A partir desse contato que se mostra inevitável, são geradas aproximações e afastamentos sendo a presença dos afetos inerentes a tais vivências.

O estrangeiro é, por definição, alguém cuja ação é guiada por intenções que, no máximo, se pode tentar adivinhar, mas que ninguém jamais conhecerá com certeza. O estrangeiro é a variável desconhecida no cálculo das equações quando chega a hora de tomar decisões sobre o que fazer. Assim, mesmo quando os estrangeiros não são abertamente agredidos e ofendidos, sua presença em nosso campo de ação sempre causa desconforto e transforma em árdua empresa a previsão dos efeitos de uma ação, suas probabilidades de sucesso ou insucesso (Bauman, 2009a, p. 22, grifo nosso).

Tomando o exemplo citado anteriormente, se o estrangeiro pode ser o vizinho ou o colega de trabalho, quem seriam os imigrantes e refugiados que partem da sua nação e entram em outra a qual não lhes pertence? A diferença está no ponto em que os estrangeiros imigrantes ou refugiados são forasteiros. Eles vêm de outra terra e, na maioria das vezes, não têm permissão, condições financeiras ou mesmo uma perspectiva de volta para seu lugar de origem. Não são turistas, chegam sem ser convidados, e não podem voltar para o lugar de origem .

...já que os países que deixaram não os querem de volta, suas formas de subsistência foram destruídas, suas casas foram pilhadas, demolidas ou tomadas – mas também não há uma estrada que os leve adiante, já que nenhum governo ficará satisfeito em assistir a um influxo de milhões de sem–teto, e todos fariam o possível para impedir que os recém-chegados se estabelecessem. Quanto a sua localização “permanentemente temporária”, os refugiados “estão lá, mas não são de lá” (Bauman, 2007, p. 51).

Como bem afirma Bauman (2007), no contexto contemporâneo, o estrangeiro – entensido como refugiado e imigrante – torna-se a materialização do outro, do estranho, do diferente. Ele se impõe a nosso olhar, mora a nossa volta, invade os lugares que percorremos diariamente sem pedir licença prévia e sem a possibilidade de desvio do olhar. Seu rosto mostra a incapacidade de sermos inertes a sua presença corporal (e simbólica) ao mesmo tempo em que infere a fragilidade que temos quanto a sua atuação e às altertivas de conduta em relação a isso. Por essa razão, o autor afirma que .

...Estranhos tendem a causar ansiedade por serem “diferentes” – e, assim, assustadoramente imprevisíveis, ao contrário das pessoas com as quais interagimos todos os dias e das quais acreditamos saber o que esperar [...] Sobre os estranhos, porém, sabemos muito pouco para sermos capazes de interpretar seus artifícios e compor nossas respostas adequadas – adivinhar quais possam ser suas inteções e o que farão em seguida. E a ignorância quanto a como proceder, como enfrentar uma situação que não produzimos nem controlamos, é uma importante fonte de ansiedade e medo (Bauman, 2017, pp. 13-14).

Ele vem de outro lugar e representa, como Bauman (2007) pontua de forma categórica, o excedente populacional, aqueles que foram expulsos de suas nações e para os quais não há uma necessidade ou mesmo utilidade imediata nos países de fuga. Ao tratar uma das facetas de uma questão complexa, o autor entende que os refugiados são uma das consequências do modelo de vida na modernidade, significando a fraqueza e a debilidade da condição humana,  representando um risco à estabilidade econômica e o equilíbrio social para os estabelecidos nos lugares para onde vão.

No momento atual, esse contingente de pessoas que migram de forma involuntária vem aumentando, dado que “esse salto foi causado pelo número crescente de Estados ‘afundando’, ou já submersos, ou – para todos os fins e propósitos – de territórios sem Estado, e portanto também sem leis [...]” (Bauman, 2017, p. 11). Sem a proteção de um Estado, sem documentos exigidos pelo país de destino, sem leis específicas para sua situação o imigrante não é propriamente um cidadão e por essa razão, não é possuidor de direitos civis, já que como expresso nas palavras de Marshall citado por Lavalle (2003, p. 78), “a cidadania é um status concedido àqueles que são membros integrais de uma comunidade”.

Somado a isso, o que temos encontrado no contexto contemporâneo é a incapacidade dos países que recebem os refugiados de ofereceram emprego, moradia, equipamentos educacionais e assistência médica, especialmente em vista da condição de crise econômica sistêmica que vem atingindo o mundo desde a metade da primeira década do século XXI que pôs fim ao Estado de Bem Estar Social amplamente disseminado ao longo do século passado (Bauman, 2016).

Para além disso, o modo de viver preconizado atualmente, pautado pela lógica de mais produção e menos relação, pouco permite o contato com o outro e a descoberta sobre quem este é. Dessa forma, quando o estrangeiro chega, para os estabelecidos vê-se um forasteiro que:.

Além das acusações comuns de viverem à custa da previdência social e de roubarem empregos, ou de trazerem para o país doenças há muito esquecidas, como a tuberculose, ou recentemente surgidas com a aids, os refugiados podem agora ser acusados de fazer o papel de “quinta coluna” em favor da rede terrorista global (Bauman, 2009b, p. 178).

Dessa forma, acaba-se por tomar esse estranhamento como natural, ao deparar com o outro podendo gerar incômodos. “Existimos porque somos diferentes, porque consistimos em diferenças. No entanto, algumas delas nos incomodam e nos impedem de interagir, de atuar amistosamente, de sentir interesse pelos outros, preocupação com os outros, vontade de ajudar os outros” (Bauman, 2009a, p. 2). Isto posto, por diferentes motivos parece haver uma dificuldade no movimento para conhecer esse estrangeiro forasteiro, o que acaba por justificar retroativamente sua condição de estranho para o estabelecido.

Em todas as esferas da sociedade as pessoas se classificam, escolhem elementos que indiquem maneiras de agir com o outro, protegendo-se, ainda que de forma não totalmente eficaz, das afetações que o outro pode trazer. Uma das ferramentas para a realização desse processo é a identidade.

 

Sobre a Identidade

Silva (2011) cita o exemplo de uma pessoa que chega para morar em uma cidade nova, ao entrar numa loja, a atendente que reconhece os diferentes traços (como as características da fala, por exemplo), vê uma pessoa estranha e se interroga se ela seria confiável. Então questiona “De onde você é?”, uma pergunta de natureza geográfica, que de forma simbólica, na verdade demanda saber “Quem você é?”. A partir disso, é possível realizar a atribuição de determinadas características que formam uma falsa ideia de totalidade, visto que algo sempre permanece à margem, em potência. É nesse processo, enquanto tarefa a ser realizada, que se formam o que chamamos de identidades.

Ainda que, conforme afirma Bauman (2005, p. 10), as identidades “flutuem no ar”, encontramos tentativas de fixá-las, de torná-las rígidas e com pouco poder de negociação. Por exemplo, no fenômeno do comunitarismo e dos movimentos de grupo (ver Bauman, 2003), seja na diferença e segregação ou no sentimento de pertencimento a um grupo, busca-se a configuração invenção de uma identidade. Uma das formas para a sua realização é através da linguagem.

Na medida em que não existe nenhuma “comunidade natural” em torno da qual se possam reunir as pessoas que constituem um determinado agrupamento nacional, ela precisa ser inventada, imaginada. É necessário criar laços imaginários que permitam “ligar” pessoas que, sem eles, seriam simplesmente indivíduos isolados, sem nenhum “sentimento” de terem qualquer coisa em comum. A língua tem sido um dos elementos centrais desse processo (Silva, 2000, p. 4, grifo nosso).

Por essa razão, por exemplo, os agrupamentos humanos constroem linguagens em comum, que funcionam como elemento de união, aproximação e de ligação entre todos que dela se apropriam. “Ocorre que a linguagem, [...] é, ela própria uma estrutura instável. [...] somos de certa forma governados pela estrutura da linguagem, não podemos dizer por outro lado, que se trate exatamente de uma estrutura muito segura (Silva, 2000,p. 2-3)”.

Ao mesmo tempo em que marca uma condição de igualdade e proximidade, essa estrutura complexa é também o que possibilita a manutenção da diferença entre os membros pertencentes a comunidade e os que são estranhos a esta. “Podemos dizer que onde existe diferenciação – ou seja, identidade e diferença – aí está presente o poder e [...] deter o privilégio de classificar significa também deter o privilégio de atribuir diferentes valores aos grupos assim classificados (Silva, 2000,p. 3)”.

Assim, ao deter a potência de classificar e indicar lugares, os diferentes agrupamentos que compõem a sociedade configuram um campo da ação que possibilita reconhecer os membros de cada grupo a partir de traços considerados minimamente estáveis que conferem algum nível de segurança às relações a serem estabelecidas.

Como bem afirma Bauman (2003, p. 21), “identidade” significa “[...]: ser diferente e, por essa diferença, singular — e assim a procura da identidade não pode deixar de dividir e separar [...]”. A identidade aponta para tentativa de estabilidade e previsibilidade do outro a partir da atribuição a este de características que o qualifiquem. Paradoxalmente, esse processo falha, inicialmente, com o estrangeiro que surge como um rosto ausente de classificação, uma sub-classe ausente de identidade, marcado a não ser pelo fato de “vir de fora” (Bauman, 2005). Ou seja, quando pensamos no estrangeiro, sua pessoalidade ou identidade pessoal, do ponto de vista do vivente local. Eles são:.

... despidos de todos os elementos de suas identidades, menos um: o de refugiado sem Estado, sem lugar, sem função e “sem documentos”. Do lado de dentro das cercas do campo [de refugiados], são reduzidos a uma massa sem rosto, sendo-lhes negado o acesso a confortos elementares que compõem suas identidades e dos fios usuais de que estas são tecidas... (Bauman, 2007, p. 46).

Configuram-se como lixo humano e que por assim sê-lo é necessário o seu efetivo descarte, seja pela expulsão do país, pela manutenção em campos de refugiados ou pela sua permanência à margem das trocas simbólicas possíveis de ser realizadas na e pelo local de destino. Segundo Bauman (2007, p. 47), “[...] Essa destinação do lixo põe fim a diferenças, individualidades e idiossincrasias. Vemos aqui o que o autor chama de negação da subjetividade:.

Indivíduos e grupos ou categorias de pessoas têm negada sua subjetividade humana e são reclassificados pura e simplesmente como objetos, localizados de modo irrevogável na ponta receptora dessa ação. Tornam-se entidades cuja única relevância (o unico aspecto levado em consideração quando se planeja o tratamento que irão receber) para os responsáveis pelas “medidas de segurança” em favor daqueles cuja própria segurança é considerada ou declarada sob ameaça é a ameaça que eles já constituem, podem constituir ou ser acusados (com plausibilidade) de constitutir. A negação da subjetividade desqualifica os alvos selecionados como parceiros do diálogo; qualquer coisa que possam dizer, assim como o que teriam dito se lhes dessem voz, é a priori declarado imaterial, se é que se chega a ouvi-los (Bauman, 2013, p.78).

Tal problematização se relaciona à discussão feita por Hall (2005) ao vincular tal questão a formação da ideia de nação, como ponto de partida para a configuração da identidade. Segundo o autor, dentro da concepção de “nação” há uma série de elementos imaginários e discursivos (como mitos, histórias, tradições e narrativas) que funcionam como base para a construção de identidades. Como desdobramento desse ponto, forjam-se tentativas de unificação em torno de uma concepção de pertença a um grupo ou povo.

Como resultado desse processo, o termo “etnia” é utilizado pela marcar “[...] características culturais – língua, religião, costume, tradições, sentimento de ‘lugar’ – que são partilhadas por um povo [...]” (Hall, 2005, p.62). Porém, segundo o autor, tal formulação é um mito, visto que as nações modernas, marcadas pela possibilidade e facilidade de movimentação das populações no espaço global, é fundamentalmente híbrida, ou seja, cultural e pluralmente diversas. Nesse sentido, a ideia de uma identidade nacional caracteriza-se como eminentemente fantasmática.

O que Bauman expressa é que, ao seguir tal formação imaginária, vive-se de modo concreto a sensação de perda de referenciamento que impede a possibilidade de realizar a operação classificatória de inclusão do estrangeiro aos grupos existentes no tecido social. Mas o inverso também é verdade, visto que é comum encontrarmos comunidades formadas pelos próprios imigrantes de modo a ser um espaço de garantias e cooperação na configuração da vida nova em terras desconhecidas, funcionando também como uma forma de existir dentro das possibilidades demarcadas pelo local de destino. Pode ser reconhecida nessas comunidades a identidade de lugar, que é explicada por Mourão e Cavalcante (2013, p. 215) como “espaços de pertencimento e vivência, envolvendo tempo de exposição ao lugar e possibilidade de transformá-lo em busca de satisfação”.

Do ponto de vista daqueles que já estavam no território de destino do estrangeiro, em vista da condição de estranhamento:

A solução encontrada é excluir o outro, estrangeiro forasteiro, e viver como se não existissem diferenças. Uma consequência para essa cegueira e afastamento é a retroalimentação do medo e contínua sensação de insegurança e ansiedade, pois não se permite conhecer o desconhecido... (Silva, 2000,p. 4, grifo nosso).

O que vemos aqui é a construção de um modo operante que tem como um de seus fundamentos o fortalecimento de fronteiras, fundamentadas pela necessidade de estabelecer uma distância segura em relação ao outro, avaliado a partir de sua identidade, considerada não apenas como um traço, mas como a totalidade homogeneizante do ser.

Como efeito, materializam-se movimentos segregatórios que têm, por exemplo, uma de suas expressões a xenofobia. Bauman (2009a) entende o fenômeno como um rancor aos estranhos que por sua vez parece mostrar-se como uma tentativa desesperada de manter a noção de comunidade local intacta e impermeável a qualquer forma de ameaça aos traços que a definem ou constituem, ainda que esses sejam, por princípio, forjados pela própria comunidade. Afirma o autor:.

Ao erguer escrupulosamente cuidadosos obstáculos de fronteira contra os falsos pedidos de asilo e contra os imigrantes por motivos puramente econômicos, espera-se consolidar nossa vida incerta, trôpega e imprevisível. Mas a vida na modernidade líquida está fadada a permanecer estranha e caprichosa, por mais numerosas que sejam as situações críticas pelas quais os "indesejáveis estranhos" são responsabilizados. Assim, o alívio tem breve duração, e as esperanças depositadas em "medidas drásticas e decisivas" desaparecem praticamente no nascedouro (2009a, p. 22).

Mas a partir disso quais outras alternativas teríamos para lidar com o estrangeiro e a estranheza que ele gera? Isso nos levará para uma discussão acerca da questão da alteridade.

 

Alteridade e Novas Formulações Vinculares

Primeiramente, é importante destacar que no contexto contemporâneo não é possível escapar à lógica dos fluxos que possui como um de seus desdobramentos a impossibilidade de manter-se fixo às categorizações e representações. No que tange à questão cultural e à vinculação com o estrangeiro, conforme aponta Hall (2005,  p. 74), “ [...] à medida em que as culturas nacionais tornam-se mais expostas a influências externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas ou impedir que elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração cultural”.

Isso gera impactos para a produção da subjetividade. O eu é uma miragem, uma alegoria, uma ilusão, possuindo uma tendência a identificar-se com o mundo, mas ao fim, a vida, mais do que uma categoria com traços demarcados, é fluxo e força. Por essa razão, “o problema coletivo, então, consiste em instaurar, encontrar ou reencontrar um máximo de conexões [...]” (Deleuze, 2011, p. 71)”, o que difere da busca e tentativas de fixação identitária.

O que se tem na relação com o outro é uma tensão que gera aproximação e afastamento: quanto maior o número de traduções do outro forem realizadas, maiores podem ser as dúvidas que se têm em relação a ele e, por desdobramento, mais questões potencializam a desconstrução do eu (Pinto, 2015). Se existia uma miragem de um porto seguro no que tange a uma possível verdade subjetiva (que remeteria a ideia de identidade) nos deparamos com novas questões que impõem a necessidade de investigar mais de perto a questão da alteridade.

[...] Quando mantemos o outro afastado, do que exatamente nos afastamos, além deste corpo que se mantém distante? Em outras palavras, se cada agrupamento humano constrói um mundo próprio ao qual faz parte, o afastamento do outro implica em uma não-experiência deste mundo de diferença [...] (Silva & Carvalho, 2014, p. 30).

Vamos nos aproximar de tais questões a partir de algumas metáforas utilizadas por Bauman para descrever os modos de relação com o outro. Três delas podem ser úteis na investigação que aqui realizamos. A primeira metáfora aponta para as opções disponíveis para a resolução do problema dos estrangeiros no que tange à posição da comunidade nativa. Segundo Bauman (2009b), trata-se das soluções antropofágicas e antropoemicas. Na relação antropofágica, o estrangeiro é devorado pela cultura dominante do país de refúgio, algo que o autor considera como prática comum. Nesta situação, são utilizadas as partes que interessam e aquelas que restam são descartadas, tendo esse processo de assimilação uma espécie de função de limpeza. Por sua vez, na antropoémica, vê-se a expulsão do estrangeiro do poder do Estado e, na radicalização, do mundo dos vivos (como no caso do nazismo).

A segunda metáfora diz respeito às posições tomadas frente a necessidade de misturar-se com o outro. Disso deriva as posições mixofobica e a mixofilica. A “mixofobia”, ou de forma direta, o medo ao  diferente manifesta-se, segundo o autor,   “[...] no impulso  de  construir  ilhas  de  similaridade  e  identidade  em  meio  a  um  oceano  de diversidade e diferença [...]” (Bauman, 2011a, p. 191). Sobre essa questão, em seu estudo sobre Bauman, Silva (2012, p. 101) afirma que “[...] a ansiedade nasce da dissolução da face do Outro  nos  ‘Muitos’, ou  seja,  nas  pessoas,  aqui entendidas em sua dimensão imagética [...] E aqui está a situação:  deve-se confiar  (até certo ponto) nas máscaras, goste ou não e deve-se viver com essa ansiedade [...]”.

Se a mixofobia está relacionada com o afastamento da outro,  a  mixofilia  indica  o  oposto: uma  relação de amizade à diferença, proximidade e enfrentamento em relação às  políticas da vida que minam o entrelaçamento ao outro. Trata-se, portanto, de uma outra política da vida que não pode ser tomada apenas como uma iniciativa individual.

Bauman (2009b, p. 150) pontua que as possibilidades de aproximação também estão vinculadas com a forma que as cidades e os espaços estão construídos. Ao mesmo tempo também torna-se importante os significados a eles atribuídos de modo a que sejam provocadores de potencializar a proximidade entre as pessoas, de forma a serem “[...] convocantes, hospitaleiros e abertos, para que todas as  categorias  de  residentes  urbanos  se  sintam  atraídos  e  os compartilhem com boa vontade a cada dia”.

Na última metáfora aqui pontuada, Bauman (2009c) utiliza-se da física para pensar as relações humanas. Afirma que, no que diz respeito à relação ao outro, cada indivíduo pode entregar duas forças. Uma delas – a centrípeta - está voltada para dentro, ou seja, para o fechamento de si ao mundo; a segunda – a centrífuga -, direciona-se para fora, não sendo nenhuma delas absoluta.

A arte da vida e a busca de felicidade passam necessariamente pelas formas de composição de ambas as forças. A partir disso, o autor coloca que a abertura para o campo do outro implica em um ato de coragem ao mesmo tempo em que trata-se de uma ultrapassagem de uma vida autocentrada e autorreferenciada para outra na qual os homens existem para os outros, campo no qual acontecerá o processo de formação dos sujeitos.

... A nova abertura reforma o mundo exterior como um enorme contêiner de chances e oportunidades infinitas que devem ser ganhas ou perdidas, desfrutadas ou lamentadas, dependendo das habilidades, da engenhosidade e do esforço do indivíduo. Como tal, o mundo é simultaneamente um local de aventura excitante e uma vastidão repleta de perigos sombrios e apavorantes ... (Bauman, 2009c, p. 143).

Trata-se de um exercício que se impõe, segundo Hall (2005, p.74), porque “[...] os fluxos culturais, entre nações, e o consumismo global criam possibilidades de ‘identidades partilhadas’ [...]”. Esse processo implica no desenvolvimento de estratégias de convivência que ultrapassem a mera aceitação da presença ou mesmo da tolerância. Partilhar, dividir, traz consigo implicitamente a capacidade de realizar trocas com o outro, de experimentar seu mundo, seu horizonte conceitual e suas percepções. Porém, como bem expressa Bauman (2009b, pp. 146-147):.

... Quanto mais tempo permanecem as pessoas em um entorno uniforme, em companhia de outros “como eles” com quem podem “socializar” mecânica e praticamente, sem correr o risco de ser mal-entendido e sem ter que lutar com a molesta necessidade de traduzir entre distintos universos de sentido, mais fácil será que “desaprendam” a arte de negociar sentidos compartilhados e um modo convivendi (grifo nosso).

Parece claro que esse processo trata-se de algo a ser realizado a partir de uma disposição ou um grande exercício, visto que a princípio, o que é observado hegemonicamente é a dificuldade de convivência. Para enfrentá-la é necessário que seja encarada a apreensão de confrontar o estranho face a face e permitir que através da comunicação se dê a assimilação da sua alteridade, ou seja, “[...] essa outredade irredutível do outro que desperta no eu a consciência de suas próprias responsabilidades únicas e, com isso (ainda que de forma indireta) o nascimento da subjetividade [...]” (Bauman, 2010, p. 64).

Para tanto, uma alternativa é estabelecer relações a partir da possibilidade de encontros que estejam pautados no compromisso e no cuidado. A partir disso, é possível o desenvolvimento de uma posição marcada pela abertura e engajamento emocional com o outro. Nessa direção, Bauman (2011b, p.88) afirma que “assumir a responsabilidade moral significa não considerar o outro mais como um espécime de uma espécie ou de uma categoria, mas como único, e, ao fazê-lo, elevar-se (tornando-se ‘escolhido’) ao estado digno da unicidade”. Reconhece-se, assim que “[...] o outro será sempre diferente, ele  não  poderá  ser fundido  comigo  ou  transformado  em  semelhante,  pois  assim a alteridade  ficaria passível de ser anulada [...]” (Lima & Freire, 2017, p. 91).

A construção do outro em sua singularidade, o reconhecimento como subjetividade potencializa a saída do estrangeiro do campo da estranheza e do medo, o que pode propiciar condições para novas políticas relacionais que ultrapassem o medo, o afastamento e a indiferença.

Uma dessas formas indicadas por Bauman é a communitas, espaço relacionado com a pluralidade inerente aos lugares de trocas por onde as pessoas circular e permanecem diariamente e não necessariamente a classes de traços identitários. Nesses espaços a vida é construída, ocorrendo  a retomada das trocas nos espaços comuns para a elaboração de  estratégias de enfrentamento de  problemáticas locais.

A sobrevivência e o bem-estar da communitas […] dependem da imaginação humana, de sua inventiva e coragem para rompera rotina e aventurar-se por caminhos  inexplorados. Em outras palavras, depende da habilidade humana para viver em risco e aceitar  responsavelmente suas consequências. Nestas habilidades descansa a “economia moral” – cuidado e ajuda  mútuos, viver para o outro, tecer a  trama  do compromisso  humano,  ajustar e corrigir os laços inter-humanos, transformar os direitos em obrigações, compartilhara responsabilidade do destino e o bem-estar de todos [...] (Bauman, 2009b, pp. 101-102, grifo nosso).

É possível observar na discussão sobre a communitas que há uma preocupação em construir um sentido em torno dos diferentes sujeitos de forma a aproximá-los para a construção de uma vida comum, na qual valores como a solidariedade, diversidade e amizade fazem parte das ferramentas fundamentais para a composição de uma arte da vida.

Se considerarmos que as questões aqui debatidas estão imersas em um momento histórico no qual a vida está intimamente atrelada à lógica de custo-benefício (Bauman, 2010), a aposta nesses elementos em que a composição de uma posição diferente de convivência com o forasteiro/estrangeiro se faz presente, marca-se uma postura ético-política pautada pela vivência da ambiguidade e indeterminação, percurso que pode se mostrar muito penoso ao indivíduo hedonista da contemporaneidade.

 

Considerações Finais

Vive-se um momento em que não é mais possível fugir às consequências de uma sociedade globalizada, onde a facilidade de informação e locomoção são bem mais avançadas do que em tempos anteriores, quando se encontrava a possibilidade do estabelecimento de etnias bem definidas e certo controle sobre as misturas étnicas e raciais. .

Percebe-se de acordo com as análises aqui realizadas a partir das produções de Bauman que as tentativas contemporâneas de fechar fronteiras são fadadas a consequências pouco previsíveis a longo prazo e que pouco indicam bons resultados. A onda migratória tente a continuar e tais estanhos vão bater às portas tanto dos países do norte como países do sul global, que vêm se mostrando como novas possibilidades de passagem e/ou destino de rotas dos imigrantes.

Desta forma, enquanto proposição, entendemos que Bauman estabelece a necessidade do desenvolvimento de um possível olhar para as mudanças de contingentes populacionais que inclua o reconhecimento do outro como sendo o “não-eu”. Esse processo poderá provocar uma nova posição para o tratamento das diferenças que podem ser conhecidas e reconhecidas para um melhor convívio social num mundo de transformações rápidas, como o que vivemos atualmente. Isso nos leva a rever a política dos espaços públicos nos levando à construção de lugares físicos e simbólicos que viabilizem um maior número de relações fundamentadas pela mixofilia.

Assim, ao tomar o estranho em sua condição de outro, de diferente e singular, toda a problemática do estrangeiro colocada ao longo do artigo, articula-se a necessidade de uma discussão acerca da moralidade e suas implicações, o que ultrapassa as possibilidades imediatas desse artigo.

Porém, cabe destacar que tal discussão não pode ficar restrita apenas a uma decisão ou plano individual, visto que a vida está pautada pelo rol de possibilidades e critérios que atravessam cada momento histórico, sendo necessário um debate que englobe também a dimensão política, o que ultrapassa os limites desse artigo.

Por fim, há um desdobramento individual. Se reconheço a mim através do outro, da sua condição radical de diferença, afastar-se do outro implica, de modo indireto, afastar-se de si mesmo. Ademais, tal afastamento de acordo com Kristeva (1994, p.9) pode inclusive não ser uma premissa da existência do outro, pois podemos ser estrangeiros a nós mesmos. Como afirma a autora, “estranhamente o estrangeiro habita em nós: ele é a face oculta da nossa identidade o espaço que arruína a nossa morada, o tempo em que se afundam o entendimento e a simpatia”.

Dessa forma em todas as relações, inclusive as individuais, estaremos lidando com a questão do estranhamento e, portanto, do estrangeiro. Tais conceitos tornam-se evidenciados na presença do imigrante, que revela mais claramente as diferenças entre o eu e o não-eu, além de demandar social e politicamente uma ação dos que se encontram estabelecidos.

 

 

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Data de submissão: 06/11/2017
Data de aceite: 28/05/2018

 

 

I Dandara Peraro de Sousa: Aluna do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Bolsista de Iniciação Científica PROIC/CNPq. E-mail: dandaraps@gmail.com

II Rafael Bianchi Silva: Doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Docente do Departamento de Psicologia Social e Institucional, e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, ambos da Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail: tibx211@yahoo.com.br

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