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Revista Polis e Psique

versão On-line ISSN 2238-152X

Rev. Polis Psique vol.9 no.1 Porto Alegre jan./abr. 2019

 

ARTIGOS

 

Escritos nas paredes: tensões no contexto universitário

 

Writings on walls: tensions in the university context

 

Escritos en las paredes: tensiones en el contexto universitário

 

 

Graziele Aline ZontaI; Andrea Vieira ZanellaII

IUniversidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
IIUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil

 

 


RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir a comunicação escrita em paredes de uma universidade pública federal, comunicação essa que visibiliza as tensões características das relações instituídas nas cidades contemporâneas. As intervenções nesses espaços são abordadas como enunciados em campos discursivos, tal como propõe a filosofia da linguagem de Bakhtin, e articuladas a discussões sobre o processo de espetacularização das cidades, dando-se destaque ao distanciamento entre sujeitos. A análise revela a arena de vozes sociais constituída no cotidiano universitário, sendo as intervenções nas paredes formas de resistência à tentativa institucional de harmonização dos espaços e dos discursos amparada na ordem de conservação do patrimônio público.

Palavras-chave: intervenções escritas; dialogismo; espetacularização; estudantes universitários.


ABSTRACT

This study aims at discussing the written communication on the walls of a federal public university, a communication that highlights the tensions of the relations established in contemporary cities. The writings on these spaces are approached as utterances in discursive fields, as presented in Bakhtin's philosophy of language, and articulated to discussions on the process of spectacularization of the cities, highlighting the distancing among people. The analysis reveals the arena of social voices constituted in the daily life of the university, and comprehends the writings as forms of resistance to the institutional attempt to harmonize spaces and discourses based on the order of conservation of the public patrimony.

Keywords: wall writings; dialogism; spectacularization; university students


RESUMEN

El presente estudio tiene como objetivo discutir la comunicación escrita en paredes de una universidad pública federal, comunicación que visibiliza las tensiones características de las relaciones instituidas en las ciudades contemporáneas. Las intervenciones en esos espacios son abordadas como enunciados en campos discursivos, tal como propone la filosofía del lenguaje de Bakhtin, y articuladas a discusiones sobre el proceso de espectacularización de las ciudades, dando destaque al distanciamiento entre sujetos. El análisis revela la arena de voces sociales constituida en el cotidiano universitario, siendo las intervenciones en las paredes formas de resistencia al intento institucional de armonización de los espacios y de los discursos amparada en el orden de conservación del patrimonio público.

Palabras clave: intervenciones escritas; dialogismo; espectacularización; estudiantes universitários.


 

 

Introdução

Ao nos aproximarmos da problemática das cidades, rapidamente compreendemos que a produção e a ocupação dos espaços urbanos revelam os modos e possibilidades de trajetos percorridos pelas pessoas que nelas habitam, não somente em termos de mobilidade física, mas também enquanto possibilidades subjetivas. Transitando por diferentes campos de produção do conhecimento, por variadas perspectivas teóricas, estéticas e políticas, autores como Milton Santos (2006), Michel de Certeau (1998) e Richard Sennett (2003) propõem discussões que nos exigem considerar as cidades para além de espaços físicos inertes e imutáveis, problematizando-as como cidades vivas, constituídas e marcadas pelas pessoas que as habitam e por elas circulam. Discussões sobre os modos de ser e de agir na cidade também são tecidas nos estudos de Fonseca (2003), Nogueira (2003), Hissa e Nogueira (2013), Zanella (2016), entre outros autores que problematizam os desdobramentos das relações entre cidade e subjetividade. Nessa perspectiva, assumimos que os espaços e tempos compõem os enunciados das cidades, assim como as vozes sociais compõem a consciência dialógica dos seus habitantes, condição que é posta também à cidade universitária.

Estabelecida como uma cidade dentro da cidade, a universidade é composta por lugares que constituem subjetividades e participam ativamente da produção da consciência dialógica (Bakhtin, 2003) dos participantes do universo acadêmico. Com intuito de compreender essa participação, no presente estudo voltamos nosso olhar para as intervenções realizadas nas paredes de uma universidade federal, intervenções essas que se apresentam como resistência, tensionando normativas que regulam o uso dos espaços na universidade. Buscamos compreender, com as análises, a tensa dialogia que conota as relações nesse contexto e o que essas intervenções explicitam sobre a dinâmica social contemporânea.

 

A Cidade-Sujeito

Na atualidade, a temática dos espaços urbanos e sua relação com a constituição de seus habitantes, de seus corpos, de sua subjetividade vêm sendo problematizada para sustentar como as cidades que habitamos se tornam as cidades que somos:

De dentro, imersos em narrativas, lugares, experiências, a cidade nos habita. Sujamo-nos de cidade a todo tempo, somos marcados por ela e, aí, necessariamente, deixamos nossas marcas. Somos feitos de cidade, seus tempos, modos, sua memória. Fazemos a cidade com nossos corpos e palavras, com os usos. Mais do que um testemunho do humano - de dentro, de baixo - a cidade é o humano. Por isso, ao invés de script, a cidade mostra-se em colagens, rasuras, usos diversos, leituras sobrepostas, fragmentos de tempos e histórias vividas, além, é claro, do que se inscreve hoje como sonho, plano e projeto de cidade (Nogueira, 2003, p. 38).

A citação de Nogueira engendra a reflexão sobre o modo como nossos corpos, nossas palavras, nossa existência na cidade não somente marcam a cidade, mas nos marcam de cidade, nos constituem. Pessoas se transformam nas cidades e se transformam em cidades, pois se apropriam de relações construídas entre o espaço público e o privado, entre seus múltiplos centros e periferias, entre seus entres.

Também nessa perspectiva, Fonseca (2003) afirma a cidade como obra de arte coletiva que é esculpida e apropriada por diferentes grupos de pessoas. A cidade subjetiva seria o "universo de referência onde se constroem territórios existenciais" dos sujeitos/habitantes e, portanto, "símbolo complexo e inesgotável da existência humana" (p. 256).

O sujeito se faz cidade enquanto a cidade se faz sujeito. Nesse sentido, ao problematizarem a configuração dos corpos na cidade, Britto e Jacques (2009) afirmam que: "(...) além de os corpos ficarem inscritos e contribuírem para a formulação do traçado de cidades, as memórias de cidades também ficam inscritas e contribuem para a configuração de nossos corpos" (p. 341).

Mas há particularidades nos usos dos espaços nas cidades contemporâneas que precisam ser comentadas para que possamos compreender do que se constituem as marcas que deixamos e que levamos. Destacaremos neste estudo duas características presentes em diferentes trabalhos sobre o tema: a velocidade de deslocamento e o processo global de estetização das cidades.

Sennett (2003) afirma que a tecnologia da locomoção disponível atualmente possibilita a experiência física da alta velocidade, fazendo com que os espaços se tornem lugares de passagem. Diz o autor: "Em alta velocidade é difícil prestar atenção à paisagem (...). Os deslocamentos são mais rápidos num meio ambiente cujas referências tornaram-se secundárias" (p. 18). Esse processo favorece a significação dos lugares de onde se parte e os lugares aonde se quer chegar como espaços entre espaços, sendo esse entre espaços caminhos a percorrer o mais rápido possível. Assim, segue o autor, cria-se a busca por movimento sem obstruções ou esforços, processo que acaba por ordenar os espaços e direcionar o tráfego, segregando as comunidades, os bairros, as pessoas de diferentes realidades, de modo a evitar o contato com o estranho: "Hoje em dia, ordem significa justamente falta de contato" (Sennett, 2003, p. 19).

Podemos inferir que não somente a tecnologia de locomoção produz alta velocidade. Também as condições de organização do próprio tempo engendram esse processo, conforme as ações cotidianas exigem rápida resolução e alto desempenho na execução das tarefas, estimulando a competição e a consequente separação entre pessoas que vivem em diferentes realidades. O desenvolvimento e a disseminação das tecnologias da informação e comunicação, por sua vez, instituem a velocidade como característica das relações interpessoais, das trocas, dos intercâmbios sem limites espaço-temporais1.

Essas afirmações estão de acordo com o que postula Santos (2006): "Quem na cidade, tem mobilidade - e pode percorrê-la e esquadrinhá-la - acaba por ver pouco, da cidade e do mundo" (p. 220). A cidade é, em rápida velocidade, consumida pelos homens:

Hoje, a mobilidade se tornou praticamente uma regra. O movimento se sobrepõe ao repouso. A circulação é mais criadora que a produção. Os homens mudam de lugar, como turistas ou como imigrantes. Mas também os produtos, as mercadorias, as imagens, as ideias. Tudo voa (Santos, 2006, p. 222).

Produzimos, criamos, vivemos relações, tudo em alta velocidade. Temos acesso a todo o tipo de informações, acesso a diferentes culturas, superamos obstáculos e produzimos resultados com tanta rapidez que dificilmente vivenciamos o processo desta produção. Nessa agilidade do viver urbano, a cidade nos aparece pronta e os sujeitos parecem imperceptíveis.

A esta construção física e simbólica de espaços-passagem, alia-se um projeto urbano de negação das diferenças, de homogeneização dos espaços, projeto que Britto e Jacques (2009) problematizam a partir do conceito de espetacularização urbana, de Guy Debord (1997). Esse conceito faz referência ao movimento mundial de criação de projetos de revitalização urbana que tornam as cidades cada vez mais padronizadas e uniformizadas, buscando "construir uma nova imagem para as cidades contemporâneas de modo a lhes garantir um lugar na nova geopolítica das redes globalizadas de cidades turísticas e culturais" (Britto & Jacques, 2009, p.347). Nesse processo, utilizam-se estratégias de marketing urbano que visam à construção e venda da imagem de padronização e harmonia física e social dessas cidades- cenográficas:

Os atuais projetos urbanos contemporâneos, ditos de revitalização urbana, estão sendo realizados no mundo inteiro de acordo com uma mesma estratégia: genérica, homogenizadora e consensual. Estes projetos espetaculares transformam os espaços públicos em cenários, espaços desencarnados, <<sem corpo>>, <<pura imagem>>. As <<cidades>> cenográficas contemporâneas estão cada dia mais padronizadas e uniformizadas. Espaços destituídos de seus conflitos inerentes, dos desacordos e dos desentendimentos, ou seja, são espaços apolíticos (Britto & Jacques, 2009, p. 341).

Ao processo de espetacularização urbana está associado um processo de modificação da experiência, sua transformação balizada por relações marcadas pela velocidade da informação e tensionamento das fronteiras espaço- temporais. Assim, os espaços urbanos tornam-se cenários que não podem ser ocupados por todos da mesma forma, ainda que o discurso político e administrativo das cidades afirme a igualdade no que se refere ao direito de usufruí-los. Nesse sentido, seguem Britto e Jacques, é necessário combater a tendência conciliatória que "ao pregar a tese da coexistência pacífica entre diferentes 'identidades', acaba por destiná- los cada qual ao 'seu espaço próprio' de convivência com iguais, escondendo os inevitáveis conflitos de interesse e instaurando equilíbrios duvidosos" (2009, p. 339).

A especulação imobiliária e a administração urbana acirram as contradições sociais definindo diferentes espaços de pertencimento para diferentes sujeitos. Battaus e Oliveira (2016) afirmam que a distribuição populacional ocorre em um contexto socioespacial no qual o poder aquisitivo determina as possibilidades de ocupação dos territórios, assim como de acesso aos bens e serviços. Áreas urbanizadas e com maior valor de troca são de acesso restrito às populações de menor renda, limitando suas possibilidades de instalação nessas áreas2.

A estética cenográfica dos espaços urbanos parece empenhar-se em negar a cidade como lugar de diferença, de encontro e confronto com o outro. Ao mesmo tempo, a velocidade de locomoção possibilita transitar rapidamente por espaços e pessoas, direcionando o olhar dos que transitam para os adereços e atores que lhes interessam nos determinados espaços da cena urbana.

Em consonância com essa perspectiva, Certeau (1998) afirma a existência de um discurso urbanístico utópico que tenta constituir a "cidade- conceito" definida por um "sujeito universal e anônimo" (p. 173). Essa cidade, que combina gestão e eliminação, deve combater todas as "poluições físicas, mentais ou políticas", além de tudo aquilo que não é "tratável" e que, portanto, constitui "detritos de uma administração funcionalista" (p. 173). Mas o autor salienta também a impossibilidade de sucesso desse projeto, pois "se, no discurso, a cidade serve de baliza ou marco totalizador e quase mítico para as estratégias sócio-econômicas e políticas, a vida urbana deixa sempre mais remontar àquilo que o projeto urbanístico dela excluía" (p.174).

 

A Cidade-Discurso

Imersas na discussão sobre a produção da cidade contemporânea, assumimos que a negação da diferença, a evitação do contato com o outro, a tentativa de estabilização das tensões são movimentos que vão de encontro à condição relacional da existência humana. Abordamos esse pressuposto levando em consideração que os diferentes espaços- tempos urbanos constroem campos discursivos que são constitutivos das pessoas que neles habitam. Sobre essa questão, nos apoiamos nos conceitos desenvolvidos por Mikhail Bakhtin, autor que ao enunciar uma filosofia da linguagem, estabelece a comunicação como condição para a existência do sujeito no mundo da vida e no mundo da cultura (Bakhtin, 2012).

Linguagem é o lugar de existência do ser, não enquanto uma estrutura sobreposta, nem intrínseca às pessoas, mas como condição das relações sociais, da alteridade, por meio da qual cada pessoa conhece a si e ao outro. Da relação com os outros, da fronteira entre o singular e o universal, nasce a consciência dialógica, constituída pela tensão de vozes sociais, tensão entre discursos que nos fazem sujeitos entre sujeitos (Bakhtin, 2003; 2012).

Se os campos discursivos são os espaços de existência dos sujeitos, então os enunciados são seus modos de expressão: "O discurso sempre está fundido em forma de enunciado pertencente a um determinado sujeito do discurso, e fora dessa forma não pode existir" (Bakhtin, 2003, p. 274).

Enquanto expressão e fundamento da consciência dialógica, os enunciados estão sempre em relação com outros enunciados, posicionados em uma cadeia histórica que conecta pessoas, tempos, espaços. Nessa cadeia, o sujeito apresenta seu julgamento, sua valorização sobre os enunciados que o antecederam, produzindo assim "atitudes responsivas diretas e ressonâncias dialógicas" (Bakhtin, 2003, p. 300). Todo enunciado é uma resposta posicionada em determinado campo discursivo, em uma arena de vozes sociais que concordam, desacordam, completam- se, rejeitam-se.

Considerando a condição responsiva dos enunciados, vemos que a tentativa de evitar os conflitos, a negação das diferenças, o movimento acelerado que não favorece a apropriação do espaço físico e a busca por superar as resistências impostas pelo deslocamento nas cidades, mostram-se como expressão da própria tensão constitutiva dos campos discursivos que se estabelecem nos espaços urbanos. Os espaços não existem sozinhos. Se a cidade é o humano, então a cidade-humano é o contato que se estabelece e também o contato que se tenta evitar, é aquilo que se deseja enxergar e aquilo que se quer esconder, é o obstáculo e a livre passagem - sempre como expressão de realidades físicas e sociais. A cidade enuncia seus espaços e os tempos que a habitam como a consciência dialógica enuncia suas vozes sociais.

Certeau (1998) discute essa questão ao comparar o movimento do pedestre na cidade com o ato de falar. Para esse autor, "o ato de caminhar está para o sistema urbano como a enunciação (o speech act) está para a língua ou para os enunciados proferidos" (p.177). O ato de caminhar assume uma função enunciativa na qual o pedestre apropria-se do sistema topográfico, realizando espacialmente os lugares por meio de relações entre posições diferenciadas engendradas pelos movimentos, assim como o falante apropria-se de uma língua e a realiza sonoramente na relação com seus colocutores.

O autor afirma ainda a existência de uma ordem espacial que organiza as (im)possibilidades de circulação do pedestre pelos espaços. Essa organização, ao mesmo tempo em que impõe limites espaciais ao pedestre, engendra a criação de novas possibilidades de movimento, já que lhe oferece a opção de seguir ou não seguir as normas, ocasionando possibilidades de criação de estratégias de superação da ordem estabelecida (Certeau, 1998).

De maneira semelhante, "a arte de 'moldar' frases têm como equivalente uma arte de moldar percursos" (Certeau, 1998, p. 177). Assim, podemos afirmar que as ordens espaciais são acompanhadas por ordens discursivas que definem as possibilidades de dizer, o que se pode ou não se pode enunciar em determinados espaços, quem tem o poder para dizer e ser ouvido, ou seja, quais as pessoas que devem ser ouvidas, em quais lugares e sob quais condições.

Mas essas ordens são tensionadas constantemente, de variadas maneiras e com diferentes intensidades. Vejamos como se apresentam em uma cidade na cidade, ou melhor, em uma cidade universitária que se encontra amalgamada ao corpo de uma cidade de grande porte do sul do Brasil.

 

Caminhos Metodológicos

Neste estudo analisamos fotografias de intervenções escritas e gráficas realizadas nas paredes do Departamento de Psicologia (DEPSI) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para Bueno e Zanella (2015), intervenções estéticas produzidas nas cidades, tais como o grafite, "são traços que constituem a cidade" (p. 169) e que se vinculam diretamente aos sentidos que seus autores a ela atribuem, sentidos esses constantemente renovados, transformados a partir da posição ativa de leitores que com esses traços estabelecem alguma interlocução3. A partir dessa perspectiva, assumimos que, assim como na cidade, as intervenções estéticas realizadas nas paredes da universidade são enunciados concretos dos sentidos que produzem e movimentam seus habitantes, visibilizando a arena de embates, acordos, negações, adesões parciais, enfim, os posicionamentos ético-estéticos de seus autores.

A UFPR foi escolhida como campo de estudo por ser o espaço profissional da primeira autora que atua como psicóloga da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) dessa instituição. Essa condição exige da profissional que circule por entre seus diferentes departamentos, unidades e setores, principalmente pelo Prédio Histórico, local onde, na ocasião do estudo, localizava-se o serviço de assistência psicológica da PRAE.

Ao transitarmos pelo interior do prédio, chamam a atenção as intervenções escritas feitas nas paredes, portas e janelas, por estudantes e por funcionários da instituição. Não teríamos condições de discorrer aqui sobre todos os espaços do prédio, visto que se trata de um lugar amplo, com setores de finalidades e funções diferenciadas. Vamos nos deter, então, ao espaço do Departamento de Psicologia (DEPSI), onde figuram o maior número de intervenções escritas4.

As imagens foram captadas por meio de câmera fotográfica durante uma caminhada de reconhecimento pelo ambiente que direcionou o olhar para certas palavras e imagens, seja por sua forma- conteúdo ou por sua localização nos espaços da instituição. A fotografia é produção discursiva marcada pelas condições de possibilidade de sua própria realização. Trata-se, por conseguinte, a pesquisa com fotografia, como possibilidade de leitura das tensões que a conotam bem como das tensões que provoca ou pode vir a provocar, tal como sinalizam Tittoni e Zanella (2016) e Zanella e Tittoni (2011). Foram também selecionadas imagens acessadas em sites de notícias da world wide web que dialogavam com as imagens produzidas, com o objetivo de enriquecer a discussão. Foram então submetidas a uma análise discursiva embasada na perspectiva de Bakhtin (2003; 2012), buscando-se identificar o diálogo entre vozes sociais que se concretizam por meio das imagens e escritos, as tensões entre os participantes desse contexto educacional, seus acordos, desacordos, conflitos e diferenças.

 

Interstícios da Cidade Universitária: Tensões Entre Sujeitos

Atualmente, a "cidade universitária" que constitui a UFPR está distribuída entre 12 diferentes espaços em Curitiba, caracterizados como campi, setores, centros de estudo e complexos de saúde. Outros cinco centros de estudo estão situados em cidades do interior e litoral do Paraná: Pontal do Paraná, Matinhos, Palotina, Jandaia do Sul e Toledo (http://www.ufpr.br/portalufpr, recuperado em 11, setembro, 2017).

O Prédio Histórico da UFPR, cuja construção data de 1913, está situado na Praça Santos Andrade, região central da cidade de Curitiba, e nele está estabelecido o Departamento de Psicologia. No ano de 1999, o prédio foi escolhido como símbolo oficial da cidade de Curitiba por sua população, em um concurso no qual concorreu com ícones turísticos como o Jardim Botânico e a Ópera de Arame. A decisão do concurso, que foi promovido por um banco privado em parceria com a prefeitura da cidade, foi posteriormente oficializada pela Câmara Municipal de Curitiba, por meio da Lei municipal nº10.235/01 (D'ornelas, 2017). Responsivamente, o prédio foi submetido à intensa manutenção de suas instalações e fachada, condição que veio acompanhada de restrições quanto ao seu uso e controle das intervenções possíveis no lugar.

No ano de 2012, em ocasião da comemoração do centenário da instituição, a parte exterior do prédio, marcada pelo estilo neoclássico, passou por uma revitalização que cobriu a pintura de cor rosada pela cor branca e instalou um projeto de iluminação que destaca suas colunas e janelas durante a noite.

 

 

Assim, a revitalização do prédio centenário, agora símbolo de Curitiba, passou a atender a necessidades não somente de suas atividades fins, a saber, ensino, pesquisa e extensão. Consistiu em processo de transformação da Universidade em local turístico, a somar-se a outros que visam consolidar a capital paranaense como cidade-espetáculo (Britto & Jacques, 2009).

Além do Departamento de Psicologia, o Prédio Histórico abriga o Departamento de Direito e alguns espaços culturais e sedes de grupos artísticos. Se do seu exterior a grandiosidade da arquitetura provoca a pessoa que por ele passa a apreciar a beleza da sua expressão estética, no seu interior, a circulação de pessoas, dentre estudantes, professores, servidores técnicos e administrativos, visitantes dos espaços culturais, usuários dos banheiros, entre outros, estabelece uma dinâmica relacional complexa, uma arena de discursos que pode passar despercebida aos que não vivenciam o cotidiano da instituição. Assim seria se as vozes dos diferentes sujeitos que por ali circulam não estivessem registradas por meio de enunciados escritos em seus espaços físicos.

Nos corredores desse departamento, é possível observar um movimento, por parte da instituição, de definir os espaços onde se pode ou não colar cartazes. Para isso, foram colados avisos em lugares específicos que solicitam a colaboração de todos para que os cartazes sejam afixados somente nos locais determinados.

 

 

Podemos analisar, por meio da Figura 2, que a instituição se ampara no argumento da conservação do espaço público e manutenção da qualidade de vida no trabalho para manter a ordem estética do prédio, definindo os lugares onde é possível fazer intervenções sem interferir nos comunicados institucionais nem macular as paredes limpas. Esforça-se, pois, a manter uma harmoniosa e, em princípio, uma democrática distribuição dos espaços para os diferentes tipos de informações.

Ainda nessa imagem, os dizeres que ordenam cada um a fazer a sua parte e ainda destacam que a universidade é nossa, revelam que a instituição convida os participantes da comunidade universitária e visitantes a ocuparem um mesmo lugar de responsabilidade pela referida conservação e qualidade de vida, numa aparente tentativa de unificar na voz institucional as outras vozes que circulam pelo cotidiano do prédio. Notemos, contudo, que ao colar cartazes que justamente proíbem a colagem de cartazes, a instituição burla a sua própria regra, assumindo-se como a única autorizada a fazê-lo e, portanto, assumindo- se como uma voz diferenciada, contrariando o argumento em defesa do uso igualitário dos espaços.

Ao movimento de proibir a colagem de cartazes, soma-se a ação de estabelecer os locais permitidos para eles. Por meio de quadros de madeira, cortiça ou feltro, a instituição delimita os locais destinados à divulgação de informações primariamente institucionais, tais como editais de notas e avisos. Outros espaços definidos por meio de fitas vermelhas afixadas diretamente nas paredes formam murais que são utilizados para divulgação de informações pelos/as estudantes.

 

 

O mural que aparece na Figura 3 localiza-se ao lado do Centro Acadêmico de Psicologia. Nele encontramos cartazes com diferentes conteúdos associados a questões de gênero e sexualidade, campanhas para chapas do Diretório Central Estudantil (DCE), além de divulgação de eventos, de benefícios conquistados com a greve, de aulas particulares e outros tipos de comércio.

Estudantes, portanto, fazem uso dos espaços definidos. Contudo, ao respeitar o espaço do mural, a disposição dos cartazes constrói uma mistura de enunciados que não favorece o destaque de nenhum deles e suas vozes não são necessariamente notadas por aqueles que rapidamente ou desinteressadamente por ali passam. Os cartazes se apresentam, desse modo, como um coro de vozes misturadas que se esforça por tornar-se parte da ordem estabelecida, ao mesmo tempo em que busca modos de rompê-la, fazendo-se ouvir.

Talvez em razão dos obstáculos postos a esse "fazer-se ouvir", ou como modo de tensionar a ordem instituída, encontramos cartazes que extrapolam as linhas dos espaços delimitados. Extrapolar, transbordar, estar fora dos limites ou simplesmente ocupar suas bordas, demarcando novos possíveis nas territorializações cristalizadas, são modos de tensionar os espaços e suas regras, as possibilidades de ver, ouvir e sentir. São, pois, expressão das tensões entre o cumprimento da norma e a vontade de fazer com que alguns enunciados soem com um pouco mais de intensidade para que possam ser ouvidos.

 

 

Também no DEPSI é possível encontrar cartazes afixados em locais irregulares, distantes das áreas permitidas.

Nessa imagem, a parede localizada entre os lances de escada que levam ao Departamento, situado no primeiro andar, oferece-se como lugar privilegiado para o cartaz que divulga uma das chapas que concorre para as eleições para o DCE com os dizeres: Se nada somos Sejamos tudo. Quem subir as escadas, não deixará de notá- lo.

Outra intervenção que tensiona as regras de utilização dos espaços é evidenciada no escrito greve geral!, produzido aparentemente com caneta hidrográfica diretamente em uma parede de mármore

 

 

Essa intervenção desestabiliza o espaço institucional não somente por fazer um chamado para uma mobilização política, mas também por fazer pensar que escrever não é o mesmo que colar um cartaz, logo, transgride-se a regra de utilização do espaço (escreve-se em local proibido) sem verdadeiramente transgredi-la, já que a proibição enunciada restringe-se especificamente a colar cartazes. Permanece no enunciado, como presumido, a proibição de outras formas de intervenção nas paredes da edificação centenária. Porém, esse presumido não é necessariamente compartilhado por todos/as, e ainda que o seja, oferece abertura para contrapalavras, para transgressões, como a que se vê na Figura 5.

Ao ocuparem espaços não oferecidos como possíveis para a escrita, os estudantes chamam a atenção para enunciados que, se não estivessem ali, não seriam notados. Essas intervenções resistem à proposta harmonizadora do espaço cenográfico que faz prevalecer a voz da estética do belo para evidenciar vozes e estéticas outras.

É possível afirmar que as intervenções irregulares resistem também à lógica da velocidade de locomoção, tal como problematizada por Sennett (2003), forçando o sujeito que passa por ali a entrar em contato com aquilo que em outros espaços poderia ter sido ignorado. Esse entrar em contato, por sua vez, provoca algum tipo de resposta, seja de acolhida, de identificação, seja de negação da intervenção e recusa à estratégia adotada. Seja qual for a resposta provocada, a escrita faz com que o espaço físico deixe de ser simplesmente parede, lajota, mármore, para ser espaço corporificado por marcas de vida que o transformam. Torna-se espaço físico- discursivo, no qual as pessoas se fazem responsivamente presentes e deixam rastros de suas existências, de suas posições axiológicas.

O que esse diálogo estabelecido entre as intervenções nas paredes do prédio fazem transparecer é uma tensão existente entre as diferentes pessoas que habitam o espaço da universidade. Compreendemos que a ação dos/das estudantes de interferir nos espaços proibidos se constitui como posicionamento responsivo às ordens da instituição, ao movimento de manutenção cenográfica, de silenciamento dos conflitos sociais, de invisibilização das diferenças. Ao escrever, colar, desenhar nas paredes, imprime-se a marca da diferença, dá-se luz a essa tensão de consciências que compõem o espaço universitário.

Porém, é interessante notar que, se por um lado os enunciados dos/as estudantes posicionam uma forma de resistência aos enunciados da instituição nas suas paredes, também a instituição exerce um movimento responsivo aos/às estudantes, de maneira semelhante. Esse movimento pode ser observado no diálogo entre as Figuras 6 e 7, as quais, analisadas conjuntamente, apresentam como linhas de visibilidade as tensões que se apresentam nas disputas pelos espaços de comunicação e lugares de fala.

Na Figura 6, temos um mural localizado ao lado da secretaria da coordenação do curso e destinado à publicação de informações dessa unidade e de outras localizadas nas imediações.

 

 

Ao lado do mural (fora do espaço por ele delimitado e, desse modo, fugindo às regras da própria instituição) temos um cartaz afixado pela coordenação com os dizeres: "A coordenação não recebe trabalhos acadêmicos para encaminhar aos professores. A coordenação não controla o acesso aos escaninhos - favor procurar o departamento" (negritos do próprio cartaz).

 

 

Para analisarmos essas imagens, precisamos aludir ao que Bakhtin (2003) definiu como entonação expressiva, isto é, ao modo como o enunciado é pronunciado. É a modulação da voz do/a falante e o gesto que o acompanha, que expressam a valoração das respostas enunciadas na alternância do discurso. Na escrita, temos ausentes esses elementos e será, portanto, o contexto extraverbal, ou seja, as condições do tempo-espaço onde a escrita ocorre que dará aos/às participantes do diálogo a compreensão da entonação: "(...) no discurso escrito é como se a adivinhássemos e a sentíssemos graças ao contexto que emoldura o discurso do outro - ou pela situação extraverbal" (Bakhtin, 2003, p. 299).

Assim, o cartaz afixado pela coordenação ao lado da sua porta faz transparecer um contexto extraverbal composto por acontecimentos anteriores à confecção do cartaz e que podemos aqui inferir: com frequência, a coordenação deve receber solicitações de estudantes para encaminhamento de seus trabalhos acadêmicos a professores/as, bem como de acesso aos seus escaninhos, funções essas que não cabem a esse setor. O modo como o texto está escrito responde às demandas institucionais de formalidade, mas a ênfase dada pela utilização da função negrito nas palavras não recebe e não controla marca também a expressão de insatisfação com as demandas equivocadas. Seu posicionamento fora do espaço designado destaca ainda a importância com que a coordenação assume que essa informação deva ser apropriada quando comparada a outras informações postas na área designada pelo mural. Assim, as relações entre coordenação e estudantes tende a ser mais fortemente mediadas pelo enunciado posto nesse aviso, do que pelos outros avisos afixados.

Nesse sentido, o cartaz estabelece certo distanciamento e certa aproximação entre o setor e os estudantes. O distanciamento se produz na medida em que os/as funcionários/as que ali trabalham definem que não vão mais parar suas atividades para se envolver em um contato face a face e explicar aos/às estudantes aquilo que o setor não faz. O aviso fala pelos/as funcionários/as, e os estudantes nem precisam passar do limite da porta para receber a informação. Mas esse mesmo cartaz, uma vez afixado fora dos limites estabelecidos pela própria instituição, aproxima quem de certa forma institui a ordem ou é responsável por assegurar seu cumprimento, daqueles que a transgridem via afixação de cartazes e escrita em locais que não os definidos por fitas coloridas ou quadros de madeira, cortiça ou feltro. Por conseguinte, constata-se que tanto servidores quanto estudantes transgridem as regras, supostamente para todos, mas que parecem ser direcionadas somente para alguns. A coordenação, no lugar de autoridade institucional, autoriza-se a burlar as normas quando necessita fazer-se ouvir pelos estudantes, porém ao fazê-lo desautoriza-se a recriminar que outros também o façam.

 

Considerações Finais

Quando o processo de espetacularização das cidades alcança o contexto universitário, observamos sua transformação em espaço-cenário (Britto & Jacques, 2009). A universidade passa a responder a padrões de organização dos espaços físicos e discursivos, de modo a manter um padrão estético orientado para a harmonização de lugares e sujeitos. Assim, são definidas as normas de usos dos espaços acadêmicos, ao mesmo tempo em que é (des)autorizada a circulação de determinadas pessoas, vozes, corpos. O espaço é, então, desconectado dos corpos que nele habitam e a universidade parece negar as múltiplas vozes sociais que visibilizam e compõem a complexa arena dialógica do cotidiano acadêmico.

A ação de escrever em local irregular tensiona a concepção de espaço físico como lugar de passagem, de consumo (Sennet, 2003; Santos, 2006), exigindo a atenção dos participantes do contexto acadêmico, forçando-os a olhar para os outros, a estabelecer contatos, a responder.

Nesse contexto, as intervenções escritas nos espaços físicos tornam-se uma forma de tensionar o estabelecido pela ordem institucional, revelando o campo dialógico (Bakhtin, 2003) que constitui os sujeitos que dele participam. As intervenções nas paredes escancaram as diferenças, revelam os desacordos, desnudam o modo como as pessoas vivenciam o cotidiano na universidade e desafiam a cidade-cenário, afirmando que nesse espaço há pessoas, há corpos, há diferenças, há resistências, há vida em seu processo constante de transformação.

Por fim, cabe destacar o trabalho e o efeito da pesquisa realizada ao fotografar as intervenções nas paredes da universidade e colocá-las em análise. O ato de fotografar determinadas produções e não outras e tomá-las como elementos de uma análise de discurso é uma intervenção da pesquisa que produz efeitos. Trata-se de intervenção ética, estética e política nas normativas visíveis e invisibilizadas, nos ditos e não ditos que regem o uso dos espaços de discurso na universidade. Ao fotografar oferecemos resistência ao movimento de aceleração que caracteriza os lugares como espaços entre espaços, dando visibilidade a imagens que em alta velocidade não seriam notadas, não seriam significadas. Desse modo, colocamos em foco imagens que transgridem as normatizações estéticas que se orientam para transformar os espaços públicos em cenários homogêneos, desencarnados e consensuais. Fotografar é, portanto, um modo de provocar o próprio contexto universitário a intensificar a dialogia que conota as relações que ali se produzem.

 

Notas

1 Sobre a comunicação digital nas metrópoles contemporâneas, ver Canevacci (2009).

2 Estudos sobre o chamado direito à cidade ampliam a discussão sobre as possibilidades de ocupação dos espaços urbanos. Para mais informações, ver Trindade (2001) e Battaus e Oliveira (2016).

3 Sobre a posição ativa de leitores/expectadores ver Bakhtin (2003; 2013); Rancière (2012); Vygotski (1999; 2001).

4 Possíveis motivos para as diferenças entre os modos de organização e intervenção nos espaços desse prédio e das relações com esses instituídas podem ser fonte de investigações, porém fogem do escopo deste trabalho.

5 Os presumidos referem-se aos sentidos de um enunciado que são compreendidos, ainda que não sejam verbalmente expressos, porque seus interlocutores compartilham o horizonte espacial e ideacional no qual o enunciado se realiza (Bakhtin; & Voloshinov, 1976).

6 Sobre o posicionamento verbo-axiológico enquanto modo de expressão avaliativa sobre o mundo ver Geraldi (2010); Faraco (2011; 2007; 2006) e Machado (2007).

 

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Enviado em: 04/06/18
Aceito em: 31/10/18

 

 

Graziele Aline Zonta é psicóloga na Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis da UFPR. Doutoranda em Psicologia na Universidade Federal de Santa Catarina. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná e mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: gzonta@hotmail.com
Andrea Vieira Zanella é professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina, bolsista produtividade do CNPq. Orientadora de mestrado e doutorado vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná, mestrado e doutorado em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
E-mail: avzanella@gmail.com

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