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Revista Polis e Psique

versão On-line ISSN 2238-152X

Rev. Polis Psique vol.9 no.2 Porto Alegre maio/ago. 2019

 

DOSSIÊ - TEMAS EM DEBATE: RISCOS DA CRIAÇÃO

 

Transitar pela fresta: corporalidades e diferenças na escrita acadêmica1

 

Traveling through the slit: corporalities and differences in academic writing

 

Transitar por la rendija: corporalidades y diferencias en la escritura académica

 

 

Fernanda dos Santos de Macedo; Gisele de Mozzi; Volnei Antonio Dassoler

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil

 

 


RESUMO

Este texto-ensaio versa sobre modos possíveis de produção de conhecimento, suas especificidades e valoração na cultura contemporânea e, mais especificamente, no âmbito acadêmico, lugar privilegiado para esta tarefa. Acionamos uma narrativa ficcional e propomos uma perspectiva de trabalho com teorias e interlocutoras como efeito, sobretudo, dos encontros do/no coletivo. Buscamos performatizar experiências que queremos tornar audíveis e acessíveis, tensionando o discurso acadêmico. Sentimo-nos provocadas em compor a partir das diferenças encontradas nas bordas do fazer acadêmico, acolhê-las, reverenciá-las e nos imbuirmos das experiências e escritas minoritárias. Assim, questionamos sobre a potência da fresta como lugar que assume e comporta tensão entre corpos e saberes diferentes, no entremeio de espaços, mundos, experiências. Ao mesmo tempo, indica-nos um lócus de criação de outros modos de perguntar, pesquisar, escrever, contar, divergir, estar em relação, produzir conhecimento. O texto apresenta elementos dessa discussão para fazer com que a problematização proposta siga potente.

Palavras-chave: psicologia social; narrativa ficcional; escrita acadêmica; saberes minoritários.


ABSTRACT

In this paper we consider possible ways of knowledge production, specificities and valuation of these modes in contemporary culture. More specifically, we do this within an academic scope, which is a privileged space for this task. We use a fictional narrative and propose a perspective that employs theories and interlocutors as an effect from the meetings of/at the collective. We aim to performatize experiences that we want to make audible and accessible, and also to be able to stress the traditional academic discourse. We felt compelled to compose from the differences found in the edges of academic making and to accept and to reverence these differences. We imbibe from minority experiences and writings. Thereby, we question about the potentiality of the slit as a place that assumes and holds tension among different bodies and knowledge, in between spaces, worlds and experiences. At the same time, it indicates to us a locus of creating other ways of asking, researching, writing, telling, diverging, being in relation and producing knowledge. The text presents elements of this discussion to ensure this problematization remains powerful.

Keywords: social Psychology; fictional narrative; academic writing; minority knowledge.


RESUMEN

Este texto-ensayo versa sobre modos posibles de producción de conocimiento, sus especificidades y valoración en la cultura contemporánea y, más específicamente, en el ámbito académico, lugar privilegiado para esa tarea. Accionamos una narración ficcional y proponemos una perspectiva de trabajo con teorías e interlocutoras como efecto, sobre todo, de los encuentros del/en el colectivo. Buscamos poner en escena experiencias que queremos hacer audibles y accesibles a fin de tensar el discurso académico. Nos sentimos provocadas a componer a partir de las diferencias encontradas en los bordes del quehacer académico, acogiendo esas diferencias, reverenciándolas e impregnándonos de las experiencias y escrituras minoritarias. Así, nos interrogamos sobre la potencia de la rendija como lugar que asume y comporta tensión entre cuerpos y saberes diferentes al situarse en el entremedio de espacios, mundos, experiencias. Al mismo tiempo, nos indica un locus de creación de otros modos de preguntar, investigar, escribir, contar, divergir, estar en relación, producir conocimiento. El texto aporta elementos a esa discusión con el propósito de contribuir a la potencia de la problematización planteada y a su permanencia.

Palabras clave: psicología social; narración ficcional; escritura académica; saberes minoritarios.


 

 

A sensação de pertencer ao outro lado da fresta

Espia pela fresta, já pode se fazer presente? Não se sente convidada, aqueles que a percebem, fingem não a enxergar. Recua. "Um dia será possível", acredita. Ou melhor, deseja. Enquanto isso, continua perambulando pelos caminhos que se abrem, somando-se e recriando-se em outros encontros. Alguns sugerem que viva por aqui, não vale a pena aventurar-se para além da fresta. "Você vai ser triturada". Outros advertem que lá é preciso ser como flecha: rápida e certeira. Comunicar em poucas palavras, assuntos frescos e exóticos.

Aliás, quando a notam é sempre por um tipo de curiosidade ligada ao que parece ser o exótico, deixando subentendido seu não pertencimento àquele ambiente de respeitada tradição em que todos e todas devem saber seus lugares. Ela pesquisa no dicionário e no Google e descobre que exótico quer dizer alguma coisa como esquisito, excêntrico e extravagante. Tem talentos suficientes para entender que o prefixo ex, neste contexto, reafirma sua condição de exclusão ao fixá-la numa identidade estereotipada e de marginalidade. Mas também é perspicazmente capaz de ir além do significado dicionarizado para compreender que sua inteligibilidade é reiteradamente enquadrada em uma única moldura, rebocada e repintada para camuflar seu anacronismo. Desde que suas ideias entraram em diálogo com uma pensadora chamada Judith Butler, entendeu que o lugar de abjeção, que por vezes ocupa, é também constituinte da norma porque, pelo avesso, evidencia os limites inteligíveis da "forma de ser" atestada como normal.

Talvez isso não deva ser um problema, mas uma diferença a ser afirmada como valor em si mesma, evitando a armadilha de se lançar num jogo de rivalização e vaidade, próximo daquilo que ela leu, em algum lugar, sobre um certo narcisismo das pequenas diferenças, combustível para a intolerância. As histórias que deseja contar não cabem em quinze laudas justificadas. Precisa incluir corpos, imagens, testemunhos, vozes. Ainda assim, é importante compor território. Esgueirando-se para mirar através da fresta, em um sobressalto depara-se com alguém tentando ver o lado de cá. Olham-se nos olhos, um encontro que torna esse instante fugaz suficiente para perceber que compartilham semelhanças e diferenças. É possível sentir uma tensão no ar. Tanto do lado de cá da fresta, quanto do lado de lá, um clima de apreensão se instala quando se percebe que não há mais como recuar.

 

Em trânsito: curiosidades e desconfianças com os "saberes verdadeiros"

É chamada a visitar o lado de lá, ainda que ache essa ideia de fronteira, de lado de cá e lado de lá, dura demais e meio sem cabimento para nossos tempos... Aceita o convite e entra. Tropeça em barreiras que impedem o seu acesso. É mesmo difícil. Olhares desconfiados são trocados. Gagueja uma dor engasgada transformada em palavras-conceitos, dois ou três a ouvem. Percebe que sua musicalidade não será compreendida por qualquer ouvido destreinado. Exige um mínimo de atenção. A sinfonia compensa o esforço, toda vez que experimenta, com o seu próprio corpo, algo parecido ao estrangeirismo que Anahi Guedes de Mello inventa para brincar com o seu "sotaque"2 de surda oralizada. Transborda margens, contestam: "Preserve o formato".

Hela diz:
- Preciso de ajuda!
Eles respondem:
-Você deve fazer por merecer.

Suas palavras, métricas e denúncias custam encontrar as linhas e, quando as encontram são, por vezes, consideradas literatura marginal. O cuidado e o apego com as palavras, vírgulas e sonoridades devem permanecer confinados ao âmbito privado, à intimidade do cuidado com a casa e com as filhas3, junto com suas ideias, de onde jamais deveria ter ousado se esgueirar. Às suas lutas e conquistas resta a seção Relato de Experiência. Uma espécie de dispositivo de controle.

Por vezes, Hela tem a impressão de que seu corpo se constitui como um portal de passagem através do qual espíritos de dois mundos transitam, embora o fluxo seja frequentemente maior em uma das direções. Incorporada nessa posição, não sem dores e sentindo as marcas daquelas que tentam passagem, inspira profundamente, relaxa e abre espaço para sussurros e confissões. Amigas gritam para abandonar o lado de lá: "Garimpam aqui e levam o que temos de bom, ao passar por aquelas mãos, então, tornam-se ouro".

Ela sabe dessa história, afinal, por muito tempo foi figura coadjuvante, servindo de escada para os do lado de lá. Está advertida quanto ao cuidado que deve ter para não sucumbir ao falso brilho da vaidade de quem tem seu nome citado e suas obras repetidas à exaustão. Quem são essas pessoas que repetem e sobre que tipo de relação estabelecem com a obra? Hela aproxima-se e argumenta que precisam fazer com que seus saberes sejam propagados. Há gente lá subindo os olhos através da página procurando o que mais está acontecendo para além da orelha do livro. Tantas outras pulverizando verdades e produzindo saberes a partir da dúvida, do desconforto, do desejo.

Sente-se curiosa. Quer espiar, pesquisar. Quer que o tempo da leitura não seja apressado para que possa conter o estado febril do seu pensamento. Entretanto, sua urgência lhe parece diferente daquela que percebe no lado de lá, do mundo acadêmico que, formatado pela demanda industrial, parece atropelar o tempo que o exercício do pensamento requer. Hela anseia por um tempo que lhe permita ser tocada pelas ressonâncias dos textos, que aguce seus sentidos e que lhe conceda brincar com as palavras antes da narrativa tomar uma forma. Aflita, busca parcerias para tornar o tempo mais um companheiro nesta travessia.

Ela se vê diante da tarefa de seguir. Não quer ser heroína de nada, mas sente que precisa ser fiel ao desejo que lhe anima. Sente que não é uma questão de escolha, visto que os pensamentos que tem não cabem em si mesma ou apenas no lado de cá. Precisa falar, escrever, ouvir, borrar, interrogar. Precisa dar algum destino para isso que está nela, mas que é maior que ela, é entre ela e o mundo. Por isso se dispõe a correr riscos, falar em lugares estranhos, escrever sem ter todas as conclusões definidas. Precisa problematizar o senso comum que está entranhado e naturalizado no próprio centro pensante do nosso mundo, a Universidade. Para continuar esse movimento é preciso estancar as feridas abertas e contornaras portas fechadas na cara, ou, se necessário, abri-las a pontapé.

 

Jogar e profanar: das aproximações ao discurso

Em alguns momentos, Hela percebe que o clima se mostra ameno e alguns olhares de desconfiança são acompanhados por atenção. Nesses desfiladeiros, lança-se de corpo inteiro, abandonando instrumentos de segurança. Exigem saber mais sobre o que ela pensa, quem são suas interlocutoras privilegiadas, quais são os métodos de pesquisa e de análise que utiliza, como valida seus achados. Antes de recuperar o fôlego, Hela nota que essa legitimidade é o que a fará entrar no discurso e conquistar um lugar ao sol. Bancar referências, evitar deixar nas entrelinhas. Prestar continência àquelas que convida a compor, uma das regras que parece impossível de se desvencilhar. Ela continua com um olho aqui e outro acolá, sente que começa a habitar um novo lugar, no entremeio de espaços, mundos, experiências. Parece haver indícios de que desse lugar há de emergir inspirações para continuar.

Inserir a escrita minoritária nos discursos. Discurso é regra, jogo de verdade, produção de subjetividades, mas pode ser, ou Hela tenta homeopaticamente torná-lo, via de profanar. É preciso aprender as regras de acordo com as quais ela pode dizer certas coisas consideradas verdadeiras ou falsas - foi o que retirou de alguns pensamentos acompanhados por Michel Foucault. Como adverte Marília Amorim (2002, p. 18):

Para transgredir, entretanto, é preciso dominar o gênero e suas regras, pois sem isso não se pode saber o que está realmente em jogo na produção de conhecimentos. Ou seja, em matéria de escrita de pesquisa, a transgressão implica a formação.

Responder às exigências de sínteses, de cumprimento dos prazos, de uma infalível rigidez metodológica, da assertividade e aplicabilidade dos conceitos, das verdades proferidas em conclusões definitivas, das estabilizações e generalizações, dos relatórios quantitativamente ranqueados, dos pontos e quilos a mais, no currículo lattes e no corpo da autora. Essa aprendizagem traz consigo a constatação de que dar conta desse jogo de verdades é uma aposta sempre falha. Hela prefere a proliferação confusa de meias verdades, a complexidade de sentidos, significados, conceitos, perspectivas, materialidades e histórias, elementos que sustentam o caráter de transgressão da noção de produção de conhecimento que almeja e espera compartilhar.

Escrever: ato de tentar colocar em palavras as tantas vozes gritando em sua orelha. "Sei (e como sei) / O quanto é difícil conseguir/ Ficar em paz/ Quando tem alguém gritando 'Uah'/ Na sua orelha"4. Não encontra as sequências lógicas e lineares que os manuais e receituários prometem. É preciso desestabilizar a ordem, incorporar o caos, finalizar com a introdução, performar atualizações provisórias, rechear o texto com imprecisões e questionamentos, eteceteras e vírgulas ao invés de pontos finais. Não lhe parece suficiente prever o que vai ser feito e depois relatar o que aconteceu. Prefere fazer acontecer o que está sendo dito ao mesmo tempo em que diz sobre o que lhe acontece. Ainda assim, questiona como operacionalizar outros modos possíveis investidos de deslizamentos e rupturas, reconhecendo que precisa ainda compreender um pouco (muito) mais sobre esses modos de pesquisar.

A fresta se amplia e Hela se surpreende ao ver um grande fluxo de pessoas em um movimento de vai e vem que atravessa a fresta. Embora alguns comentários desabonando a sua origem sigam sendo sussurrados em voz baixa, outras que perambulam pela fresta possibilitam certo clima de acolhimento. Jorge Larrosa, no pequeno artigo "O ensaio e a escrita acadêmica" (2003), propaga a impressão de estarmos vivendo um momento favorável nos espaços de saber instituídos formalmente para trabalharmos com as palavras num ambiente de maior liberdade. Segundo ele, isso decorre de três fatores: o primeiro está relacionado com a constatação da dissolução progressiva das fronteiras entre filosofia e literatura (entre escrita pensante e poética); o segundo ponto se refere ao esgotamento da razão pura moderna em sua pretensão de ser única e, por fim, como consequência do próprio enfado e tédio que a convivência contínua num ambiente de repetição das mesmas coisas ditas através dos mesmos registros produz entre essas pessoas.

O esforço de operar o deslocamento da centralidade do instituído de um determinado artigo, autora ou autor para a experimentação da sonoridade material das palavras e da surpresa, dos achados acidentais nas leituras ocasionais e conversas despretensiosas, revela momentos de rara degustação. Essa aposta reflete o entendimento de que a escrita é sempre uma obra coletiva e que, longe de se pretender sagrada, intocável, deve mirar sua presença no horizonte comum do humano, contexto de onde emerge, conforme sugere o pensamento agambeniano. Nessa perspectiva, as reflexões precisam circular e encontrar interlocutoras que, por sua função profana, impeçam a sacralização dos textos e das autoras ao problematizar mais a posição diante da verdade (conhecimento) do que a ratificação de um saber sobre a realidade. Ainda assim, nem sempre a escrita, tampouco outras linguagens conseguem alcançar muito menos reformular espaços onde é preciso inventar novas disciplinas corporais capazes de comunicar.

Hela encontra reverberação para essa aposta na posição crítica de Christian Dunker (2017)5 quando o autor arrisca uma definição sobre o que seria um intelectual hoje: alguém que fala fora de lugar, alguém que "fala não-sem mas em desapego-com coisas ridiculamente covardes como "a minha área", "o meu assunto", "o meu autor", "a minha disciplina". Hela sente-se subversiva: quer pular muros, tocar campainhas, convidar para tomar um vinho na terça-feira à tarde. Eis que se toma da poliversão: quer "pagar para ver" o que surge dos miscigenados encontros que contaminam suas lógicas de pensamento e parecem agarrar junto a caneta que inscreve palavras e significados no mundo.

 

A fresta como contingente de diferenças

Hela sabe que a fresta foi aberta a duras penas, com o trabalho árduo de várias mãos sobrepostas que, estrategicamente posicionadas nas bordas da fresta, forçavam seu alargamento. Reconhece e valoriza o pioneirismo e a ancestralidade destas mãos que abriram possibilidades de atravessamentos e atropelos. Vozes e corpos passam pela fresta, por vezes como uma leve brisa e por outras como ventania capaz de arrastar consigo o que encontrar pelo caminho.

A fresta é maleável, dependendo dos ventos que sopram pode ser fechada quase por completo. Percebendo o temporal por vir, Hela busca outras mãos para manterem suas garras pressionadas nas laterais da fresta e evitarem serem jogadas para longe dali. Em sua jornada, começa a encontrar cada vez mais, pessoas que pensam o mundo de maneira semelhante a ela e outras tantas que apresentam suas divergências de maneira a fazê-la pensar. Alguns diálogos se intensificam e se multiplicam permeados pela diversidade dos argumentos, pela posição de reconhecimento da trajetória singular e pelo "afetamento" de sentir-se viva ao dar materialidade aos pensamentos e às dúvidas através da escrita, das artes, da política.

Resistência e persistência nas ocupações de assentos reservados e na demarcação de lugares comuns propiciam esperança para aquelas mãos (e vozes) que insistem em compor na fresta, em participar de decisões públicas e políticas. Não querem ser apenas objetos das intervenções de outrem, querem intervir nas universidades, na cidade, nos espaços públicos. Entretanto, todas sabem dos riscos do fascínio pela verdade. A verdade - contingente, transitória, parcial e inacabada - está para quem fala. É condicionada pelos assentos ocupados e por aqueles que permanecem vazios, pelas pronúncias, sotaques e silêncios, pelos consensos e discordâncias, pela legitimidade atribuída a quem profere/professa seu discurso, por popularidades e desinteresses.

O encontro com Virgínia Woolf (2014) lhe mostra que presente, passado e futuro são dimensões borradas, e inspira Hela a poetizar a escrita, narrando sobre o que fica atrás da cortina ou escondido debaixo do tapete. Virgínia (ousa chamá-la assim pela intimidade que sente ter), já em 1929, no livro "Um teto todo seu" discutia sobre como os lugares socialmente atribuídos às mulheres e aos homens determinavam as possibilidades de atuação para cada gênero, restringindo e mesmo impossibilitando mulheres - independente dos talentos que possuíssem - de ocuparem espaços no meio acadêmico, na literatura, entre tantos outros. Além da inferioridade simbólica atribuída à mulher, Virgínia aponta elementos materiais (sala individual, dinheiro, acesso à educação) como produtores dessa desigualdade de oportunidades e, sobretudo, de sucesso. Após tantos anos, Hela percebe que ainda permanece como questão e objeto de luta a iniquidade de gênero no espaço público (embora não tenha deixado de se fazer presente no espaço privado). Assim como a exclusão nesse campo ou a valoração desigual do trabalho, da produção acadêmica ou literária realizada por corporalidades e existências diversas. Por muito tempo, brancos descreviam a vida de negros e negras, homens estudavam o caráter das mulheres, heterossexuais qualificavam a normalidade do desejo e das práticas sexuais, "normais" classificavam um modo de ser no mundo como loucura. A distinção entre sujeito e objeto a ser pesquisado parecia inflexível. Deixou de ser? Alerta! Determinados modos de formular problemas de pesquisa, de escolher quais autoras e autores citar, de construir critérios em processos seletivos, de eleger a linguagem (termos, ritmo, forma) para comunicar, podem transformar a fresta numa fronteira rígida, bélica e intransponível.

Recusando uma versão colonizadora presente no universo acadêmico - na qual poucos decretam sobre a vida de muitos -, Hela reconhece a potência da fresta como lugar de problematização e proliferação. Sente-se em sintonia com Chimamanda Ngozi Adichie (2009) quando diz que não há uma única história a ser (re)contada, que somos habitadas e marcadas por muitas vozes, discursos, desejos, corpos, além dos próprios "afetamentos" do tempo. A fresta é nossa aposta que, por sua estrutura de abertura, fechamento, trânsito e deslocamentos reconhece a pluralização das narrativas e de modos de produção de conhecimento em oposição ao controle das "variáveis" que os discursos com selo científico apregoam.

 

A constituição de um lugar (uma escrita) no entremeio

Hela vai em busca de quem discuta outras políticas de escrita, em que caiba aquilo que sentia estar à margem do papel carimbado. Depara-se com Márcia Moraes e Alexandra Tsallis (2016) que defendem a ideia de que uma "escrita acadêmica e científica" não é definida por uma só gramática. Contar histórias, para as autoras, é modo de fazer pesquisa e "povoar mundos". Nessas flexões, escrever é colocar epistemologicamente e politicamente - no mundo, no texto, na produção acadêmica, na ciência - aquelas com que pesquisamos.

Fazer outras teorias é que nos tem sido demandado pelo campo de pesquisa. E por isso mesmo seguimos a pista de Annemarie Mol (2008) quando salienta que os bons encontros empíricos inspiram teorias, isto é, inspiram modos de narrar afeitos ao que se passa no campo de pesquisa. (Moraes & Tsallis, 2016, p. 46).

Narrar histórias pressupõe posicionamento, narramos com os elementos que a experiência nos ensina, narramos a partir do treino que nossos olhos e ouvidos recebem. Este escrito - assim como a trajetória de Hela - almeja uma dimensão ética-política-estética, cujo propósito nos instiga a refletir e performatizar experiências que queremos tornar audíveis com nossos trabalhos, difundi-las a ponto de entrarem no vocabulário compartilhado, na sensação coletiva e serem reconhecidas como produção de conhecimento.

Narrar. Tornar público, relativo a todos. Reconhecer. Ao ler "A guerra não tem rosto de mulher", da escritora russa Svetlana Alekiévitch, apesar de se incomodar com a insistência da autora em representar um certo universo feminino, Hela se comove com os testemunhos de centenas de mulheres combatentes na segunda guerra mundial que não contavam "A" história da guerra, mas as suas histórias, experiências que não tinham registro na história oficial. Narradoras sucateiras, é como descreve Jeanne Marie Gagnebin (2006) a função de apresentar os restos e rastros de vidas secundarizadas e silenciadas. Em um sobressalto, Hela se pergunta: esse pode ser um modo de pesquisa, de produção de conhecimento?

Fugindo de um cientificismo opressor, pretensamente universal, marcado pelo gênero, Moraes e Tsallis (2016) afirmam um "fazer feminino na ciência" (p.47). Assim como elas, um dos encontros que nos guia para pensar a produção científica e gênero é com Donna Haraway. O feminismo, conforme Haraway (1995), é via para tensionar a objetividade corporificada de qualquer produção do conhecimento, posto que esse é sempre localizado. Desse modo, defende que a objetividade feminista na ciência implica situar-se e explicitar de onde se olha para determinado fenômeno, pois a visão parcial oferece conexões com outras visões parciais e aberturas inesperadas. É desse caráter de abertura que muitas tentam se furtar recusando a construção de um território comum no qual multiconexões possam exercer seu poder crítico e transformador.

Construir pesquisas que contemplem a experiência como abertura para o desconhecido, para aquilo que não se pode antecipar (Larrosa, 2002), implica seguir os fluxos que se passam no cotidiano habitado pelas pesquisadoras. É, parafraseando Haraway (1995), saber que os saberes são localizados e que colocam em relevo os calos, as dobras, as renúncias ao se colocar no campo de pesquisa e evidenciar que o que enxergo é um "corpus empírico". Corpus produzido pela corporalidade da pesquisadora que descreve e escreve sobre aquilo que foi possível observar e sentir.

Hela não despreza nem recusa as ideias de pensadoras consagradas, afinal, elas participam de um pouco do que ela é. Michel Foucault é um dos que a incita a arriscar perguntar: como se produz conhecimento? Segue com ele porque a questão do conhecimento é intimamente relacionada ao saber e ao discurso. Um Foucault (2003) inquieto, na cena imaginada por Hela, examina as diferentes maneiras pelas quais o discurso desempenha um papel no interior de um sistema estratégico em que o poder está implicado, e para o qual o poder funciona. Isto é, o poder opera através do discurso. Em detrimento da interpretação do conteúdo, importa analisar a função discurso. "[...] trata-se de considerar o discurso uma série de acontecimentos, de estabelecer e descrever uma série de relações que esses acontecimentos mantêm com outros acontecimentos que pertencem ao sistema econômico, ou ao campo político, ou às instituições" (Foucault, 2003, pp. 255-256).

Atestando a inter-relação do discurso com o poder, é de se entender as investidas para manter Hela longe da fresta. Ela, no ir e vir através da fresta, leva-nos a repensar significados para o caos, esse que parece anunciar mudança de uma ordem instituída. Valorizando movimentos inventivos e outros fluxos, observamos que Hela carrega consigo muitas outras vozes de uma rede fora de um determinado circuito, marginais, mas não fora das circulações de sentido e de existência. Vozes que sussurram ideias, que compartilham histórias que a fazem aprender e questionar o mundo, coro nas manifestações por direitos, gritos que denunciam violências, raps que rimam por liberdade6.

Vozes que não se enquadram exatamente nas normas da ABNT. Como incorporá-las fazendo jus às suas contribuições? Márcia Tiburi, é uma das vozes que fez movimentar esse escrito. A partir de sua fala no evento "11° Fazendo Gênero", em 2017, entendemos que para ela o feminismo é capaz de produzir transformação - no sentido da liberdade, o que concerne contemplar nossos desejos ao encontro dos desejos das outras; movimento que o feminismo pode fazer porque não tem nada a perder. Que lugar no discurso (no entendimento foucaultiano) ocupa o feminismo? O feminismo tem ajudado Hela a repensar muitas práticas naturalizadas. Haveria um fazer feminista fora do discurso? Existe fora do discurso? Lutar para que suas vozes sejam ouvidas e incorporadas enquanto discurso ou valorizar um lugar fora dele como potência? Por vezes, Hela fica confusa e se sente em um campo movediço, diante de tantas palavras de ordem, conceitos, afirmações, lemas, slogans.

São os discursos, especialmente aqueles dominantes, que oprimem Hela e tantas companheiras suas e as impedem de ocupar certos lugares e dizer certas coisas. Cogitam que precisam propor outros discursos, mas talvez mais do que isso, também é necessário criar outras narrativas, outras gramáticas, outros modos de dizer, de se fazer ouvir e também de permanecer sabidamente em silêncio, sem impor silenciamentos. Relembra que uma escrita anseia pela leitura, que faz sentido ao ser compartilhada com alguém, ao ser capaz de comunicar e provocar, de comportar bocejos, interpretações inusitadas, incompreensões. Autoria e "leitoria" têm histórias, costumes, palavras localizadas. Uma escrita política busca comunicar mundos, fazer fluir, dá-se no entremeio, torna a fresta um lugar de tensão e criação.

 

Encontrar o ritmo, compor saberes, convidar para dançar - Segue o Baile!

Do outro lado da fresta, Hela se sente como em uma festa - com nome na lista e sugestão de trajes. Talvez palavras lhe faltem para expressar sua estranha sensação de vestir uma roupa que não permite todos seus movimentos e um sapato apertado que logo mais a fará andar mancando, mas não ousa derramar vinho nas placas de reservado, como confabula Jéssica Prudente7. A cada vez que Hela se esgueira em direção à fresta, algo novo emerge. Com a sensibilidade que a vida lhe ensinou a ter é impossível desviar o olhar. Nota, anota, pensa e, por fim, incomoda-se.

Incômodo "bom", combustível para invenções e transformações. Sua rede de interlocutoras se expande, na mesma proporção que novas batalhas se impõem. Tem convicção e experiência para saber que será sempre questionada por dominar ou desconhecer teorias, compreender ou mal interpretar textos na íntegra, assimilar ou ignorar diferentes críticas. Na tentativa de pensar o que produzir a partir daí, referências infindáveis pressionam qualquer suspiro de autoria e criatividade. Sente que deve ir tateando, beber de diversas fontes, pedir um sapato emprestado, sobrepor tendências, customizar a vestimenta para que continue a dançar. E, sobretudo, convidar parcerias para acompanhá-la.

Hela reconhece a importância dos efeitos dos encontros, mas entende que precisa dar alguma visibilidade àquelas com quem se encontrou, mesmo que, muitas vezes, nem seja capaz de discernir o que foi originalmente seu de algo que se produziu no encontro com a alteridade. Sua memória tem a pretensão de confundi-la, mas é forçada a lembrar-se de algumas referências. Por que algumas referências são mais valorizadas que outras, possíveis de serem esquecidas ou suprimidas quando as letras recheiam as páginas? Entende que é necessário valorizar as referências para sua escrita, mas sente que é seu dever colocar ao lado da sua autoria, as outras vozes com quem dialoga. Nem acima, nem abaixo, ao lado, como viu proporem também Solange Jobim e Souza e Cíntia de Sousa Carvalho (2016). É desta forma que poderá provocar interlocuções.

Dos encontros que vivencia, reverbera a sensação de que escritas feministas e minoritárias só acontecem em composição com as interlocutoras. Quando se aproxima a escrita do mundo, a interlocução transborda das páginas lidas, ela implica as tantas vozes e corpos com os quais nos deparamos cotidianamente - borrando uma certa hierarquia na produção de conhecimento entre autoras, participantes da pesquisa, colegas, amigas, passantes na rua.

É um exercício desafiador e que requer muito treino, prestar atenção aos detalhes de cada história, recontá-las com carinho, valorizar suas protagonistas. Isso não significa eximir-se das críticas, mas questionar em que sentido elas provocam modificações, interrogações. Os modos de falar importam. Precisamos criar novas aliadas, mesmo que não concordem com o que dizemos, mas que estejam dispostas à arte dos encontros, dos embates mais dançantes e menos sanguinários e destruidores, de borboletas que tiram o vento para dançar.

Importa questionar quem cuida e como cuidamos das nossas interlocutoras. Daquelas que nos servem café, que limpam os banheiros, que fazem o trabalho sujo; que quanto mais invisíveis, melhor desempenham o seu trabalho, assim nos dizem. A materialidade dos seus corpos não deve passar imperceptível para nós. Nós precisamos delas e elas precisam de nós. Hela só pode falar e tecer todas estas reflexões que tem lhe permitido transitar entre as fronteiras por conta do trabalho de outras que muito ainda sofrem para que possamos ter êxito. A cor da sua pele importa. As funcionalidades e (in)capacidades atribuídas aos seus corpos também pesam - Hela faz questão de replicar o jogo de palavras importam/pesam que Guacira Lopes Louro (2000) pontua na tradução do texto "Bodies that matter: on the discursive limits of 'sex"8, de Judith Butler [1993], pois entende que é importante atentar para a materialidade destes corpos. Os lugares onde moram, os trânsitos que enfrentam, as filhas que colocam na escola, esperando que seu trabalho árduo possa propiciar-lhes educação e um futuro melhor. Sente que é injusto não dar espaço para essas autorias. Como referenciar essas influências, como colocá-las em palavras garantindo uma posição de autoria? Como romper o silêncio e dar valor e, se necessário dizer nesses termos, valor científico a essas escritas e saberes?

 

A fresta como aposta

Hela recupera o início de sua aventura. Movida por curiosidade e interesse queria conhecer o lado de lá. Recorda, também, do seu desejo para que olhassem para o lado de cá e reconhecessem de onde ela vinha. Naquele começo parecia fácil distinguir os lugares e a questão era sobre (conseguir) habitar um ou outro. Eis que inventa a fresta e uma outra aventura com novas\velhas questões se enlaça nela. Aliás, nessa aventura, está em companhia de outras tantas, fazendo a mesma coisa. Helas, Helenas, Alices e Tons convidam a hibridizar estilos de escrita científica-acadêmica-poética-ficcional, a sonorizar textos com música, a inventar narrativas singulares e sensíveis para dizer o que a linguagem nem sempre dá conta de apreender, a transbordar fronteiras de experiência.

Nas bordas da fresta, Hela esbarra com outras que também enfadadas com o que (e como) tem sido propagado por aí, lutam pela inclusão de seus corpos na construção de conhecimentos. Companhias que transformam, pela resistência da diferença, a fresta como potência. A fresta é espaço que se diferencia conforme é habitado por histórias e influenciado por aquelas que o ocupam, mas isso não é um problema a ser evitado, sobretudo, experiência a ser vivida! A fresta surge como um espaço de passagem, de transição, de experimentação e de repouso e pausa, quando necessário. Ao ocupar a fresta, Hela pressente que produz conhecimento no mesmo processo em que se produz, performatizando a experiência de pesquisa e escrita, como se as palavras redigidas sobre a página em branco fossem sendo gravadas simultaneamente em sua própria pele, como tatuagem.

Para problematizar a produção de conhecimento e, especialmente, como determinadas práticas e políticas acadêmico-científicas tornam possíveis e legítimos alguns saberes e conhecimentos em detrimento de múltiplos outros saberes, experiências e escritas minoritárias, apostamos metodologicamente na narrativa ficcional como forma de abordar essas questões. A narrativa ficcional não tem a pretensão de relatar a experiência (auto)biográfica de Hela ou das autoras e autor do texto, tampouco almeja ser da ordem representacional, explicativa, generalizável ou totalizante.

Descrever os trajetos da Hela e suas implicações com a fresta é lançar mão de um dispositivo que tem a pretensão de colocar as discussões no âmbito de uma experiência comum e impessoal, do acontecimento. Almeja potencializar complexidades, abrir "espaço para a ambiguidade, para a coexistência da contradição e da diferença" como propõem Tania Mara Galli Fonseca, Luis Artur Costa, Carlos Antônio Cardoso Filho e Leonardo Martins Costa Garavelo (2015, p. 230-231). Para tanto, entendemos que é fundamental atentar para a linguagem, para a estrutura do texto, de modo a tornar a escrita mais acessível, compreensível e sensível. Sobretudo, apontar que, por ser a escrita ferramenta política, não podemos nos furtar de ocupá-la. Utilizá-la para comunicar assuntos ainda minoritários no discurso acadêmico - como as relações étnicas e raciais, de gênero, a diversidade sexual, corporal e funcional. Reivindicá-la como de todas e de todos. Lutar para que possa ser via de expressão da resistência de grupos que são silenciados e colocados à margem de alguns lugares de poder.

A fresta, para Hela e para nós, é potência de composição. É aposta na pluralidade, investimento em práticas e políticas de reconhecimento da alteridade, de valorização da diferença, de abertura para o inesperado. Transformação de si e do mundo. Fresta é espaço de possíveis: de dizer o indizível, de compor com as diferenças, apesar das diferenças, de fazer fluir. De permitir sentir e viver outras coisas, de incluir o corpo e materializar polifonia, vivências para além das teorias, amplificar vozes e escritas "minoritárias", reconhecer autorias compartilhadas.

Mas a fresta também é espaço de recusa. É preciso recusar práticas violentas de aniquilação da diferença, descolar-se de discursos totalizantes, opor-se à hierarquização de saberes. Em sua abertura constitutiva, a fresta no fazer acadêmico pode fazer emergir do "afetamento" e da inquietação: criação. Criação de outros modos de perguntar, de pesquisar, de escrever, de contar, de estar em relação, de divergir, de acolher e reverenciar interlocutoras, de produzir conhecimento.

 

Notas

1 Agradecemos à Paola Zordan pelos comentários no evento "Temas em Debate/2017" que tensionaram e movimentaram palavras, conceitos e afecções neste artigo. Agradecemos,

também, a professora Rosane Neves e às colegas Fernanda Martins, Jéssica Prudente e Renata Kroeff, as quais acompanharam o processo de escrita, incentivando nossos riscos e contribuindo com sua leitura atenta a este texto.

2 Expressão utilizada por Anahi quando convidada a falar sobre deficiência, gênero e interseccionalidades. Anahi é doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

3 Considerando que estamos problematizando escritas minoritárias e sua visibilidade nas produções acadêmicas, optamos por usar o feminino e não o masculino, que convencionalmente é aceito como universal, inclusive como norma gramatical. Compreendemos que esta escolha sinaliza os desafios de investir em uma linguagem acessível e inclusiva.

4 Trecho extraído da música "Narrando a ansiedade alheia" da banda 2ois (álbum "A quarta ponte", Lua music, 2009). Compositores: General Sih e Léo Ramos.

5 "Como escreve Christian Ingo LenzDunker", entrevista concedida a José Nunes, em 29 de agosto de 2017. Recuperado de: https://comoeuescrevo.com/christian-ingo-lenz-dunker/.

6 A referência inspiração foi a "Batalha das Minas" de Florianópolis/SC, que iniciou em 2016 com a "intenção de maior visibilidade na cultura de rua feminina, visando a união e a paz" (Fonte: https://pt-br.facebook.com/pg/batalhadasminas/about/?ref=page_internal).

7 Referência ao comentário sobre este texto produzido pela colega Jéssica Prudente durante a disciplina "Teorias e Métodos III" PPGPSI-UFRGS.

8 Tradução do título: Corpos que importam: sobre os limites discursivos do "sexo".

 

Referência

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Enviado em: 05/05/18
Aceito em: 07/06/18

 

 

Fernanda dos Santos de Macedo é mestre e doutoranda em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membro do Núcleo de Pesquisa em Relações de Gênero e Sexualidade (Nupsex) e do Centro de Referência em Direitos Humanos, Relações de Gênero, Diversidade Sexual e Raça (CRDH) - UFRGS.
E-mail: fernandamacedo.fsm@gmail.com
Gisele de Mozzi é doutoranda em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Membro do Núcleo de Pesquisa em Relações de Gênero e Sexualidade (Nupsex) e do Centro de Referência em Direitos Humanos, Relações de Gênero, Diversidade Sexual e Raça (CRDH) - UFRGS.
E-mail: gisele.dmozzi@gmail.com
Volnei Antonio Dassoler é doutorando em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
E-mail: dassoler@terra.com.br

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