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Analytica: Revista de Psicanálise

versão On-line ISSN 2316-5197

Analytica vol.2 no.3 São João del Rei jan. 2013

 

ARTIGOS

 

Os impactos da grupalização na vida cotidiana

 

The impacts groupality in everyday life

 

Les impacts de groupalité dans la vie quotidienne

 

Los impactos de la grupalidad en la vida cotidiana

 

 

Maria Auxiliadora Alves Cordaro Bichara*

Universidade São Paulo - USP - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A cibercultura organiza inusitados modelos de grupalidade e de laços sociais. Constrói grupos eletrônicos, sem territorialidade, em um tempo cíclico e sem linearidade no imaginário. Essas grupalidades se transformam em uma comunidade de interesses comuns, a princípio num espaço sem corpo e sem carne, onde criam e jogam e, agora, em carne e osso, se espacializam, se corporificam na urbe. Alguns desses grupos reivindicam e protestam, utilizando a palavra, e, outros, a violência do ato sem mediação. Velozmente se adensam mais e mais participantes, emergem novas reivindicações, multiplicam-se tomando o país, saem da apatia hedonista e criam uma cultura inédita de participação política. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é refletir sobre essas modalidades insólitas de agrupamento, nos aspectos em que se contrapõem a alguns pressupostos psicanalíticos organizadores da grupalidade. Para tanto, apresentamos uma breve análise do contexto histórico, o aparecimento dos estudos psicanalíticos grupais e as novas questões teóricas impostas por esses agrupamentos. Em seguida, discutimos a potência do agrupamento em evidenciar o mal-estar social. Por fim, as consequências disso para a emergência do sujeito político.

Palavras-chave: Grupo, psicanálise, cultura e mal-estar.


ABSTRACT

The cyberculture organizes unusual models of groupality and social ties. Builds electronic groups, without territoriality, in a cyclical time and without linearity in the imagination. These groups transform themselves into a community of common interests, in principle in a space without body and without meat, where they create and play and, now, in the flesh, are spatialized if embody in the city. Some of these groups are claiming and protesting, using the word, and others, the violence of the act without mediation. Rapidly become gathering more and more participants, appear new claims, proliferate by taking the country, leaving the apathy hedonistic and create a culture of unprecedented political participation. In this sense, the objective of this work is to reflect on these modalities freak of grouping, in the aspects in that oppose some assumptions psycanalytics organisers of groupality. In order to achieve the proposed objective, we present a brief review of the historical context, the emergence of group psychoanalytics studies and the new theoretical questions imposed by these groupings. Then, we discussed the power of grouping in highlighting the social malaise. Finally, the consequences for the emergence of the political subject.

Keywords: Group, psychoanalysis, culture and malaise.


RÉSUMÉ

La cyberculture organise des étonnants modèles de groupalité et des liens sociaux. Elle construit des groupe électroniques sans territoire, dans un temps cyclique el sans linéarité dans l'imaginaire. Ces groupalités se deviennent dans une communauté d'intérêts communs, au début, dasn un espace sans corps et sans chair, où ils créent et jouent et, maintenant, en chair et en os, ils occupent les espaces et prennent corporalité dans les villes. Quelques groupes révendiquent et protestent en utilisant les mots et, d'autres l'acte sans médiation. à vitesse cosmique , ils s'agrandissent de plus en plus, augmentent les nombres des participants, emmergent des nouvelles demandes socialles, ils multiplient, invahissent tout le pays, sortent de l'apatie hédoniste et inventent une culture de participation politique sans précedent. Dans ce sens, l'objectif de cet article est de réfléchir sur les modalités insolites de groupe , dans les aspect où ils s'opposent à certaines hypothèses psychanalitiques organisateurs du groupe. Pour cela, nous présentons une bréve anlyse historique, le surgissement de groupe et les nouvelles questions imposées par ces groupes. Ensuite, nous discutons la puissance du groupe à mettre en évidence le malaise social. Finalment, ses conséquences pour l'emergence du sujet politique.

Mots-clé: Groupe, psychanalise, culture et malaise.


RESUMEN

La cibercultura organiza modelos inusual de grupalidad y de los lazos sociales. Crea grupos electrónicos, sin territorialidad, en un tiempo cíclico y sin linealidad en el imaginario. Esas grupalidads convierten en una comunidad de intereses comunes, el principio, de un espacio sin cuerpo y sin carne, donde pueden crear, jugar y, ahora, en carne y en hueso, si espacializan y si encarnan en la ciudad. Algunos de estos grupos están reclamando y protestando, con la palabra, y los demais, la violencia del acto sin mediación. Rápidamente reúnem a más y más participantes, surgen nuevas demandas, que se multiplica por el país, dejando la apatía hedonista y crean una cultura de participación política sin precedentes. En este sentido, el objetivo de este trabajo es reflexionar sobre estas modalidades inusuales de la agrupación, en los aspectos que se oponen a algunas de las hipótesis de los organizadores psicanaliticos de la grupalidad. Por lo tanto, presentamos una breve analisis del contexto histórico, lo surgimiento del grupo psicanalitico y el nuevas preguntas teóricas impuestas por estas agrupaciones. A continuación, hemos debatido sobre el poder de agrupación en la que se destaca el malestar social. Por último, las consecuencias de la emergencia del sujeto político.

Palabras claves: Grupo, psicoanálisis, cultura y malestar.


 

 

Apresentação

Neste artigo propomos uma reflexão sobre as novas modalidades de agrupamento surgidas no contexto brasileiro, desde junho de 2013. Sabe-se que estudos anteriores aos de Freud já constatavam a inegável existência do agrupamento humano, nas suas mais variadas formas de constituição: permanentes, efêmeros, primários, artificiais, organizados, com ou sem liderança. Neste sentido, quais seriam as especificidades desses agrupamentos oriundos da cibercultura caracterizados como efêmeros, apartidários e sem líderes? Sua presença embaraçou a todos, aos políticos, pois "não há cabeças" com quem barganhar, a quem cooptar e nem para cortar; aos psicanalistas o convite a reflexão: será que o conceito de grupo até então entendido "como a forma e a estrutura de uma organização de laços intersubjetivos" (Kaes, 1997) se aplica à compreensão dos laços intersubjetivos estruturados e formados na cibercultura? Diante desse embaraçamento somos convocados a revisões e a formulação de novas questões teóricas sobre os princípios organizadores grupais.

Atualmente o país vive uma intensa movimentação grupal e social. A pólis é resgatada como praça da política e do cidadão. Os jovens se desconectam da rede sempre ao alcance e vão às ruas. Em segundos, agora, cidadãos se agrupam, se desagrupam. Assim enigmaticamente se organizam, se manifestam e se diluem.

Ao acessar almas e informações, a cibercultura possibilita aos jovens, com a internet e as redes sociais, a invenção de novas práticas sociais e políticas, desenham uma nova arquitetura na ocupação dos espaços públicos, instituem diferentes modelos de agrupamento, de laços sociais e de conhecimento, capazes de conciliar, revelar a cidade real e, ao mesmo tempo, permitem a descoberta de novas formas de enfrentar o mal-estar social e o rompimento do tédio e da apatia. Nascem arranjos plurigrupais e novos modos de participação na vida política, transitória, alimentadas pelo ciberpartido, em que a representação é direta.

Em outro trabalho (Bichara, 1998) já se anunciava, apoiado em estudos sobre a rede e na análise da cultura, a capacidade da cibernética na determinação de novas formas de enlaçamento e agrupamento que, em uma expansão planetária, aos poucos envolveria a humanidade. Inicialmente, seu lado dionisíaco, hedonista predominaria tornando-a instrumento de agregação efêmera, fútil, frívola, banal e com certa irracionalidade. De outro, esse mesmo instrumento traria inusitados modelos de grupalidade, de composição de laços sociais e comunitários, construindo grupos virtuais eletrônicos. Esse grupo se transformaria em uma comunidade de interesses comuns, a princípio sem espaço, sem corpo e sem carne, que aí inventaria e jogaria. Hoje surpresos nos deparamos com a emergência de diferentes grupos, em carne e osso, que se espacializam e se corporificam na cidade. Alguns desses agrupamentos reivindicam e protestam, utilizando a palavra e, outros, a violência do ato sem mediação. Uns se expõem, outros se ocultam. Rapidamente mais e mais participantes aderem, surgem novas reivindicações, multiplicam-se tomando o país, saem da apatia hedonista (Lacan), correlata do individualismo, da liberação desmedida dos costumes, sem utopias. Inaugura-se uma cultura inédita.

Ao retomar a pólis, esses agrupamentos surpreendentemente inovadores, em que os sujeitos organizados de forma efêmera, célere, propiciada pela cibercultura, nos permitem vislumbrar o reaparecimento da esperança e da confiança nas capacidades humanas. Por instantes, emerge o sujeito capaz de criar e transformar sua própria vida junto com vários outros. Sabe-se que o retorno da esperança e da confiança afeta o sujeito singular, os grupos, as instituições e a sociedade.

Neste sentido, mesmo passados quase noventa anos da publicação freudiana sobre o Mal-estar na cultura e da Psicologia dos grupos e a análise, a teoria psicanalítica continua a orientar nossa compreensão das mudanças grupais, sociais e das novas configurações do sofrimento psíquico. Hoje, graças a ela, sabemos melhor reconhecer as formas de subjetividade produzidas em sua relação com a cultura e a sociedade. Avançamos no conhecimento da dupla ligação entre o sujeito singular, a intersubjetividade e sua inscrição conflituosa no espaço social e cultural. A psicanálise de grupo, de casal, de família e de instituição sinalizou e trouxe novas apreensões dos conflitos subjetivos e sociais e será utilizada neste trabalho.

A psicanálise dos conjuntos intersubjetivos nos permite considerar essas manifestações sociais como a denúncia de uma dor coletiva e social e, concomitantemente, diz da possibilidade da emergência do sujeito, enquanto humano, desaparecido no mal-estar, na angústia cotidiana diante do extermino e no sofrimento de não se sentir pertencente à humanidade (Kaes, 2012).

Assim, tanto na clínica psicanalítica, em nossos consultórios, ultrapassando os limites do espaço intrapsíquico e do espaço intersubjetivo, como na vida social, essa mutação se revela e exige de cada um de nós um trabalho psíquico e social que nos impulsiona a analisar as formas novas de criar e manter nosso desejo de viver e de melhor estar no mundo, simultaneamente nos estimulam as revisões teóricas.

 

A organização grupal

Historicamente, as manifestações grupais ganharam importância como fenômenos psíquicos e sociais, merecedores de estudos, com a passagem do feudalismo ao capitalismo, com o aparecimento das fábricas e a ocupação das ruas pela população andarilha. A curiosidade científica foi forçada a se aguçar com a exultante visibilidade dos acontecimentos sociais revolucionários coletivos, quando os cidadãos agrupados atravessaram os portões dos donos do capital e da burguesia. Fenômeno semelhante ao atual brasileiro descreveu Le Bon na tentativa de compreensão dos processos psíquicos vividos pelos parisienses capazes de levá-los às ruas nos séculos XVIII e XIX.

Le Bon (1895/2008) considerou como princípios organizadores a irracionalidade e o contágio de um sujeito ao outro como mecanismo desencadeador da emergência e visibilidade das massas revolucionárias. Retomando e partilhando da mesma ideia, Freud (1921/1974) escreveu [...] "no grupo, todo sentimento, todo ato é contagioso, e contagioso a ponto do indivíduo sacrificar muito facilmente seu interesse pessoal ao interesse coletivo". Esse processo contagioso e irracional, explicou Freud, se dá por uma enigmática sugestão hipnótica, pelo amor ao líder e pela identificação, mecanismo resultante do contágio afetivo.

Essas primeiras teorizações sobre as massas foram caracterizadas pela irracionalidade e pela sugestão hipnótica: a racionalidade, tanto em Le Bon como em Freud, situou-se ao lado do sujeito singular. Sozinho ele é capaz de pensar, julgar e decidir. Ambos diziam, nos grupos a racionalidade regride a estado primitivo e se perde; tomados por ela, os comportamentos humanos coletivos se assemelham à mulher - histérica, às crianças, aos povos primitivos, ao animal e ao louco. Ainda hoje, essa mesma falta de confiança no povo e no agrupamento permeia a história e o imaginário social. A desqualificação dos agrupamentos nas ruas foi um dos mais primitivos recursos utilizados pela mídia brasileira e pelos políticos. Desde as primeiras aparições estimulou-se e propagou a ideia de que [...] "toda vez que o povo é chamado à cena da instauração política, isso só pode significar convite ao caos, à desordem" (Saflate, 2013) e à loucura. Agravando-se, nesse imaginário, a ideia de que essas organizações grupais causam a desordem social, põe em risco a democracia, o que justificaria uma guinada conservadora. O veiculado pela mídia era a desorganização grupal, denegrida em sua forma de articulação, por advir das redes virtuais e pela falta de liderança, explicando e desmerecendo sua importância política e social.

A falta de uma "cabeça", de um líder foi destacada por Freud (1921) como fator da desorganização e do incremento dos caos social. Por outro lado, a importância do amor aglutinador ao/do líder como outro princípio organizador da pluralidade foi por ele valorizada e, também, serviu de referência para a compreensão das produções coletivas. Nessa ocasião, afirmava que a ausência, a queda de um líder no grupo, levava os membros a perderem suas próprias cabeças, seus objetivos, se esfacelando na desordem. Instante em que cada participante sem seu suporte identificatório - o líder - procurava caminhos individuais, abandonando a grupalidade e os projetos coletivos. Sem cabeça, os laços unificadores desapareciam e os participantes não atendiam mais às ordens de um superior. Nessa situação, o grupo se dissolvia, cada participante desistia do laço grupal e passava a se preocupar consigo próprio, sem considerar os demais. Com esse rompimento surgia um medo gigantesco e insensato. O medo tornava-se grande o suficiente para desfazer os laços e os sentimentos de solidariedade de uns para com os outros.

No grupo esse pânico era contido pelos laços emocionais estabelecidos com o líder e entre eles, os tornavam onipotentes frente ao perigo e promovia a manutenção do agrupamento. Com a falta do líder essa proteção submergia, deixando a todos desamparados, em pânico, produzindo o aumento de uma sensação de perigo comum, ocasionada pelo desaparecimento do sentimento de proteção, garantido pelos laços emocionais organizadores do grupo unido.

No atual contexto brasileiro, as injustiças sociais, a violência desmedida, o fracasso de toda garantia metassocial (Kaes, 2012), isto é, quando o contexto social não pode proteger o desenvolvimento e assegurar as condições necessárias para a manutenção da vida, o medo, o pânico, o sofrimento psíquico de origem social se asseveram. As presenças do medo e do pânico são pré-existentes aos agrupamentos cibernéticos. Esse medo se intensificou com o modelo de desenvolvimento socioeconômico adotado, com o silêncio político, com a apatia e a ausência de laços emocionais reais capazes de promoveram a ilusão de proteção. Esse medo cria relações fóbicas impeditivas da grupalização, imperando o individualismo. Caso se mantenha agarrado a essa premissa teórica, ao incremento do individualismo, os acontecimentos de junho significam um descompasso.

Parece que esse sentimento de proteção, pela ausência de apoio metassocial na nossa cultura, é substituído pela sustentação imaginária experimentadas nas malhas da rede, capazes de apoiar as organizações grupais e os sujeitos contribuindo para aparições de grupos sem líder. O agrupamento instantâneo significa para seus membros um espaço transicional, suplementar e de prótese aos mecanismos de regulação dos recursos faltantes em cada membro, faltantes nas políticas públicas e na função metassocial. O grupo sustentado pela cibercultura recebe o apoio, o modelo, que permite aos sujeitos acessar seus próprios recursos subjetivos até então não utilizados. Agora, não é mais o líder que apoia e sustenta seus membros, mas o próprio agrupamento. O grupo torna-se necessário, reestrutura e permite as metamorfoses exigidas para abordagem do mal-estar, do sofrimento e para reinvenção do cotidiano. Quando grupo é o continente, o líder torna-se dispensável.

Por outro lado, sabe-se que a submissão a determinados tipos de liderança é capaz de produzir graves atrocidades para os sujeitos, os grupos e a sociedade. Ilustrando essa proposição, recentemente, encontramos na rede virtual, um filme chamado A Onda, que trata dos efeitos enlouquecedores produzidos pelo líder e pelo agrupamento. O modelo adotado, organizador/enlouquecedor do grupo, é o amor ao/do líder, cuja força agregadora, segredadora das diferenças, fortalece os laços ao tomar, como inimigos, os de fora, devendo ser eliminados com toda a violência. Nesse enlaçamento, o pensamento é retirado sob efeito do estado hipnótico, pela identificação a ele, como no modelo freudiano de grupo. Assim, os membros emburrecidos e regredidos, reproduzem ações automatizadas e são capazes de cometer indiscriminadamente crueldades consigo próprios e com os outros. Trata-se de uma experiência realizada em Palo Alto, em 1968, que demonstra existir, em cada humano, a simpatia e a disponibilidade psíquica para, a qualquer tempo, se aderir ao nazismo, pelo amor a um líder tirano e violento.

Não só os governos totalitários impedem ou desfavorecem a grupalização, como também, a própria democracia dependendo de seu modo de existência, de seu modo de acolher e de enfrentar os conflitos. A democracia pressupõe a indeterminação, as incertezas e as fórmulas inacabadas, que devem estar em debate permanente entre o legitimo e ilegítimo. Isso tudo suscita inquietude, mal-estar e decepção, ela exige uma discussão constante e também uma reinvenção continua da liberdade de pensar e decidir.

No estado democrático brasileiro, desde 1992, quando as movimentações sociais propulsionaram a queda do Presidente Collor, verificou-se o enfraquecimento do debate, das formas de agrupamento e o recolhimento político dos sujeitos. Várias razões compõem esse recolhimento, entre outros, a cibercultura hedonista e a entrada de um novo partido sem oposição na cena política. O novo governo cooptou os sindicatos e a oposição transformando-os em funcionários públicos, como propõe Lara Júnior (2013), atando-os "no/pelo significante nós-do-governo"

[...] os ex-militantes passaram a sentir os reflexos de pertencer a 6ª economia mundial e por isso muitas pautas dos movimentos sociais passaram a ser presididas por eles que começaram a ganhar alguns benefícios (status, bons salários, poder) em defender os interesses do Estado (ou do partido que está no poder), para isso eles passaram a se intitular nós-do-governo somos amigos do movimento. Ao se colocarem assim, buscavam conseguir a confiança dos movimentos para que esses não se mobilizem contra o Estado, garantindo assim uma governabilidade sem oposição. Sindicatos, partidos e os principais movimentos sociais brasileiros presos aos nós-do-governos. Pouca oposição e com isso abriram-se brechas para que políticos se afundassem em desmandos e escândalos de corrupção.

Os sujeitos enlaçados nas redes sociais perceberam as manobras desse tipo de democracia cooptativa, em que a frustração e o sofrimento social promulgaram a retomada da importância da ideia e do Ideal na participação política e, como Bion (1965/1975) formulou a ideia e/ou Ideal são produtores da organização desses grupos peculiares, mesmo sendo apenas ilusões. Os grupos enlaçados pela/na rede, mobilizaram os participantes para ocupação das ruas, movidos pela ideia de segurança, pela premência da satisfação de necessidades humanas básicas e pelo combate ao capitalismo. Ao se agregarem em torno de alguma coisa, uma idéia - o passe livre e/ou um Ideal - o combate ao capitalismo, se organizaram diferentes tipos de agrupamentos, expressando as injustiças e o mal-estar. Os grupos cumprem funções psíquicas e processos capazes de conter os participantes. Para Kaes o grupo é para seus membros um continente, esse continente hoje, se organiza nas redes sociais e nesses agrupamentos seus encontram um continente para seus

[...] desejos, junto com vários outros enfrentam o medo da solidão e da tristeza, usam mecanismos de defesa comuns, como a ilusão de que formam uma unidade supraindividual, satisfazem a necessidade de proteção com a crença em um Ideal e podem realizar desejos inconscientes fora da influência do Superego e dos Ideais do Ego (Kaes,1997, p.106).

E, ainda, o grupo é um espaço privilegiado para pensar (Anzieu, 1994), pois não se pode pensar só e nenhum pensamento é possível sem a presença de outros seres pensantes. O grupo está constituído para a elaboração do sonho de vários sonhadores, em um sonho compartilhado, onde todos terminam por achar um lugar e uma função.

 

A potência do agrupamento

A análise da grupalidade permite conhecer as catexias psíquicas e as sociais, a organização, a estrutura e o processo grupal, os fenômenos psíquicos, e, ainda, informa sobre os processos sociais. A grupalidade está situada na fronteira entre a singularidade e a sociedade, é capaz de possuir uma identidade psicanalítica. Deste modo, as expressões grupais contemporâneas são pensadas como intermediária (Fernandez, 1989) entre o sujeito singular e a sociedade. Essa noção de intermediário funciona como uma conexão entre um espaço de forças opostas, como um processo de diminuição de oposição. O grupo, por sua vez, é um mediador, é um espaço intermediário entre os sujeitos e a sociedade. Esse pressuposto teórico - o intermediário - é aqui utilizado como um processo em movimento, em constante transformação e passagem de uma situação a outra. Isto quer dizer que o intermediário tem uma função estruturante e, ao mesmo tempo, responde a passagem de uma estrutura à outra, da singularidade à pluralidade.

Por ser o grupo esse espaço intermediário entre o sujeito e a sociedade, pode-se, a partir de seu funcionamento, exteriorizar o intrapsíquico, mas não se reduz apenas a essa exteriorização, ele revela os entrelaçamentos intrapsíquicos, que são sobredeterminados pelos modos, pelos processos, pela estrutura da sociedade em que está inserido e escancara o desespero, a angústia e o mal-estar coletivo. No caso em questão, as manifestações grupais dizem do sofrimento imanente na sociedade brasileira, que não pertencem apenas a uma classe social, mas a maioria de seus membros.

O grupo revela as incessantes repetições das injustiças sociais, o convívio naturalizante com a violência, com as experiências traumáticas, produtoras de sentimentos de impotência, de angústia, de impossibilidade de se fabricar um projeto futuro e projetos em comum. A expoliação humana contemporânea cenifica o que M. Heidegger descreveu em 1930, e antes dele Marx e Hegel1, a vida com processos sem sujeito. O sujeito desaparece na oligopolização da economia, na incapacidade política de acolhimento de suas demandas urgentes, na ausência dos serviços socais.

Nesses tempos sem sujeitos parece que à vida humana está reservada a catástrofe, sob o império da pobreza, da brutalidade e da brevidade. As relações sociais marcadas pela violência e pela desumanização resultam em um processo de despersonalização e no medo da dissolução iminente: da inexistência. O sentimento de não ser, contribui e adquiri uma potência de destruição e de mais violência. O medo do outro, o medo da morte violenta, fundam relações fóbicas e de afastamento dos sujeitos do agrupamento, da rua e atestam a solidão, o sofrimento, a angústia e o mal-estar. Essas manifestações coletivas carregam e nos obrigam a nos depararmos com a violência, com o desrespeito ao humano, com realidade social nua e crua (Costa, 1989), como uma sinalização da frustração e o sofrimento do povo, proclamada nas ruas, por meio dos diferentes agrupamentos.

Diferentes tipos de desrespeito, afirma Honneth (2009), engendram lutas sociais. A falta de reconhecimento produz uma luta em que os indivíduos não reconhecidos buscam na intersubjetividade o reconhecimento. A experiência de desrespeito desencadeia toda a luta por reconhecimento. Os maus-tratos e a violação, que ameaçam a integridade física e psíquica são o desrespeito ao amor; a privação de direitos e a exclusão que atinge a integridade social dos membros de uma comunidade político-jurídica são o desrespeito ao direito; os ataques e humilhações que afetam a dignidade e honra dos indivíduos são desrespeitos à solidariedade de uma comunidade cultural de valores, a violência aparece como a primeira revolta contra esse desrespeito. A história está cheia de exemplos nos quais as populações desrespeitadas e sem reconhecimento como humanos, preferem a violência à impotência, principalmente nesse contexto onde há mutismo político, a corrupção desenfreada, a violência aparece como revolta. Ainda mais quando confrontada com a visível brutalidade policial. Tenta-se a saída do assujeitamento pela palavra, quando esta mediação é impossível, resta o ato.

Essas duas possibilidades palavra e ato são instrumentos utilizados pelos agrupamentos nas ruas. Em certas ocasiões, apesar de poucas, os grupos, notadamente os mobilizados pela luta do passe livre, com suas palavras puderam conter os atos, as destruições de equipamentos públicos e o aumento da violência policial. Em outras, prevaleceu os ataques violentos dos Black blocs.

Desde a invenção da psicanálise sabemos que a violência organiza os agrupamentos, é estruturante para o sujeito, torna possível vários processos como os de fantasmatização, de simbolização e a própria subjetivação, como afirma Piera Aulagnier (1974) "a violência primária é a violência da interpretação como captura do sujeito no desejo do outro, depois nos enunciados identificatórios". Os grupos e os laços se constituem com a violência do desejo de morte do outro. Essa violência inaugural do agrupamento é também uma salvaguarda do narcisismo primitivo, garantido a autoconservação, pois participar de um grupo evoca uma renúncia narcísica, o abandono ao ideal individual em proveito de um ideal coletivo. Isto promove um desligamento pulsional e libera uma violência não ligada, recuperável pelo grupo, num primeiro momento como uma violência anônima. Outro aspecto da violência se apresentar nos trabalhos grupais decorre da intensa mobilização de angústias de desaparecimento do sujeito singular nos conjuntos coletivos, o que suscita o acionamento de mecanismos defensivos arcaicos.

O processo grupal produzirá um trabalho psíquico, em que as excitações originárias transformam a violência em uma dinâmica de rivalidade, ela se ligará a objetos, quando será possível a entrada da palavra, nesse desenrolar se efetuará a passagem da violência sem objeto à agressividade, que por sua vez, será uma violência dedicada em se ligar aos fenômenos de simbolização.

A linguagem permite a associação intersubjetiva e a organização associativa intrapsíquica. As palavras entre elas e os sujeitos entre eles nos grupos criam cadeias associativas homólogas. A cadeia associativa estabelecida por meio da palavra põe em ação o pensamento como movimento intersubjetivo, onde o sujeito singular é o depositário, o pensador. Com a retomada do pensamento e por meio da cadeia associativa o grupo se organiza, o mantém em funcionamento, o insere na realidade social e na pólis. Kaes propõe a existência de "uma homologia de estrutura e de funcionamento entre a cadeia associativa nos grupos e os laços intersubjetivos que ali se tecem" (1994, p.07), esse tecido intersubjetivo se constitui a partir da palavra associada em grupo. Os participantes das redes ao utilizarem a ciberlinguagem criaram inicialmente um tecido intersubjetivo virtual constituído a partir da palavra associada em grupo, em seguida esse tecido cobre as ruas.

Os processos associativos nos grupos produzem formações e articulações entre a psique singular, o grupo e a sociedade, comuns a seus membros. Kaes (2012) denomina essas formações de funções fóricas.

Por razões que são próprias ao sujeito singular, mas também sob efeito de uma determinação intersubjetiva, na qual os sujeitos dos laços estão assujeitados, alguns sujeitos ocupam nos laços as funções fóricas, ou seja, um conjunto de lugares intermediários, que articulam as passagens e os espaços psíquicos. Nesse lugar intermediário, os sujeitos encontram apoio para sua atividade de representação e podem formar seus próprios pensamentos.

As funções fóricas se caracterizam por portar algo e pela metáfora; elas são responsáveis pelos agenciamentos dos laços intersubjetivos. Os portadores são figuras de passadores situados no duplo limite inconsciente-pré-consciente e intrapsíquico-interpsíquico. O sujeito que ocupa esse lugar funciona como operador das identificações imaginárias e simbólicas, das identificações do eu e do jogo identificatório grupal.

Do ponto de vista intersubjetivo, o sujeito porta e transporta - sem que saiba - para outro ou para um conjunto de outros - sem que saibam - signos, afetos, objetos (bons ou maus), cenas inconscientes, ideias e ideais. Os portadores ocupam os lugares de transferência, de transporte e de metáfora. Há um laço comum, uma formação de compromisso entre o portador e o conteúdo de materiais inconscientes transportados. O conteúdo transportado é matéria psíquica submetida a efeitos do inconsciente que só podem ser observados em situação de grupo e que dizem respeito a um determinado conjunto.

Kaës descreve diversas funções fóricas entre elas o porta-palavra, o porta-sonho, o porta-sintoma, o porta-silêncio, o porta-morte, o porta-ideais, que assumem esses lugares por desejos que lhes são próprios. As funções fóricas que cumpre um sujeito ou o próprio grupo são de transferir, sustentar, apoiar, carregar, gestar. As funções fóricas permitem os trânsitos do inconsciente da representação de coisa ou do irrepresentável, o retorno do recalcado, o atravessamento da censura - para o pré-consciente, a representação de palavra e - para o consciente, a representação de palavra falada e narrada.

A participação nas redes sociais efetua processos psíquicos em que os grupos, ao sair às ruas, portam e transportam para o conjunto social signos, afetos, objetos (bons ou maus), cenas inconscientes, ideias e Ideais. Há um vínculo comum entre o portador e o conteúdo de material inconsciente transportado. No caso das manifestações sociais sobre o passe livre, esse agrupamento exerce a função de porta-palavra, é o portador da palavra que diz da falta de reconhecimento, da insatisfação política transportada para o conjunto social. O grupo porta-palavra expressa o desrespeito ao atendimento das demandas sociais e o mal-estar. Simultaneamente, outros grupos assumem a função de porta-sintoma - os Black blocs, que dizem do sintoma social, criam novas formas de comunicá-lo, revelando algo dessa violência social, que não cessa e retorna.

 

Porta-sintoma

Os Black bloc surgiram como agrupamento recente em nosso território, velho conhecido em outros, nesse trabalho o denominados de porta-sintoma social, isto significa que ao utilizarem o ato sem mediação da palavra, a destruição, a ocultação de seus rostos e vozes, dizem algo da inibição, do sintoma e da angústia coletiva desconcertante.

Como sua recentididade, pouco se sabe sobre seus processos e funcionamentos enquanto grupo e, como Freud previu, somente na posterioridade poderemos compreendê-lo e analisá-lo. No entanto, também, as próprias formações e os efeitos do inconsciente no agrupamento ainda merecem aprofundamento. Kaës (2007) propõe a continuidade e mesmo novas pesquisas, para ampliar as considerações sobre a grupalidade, a importância de se incluir a heterogeneidade, a ectopia e a heterotopia na conceituação do inconsciente, até a invenção de uma terceira tópica, que agregue essas outras dimensões, outros lugares psíquicos que servem de depósitos e são agentes de produção e transformação. Os espaços psíquicos dos laços são esses outros lugares do inconsciente, cujos processos e formações, economia e dinâmica estão sendo embrionariamente conhecidos e, ainda, precisam ser pensados a partir das novas emergências sociais.

Para tanto, nessa pesquisa utilizamos entrevistas, crônicas e artigos de jornais, revistas em circulação e publicações eletrônicas e sua própria visibilidade nas ruas, um dos aspectos que nos intriga é o modelo de organização adotado por eles no intramuros, pontos de encontro e nas redes sociais, quando pensam e planejam seus atos. Ao se manifestarem no extramuros, irrompe uma "explosão" da violência, aparentemente como ato impensado. Caso essa questão seja verossímil ao divulgado, no intramuros, os Black blocs se organizam em grupo constroem laços capazes de executarem um trabalho psíquico intersubjetivo, processos associativos em que ocorre uma interdiscursividade polifônica, põe em atividade o pré-consciente de um sujeito que abre ao contato a atividade psíquica pré-consciente de outro e pensam. Apresentam um funcionamento grupal conhecido pela psicanálise de grupo.

Retomando, em seus processos psíquicos o pré-consciente é acionado como um sistema, em que se efetuam os procedimentos de transformação de certos conteúdos e processos inconscientes, permitindo o acesso à consciência. Ao pré-consciente está ligada à capacidade associativa, figurativa e interpretativa. É parte do aparelho de interpretar e pensar.

Assim, os Black blocs como um grupo organizado, utilizam processos psíquicos conscientes para pensar o pensamento, se organizam na racionalidade e expressam o sintoma social, não só pelo ato sem mediação da palavra, que implica a predominância de processos psíquicos primários e a paralisação do sistema pré-consciente. O que dizem com a pensada explosão da violência?

Os atos violentos analisados como "explosões", para Kaes (2012) são um mito, mesmo existindo esse sentimento na sociedade. É preciso refletir sobre a origem desse sentimento e quais as condições sociais que o produzem. A explosão como mito desconsidera a violência silenciosa, não atuada, aquelas que produzem e geram os ataques econômicos contra pessoas e os grupos, a desigualdade crescente, o desemprego, a exclusão, as segregações sociais, sexistas e racistas, as violências políticas e religiosas, as violências familiares, conjugais e contra as crianças.

Essas violências anônimas, difusas, inominadas e vergonhosas são umas das formas poderosas e insidiosas que revestem a sociedade brasileira. Ela contradiz a transparência e a eficiência; ela é um dos componentes maiores de medo e de sentimento de insegurança que compõem o mal-estar social. O sofrimento que ela provoca se amplifica, não com sua visibilidade, mas ao contrário, com sua ocultação e de seu não reconhecimento. O não reconhecimento, a invisibilidade, esta é violência "mais violenta", destruidora da capacidade de pensar, o que a faz permanecer onipotente, sem limites, sem origem reconhecível e sem sujeito.

Esses atos violentos como vem sendo tratados, apenas no âmbito do direito penal, excluídos da política, sem considerar seu sentido psíquico e social, nos impedem de distinguir e de pensar sobre a violência inerente à vida, a violência que estrutura o desejo e as interdições, às transgressões e às autoridades, a violência como ato de protesto contra o insuportável e a violência destruidora. A violência destruidora tem como finalidade o gozo e o aniquilamento do sujeito, um processo sem sujeito, sem o humano. Ela se nutre da deteriorização social e do não reconhecimento dos ataques contra a simbolização. Os Black blocs a iluminam e nos convoca a discriminá-la e a pensá-la, e, ainda, a refletir sobre as formas novas de criar e manter nosso desejo de viver e de melhor estar no mundo.

 

Considerações Finais

O medo, a insegurança, a angústia muda e a violência, o impensável e o impensado das experiências cotidianas de assujeitamento, enfiadas e escondidas nos buracos da negação, isolados pela clivagem, recobertos pelas piadas e risos de nós mesmos e pelas danças maníacas do funk, do rap, do carnaval, afastavam os brasileiros do contato com o mal-estar social levados ao mais extremo de seus limites. Das redes virtuais, os agrupamentos se organizam em manifestações públicas e mobilizam a sociedade a romper a apatia e o silêncio, por meio de protestos e denúncias.

Esses movimentos revelam o poder político da cibercultura, o poder da organização grupal e da manifestação na pólis. Desta forma, denunciam o sofrimento psíquico social produzido pelo esfacelamento progressivo do sujeito, pela falta de respostas à questão quem somos nós cidadãos brasileiros, pelo desaparecimento de um humano, que nos respondam às nossas demandas formuladas aos aparelhos administrativos, pelos micros (macros)-traumas da vida cotidiana brasileira e pela falta de confiança na humanidade. Ao saírem do confinamento e do assujeitamento, informados, conectados com vários outros, com suas dores e a dos outros, produzem laços, grupos, atos e emergem sujeitos políticos. Sem uma esperança ingênua, há indícios de algo novo.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Maria Auxiliadora Alves Cordaro Bichara
E-mail: dorabichara@terra.com.br

 

Artigo recebido em: 15.11.2013/15.11.2013
Aprovado para publicação em: 28.11.2013/28.11.2013

 

 

* Psicanalista, mestre em Psicologia e doutoranda em Psicologia Social pela Universidade São Paulo (USP). Participou do Seminário Residencial sobre Psicanálise de Grupo, em Paris. Coordena grupo de estudo sobre a teoria psicanalítica de grupo na Sociedade Brasileira de Psicanálise-São Paulo. Faz atendimento clinico e supervisiona terapias analíticas grupais. (São Paulo, S.P., Br).
1 Althusser discute o processo sem sujeito em Marx e Hegel, no artigo - As querelas do Humanisno.