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Analytica: Revista de Psicanálise

versão On-line ISSN 2316-5197

Analytica vol.3 no.4 São João del Rei jan. 2014

 

DOSSIÊ

 

Emergência da Psicanálise no Brasil: O pansexualismo de Francisco Franco da Rocha

 

Emergence of psychoanalysis in Brazil: The pansexualism Francisco Franco da Rocha

 

Émergence de la psychanalyse au Brésil: Le pansexualisme Francisco Franco da Rocha

 

La emergencia del psicoanálisis en Brasil: El pansexualismo Francisco Franco da Rocha

 

 

Josiane Cantos Machado*

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente artigo trata de um ínfimo fragmento da história da psicanálise no Brasil, o estudo do livro de 1920 O pansexualismo na doutrina de Freud, de Francisco Franco da Rocha. Busca-se a compreensão acerca do que Franco da Rocha considerava ser o pansexualismo na doutrina de Freud, se seria uma crítica à psicanálise ou algo que ele considerava sua essência.

Palavras-chave: História da psicanálise; Brasil; Pansexualismo; Franco da Rocha; Freud.


ABSTRACT

The present article treats of a lowermost fragment of the history of psychoanalysis in Brazil, the study of the 1920 book O pansexualismo na doutrina de Freud, of Francisco Franco da Rocha. We seek to understand about what Franco da Rocha considered to be the pansexualism on the Freud's doctrine, if would be a critique to psychoanalysis or something that he considered his essence.

Keywords: history of psychoanalysis; Brazil, pansexualism; Franco da Rocha; Freud.


RÉSUMÉ

Cet article aborde un fragment de l'histoire de la psychanalyse au Brésil. Il s'agit du livre de Francisco Franco da Rocha, intitulé O pansexualismo na doutrina de Freud, paru en 1920. L'article cherche à comprendre comme Franco da Rocha définissait le terme de pansexualisme, à savoir, une critique de la psychanalyse ou l'essentiel de la doctrine.

Mots-clé: Histoire de la psychanalyse; Brésil; pansexualisme; Franco da Rocha; Freud.


RESUMEN

Este artículo trata de un pequeño fragmento de la historia del psicoanálisis en Brasil, el estudio del libro de 1920, O pansexualismo na doutrina de Freud, de Francisco Franco da Rocha. Busca lo entendimiento de lo que Franco da Rocha consideraba ser lo pansexualismo em la doctrina de Freud, se deberia ser una critica a la psicoanálisis o algo que él consideraba sua esencia.

Palabras claves: historia del psicoanálisis; Brasil; pansexualismo; Franco da Rocha, Freud.


 

 

Emergência da Psicanálise no Brasil: O pansexualismo de Francisco Franco da Rocha1

Embora surgida no Rio de Janeiro, à partir dos anos 20 a psicanálise passou a ganhar força em São Paulo. O primeiro divulgador da doutrina foi o psiquiatra Francisco Franco da Rocha, fundador e diretor do Hospital do Juquery que, durante muito tempo, foi o único lugar da prática e do estudo da psiquiatria em São Paulo. Franco da Rocha foi também, o autor do primeiro livro brasileiro inteiramente dedicado à psicanálise: O pansexualismo na Doutrina de Freud publicado, pela primeira vez, em 19202 e que, em sua segunda edição, de 1930, teve o título alterado para A doutrina de Freud, com a omissão do termo pansexualismo.

Cabe um esclarecimento sobre o termo "pansexualismo". De acordo com Roudinesco e Plon (1998), ele surgiu após a publicação, em 1905, de Três ensaios sobre a teoria da sexualidade:

(...) utilizado para designar pejorativamente a doutrina freudiana da sexualidade, concebida sob a categoria de uma causalidade única, tanto porque ela recusaria qualquer explicação do psiquismo fora da etiologia sexual quanto pelo fato de que se pretenderia universal, isto é, aplicável a todas as culturas e a todos os indivíduos. (p. 567)

Para Sagawa (1994), essa omissão ocorreu porque Franco da Rocha "tomara conhecimento de que Freud estava em desacordo com o significado e o uso deste termo." (p. 15).

Oliveira (2005) discorda dessa versão e sustenta que a questão do pansexualismo não era um problema para Franco da Rocha, ao contrário, conforme ele próprio afirma (1920): "Resta o pansexualismo como princípio original, interessante, verdadeiro núcleo da doutrina de Freud. É este o ponto mais atacado e, com aparência de mais fraco, é exatamente o mais forte." (p. 179). Para a autora, Franco da Rocha, assim como os primeiros psicanalistas cariocas, fez uma leitura invertida, em espelho do termo pansexualismo, positivando o termo.

Compartilho da opinião de Oliveira, a omissão do termo se deu por conta do contexto sociocultural em que a psicanálise tentava se estabelecer no Brasil, dos anos 30, onde imperava certo moralismo, não se falando abertamente a respeito de sexualidade e outros assuntos "tabus" naquele momento.

Como nos conta a história oficial, por ser um livro voltado para a sexualidade, ele causou alvoroço na comunidade médica, e Franco da Rocha foi chamado até mesmo de louco.

Independente da veracidade ou não, o fato é que, como afirma Bicudo (1948): "O que houve de notável em Franco da Rocha foi seu espírito aberto à teoria, em um período no qual era tão apoucada, entre nós, a literatura sobre o assunto." (p.148).

É interessante notar que Franco da Rocha, por ser médico, trabalhava com ciência exata, procurando assim, uma exatidão na psicanálise. Por ser fundador do asilo e psiquiatra, se interessou muito mais pela questão da psicose do que pela neurose, o que fica claro em alguns pontos de seu livro.

Aliás, verifica-se através deste trabalho, o grande interesse de Franco da Rocha e dos primeiros psicanalistas brasileiros por Carl Gustav Jung, uma hipótese para isso é justamente o interesse pela temática da loucura.

Franco da Rocha (1920) inicia seu livro afirmando que seu único objetivo era abordar a teoria freudiana, ainda pouco conhecida no Brasil: "A publicação deste livro só tem por objectivo transmitir uma noção exacta da doutrina de Freud, que é muito falada e bem pouco conhecida."3 (p.III). Sua pretensão era explicar o que era a psicanálise de fato, mesmo reconhecendo não ser esta uma tarefa fácil, já que era necessário estudar muito o assunto e, além disso, alertava que a doutrina não traria resultado prático imediato.

De outra forma dita, Franco da Rocha parece estabelecer uma diferença com outras práticas médicas no que se refere ao tratamento, que a psicanálise não era tão prática, rápida e objetiva quanto à medicina, sendo um trabalho moroso para o paciente e para o analista.

Para ele, o que mais atrapalhava o estudo da doutrina freudiana era seu idioma original, o alemão, que não era muito conhecido no Brasil. Também apontava como grande dificuldade, a falta de estudos e observações psicológicas em "nevro e psicopatas" (p. IV).

Justifica a utilização de alguns livros traduzidos do alemão para o inglês, por não ser possível obter os originais na época de guerra, mas cita Freud, sobretudo, em alemão.

Para apresentar a doutrina ao leitor brasileiro, Franco da Rocha utilizou, como bibliografia, livros de Freud, de Bleuler, de Jung, Pfister, Rank, Adler, Stekel, Jones, entre outros, mostrando a apropriação de inúmeros textos e autores, inclusive de dissidentes do movimento psicanalítico.

Na bibliografia comentada que apresenta, sustenta que a obra de Freud A Interpretação dos sonhos, era essencial para quem quisesse conhecer a psicanálise, já as demais, só complementares:

O traumdeutung (interpretação dos sonhos) e a Psychopathologie des Alltagslebens (psicopatologia da vida diaria) são dois livros de Freud, essenciaes e basicos da sua doutrina, alêm de outros estudos por êle publicados. A interpretação dos sonhos é o mais interessante e complicado dos seus trabalhos. (Franco da Rocha, 1920, p.80/81)

Sua obra é, basicamente, um resumo da obra de Freud, onde os assuntos centrais são: o inconsciente, a sexualidade, os sonhos, as neuroses e a psicopatologia da vida diária.

Afirma que não estava ligado a nenhuma escola de psicanálise, mas assegura: "Utilizo-me da psicoanalise sempre que ela póde servir, e como é um estudo interessante, em que se ocupam alguns homens de valor, procurei torna-lo acessível a quem desejar conhece-lo." (p. V).

É possível questionar, com a leitura de seu livro, por que não teve conhecimento e interesse pela psicanálise antes, já que estamos falando de 1920, e a psicanálise já dava sinal de vida desde 1914. Poderia ser falta de acesso, por ser o Brasil política e geograficamente tão distante do local de nascimento da doutrina? Aqui, me parece que o interesse dele era puramente teórico e, por se tratar de um assunto de interesse de grandes mentes, sendo motivo de "prestígio", embora ele já experimentasse a técnica psicanalítica nos pacientes do Juquery.

Apesar de dizer que grandes mentes se envolveram com a psicanálise, ele declara que ela também atraia muitos charlatões: "Pudera! Não se faz mister, para isso, estudar anatomia, histologia, fisiologia, patologia geral, etc., coisas difíceis e amolantes; basta supor-se possuidor de conhecimentos de psicologia e está tudo feito." (p. V).

Sob essa perspectiva, ainda na apresentação, Franco da Rocha diz algo a respeito do pansexualismo aos moralistas: "Prevenidos no prefacio, os que tiverem medo de ver sua bela moral estragada, fechem este livro, não o leiam." (p. VI). Comentário que reforça a tese sobre as críticas e acusações pansexualistas sofridas na Europa.

 

O aparelho psíquico, segundo Franco da Rocha

Em sua interpretação da escola freudiana, Franco da Rocha considera o inconsciente como uma realidade interna, o que ele chamava de real psíquico (p. 06). Para ele, essa realidade interna era ignorada pelo médico porque não era palpável e o médico só conseguiria compreendê-la quando ela surtia efeito na consciência, como por exemplo, através dos sonhos e das neuroses. Como sabemos, em certa medida, isso se mantém até os dias de hoje, em algumas áreas da saúde, onde o inconsciente ainda é ignorado, só sendo levado em consideração quando o sujeito adoece e o inconsciente transpõe o corpo, se tornando visível. Com isso, Franco da Rocha queria enfatizar que o inconsciente operava mesmo sem aparecer na consciência.

Nessa perspectiva, o autor se interroga sobre a importância do trabalho do psicanalista, sustentando que: "O médico deve penetrar, por dedução dos efeitos conscientes, até chegar aos processos psíquicos inconscientes" (p. 06).

Apoiado em Freud, considera o inconsciente ativo e dinâmico, e afirma que os conteúdos inconscientes existem em nós desde a infância, mais ainda, não é por serem inconscientes que não influenciam o organismo. "A verdade verificada por Freud, como resultado de seu estudo, é esta: as forças que regem a marcha de nossa actividade psíquica, isto é, que orientam os fenomenos mentaes, dos mais complexos, podem se produzir sem a intervenção da consciencia." (p. 06/07).

Segundo ele, o psiquismo inconsciente se divide em dois sistemas, o inconsciente, onde os conteúdos jamais virariam conscientes (o que podemos questionar já que, em alguns momentos, como nos sonhos e nas neuroses, esses conteúdos inconscientes se forçam à consciência e podem penetrar de maneira disfarçada), e o "pré-consciente", onde os conteúdos podem influir na consciência e se tornarem conscientes.

Na compreensão de Franco da Rocha, o inconsciente é fixado desde a infância, onde estão "os instintos e as mais fortes tendencias do individuo" (p. 08). Já o pré-consciente, é mais limitado, estando entre o inconsciente e o consciente e: "abrange todos os fenomenos de distração, devaneio, inspiração, sonho noturno, que são revelações subjectivas da realidade interna ignorada." (p.09) A propósito, vale citar a analogia poética que faz: "São, como na flora dos nossos campos, os ramusculos, folhas e flores das arvores subterrâneas que as constantes queimadas recalcam e obrigam a viver, como raizes, no subsólo". (p. 09).

De acordo com o autor, o pré-consciente está sujeito a instâncias deformadoras e críticas e, a censura, mecanismo situado entre o consciente e o inconsciente, deforma os conteúdos. Enfatiza que esse mecanismo seria "uma força modificadora do nosso psiquismo" (p. 09), adquirida por meio da educação. A censura molda a personalidade do homem de acordo com a cultura que ele vive, e afrouxa de vez em quando num devaneio, por exemplo, deixando penetrar no pré-consciente algo do inconsciente.

No que se refere ao conceito de censura, Franco da Rocha diz apenas que é uma forma de adaptação à vida social. Em nota de rodapé indica, a quem se interessar em saber mais sobre o inconsciente, a leitura do livro de Jung Psychology of the Unconcious, onde poderia ter conhecimento sobre o "inconsciente pessoal" e o "inconsciente coletivo". Novamente verificamos a apropriação de Jung como referência, mesmo que a teoria do inconsciente pessoal e a do inconsciente coletivo sejam muito diferentes da de Freud.

Nesse sentido, podemos dizer que Franco da Rocha é fiel a ele mesmo, em sua maneira de compor e apresentar diversas teorias, sem jamais se importar com as divergências entre elas. A psicanálise é uma teoria e prática a ser comparada com tantas outras, já nasce entre nós no campo da cultura. Para ele, os nossos pensamentos são quase todos dirigidos pelo inconsciente, mas a consciência pode modificar os fenômenos psíquicos, e é ela quem diferencia o homem do animal, que não necessita de adaptação à cultura, portanto não há censura.

Franco da Rocha apresenta então, o esquema feito por Freud sobre o psiquismo, mas diz não se tratar de localização cerebral, somente um esquema explicativo, o qual seria essencial conhecer.

O aparelho psíquico tem, segundo ele, uma extremidade sensível e uma motora, sendo que a sensível recebe as percepções e a motora "vigia as portas da motilidade" (p. 11).

Com efeito, a primeira representação do aparelho psíquico, feita por Freud, era formada por dois sistemas, o "perceptivo", que estava na extremidade sensível e recebia estímulos, e o "motor", que estava na extremidade motora e relacionado à atividade motora.

As percepções são responsáveis por deixar, na extremidade sensível, o que Franco da Rocha, seguindo Freud, chamou de traço mnemonico. Com a função de memória, a atividade tem que ser distribuída em dois sistemas, um que recebe o estímulo perceptivo, mas não tem memória, e um que transforma as excitações do primeiro em traços duradouros. As percepções então deixam traços de memórias na parte sensível, fazendo com que todos os elementos do sistema se modifiquem.

Franco da Rocha conclui, que as nossas percepções são ligadas umas às outras na memória, chamando isso de associação. O sistema "P" não tem memória, portanto, não guarda traços para associações, diz ele que, o sistema chamado por Freud mnemônico, está na base das associações.

Para Franco da Rocha, a associação ocorre quando a resistência diminui, assim, a vibração passa, se transmitindo a associação a partir de um "me" a outro sistema "me".

Para equilibrar as energias, a energia interna deve ser mantida. Segundo ele, é o que acontece com as psicoses alucinatórias e com o delírio da fome, que se apegam ao objeto desejado.

Seguindo nessa linha existem, segundo o autor, vários sistemas "me" (mnêmicos), onde uma mesma excitação, que parte de "P", sofre diversas fixações. O primeiro sistema "me" tem a fixação das associações por simultaneidade e nos outros, o material excitador é de acordo com outras formas de combinação, por semelhança, por exemplo.

O sistema "P" não tem memória e, por isso, nos fornece toda a multiplicidade de qualidades sensíveis. Nossas memórias são inconscientes, mas podem se tornar conscientes, sem descartar suas influências inconscientes.

O sonho é a prova das partes do aparelho, sendo formado por duas instâncias psíquicas, uma submete a outra a uma crítica, sendo que esta é excluída da consciência. A instância que critica tem relação direta com a consciência, e a criticadora, está entre esta e a criticada e rege a vida de vigília, determinando nossas ações conscientes, tendo a seu cargo a extremidade motora.

No pré-consciente, o processo excitador pode atingir a consciência, ele tem a chave da motilidade. Antes dele, temos o inconsciente, que não tem acesso à consciência sem passar pelo pré-consciente, que transforma os conteúdos antes disso.

O sistema em que se formam os sonhos, é o inconsciente, nele temos o que Franco da Rocha chamou de motivo-força do sonho (p.13), o ponto de partida da formação do sonho, sendo que esses conteúdos lutam para entrar no pré-consciente e passar para a consciência, o que se torna difícil por conta da censura que, à noite, enfraquece entre o inconsciente e o pré-consciente. Afirma isto sem conseguir provar o contrário, essa é a razão pela qual, para Franco da Rocha, diferentemente de Freud, os sonhos não têm caráter alucinatório.

O aparelho psíquico tenta se conservar livre de excitação, mas ele se torna um aparelho reflexo que permite a descarga de estímulos sensíveis vindos de fora. A excitação provocada pela necessidade interna busca saída na motilidade, que Franco da Rocha chama de "expressão das emoções" (p.18), ou melhor, de "desejo que se funde numa alucinação" (p.19).

Assim, através da memória, se estabelece a identidade de percepção do mundo exterior, para através da experiência, se chegar à satisfação do desejo.

Sempre interessado no paralelo entre a neurose e a psicose, Franco da Rocha conclui seu livro conectando as diferenças entre essas estruturas.

Questiona novamente se não seria um grande risco a censura diminuir durante a noite e deixar passar conteúdos inconscientes para, apoiado em Freud, afirmar:

Quando a censura repousa (e nós temos prova de que só cuchila, não dorme), toma o cuidado de fechar as portas da motilidade. Não importa qual seja a especie de sentimento, aliás inibido, do Ics, que ande a rodear a scena; não ha necessidade de pô-lo fora; ele permanece inocuo, porque é incapaz de pôr em actividade o aparelho motor, unico capaz de exercer influencia no mundo exterior. O sono garante a segurança da fortaleza que está sob sua guarda. (p.21)

Na psicose, se realiza um enfraquecimento patológico da censura ou um aumento patológico das excitações inconscientes.

Franco da Rocha faz, basicamente, uma tentativa de elucidar o aparelho psíquico. Em seu texto, como ele mesmo afirma, são apresentados apenas alguns aspectos da teoria freudiana:

Os esquemas acima expostos só dão em linhas geraes uma idéia muito teorica do psicodinamismo das doutrinas freudeanas. Na pratica, os elementos psiquicos são chamados complexus. São sistemas tambem chamados elementares, mas na verdade são eles complicados e do seu entrelaçamento uns com os outros se constitue a trama activa do psiquismo inconsciente. (p.22)

 

A razão para o pansexualismo - a sexualidade infantil

Franco da Rocha fazia uma leitura particular de Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). Segundo ele, foi o estudo e observação direta da criança que ajudou Freud a formar sua teoria da origem sexual das neuroses. Para ele, existe sexualidade desde o nascimento, ele chamou de "periodo de hermafroditismo" (p. 25), onde o instinto sexual se satisfaz sem os órgãos sexuais. Aqui, ele está se referindo ao autoerotismo, onde a libido está ligada na excitação da pele ou das mucosas, nas zonas erógenas, que provocam uma excitação de natureza erótica, e Franco da Rocha cita a boca, o lóbulo da orelha e o pescoço como exemplos dessas zonas. A criança busca excitação para se libertar de um sentimento de tensão, e a principal manifestação da libido é o chupar o dedo, que é confundido com o instinto de mamar.

Para Franco da Rocha, o autoerotismo acaba quando a criança começa a agir e se alimentar como adulto, logo em seguida, vem o período de latência que vai até a puberdade. Para ele, o período de maior impressionalidade afectiva (p.23) é entre a infância e a puberdade. A educação serve para reprimir alguns desejos de satisfação erótica, fazendo surgir o vexame e o pudor para recalcar esses desejos, produzindo o que ele chama de esquecimento activo (p. 27), uma defesa para que o indivíduo não se lembre. A libido é sublimada em benefício da moral e do intelecto, desviada então, do objetivo sexual. Assim, ele diz: "Entre as forças que restringem e dominam a direção do impulso sexual, se encontram o pudor, o vexame, a repugnância, a simpatia, as construções da moral e o poder da autoridade." (p.44)

No caso de não ocorrer a sublimação, como na masturbação, por exemplo, Franco da Rocha assegura: "Quando a energia dinamica sexual rompe as forças sublimadoras, surge ás vezes os actos de satisfação erotica que são punidos pelos educadores como vicios hediondos. Segundo Freud estas repressões podem ser o ponto de partida de futuras nevroses." (p. 28) Ou seja, pune-se qualquer ato que seja relacionado com o sexual.

Após o período de latência, volta a excitação sexual e, em consonância com o autor, isso acontece através do que ele chama de "meio geralmente mau - colegios, pensionatos, etc. - onde se dá a sedução por adultos, ou por outros meninos, e onde se iniciam as praticas que constituem intensos traumas afectivos (...)" (p.28) A censura inibe essas recordações ruins, e elas são esquecidas, guardadas no inconsciente para o resto da vida.

Nesse período de latência, não há objeto e nem objetivos fixos, a pulsão é desviada do sexual para outras finalidades.

Na leitura que Franco da Rocha faz do Complexo de Édipo, em determinada fase, a criança passa a amar própria mãe através do mamar e das carícias que esta lhe oferece, mas esse sentimento é sublimado com a ajuda da educação. Nesta fase, a menina ama o pai e, o menino, a mãe, e isso ocorre junto a um sentimento de ciúme pelo concorrente do sexo oposto. A fixação inconsciente na fase edipiana dificulta a escolha de objetivo e objetos normais quando adulto.

Os desejos, nesta fase podem, inclusive, ser extremos, chegando o ciúme a se tornar um desejo de morte ao concorrente, mesmo que este seja seu próprio pai. Só na puberdade é que esses sentimentos se transformam em devotamento aos pais. Assim como Freud, Franco da Rocha dá ênfase à sexualidade masculina, raramente citando exemplos com a menina.

Além dos três ensaios, Franco da Rocha cita também, o estudo de Freud sobre o pequeno Hans (1909), mostrando que, nesse caso, o menino apresentava enorme curiosidade pelas diferenças sexuais. Para o autor, esse seria o primeiro passo de independência da criança, não confiando mais totalmente nas pessoas de seu convívio, como antes.

Sobre a puberdade, Franco da Rocha afirma ser esse um momento importante e rápido da passagem da sexualidade auto erótica da criança, para a anatômica do adulto. As satisfações parciais antes existentes, ainda ocorrem, mas só como uma forma de preparo para a finalidade, que segundo ele é "(...) o intenso prazer da exoneração dos produtos das glandulas genitaes." (p. 37)

Nessa fase, a busca do objetivo e objeto sexual andam paralelamente, não se mantém mais o "hermafroditismo", como mencionado, agora se busca o sexo oposto, surge o primeiro amor e, com ele, desaparecem as tendências incestuosas e a libido se dirige para o outro sexo, ainda por influência do complexo de Édipo.

Para o autor, a percepção da diferença dos sexos, só acontece efetivamente na puberdade, e essa constatação influencia no desenvolvimento da personalidade. Em nota de rodapé, Franco da Rocha explica o sentido à que se refere a psicanálise quando fala de masculino e feminino: "Usam-se das palavras masculino e feminino ora no sentido de actividade e passividade, ora no sentido biologico e ora no sentido sociologico. A primeira significação é a essencial e é a unica utilizada na psicoanalise." (p. 39/40)

Essa diferenciação já era dada antes, mas a atividade auto-erótica é igual em ambos os sexos e isto que dificulta a percepção:

(...) Com efeito, si se pudesse dar um conteúdo mais definido dos termos masculino e feminino, poder-se-ia avançar a opinião seguinte: a libido é regularmente de natureza masculina, quer no homem quer na mulher, e si considerarmos seu objecto, este tanto póde ser o homem como a mulher." (p.40)

à respeito da sexualidade da menina, sustenta que a principal zona erógena é o clitóris, comparável ao pênis, no menino. A excitabilidade na vagina ocorre quando a mulher está preparada para a atividade sexual, já o homem conserva como zona principal, a mesma da infância.

Assim, Franco da Rocha encerra sua explicação sobre a sexualidade infantil afirmando que a criança já nasce com sexualidade. Ela se retrai no período de latência, onde ocorre a sublimação. Favorável a essa tese ele, no entanto, reconhece que: "(...) a existencia da vida sexual da infancia tem sido lamentavelmente posta em duvida; as manifestações sexuaes, que frequentemente se observam nas crianças, têm sido atribuídas a ocorrencias anormaes." (p.43)

Eis aqui mais uma crítica de Franco da Rocha à sociedade que não aceitava e, podemos ainda dizer que não aceita completamente, uma sexualidade infantil e prendia-se à questões hereditárias e biológicas, excluindo a vida psíquica infantil.

 

A teoria dos sonhos

Na apreciação de Franco da Rocha, a psicanálise é um método de suma importância tanto pela sua ênfase no aspecto psicológico, quanto pelas possibilidades metodológicas que explora:

A psicoanalise recorre, como método de exploração psicologica, a uma serie de factos que outrora se achavam fora dos processos positivos, tradicionaes, de exame clinico: o estudo dos sonhos, dos devaneios, das fantasias, das distrações e dos menores factos da vida diaria - os erros, os lapsus, os esquecimentos, antipatias, simpatias, cacoêtes e gestos de aparencia inocente e casual. (p.80)

Apesar de deixar claro a grande importância da obra fundadora da psicanálise, Franco da Rocha declara que, a premissa de que através da análise dos sonhos, conseguimos acesso ao inconsciente é, segundo ele, de Jung.

Feita essa ressalva, ele apresenta uma "pré-história" do estudo dos sonhos, dizendo que, desde muito cedo, filósofos e médicos se ocupavam disso, como Aristóteles, que afirmava que o sonho tinha origem demoníaca. Nessa perspectiva, a importância de Freud está em ter sido o único ao falar da possibilidade do homem compreender-se através do sonho. O autor considera que, o estudo dos sonhos não condiz com o senso comum de profecias, que podem sim, ocorrer coincidências, mas elas não têm base científica.

De acordo com ele, as raízes de nossos pensamentos e atos externos estão nas profundezas do inconsciente, mas como não temos acesso à ele, projetamos nossas razões no mundo exterior, como no caso da fé religiosa, por exemplo:

O consciente ignora muita coisa que o inconsciente sabe. Ahi estão as raizes psiquicas de todas as superstições e presentimentos ligados a factos acidentaes ou casuaes. (...) As concepções mitológicas, que existem até hoje, mesmo nas religiões mais modernas, nada mais são do que psicologia projectada no mundo exterior. (p.86)

Corroborando as teses de Freud, declara que os desejos tirados da vida psíquica de vigília se forçam a voltar durante o sono, mas disfarçadamente, sendo sua função, a descarga das emoções de vigília: "O sonho é uma realização de desejos, realização disfarçada de desejos recalcados." (p.87)

Embora leve em conta diferentes fatores influenciando o "sonhar", desde imagens, ideias, recordações, ruídos ou até dores, assinala que o mais importante são as impressões da infância, que são guardadas no inconsciente, e que aparecem no sonho através de fragmentos disfarçados nas representações recentes associadas à elas: "São combinações de complexus activos que tentam se realizar, mas disfarçados pelo trabalho de desfiguração (Traumentstellung). Por ahi se vê que é idêntico o mecanismo dos sonhos e das nevroses." (p. 89)

De acordo com ele, as neuroses são, assim como os sonhos, desejos inconscientes que não podem ser satisfeitos na realidade e que se manifestam "desfiguradamente", nesse caso, através dos sintomas da doença. Esses desejos da vida de vigília são dissimulados pela ação da censura.

Nesse sentido todos os sonhos são realizações de desejos, até os sonhos de angústia, porque a angústia é causada pela repressão: "Isto quer dizer que ha desejos que só com desprazer se realizam." (p. 90)

Para exemplificar a censura no sonho, cita o caso de uma paciente de Freud que sonha com seu sobrinho morto num caixão e, embora não mencione, trata-se do Sonho de uma criança morta no caixão, que encontramos no capítulo IV do livro dos sonhos:

(...) Uma moça, cliente de Freud, que adorava seu sobrinho, viu em sonho o menino morto e colocado no caixão. Ela não lhe desejava a morte, longe disso; mas si tal se desse, ao enterro viria seguramente um homem de quem ela muito gostava e que desejava ver (do Traumdeutung). (p. 89)

O sonho assim, realiza e atualiza um desejo, algo que não pôde ser realizado.

Para ilustrar melhor os desejos inconscientes que vêm à tona, ele relata:

Freud afirma que os desejos do inconsciente, recalcados desde longa data, são sufocados mas nunca extintos. Quando aparece oportunidade êles se revelam, como os Titans da Fabula que, soterrados sob as montanhas, vencidos pelos deuses, revelam, de tempos em tempos, as convulsões de seus membros na agitação das montanhas que os comprimem. (p.90)

Como Freud, Franco da Rocha considera que os pensamentos de vigília (restos diurnos), enquanto tais, são formadores de sonhos. Far-se-ia necessário um desejo inconsciente que, unido ao resto diurno, tenta se satisfazer de forma disfarçada. Esses desejos recalcados se mostram nos sonhos tidos como menos "importantes", tomando muito a atenção do consciente, fazendo com que a censura deixe passar mais facilmente:

Confessemos francamente: este é o único ponto das doutrinas de Freud em que o espirito habituado às sciencias positivas póde, com plena razão vacilar, titubear mesmo. Vamos ver que na exegése do simbolismo onirico a imaginação do onirócrita, o coeficiente pessoal, póde influir grandemente no resultado da interpretação." (p.95)

Com disso, Franco da Rocha pretendia explicar que, para Freud, o ceticismo dos homens já é uma censura. E declara que, a doutrina dos sonhos pode se tornar um problema se mal utilizada: "(...) não deixa tambem de ser uma faca de dois gumes em mãos de médicos incapazes." (p.95)

Ao se referir ao processo de simbolização, menciona que é uma forma de o inconsciente lutar contra a censura. O estudo dos mitos, dos folclores, das artes e das religiões são provas de que em outras épocas, o simbolismo era a linguagem geral. O simbolismo dos sonhos é resultado de representações e tem significados sexuais e, para elucidar, cita exemplos extraídos do livro de Freud, facilmente localizados no capítulo VI:

Imperador, rei, chefe de governo = pae ou mãe
Bengala, tronco de arvore, serpente, gravata, etc., = órgão masculino
Tabaqueira, bolsa, vaso, cofrezinho, etc. = orgão feminino (Que significa boceta, na linguagem chula do Brasil? Toda a gente o sabe.)
Flor branca = inocencia, ou ex-contrario = pecado. (p.98/99)

Franco da Rocha, insistindo na temática da figuração, compara um sonho relatado por Freud, extraído do capítulo VI de A interpretação dos sonhos, e outro sonho, que percebemos ao longo da leitura, ser seu.

Ao interpretar o sonho relatado por Freud, Franco da Rocha afirma estar relacionado com a sexualidade reprimida da paciente e fatos da sua infância.

Além disso, faz interpretação das palavras proferidas: "Arrancar um, em alemão chulo significa masturbar-se (...) A palavra ramo, significa, simbolo do orgão sexual masculino (...)" (p.101).

Apesar de Franco da Rocha citar o sonho brevemente e tentar interpretá-lo, não dá maiores explicações. Mas vemos, claramente, desejos sexuais reprimidos e cenas que foram recalcadas. Vemos também, o mecanismo de condensação, nas palavras com sentidos "disfarçados" e na sobre determinação dos conteúdos do sonho. O deslocamento também é encontrado, mudando os sentidos para tornar obscuro no manifesto, os conteúdos de valor no latente.

Após apresentar em linhas gerais a temática do funcionamento do aparelho psíquico e das formações do inconsciente, através dos mecanismos de formação do sonho, Franco da Rocha passa a narrar seu próprio sonho, aparentemente como uma forma de provar a veracidade das teorias freudianas:

Achei-me num quarto a examinar um doente, não como medico, mas como pessoa de amizade. Desvaneceu-se esta scena sem que eu percebesse a passagem á scena seguinte. Achei-me numa sala de restaurante, cheia de mesas para refeições; sentei-me junto a uma delas e vi chegar-se a mim, com ares amáveis, um moço que apresentava sinaes evidentes de morféa. Fugi para um lado; ele seguiu-me. A falar sempre, muito proximo de meu rosto. Eu, numa aflição horrível deante da impertinencia do moço, não pude conter-me com paciencia e falei alto, para que outra pessoa, que se achava perto, ouvisse bem: você não tem consciencia; é morfetico declarado e está querendo contaminar os outros; está vendo que procuro evita-lo e faz-se desentendido, por maldade de perverso, sem alma. Chamei a pessoa respeitavel, que estava presente, e mostrei-lhe o moço, dizendo ao mesmo tempo: é seu parente, mas é mau e quer transmitir morféa aos outros; repare na cara dele. (p.102)

A explicação dada para seu próprio sonho começa com simples restos diurnos. Havia visto um doente no dia anterior com a mesma doença de outro que vira vinte anos antes, o qual era o paciente de seu sonho (ou seja, o paciente do dia anterior o fez lembrar e sonhar com o de anos anteriores). Quando viu o paciente da véspera, foi no mesmo momento em que foi apresentado à um homem que conhecia por sua fama de mau caráter, e este retornou com ele de trem, causando-lhe desconforto. Diz ele que seu sonho foi uma vingança à este rapaz, chamando-o de leproso e perverso.

Apesar de se tratar de restos diurnos, Franco da Rocha declara que, o afeto que acompanhava o sonho já era antigo, e que proveria de sua criação severa, do medo que tinha de seus pais, de más companhias e maus comportamentos.

Mesmo assim, não aprofunda, alegando que seu sonho poderia gerar muitas outras associações, mas o livro não permitia esboça-las, por se tratar de uma tarefa longa e demorada.

Faz questão de, em tom defensor da separação entre normal e patológico, finalizar a narrativa de seu sonho dizendo: "Não ha aqui elemento sexual, porque não se trata de sonho de nevropáta; mas ha satisfação de um desejo, ou melhor - descarga de emoção que se não poude realizar na vigilia.(p.104)

Entendemos sua alegação como uma forte resistência em ver que seu sonho também teria uma origem sexual, no sentido próprio de gozo e de satisfação de desejo.

Ao mesmo tempo em que parece tentar provar a veracidade das teorias de Freud à respeito dos sonhos, se defende de um conteúdo sexual e de ser um possível "nevropata". Reconhece, em si, a realização de um desejo, mas não sexual. Mostra-se aberto às teorias da sexualidade e defende um pansexualismo não como crítica negativa mas, como todos os críticos do pansexualismo freudiano, acaba por recusar uma noção de desejo sexual.

O importante seria, em consonância com Franco da Rocha, através do conteúdo manifesto, tentar descobrir o latente e os desejos recalcados. Esse seria o papel do psicanalista, e a melhor forma de se "treinar" isso, é tentar interpretar seus próprios sonhos. Já que, para ser psicanalista, é essencial conhecer seu próprio inconsciente.

Franco da Rocha conclui que o sonho só chega à consciência depois de ser transformado pela censura, acontece então, um processo de regressão, um retorno aos conteúdos infantis. Nesse sentido, a alucinação no sonho só pode ser interpretada porque a excitação tem um caminho regressivo. Ou seja, enquanto na vida de vigília a excitação é progressiva, do inconsciente para o consciente, no sono ocorre o contrário.

Em Freud, todas as alucinações, desde um sonho até uma paranóia, são regressões, ou seja, pensamentos transformados em percepção.

Concordando com Freud, conclui sua obra afirmando que o sonho não é um "perturbador", mas um "protetor" do sono, ele é a realização de "complexus" recalcados e um retorno à infância, aliviando o indivíduo de um recalque difícil, funcionando como uma catarse.

 

Referências

Bicudo, V. L. (1948). Contribuição para a história do desenvolvimento da Psicanálise em São Paulo. Arquivos de Neuro-psiquiatria. 6(1), p.69-72.

Franco da Rocha, F. (1920). O pansexualismo na doutrina de Freud. São Paulo: Typographia Brasil de Rothschild & Cia.

Freud, S. (1900) A Interpretação dos Sonhos, in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. IV, 1ª ed. Rio de Janeiro: Imago, 2006.

Freud, S. (1905) Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. VII, 1ª ed. Rio de Janeiro: Imago, 2006.

Machado, J. C. (2009) Emergência da psicanálise no Brasil: o pansexualismo de Franco da Rocha. Monografia (Especialização em Teoria psicanalítica). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (COGEAE).

Oliveira, C. L. M. V. (2005) História da Psicanálise: São Paulo (1920-1969). São Paulo: Escuta.

Roudinesco E., Plon, M. (1998). Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Sagawa, R. Y. (1994) A história da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. In Nosek, L. (Org.). Álbum de família: Imagens, fontes e ideias da psicanálise em São Paulo. (p.15-28). São Paulo: Casa do Psicólogo.

 

 

Endereço para correspondência
Josiane Cantos Machado
E-mail: josicantosmachado@hotmail.com

 

Artigo recebido em: 6.6.2014/6.6.2014
Aprovado para publicação em: 11.6.2014/6.11.2014

 

 

* Psicóloga com atuação clínica e pesquisadora em história da psicanálise, especialista em teoria psicanalítica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, orientada pela Profa. Dra. Carmen Lucia Montechi Valladares de Oliveira, com o trabalho Emergência da Psicanálise no Brasil: O pansexualismo de Francisco Franco da Rocha, e mestre em psicologia clínica pela mesma instituição, orientada pelo Prof. Dr. Renato Mezan, com a pesquisa A história da psicanálise no Brasil nas primeiras décadas do século XX e sua influência na concepção e constituição de Saúde Mental.
1 Parte deste artigo foi extraído da Monografia apresentada no Curso de Especialização em Teoria Psicanalítica (COGEAE/PUC-SP), sob a orientação da Profa Dra. C. Lucia M. Valladares de Oliveira, em 2009.
2 Antes, Franco da Rocha já havia abordado a temática, em 1919, no texto Do delírio em Geral, elaborado para a sua primeira aula para o sexto ano na Faculdade de Medicina de São Paulo, e que, como era costume, foi publicado no jornal O Estado de São Paulo
3 Optei por preservar a grafia da época.