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Analytica: Revista de Psicanálise

versão On-line ISSN 2316-5197

Analytica vol.6 no.11 São João del Rei jul./dez. 2017

 

ARTIGOS

 

Gilberto Freyre: quando as palavras suscitam pathos, afetos e religião

 

Gilberto Freyre: when words arouse pathos, affections and religion

 

Gilberto Freyre: cuando las palabras provocan pathos, el afecto y la religión

 

Gilberto Freyre: lorsque les mots suscitent le pathos, l'affection et la religion

 

 

Claudio Marcio Coelho

Cientista Social e doutor em História Social das Relações Políticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Pesquisador Associado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Indiciárias (NEI/UFES). Estuda a confluência entre cultura religiosa e cultura política e seus efeitos na produção intelectual. Currículo Lattes pelo link: http://lattes.cnpq.br/3449442531663358 - Contato pelo e mail: claudiomarciocoelho@gmail.com

 

 


RESUMO

Este artigo discute a repercussão de algumas palavras no pensamento de Gilberto Freyre. Defendemos a hipótese de que essas palavras suscitaram pathos, afetos e sentimentos religiosos na produção intelectual do autor, incidindo em sua tradução do passado brasileiro. Freyre defendeu uma perspectiva conservadora e romântica da formação do Brasil. Este trabalho aborda o autoritarismo patriarcal e seus efeitos políticos deletérios na sociedade brasileira a partir da interface entre História, Psicanálise e Política.

Palavras-chave: Gilberto Freyre. Sentimento religioso. Autoritarismo patriarcal. Formação do Brasil.


ABSTRACT

This article discusses the repercussion of some words in the thought of Gilberto Freyre. We defend the hypothesis that these words raised pathos, affections and religious feelings in the intellectual production of the author, focusing on his translation of the Brazilian past. Freyre defended a conservative and romantic perspective of the formation of Brazil. This work approaches patriarchal authoritarianism and its deleterious political effects in Brazilian society from the interface between history, psychoanalysis and politics.

Keywords: Gilberto Freyre. Religious sentiment. Patriarchal authoritarianism. Formation of Brazil.


RESUMEN

Este trabajo analiza el impacto de algunas palabras en el pensamiento de Gilberto Freyre. Defendemos la hipótesis de que estas palabras despertaron pathos, los afectos y los sentimientos religiosos en la producción intelectual de su autor, centrándose en su traducción del pasado brasileño. Freyre defendió una perspectiva conservadora y romántica de la formación de Brasil. Este trabajo aborda el autoritarismo patriarcal y sus efectos políticos deletéreos en la sociedad brasileña desde la interfaz entre la historia, el psicoanálisis y la política.

Palabras clave: Gilberto Freyre. Sentimiento religioso. El autoritarismo patriarcal. La formación de Brasil.


RÉSUMÉ

Cet article traite de l'impact de certains mots dans la pensée de Gilberto Freyre. Nous défendons l'hypothèse que ces paroles suscitèrent pathos, l'affection et les sentiments religieux dans la production intellectuelle de l'auteur, en se concentrant sur sa traduction du passé brésilien. Freyre défendu une vision conservatrice et romantique de la formation du Brésil. Ce document traite de l'autoritarisme patriarcal et ses effets politiques néfastes dans la société brésilienne par l'interface entre l'histoire, la psychanalyse et la politique.

Mots-clés: Gilberto Freyre. Sentiment religieux. Autoritarisme patriarcal. Formation du Brésil.


 

 

1 Breve introdução

Palavras suscitam afetos e são, de modo geral, o meio de mútua influência entre os homens.

(S. Freud, Conferência II, 1916 [1915])

Críticos de diferentes campos concordam que o pernambucano Gilberto Freyre consagrou-se como escritor e cientista social portador de escrita sedutora, sensual e mística. Seu português elegante tem traços sinestésicos e nuances plásticos, pictóricos, indiciários. De mais a mais, sabemos que a relação de Freyre com as palavras sempre foi marcante, pois dificuldades de aprendizado na infância obrigaram sua família a contratar o professor inglês Mr. Willians para alfabetizar o menino, que já sofria a pecha de retardado. Willians iniciou sua alfabetização pelo desenho e pela pintura, para posteriormente introduzi-lo na escrita e na gramática. Isso explica em boa medida o fascínio freyriano pelas formas belas, românticas e nostálgicas: sensações, sentimentos e emoções inconscientes que retornaram em sua escrita da História do Brasil.

Segundo Coelho (2007), o amor do menino Gilberto pelas palavras o levou a organizar uma Coleção de Palavras e a brincar de juntá-las entre os 11 e 13 anos, consubstanciando novos termos como: "molemente maduro", "num doce esforço", "esforço acre", "voz oleosa", "sabor bem da terra", "acre fragrância", "descanso de seu", "verde beleza de adolescente", "contorno sensual de idéias", "relevo festivo de cor", "flama criadora", "franciscanamente lírico", "igrejas gordas", "calvinismo político", "pastéis untuosamente eclesiásticos", entre outras, conforme registrou em seu diário pessoal (Freyre, 1975, pp. 151-2). Uma análise inicial desses termos revela-nos a presença pujante de termos religiosos em sua coleção.

Desde cedo, o jovem Gilberto seguira o exemplo de seu pai, o professor Alfredo Freyre, que escrevia um português correto e elegante. Larreta e Giucci (2007) lembram que Gilberto assistira aulas de português e de latim com Alfredo: um professor austero e exigente, especialmente com os filhos. Assim, o menino sofrera com os "erros de pronúncia em textos de Virgílio e de Júlio César", que "eram castigados com severos golpes de régua nas mãos. A letra entrava com sangue, como a aritmética" (p. 38). Como vemos, sua relação com as palavras fora atravessada pelo pathos (sofrimento, paixão) já na tenra idade.

Sobre o hábito de colecionar, Benjamim (2012, p. 254) argumenta que as coleções só podem ser apreciadas "por quem se manteve fiel à alegria que experimentou quando criança". Colecionar é apegar-se, tomar para si; é fixação afetivo-temporal; é um não renunciar. E por que colecionar palavras? Qual a importância das palavras para o adolescente que demorou a aprender a arte de escrevê-las?

Para Berlinck (2001), é na palavra que o sujeito se manifesta, logo, a palavra denuncia onde está ancorado o sintoma que "se organiza e se expressa como representação singular da realidade" idealizada pelo sujeito. Se o sujeito é patológico, sujeito ao pathos, obviamente, é "afetado pela estrutura que obedece a uma lógica" (pp. 3-4): a lógica do sintoma - segundo Freud - ou do significante - como preferia Lacan.

Segundo Quinet (2003, p. 16), na obra A interpretação dos sonhos (1900),

Freud desvela as leis do inconsciente, fazendo emergir o sujeito do desejo como sujeito determinado pelas leis da linguagem, ou seja, por leis em que as palavras são tratadas como puros sinais sonoros, significantes, sem significado, por onde desliza o desejo. O significado delas é, na verdade, o desejo, tão fugaz quanto o sujeito que ai se manifesta.

Mas, se para a Medicina o sintoma fala a verdade da doença, para a Psicanálise "o sintoma fala a verdade do sujeito" (Quinet, 2003, p. 122). Nesse sentido, é preciso decifrar a lógica dialética do inconsciente, pois, conforme adverte Conde (2008, p. 38), "O sintoma fala, mas é aquilo que não é falado"; tem "certo mutismo", mas, "paradoxalmente [...] fala porque tenta comunicar algo". É essa lógica recalcada, ambígua, inconsciente do sintoma que nos atravessa e instaura nossa condição: o sintoma é manifestação subjetiva constitutiva do que somos. Talvez seja o que há de mais real em nós, pois "para certas pessoas poderíamos dizer: o simbólico, o imaginário e o sintoma" (Lacan, 1976, citado por Jorge, 2010, p. 73). Esse real, verdade inominável, face dissimulada, que fala e se cala, quando fala, fica curado de seu mutismo num relance da palavra. Logo, se há na palavra um gozo, novamente o sintoma se reveste de recalque, de mutismo, para manter-se inconsciente: eis a similitude desse processo com a dialética enunciada por Heráclito: "Acordados eles dormem".

Pela palavra do sujeito suposto falante podemos capturar emoções e sentimentos inconscientes a partir do método clínico de corte psicanalítico. Vejamos como alguns significantes repercutiram na formação de Gilberto Freyre. O jovem e o homem que gostava de colecionar palavras também fazia delas expressão de pathos, afetos e religião

Isso posto, o problema que enfrentamos neste trabalho consiste em responder à seguinte pergunta: como os significantes Gilbert, Madalena e Pater suscitaram pathos na escrita de Gilberto Freyre?

Defendemos como hipótese que esses significantes suscitaram sentimentos religiosos, que incidiram na tradução freyriana do passado e em sua escrita da História do Brasil. Assim, Gilbert - primeiro nome do excêntrico escritor inglês Chesterton - remete Freyre ao seu amor pelo conservadorismo romântico católico e sua reconversão ao catolicismo romano; Madalena - bairro tradicional do Recife -, ao trauma e culpa vivenciados pelo saque e incêndio na casa de seus pais em 1930; e Pater - sobrenome de Walter Horátio, o esteta de Oxford -, ao conflito edipiano com seu pai, Alfredo Freyre. A seguir, dissertaremos sobre os sentimentos que envolvem esses significantes e os afetos que suscitaram em Gilberto Freyre.

 

2 "Um Gilberto que deseja espelhar outro Gilberto(o)"1

Não subestimemos os pequenos indícios; com sua ajuda podemos obter êxito ao seguirmos a pista de algo maior.

(S. Freud, Conferência II, 1916 [1915])

A sagacidade sherlockiana do pai da Psicanálise nos ensina que devemos perseguir os pormenores como pistas, sinais e indícios. Aliás, como adverte Ginzburg (1989), "Ninguém aprende o ofício de conhecer ou de diagnosticador limitando-se a pôr em prática regras preexistentes". Na investigação indiciária, seja de base médica, psicanalítica, literária, etc., "entram em jogo [...] elementos imponderáveis: faro, golpe de vista, intuição" (p. 179). Assim, considerando a razão inconsciente, podemos afirmar que o sintoma é um indício repetido e a chave de sua interpretação é o excesso (Cerqueira Filho & Neder Cerqueira, 1997). Outrossim, podemos conjecturar que os sintomas são indícios inconscientes. Vejamos, então, a repetição e o excesso em Freyre.

Importante destacarmos a repercussão da conversão do pastor anglicano Henry Newman e do escritor G. K. Chesterton ao catolicismo romano: pensadores ingleses muito admirados pelo jovem Freyre. No Brasil, a reconversão do político-escritor Joaquim Nabuco ao catolicismo e a amizade filial de Freyre com o escritor e historiador católico Manoel de Oliveira Lima também repercutiram em sua decisão de reconverter-se à religião de seus pais e avós. Gilberto manteve contato com a literatura de Chesterton em Baylor University, Texas, EUA, quando cursou Artes Liberais e especializou-se em Ciências Políticas e Sociais, de 1918 a 1920. Foi o professor de Literatura Comparada Joseph Armstrong quem o iniciou no estudo sistemático do ensaísmo inglês. Estudos sobre literatura vitoriana, drama contemporâneo e poesia, obras primas, composição e retórica. O jovem Freyre manteve contato com ensaístas britânicos que marcaram sua trajetória intelectual: autores como Dryden, Browne, Steele, De Quincey, Addison, Johnson, Hazlitt, Defoe, Savage, Landor, Huxley, Trackeray, Bennett, Hearn, Swift, Lamb, Carlyle, Ruskin, Macaulay, Chaucer, Browning, Newman, Chesterton, Walter Pater, entre outros. Dentre tantos, Chesterton e Pater exerceram fascínio peculiar: uma fome voraz pelas formas belas, pela sacralização dos sentidos, dos sentimentos e dos pensamentos; eis a fome pelo sagrado: "um poder divino atuante que provoca no homem uma emoção religiosa" (Julien, 2010, p. 17).

Freyre estava na Columbia University, New York, em 1921, quando vivenciou a oportunidade de assistir a uma conferência proferida por Chesterton. O estudante brasileiro valorizou a oportunidade de assistir à aula pública ministrada pelo polêmico escritor londrino. Em carta enviada a Oliveira Lima, em 08/02/1921, afirmou: "A nota literária em N.Y. nesta última quinzena" foi dada por Chesterton, que "além de fisicamente pitoresco é-o no falar e no pensar" (Freyre, Lima, 2005, p. 67).

Coelho (2016) argumenta que o entusiasmo de Freyre pelo ensaísmo de Chesterton resultou de sua afeição pelo conservadorismo romântico católico constitutivo da Literatura chestertoniana. Esse sentimento repercutiu como amor pela tradição aristocrática e pelo autoritarismo que atravessa essas relações. Muitos estudiosos não atentaram para o detalhe de que Gilberto Freyre admira Gilbert Chesterton: um escritor erudito e versátil, que escreveu obras em ensaio, poesia, biografia, narração, novela, jornalismo e romance policial; foi um frasista genial; estudou desenho, pintura e tornou-se crítico de arte na imprensa londrina. Impressionante verificar as afinidades na formação de ambos. Além das Ciências Sociais, Freyre também se destacou em ensaio, poesia, novela, jornalismo, desenho, caricatura e pintura. Logo, o amor freyriano pelo ideal anglófilo encontrou em Chesterton sua maior expressão: narciso admira narciso, pois só ama sua própria imagem.

Coelho afirma que de todas as obras de Chesterton, estudadas por Freyre, nenhuma lhe exerceu maior fascínio que Orthodoxy (1908): considerada uma autobiografia espiritual de seu autor. Obra de caráter teológico que repercutiu em todo o mundo intelectual católico e não católico. Registros do diário pessoal, cartas e artigos enviados para o Diário de Pernambuco atestam que Freyre sentiu-se especialmente atraído por ideias, argumentos e insights chestertonianos. Eis alguns trechos que presumivelmente atraíram sua atenção:

O homem comum sempre foi sadio porque o homem comum sempre foi um místico. Ele aceitou a penumbra. Ele sempre teve um pé na terra e outro num país encantado. Ele sempre se manteve livre para duvidar de seus deuses; mas, ao contrário do agnóstico de hoje, livre também para acreditar neles. Ele sempre cuidou mais da verdade do que da coerência. Se via duas verdades que pareciam contradizer-se, ele tomava as duas juntamente com a contradição. [...] É exatamente esse equilíbrio de aparentes contradições que tem sido a causa de toda a vivacidade do homem sadio.

Nunca consegui entender onde as pessoas foram buscar a ideia de que a democracia de algum modo se opunha à tradição. É obvio que tradição é apenas democracia estendida ao longo do tempo. [...]. A tradição pode ser definida como uma extensão dos direitos civis. Tradição significa dar votos a mais obscura de todas as classes, os nossos antepassados. É a democracia dos mortos. [...] A democracia nos pede para não ignorar a opinião de um homem bom, mesmo que ele seja nosso criado; a tradição nos pede para não ignorar a opinião de um homem bom, mesmo que ele seja nosso pai.

Mas todo conservadorismo se baseia na idéia de que, se você abandona as coisas à própria sorte, você as deixa como são. Mas isso não acontece. Se você abandona uma coisa à própria sorte, você a deixa à mercê de uma torrente de mudanças. [...] Não temos de modo algum de nos rebelar contra a antigüidade; temos de nos rebelar contra a novidade. São os novos governantes, o capitalista ou o editor, que realmente sustentam o mundo moderno. [...] O chefe escolhido para ser o amigo do povo torna-se o inimigo do povo; o jornal fundado para dizer a verdade existe agora para impedir que a verdade seja dita. (Chesterton, 2008, pp.28-9, 49, 122-4).

No início do primeiro trecho, percebe-se a ideia sutil que associa sanidade à crença mística e à religião. Nota-se nos argumentos de Chesterton a importância de certas palavras em seu discurso. O termo "aparentes" sugere que as "contradições" não são importantes, pois no fim prevalecerá o "equilíbrio", a "tradição" e o "conservadorismo" advindos da verdade divina. Há nessas palavras uma instigante homologia com a perspectiva freyriana da realidade social e da formação do Brasil.

2.1 O equilíbrio é mágico-religioso

A expressão "equilíbrio de antagonismos" talvez seja a proposição da qual Gilberto Freyre mais se orgulhava, pois a citava insistentemente (leia-se sintomaticamente) em suas conferências, artigos e livros. Isso nos remete à descoberta psicanalítica de que o sintoma é um indício repetido.

Equilíbrio é a palavra mágica de Freyre! Apesar da violência sofrida pelo moleque negro (o leva-pancadas do senhorzinho branco, esse pequeno aprendiz de Senhor patriarcal), dos abusos físicos suportados pela mucama (ora pelo ciúme da sinhá branca, ora pelo estupro de seus senhores), das humilhações e castigos imputados aos escravos (na casa-grande e na senzala), pathos fica inebriado na narrativa freyriana, que enaltece a amizade infantil entre o senhorzinho e o moleque; a cumplicidade da mucama com a sinhazinha e a sinhá; a paixão desenfreada de escravas que se entregavam aos seus senhores por amor... Sua escrita realiza um efeito religioso inconsciente, que consiste na conciliação dos antagonismos. Prevalece o "equilíbrio de aparentes contradições" enaltecido por Chesterton.

Mas ninguém pode acusar Gilberto Freyre de ter ocultado as contradições entre brancos e negros na formação social brasileira. Intrigante constatar que a violência está lá, na narrativa freyriana, relatada com detalhes minuciosos, nos quais dor, sangue, lágrimas, sofrimentos e paixões pulsam com força descomunal no texto de Casa-Grande & Senzala. Porém, o efeito mágico-religioso acontece: pathos não prevalece. Segundo Rodrigues (2008, p. 9), "Pathos aparece e desaparece. Como efeito do mecanismo de ilusão da ideologia, pathos torna-se invisível, porém sua presença fantasmagórica alude o conflito reclamando o reconhecimento da sua existência". Em sua escrita, vence a conciliação, prevalecendo o apaziguamento dos conflitos. Para Coelho (2016, p. 268), o "leitor esquece o pathos diante do efeito sedutor da conciliação das contradições. Ocorre um efeito ideológico inebriante da violência, que se dilui no ethos e fica subsumida pela sacralização da vida". Assim, pathos é capturado pelo sentimento religioso de Freyre, pois a religião incide em seu pensamento político, uma vez que o efeito ideológico do sentimento religioso produz representação idílica da realidade: sua forma torna-se ideológica, sintomática. Muito embora o autor tenha contribuído para o desvelamento histórico acerca das raízes do autoritarismo na formação do Brasil, sua fascinação pelo culto chestertoniano da tradição o levou a adotar uma perspectiva que podemos chamar de conservadorismo romântico (Romano, 1981). Destarte, de forma homóloga ao sintoma, conforme argumentam Berlinck (2001) e Cerqueira Filho e Neder Cerqueira (2007), a ideologia da conciliação produz insuficiência imunológica psíquica subjetiva e social e vulnerabilidade política diante do autoritarismo senhorial e escravista, que sobrevive na sociedade brasileira. Seus efeitos políticos impedem o desenvolvimento e a consolidação de uma nação constituída por princípios e valores modernos fundamentais como justiça, democracia e liberalismo.

2.2 "É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem"2

O conservadorismo romântico apregoado por Chesterton está alicerçado na ideia de uma religião histórica e universal que caminha em linha reta, apesar dos desvios e ondulações históricas, políticas e culturais. Para Chesterton, a Igreja Católica é eterna, logo, seu retorno à linha reta só pode ser mantido pelo conservadorismo de seus dogmas, tradições, rituais, valores morais. É dessa condição de Cidade de Deus, portadora das chaves do Reino dos Céus e de instituição divina, que a Igreja não abre mão. Por isso, sua ação é idealizada como missão civilizadora, protetora, colonizadora: salvífica. Chesterton argumenta que a novidade e suas transformações poderão vir, mas a missão da Igreja permanecerá inabalável, ainda que a Igreja tenha que agir de forma autoritária e reacionária em seu conservadorismo. Para Coelho (2016), o romantismo católico chestertoniano cativou o jovem Freyre. À vista disso, o amor ao passado tornou-se imprescindível na (sub)missão ao projeto salvífico católico, cujo modelo era concomitantemente aristocrático-branco-masculino-patriarcal.

2.3 "Há falta, diz o desejo. É isso que falta, diz a fantasia"3

Tradição é uma palavra muito importante na narrativa histórica de Freyre. Conduz seus sentimentos para o apego ao passado e para o culto de sua estirpe aristocrática. Sua maior obra, Casa-Grande & Senzala, foi dedicada aos seus avós. Reconquistar o "tempo perdido" era uma fantasia da qual o autor muito se orgulhava. Aliás, a palavra "perdido" é recorrente na escrita freyriana e na maioria das vezes está associada ao tempo e à infância. Freyre citou os termos "tempo perdido" e "menino perdido" em diversos trabalhos publicados durante sua longa carreira intelectual. Assim, onde há perda, há falta; onde há falta, há desejo de completude: a completude amorosa; amar é desejo de ser amado. Segundo Coelho (20016), a fantasia de completude alimentada por Freyre foi a fantasia de salvar o Brasil para realizar o desejo de seu pai Alfredo Freyre, que sonhou escrever uma grande obra intelectual sobre os desafios da nação brasileira. Alfredo Freyre orientou o filho talentoso a resolver o problema do Brasil: uma nação mestiça, sem identidade e sem um pai. O jovem Freyre foi preparado pelo pai para realizar seus estudos acadêmicos nos Estados Unidos (Columbia) e na Europa (Sorbonne, Oxford, Munich, Coimbra) e enfrentar o principal desafio intelectual brasileiro nas décadas de 1920 e 1930: forjar a identidade nacional. Eis a onipotência dos pensamentos e sentimentos freyrianos: quem poderia realizar o desejo de seu pai? Quem poderia salvar o Brasil? Somente um filho engenhoso, perspicaz e atravessado pelo sentimento religioso salvífico: Gilbert Freyre.

 

3 Quem és tu Madalena?

Madalena é o nome do bairro onde moravam os pais de Gilberto Freyre no Recife, PE, em 1930. Neste mesmo ano, a Revolução liderada por Vargas provocaria mudanças drásticas na vida dos Freyres. Gilberto era chefe de gabinete do Governador Estácio Coimbra, que se opusera ao governo Vargas. Por solidariedade e prudência política, acompanhou Estácio Coimbra em exílio para Portugal. Durante a viagem foi informado que a casa de seus pais, em Madalena, fora saqueada e incendiada por partidários de Vargas. Ao trauma da separação forçada e imediata, somaram-se culpa, medo e angústia pela desgraça de seus familiares, especialmente de sua mãe Francisca e de seu pai Alfredo. Sentia-se responsável pelo ocorrido. Gilberto viveu dias muito difíceis naquele início da década de 1930. Dias marcados por solidão, privações financeiras e receios pelo futuro incerto. Foi nesse momento de angústia que desistiu de seu antigo projeto de escrever a História da vida de menino no Brasil, uma obra autobiográfica, para a qual dedicara quase uma década de estudos, pesquisas, aquisição de livros e viagens no Brasil, Estados Unidos e Europa. A partir desse momento, as referências insistentes ao livro que sonhara escrever desaparecem de seus escritos. Pouco depois registrou a decisão de escrever uma grande obra sobre a formação do Brasil. Obra que decidiu nomear pelo título sugestivo de Casa-Grande & Senzala, publicada em 1933. O título do livro sugere sentimentos que marcaram seu autor: O termo Casa - representa a reconstrução simbólica da casa de seus pais em Madalena - a morada dos Freyres, destruída no saque e incêndio de 1930; Casa-Grande - a morada histórica de seus antepassados aristocratas; & - o equilíbrio de antagonismos que reconciliou as contradições históricas constitutivas da formação brasileira: apesar do autoritarismo patriarcal e dos desvios históricos, a casa-grande, tendo como aliada a Igreja, manteve sua linha reta, realizou seu projeto salvífico do Brasil; Senzala - o elemento negro catolicizado confraternizou-se com o branco. Assim, a miscigenação por mistura resolveu o conflito e a violência pelo equilíbrio das contradições.

Magdalena também é o nome da jovem esposa4 de Freyre, com quem se casou no dia 25 de novembro de 1941, no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. A jovem residia no Rio, onde cursava Educação Física, e lhe foi apresentada por seu pai Alfredo Freyre. Casaram-se em apenas três meses. Antes de casar-se, Gilberto comprou a Vivenda de Apipucos, em Recife, onde existia uma casa em estilo colonial. Pelo esforço e empenho de seu pai, reformou o imóvel, transformando-o em uma Casa-Grande imponente para lá viver com sua esposa. Com a morte de sua mãe em 1943, Gilberto trouxe Alfredo para viver consigo, a esposa e os filhos Sônia e Fernando.

A imbricação dos significantes casa e Magdalena está eternizada no título atribuído à residência dos Freyres em Apipucos, pela Fundação Gilberto Freyre, que registrou numa grande placa de madeira: "Casa - Museu Magdalena e Gilberto Freyre".

Os indícios apontados até aqui nos provocam as seguintes questões: por que o autor se casou com uma jovem que tinha o mesmo nome do bairro onde fora destruída a casa de seus pais? Seria mais uma fascinante coincidência na vida do pensador que colecionava palavras?

 

4 Pater: a presença sobre o fundo de ausência

Outra surpreendente coincidência na relação de Freyre com as palavras foi seu fascínio pelo escritor inglês Walter Pater e pelo seu conto The child in the house, uma pequena obra-prima publicada originalmente na Macmillan's Magazine, em agosto de 1878. Nessa ficção, Pater narra os sentimentos extasiantes do personagem Florian Deleal ao recordar pormenores significativos sobre sua infância. Pela memória afetiva e religiosa, o menino Florian descreve cheiros, sabores, cores e sons; sua sensibilidade sinestésica proporciona-lhe recordações poéticas sobre o perfume da casa, do jardim, das flores e das frutas, o zumbido das abelhas, o frescor, o frio, o calor e a escuridão; recorda ainda detalhes da escada, das salas, quartos, cozinha, jardins e sótão da velha casa onde sua criança vivenciou momentos de ternura e amor com sua mãe e de contemplação e reverência pelo sagrado. A narrativa de Pater, que se realiza pela fala do menino Florian, está envolta pela sacralização da vida cotidiana. Tudo está atravessado pelo sentimento religioso. Assim, a nostalgia e a saudade da criança se realizam pela dádiva religiosa. Eis o sentimento religioso incidindo na narrativa e na estética literária do autor. À vista disso, podemos inferir que a fascinação de Freyre pelo conto de Pater não constitui um acaso psíquico, pois há uma lógica inconsciente para os sentimentos e as escolhas. Nesse sentido, não podemos desprezar as similitudes e as coincidências. Vejamos algumas:

1. Assim como Pater, Freyre também desistiu de ser ministro religioso: Pater pensou na possibilidade de ser pastor no anglicanismo (Cerqueira Filho & Neder Cerqueira, 2008, p. 2) e Freyre confessou o desejo de ser missionário no protestantismo batista (Siepierski, 2002, pp. 89-90; Meneses, 1944, p. 42).

2. Ambos se afastaram da vida religiosa e passaram a professar a autonomia do pensamento: Pater mais próximo do ateísmo (que reafirma a importância da religião pela negação) e Freyre do pietismo (que professa a autonomia pessoal da fé). No entanto, sobre as divergências e o afastamento desses autores em relação à experiência religiosa, Cerqueira Filho e Neder Cerqueira (2008, p. 2) argumentam: "Este distanciamento, para muito além da mera expressão de qualquer significado de perda de fé, ou mesmo da elevação do racionalismo como novo paradigma iluminista, seria indicativo da constituição de um "novo lugar" para o domínio das idéias religiosas".

Neste sentido, podemos inferir que Pater e Freyre encontraram um "novo lugar" para o gozo religioso. Ou seja, Pater pela estética literária e Freyre pela narrativa histórica. No entanto, é importante destacar que estes pensadores não escreveram textos religiosos, mas, textos laicos atravessados por sentimentos religiosos. A religião incidiu na produção intelectual de Pater e Freyre, orientando suas escolhas temáticas, estilo da escrita, cosmologia e sentimentos.

3. Pater e Freyre estavam igualmente fascinados por temas como casa, criança, sagrado, religião, entre outros. Interessante constatar que não faz menção ao pai de Florian no conto. Eis a pergunta: onde está o significante pai na ficção literária de Pater? Sobre essa aparente ausência, assim explica Quinet (2003, p. 91): o "significante" possui "a propriedade de constituir a presença sobre o fundo de ausência, ou seja, de ser uma presença ausente e uma ausência presente como a carta roubada do conto de Edgar Allan Poe". Se em Pater o pai está presente pela falta, em Freyre ocorre, ao mesmo tempo, a falta e o excesso. O pai do Brasil (o senhor de engenho) está presente pelo excesso (poder, autoritarismo e violência) e pela falta (não participava da vida e do cotidiano da esposa e dos filhos), pois estava quase sempre envolto por atividades relacionadas ao governo de suas terras, da produção de açúcar e de outras fontes de riqueza, com questões econômicas, políticas, escravistas locais e além-mar. Não participava diretamente da educação dos filhos. Nosso grande patriarca foi uma figura muitas vezes ausente e porventura degradada na formação social brasileira; mas essa ausência fora, sobretudo, afetiva, posto que tão idealizado pela esposa, filhos e membros da família e sociedade colonial, sua imagem decolou, elevou-se acima de tudo e de todos, tornou-se inatingível, soberano, magnânimo. Mas, a magnânima presença do senhor de engenho na narrativa freyriana não representa o reconhecimento filial do Nome do Pai. Sua imagem, degradada pela falta/excesso, instaurou em nossa formação uma presença ausente da figura paterna, incidindo, portanto, no reconhecimento da lei. Isto posto, Cerqueira Filho (1993) adverte que o culto e a submissão ao Paterfamilis idealizado foi responsável pela legitimação da ideologia do favor e da ignorância simbólica da lei na formação do Brasil: eis o nosso gozo sem limites.

Coelho (2016) aponta alguns efeitos políticos deletérios do Paterfamilis autoritário na tradução freyriana do passado brasileiro e em sua escrita da História do Brasil. A falta-ausência e o excesso-autoritarismo que ele representa constituem sobrevivências e retornos no imaginário social brasileiro. Entre os efeitos políticos desse retorno do recalcado temos o apreço nacional pela (van)glória de mandar e por governos autocráticos e paternalistas. Nossa história registra o saudosismo patriarcal e o retorno de sentimentos autoritários. Nas recentes manifestações de rua e com a crise político-judiciária brasileira, ficamos absurdamente assustados com o louvor ao militarismo e com o desejo de alguns brasileiros (e não são poucos) pelo retorno da austeridade militar, pela defesa da violência policial, da censura, da exceção, etc. Eis os efeitos afetivos e políticos de nosso passado escravista e senhorial; a presença fantasmagórica do pai autoritário na formação do Brasil; e a porta aberta para o gozo sem limites: aos amigos tudo, aos inimigos a lei; às favas com os escrúpulos de consciência...

O real da paternidade consiste no reconhecimento de que o pai não é onividente, que ele não sabe e não pode tudo; que o luto do pai idealizado é necessário para que os filhos reconheçam a lei; para que renunciem a (van)glória de mandar; para que abandonem a fantasia de completude paterna: a missão salvífica judaico-cristã.

O texto mito-poético bíblico versa no Novo Testamento, em São Lucas, capítulo 15, versos 11 a 32, sobre a Parábola do Filho Pródigo. Nela, o filho mais novo exige do pai a sua parte da herança, e partindo para terras distantes desperdiça "a sua fazenda, vivendo dissolutamente".

E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.

E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.

E desejava encher o estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.

E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai teem abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;

Já não sou digno de ser chamado teu filho; faz-me como um dos teus jornaleiros.

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

Muito embora a famosa parábola tenha em seu enredo a marca de um filho que rompe com o pai, toma o curso de seu desejo e descobre as implicações de levá-lo às últimas consequências, o que torna essa alegoria significativa é que ela não foi pensada para se discutir a condição de filho, mas a condição de pai. Pathos atravessa o romance familiar bíblico no qual o conflito edipiano está posto. O conflito entre pai e filho - conflito originário, segundo ajuíza Schorske (1988), sobre a inovação teórica de Freud no campo da política - não impede o reconhecimento da imagem paterna como representação da lei. Ao fim da parábola, o filho desobediente aprende que o "mais além do pai" (Lacan) só pode ser conquistado pelo reconhecimento do lugar que esse Nome representa: a lei que interdita e que pune também nos dá a possibilidade de superação e de amadurecimento, também pode cuidar, proteger e instaurar a justiça. Somente o reconhecimento da lei nos fará renunciar ao gozo sem limites do qual nos adverte Cerqueira Filho (1993).

Isto posto, consideramos que o grande desafio contemporâneo não consiste em ser reconhecido pelo pai, mas em reconhecê-lo. Reconhecer a lei e exigir que a responsabilidade parental do Estado seja observada. Esse reconhecimento incidirá diretamente na estrutura psíquica, ideológica e política dos filhos do Brasil: seremos, de fato, filhos da Lei.

 

5 Considerações finais

Entre as palavras que surgiram ao longo deste trabalho, uma em especial - que está subsumida na narrativa freyriana, pois foi vencida por sua ideologia da conciliação dos antagonismos - chamou nossa atenção. Trata-se do termo "estupro", que utilizamos para acentuar a relação desigual e violenta entre o Senhor branco e a Escrava negra. O significante "estupro" condensa muito do que nossa história recalcou.

As "Índias Ocidentais" foram aviltadas pelo invasor branco, europeu, colonizador, cristão. Americanos e Africanos foram escravizados: homens dilacerados, mulheres violentadas, curumins catequizados, a cultura dizimada. O Brasil nascera dessa condição de aviltamento. Somos filhos dessa violência. Somos órfãos... Nosso primeiro pai consolidou-se como imagem paterna ausente e despótica. A idealização do autoritarismo senhorial tornou-se a matriz de nossa formação e os efeitos políticos deletérios desse sentimento transformaram-se em permanências, revivificações e retornos inconscientes no imaginário social brasileiro: chamamos esses sentimentos e práticas políticas de orfandade, de ignorância simbólica da lei, de favor, de gozo sem limites.

É tempo de o Brasil (re)conhecer seus sintomas e processos históricos inconscientes; de realizar sua psicanálise histórico-sociológica; de apostar na felicidade de seus filhos, apesar do trauma, da dor e do sintoma inerentes à condição humana, demasiadamente humana, subjetiva e social...

 

Referências

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1 Afirmação do Prof. Dr. Gisálio Cerqueira Filho em resposta ao e-mail que lhe enviamos no dia 29 de janeiro de 2015, comentando a fascinante coincidência de Chesterton também ser Gilberto: Gilbert Chesterton.
2 Trecho da canção Como nossos pais, de Antônio Carlos Gomes Belchior, lançada no álbum Alucinação, de 1976, e consagrada pela interpretação de Elis Regina.
3 JORGE, 2010, p. 240.
4 Maria Magdalena Guedes Pereira tinha 19 anos quando se casou com Gilberto de Mello Freyre, que já estava com 41 anos.

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