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Analytica: Revista de Psicanálise

On-line version ISSN 2316-5197

Analytica vol.7 no.12 São João del Rei Jan./June 2018

 

ARTIGOS

 

Passagem ao ato e acting out: função e sentido da distinção

 

Passage to act and acting out: function and sense of distinction

 

Passage à l'acte et acting out: fonction et sens de la distinction

 

Pasaje al acto y acting out: función y sentido de la distinción

 

 

Fernando Roberto RuthesI; Rosane Zétola LustozaII

IMestrando em Psicologia Clínica (UFPR), Bolsista CAPS
IIDoutora em Teoria Psicanalítica pela UFRJ. Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná)

 

 


RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar alguns elementos a respeito dos atos na psicanálise, atos falhos, acting out, passagem ao ato, e discutir a possível confusão envolvendo os conceitos de acting out e passagem ao ato, confusão induzida, em parte, pela amplitude do conceito freudiano de agieren. Lacan avança em relação à delimitação do conceito agieren, traduzido como acting out, e a diferenciação do conceito de passagem ao ato. Sendo o acting out referenciado à mostração, uma demanda do sujeito ao Outro e a passagem ao ato uma busca da separação do sujeito, o rompimento com o Outro. Essa delimitação lacaniana permite verificar o caráter transformador que o ato tem, presente no acting out, na passagem ao ato e também no ato falho.

Palavras-chaves: Agieren. Acting Out. Kakon. Passagem ao ato.


ABSTRACT

The present article aims to present some elements about the acts in psychoanalysis, Freudian slips, acting out, passage to the act, and to discuss the possible confusion involving the concepts of acting out and passage to the act, confusion induced in part by the amplitude of the concept Freudian of agieren. Lacan advances in relation to the delimitation of the concept agieren translated as acting out and the differentiation of the concept of passage to the act. Being the acting out referenced the demonstration, a demand of the subject to the Other and the passage to the act a search of the separation of the subject, the break with the Other. This Lacanian delimitation allows us to verify the transforming character that the act has, present in the acting out, in the passage to the act and also in the Freudian slips.

Keywords: Agieren. Acting Out. Kakon. Passage to the Act.


RÉSUMÉ

Cet article vise à présenter certains éléments concernant les actes de la psychanalyse, le passage à l'acte, discuter de la possible confusion entre les concepts d'acting out et passage à l'acte, la confusion induite en partie par l'étendue du concept freudien d'agieren. Lacan avance par rapport à la délimitation du concept agieren traduit par Yacting out et la différenciation du concept de passage à l'acte. Être l'acting out a référé à la démonstration, une demande du sujet à l'Autre et le passage à l'acte une recherche de la séparation du sujet, la rupture avec l'Autre. Cette délimitation lacanienne permet de vérifier le caractère transformateur que l'acte possède, présent dans l'acting out, dans le passage à l'acte et aussi dans l'acte manqué.

Mots clés: Agieren. Acting Out. Kakon. Passage à l'acte


RESUMEN

El presente artículo tiene como objetivo presentar algunos elementos acerca de los actos en la psicoanalisis, actos fallidos, acting out, pasaje al acto, y discutir la posible confusión envolviendo los conceptos de acting out y pasaje al acto, confusión inducida en parte por la amplitud del concepto freudiano de agieren. Lacan avanza en relación a la delimitación del concepto agieren traducido como acting out y la diferenciación del concepto de pasaje al acto. Siendo el acting out referenciado la muestra, una demanda del sujeto al Otro y el pasaje al acto una búsqueda de la separación del sujeto, el rompimiento con el Otro. Esta delimitación lacaniana permite verificar el carácter transformador que el acto posee, presente en el acting out, en el paso al acto y también en el acto fallido.

Palabras clave: Agieren. Acting Out. Kakon. Pasaje al acto.


 

 

Introdução

A relação íntima entre ato e fala se faz presente em vários momentos da teoria psicanalítica, como nos momentos em que Freud trata dos atos falhos, os quais podem ser considerados como a primeira referência acerca dos atos. Em sua retomada dos textos freudianos, Lacan (1967-68) destaca que "o ato é, por sua própria dimensão, um dizer. Um ato diz algo" (p. 93). Isso nos convoca a extrair o que se diz em cada ato e quais as diferentes formas pelas quais esse dizer se exprime.

A Psicanálise conceituou diversos tipos de ato: além dos já mencionados atos falhos, temos também o acting out e a passagem ao ato e, por fim, o ato analítico. Neste artigo, serão tematizadas as diferenças entre dois tipos específicos de ato: acting out e passagem ao ato. A razão dessa escolha é a possível confusão entre os dois conceitos, um equívoco que foi em parte induzido pelo texto freudiano, conforme será demonstrado.

A distinção entre passagem ao ato e acting out é feita mais claramente por Lacan (196263/2005). O conteúdo relativo a esses conceitos teria sido absorvido por um único termo na obra freudiana, agieren (Freud, 1905/2016). Na versão das Obras Completas de S. Freud para a língua inglesa, agieren foi traduzido por Strachey como acting out. O termo acabou se tornando então muito amplo, abarcando uma lista heteróclita de atos, cujas funções na economia psíquica podem ser entretanto bastante distintas entre si.

A amplitude do uso do termo atuação, ou acting out, pode ser encontrada nas descrições realizadas por alguns autores. Podemos citar aqui como exemplo Etchegoyen (2004), que traz a atuação como relacionada ao movimento de expulsão, como uma forma de descarga, alívio de tensão. Seguindo a mesma lógica, Laplanche e Pontalis (2001) afirmam que o termo designa uma ruptura de caráter impulsivo, que toma muitas vezes um caráter auto ou heteroagressivo. Por meio dos apontamentos trazidos pelos autores, é possível perceber a proximidade da conceituação do acting out com a passagem ao ato.

Autores como Dale Boesky (1998), em seu texto Acting Out: A Reconsideration of the Concept, informa que o termo acting out tem sido usado para descrever uma variedade grande de comportamentos, que vão desde atos criminosos, agressivos, delinquentes, uso de drogas, bem como relacionado às neuroses severas e perversões sexuais. Conforme o autor, o termo apresenta um caráter conceitual inexato, ocasionado pela falta de especificação do significado do conceito.

O histórico de equivocidade do termo freudiano agieren por si só justifica o trabalho de isolar o sentido e a função dos diferentes tipos de ato que se encontram aí misturados. Este artigo busca estabelecer a diferença entre acting out e passagem ao ato, assinalando também a importância clínica desse diagnóstico diferencial.

 

O acting out

O termo agieren é apresentado pela primeira vez por Freud (1905/2016) ao tratar do caso Dora, apresentado no texto Fragmento de análise de um caso de histeria. Freud concebe o encerramento precoce do tratamento pela paciente como uma forma deslocada de vingança, na qual ela revidara o abandono que sofrera por parte do Sr. K: "ela se vingou de mim como quis se vingar dele e me abandonou, tal como acreditou haver sido enganada e abandonada por ele. Assim ela atuou uma parte essencial de suas lembranças" (Freud, 1905/2016, p. 316). Nesse momento, Freud afirma que Dora atuou uma parte essencial de suas lembranças e fantasias, em vez de reproduzi-las no tratamento sob forma de lembrança verbalizada. Ele chega a supor que o desfecho teria sido diferente caso tivesse advertido Dora a respeito: "Agora você fez uma transferência do sr. K. para mim" (p. 315). Percebe-se que já aqui Freud intuía uma relação especial entre o ato e uma interpretação que não foi pronunciada.

Freud (1914/1996) retorna ao tema do agieren formulando-o como uma tendência a repetir em ato uma situação do passado que foi recalcada. Trata-se de uma forma sui generis de recordação, na qual a memória retorna pela via de um impulso motor, e não pela via da palavra. O paciente repete o passado como se fosse atual, sem saber que está repetindo. O retorno do passado se dá na esfera da transferência, envolvendo de certo modo o analista. "Nesta definição, o acting out quase se identifica com a transferência, uma vez que a neurose de transferência, cujo estabelecimento é considerado como uma precondição para o trabalho analítico, caracteriza-se exatamente pelo repetir" (Rudge, 2008, p. 72).

Dizer que o acting out ocorre na esfera da neurose de transferência significa situá-lo como endereçado ao analista, como sendo um processo que é produzido como artefato do dispositivo analítico. Conforme destacam Lins e Rudge (2012), "o acting out não é pura expressão da repetição, ele também possui o valor de um endereçamento. Trata-se de uma mensagem dramatizada para o outro" (p. 47).

Porém, em Esboço de Psicanálise, Freud (1938/1996) parece caracterizar o acting out como existindo fora da transferência: "achamos muito indesejável que o paciente atue fora da transferência, em vez de recordar" (Freud, 1938/1996, p. 114). Tal proposição dá margem a uma ambiguidade. Qual o sentido exato desse fora da transferência? Seria um processo que se desenrola fora do alcance da palavra do analista e, portanto, em oposição à autoridade transferencial? Ou seria algo que pode se desenvolver fora do consultório do analista, mas que funcionaria ainda assim em conexão com o que acontece no tratamento; estando portanto na jurisdição da análise?

A resposta lacaniana é a de que o acting está articulado à transferência. O acting out, nos lembra Lacan (1962-1963/2005, p. 140), "é o começo da transferência", é a transferência selvagem. Isso indica que no acting out há o endereçamento ao lugar da transferência, há uma mensagem que se diz ao Outro, porém não há uma resposta que possa devolver ao sujeito o sentido inconsciente dessa mensagem. Por isso se trata de transferência selvagem, ou seja, transferência sem a interpretação do analista.

Lembremos que o fenômeno da transferência pode existir na nossa vida quotidiana independentemente da psicanálise, uma vez que a suposição de saber pode se dirigir a outros alvos, tais como médicos, professores, etc. Para que haja transferência, não é então necessária a análise; entretanto a transferência sem análise é o acting out; este sem análise é a transferência selvagem (Lacan 1962-1963/2005). O ponto crucial aqui é situar o acting out como apelo feito a um Outro que tem autoridade transferencial sobre o sujeito.

O fato de o acting out representar um endereçamento ao Outro poderá ser melhor constatado no caso da jovem homossexual (Freud, 1920/2011). A paciente em questão é a jovem Sidonie Csillag, nome fictício (adotado em sua biografia) de Margarethe Csonka-Trautenegg. Trata-se de uma bela e inteligente garota com idade de dezoito anos, que pertencia a uma família burguesa de origem judia, de elevada posição social. A jovem iniciara um relacionamento com uma mulher de 34 anos, a qual era tratada com desdém pela maioria, uma vez que era considerada uma dama de má reputação. A referida dama se relacionará com homens e mulheres, situação que não perturbava Margarethe, a qual, mesmo diante das proibições da família, continuava a visitar a dama. Segundo Freud, os pais não sabiam até que ponto o relacionamento entre as duas chegara, se já havia ultrapassado o que ele chamou de entusiasmo carinhoso. Durante esse período, os pais percebem a ausência do interesse da jovem por homens.

Em uma tarde, a jovem passeava em companhia da dama, em local próximo ao trabalho de seu pai, fato que acaba ocasionando o encontro dos três. No momento do encontro, o pai passa por elas e lança à filha um olhar furioso. A dama, ao perceber tal situação, manifesta seu desagrado com aquela exposição indevida e não concorda com a continuidade do relacionamento. Diante de tal cenário, a jovem sai correndo e se joga sobre a mureta do trem. Tal ação, por sua vez, lhe ocasionou alguns ferimentos, e após o ocorrido os pais da jovem buscam Freud para que a atenda.

Tal caso é utilizado por Freud para ilustrar o mecanismo do acting out, considerando aqui principalmente a ação da jovem de mostrar-se ao pai. Lacan (1962-63/2005) retoma o caso e faz uma importante distinção, separando dois momentos. A atitude da jovem de cometer suicídio seria uma passagem ao ato; porém o fato de a jovem aventurar-se com uma dama de atitude duvidosa, fazendo assim questão de se mostrar ao pai, seria um acting out.

A escolha amorosa é tratada por Freud (1920/2011) como um protesto da jovem lançado contra o pai, corroborado pela escolha das mulheres com quem se relacionava: "nunca eram mulheres com fama de homossexuais, que lhe oferecessem a perspectiva de uma satisfação desse tipo; ela antes cortejava, ilogicamente, mulheres cocotas no sentido comum da palavra" (p. 118). A sua escolha por mulheres cuja fama não era de homossexuais era tal que inclusive recusara algumas investidas que recebera de uma amiga homossexual, de mesma idade que a jovem.

A jovem apresentava uma condição necessária de amor, na qual a dama deveria ter má reputação. Ao descobrir que a dama tinha tal designação (de cocota ou mal-afamada), vivendo simplesmente de entregar o próprio corpo, a jovem reagiu com enorme compaixão, desenvolvendo fantasias e planos de salvar a amada de tal situação. Tal atitude sugere uma posição masculina, como aponta Calligaris (2005) a respeito do desejo de um homem que se apaixona por prostitutas e planeja redimi-las.

Pinho (2002) destaca como a jovem apresenta humildade e supervalorização do objeto sexual, característicos do papel masculino, associados à renúncia a toda satisfação narcísica e à preferência em ser amante e não amada. Durante sua análise, Margarethe apresenta a conduta de um cavalheiro que sacrifica-se em detrimento da amada.

Ao passear ostensivamente com a dama, a jovem assumira uma ação direcionada ao pai. Tal ato é referenciado por Freud (1920/2011) a um momento anterior na vida da jovem, em que esta pretendera ter um filho do pai. O desejo fálico se expressa sob a forma do desejo inconsciente de receber do pai um filho. Porém o pai acabará tendo um novo bebê com a rival da jovem, sua mãe; fato que fará a jovem, decepcionada, virar as costas para o pai e para todos os homens, repudiando o desejo de ter um filho e também qualquer papel feminino.

A mostração em jogo nesse acting envolve uma censura a esse pai por não saber amar ou por amar tão mal, ao passo que ela, a filha, pode ensiná-lo como é possível amar um ser em falta (a dama repudiada pela sociedade). O acting out se endereça ao Outro por via da mostração, "algo é mostrado, fora de qualquer possibilidade de rememoração e fora de qualquer levantamento de um recalque" (Pinho, 2002, p. 16). No caso da jovem homossexual, o ato foi endereçado ao Outro, representado pelo pai. O desejo de ter um filho do pai, enquanto falo, é revelado por meio do acting out (Pinho, 2002).

Em outro caso, a mostração, o endereçamento ao Outro também se faz presente, trata-se do caso de um paciente que foi atendido por Ernst Kris (um dos expoentes da Psicologia do Ego). Posteriormente, Lacan retorna ao caso em textos como Introdução ao comentário de Jean Hyppolite sobre a "Verneinung" de Freud (1954/1998), Seminário O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1954-55/1995) e no seminário A Angústia (1962-63/2005).

Em seu texto publicado Psicología del yo e interpretación en la terapia psicoanalítica, Ernst Kris (1951/1988) apresenta o caso de um homem de aproximadamente trinta anos, um intelectual, que ocupa uma posição universitária elevada e que almeja crescer na carreira, conseguindo uma posição maior. Tal ascensão profissional seria possível mediante a publicação das investigações realizadas por ele; mas será justamente uma inibição profissional que o impede de tornar públicas suas ideias, o motivo que o levou a retornar à análise.

O paciente havia feito um primeiro tratamento com a psicanalista Melitta Schmideberg, filha de Melanie Klein. Segundo Kris, na sua primeira análise, o paciente havia aprendido como o medo e a culpabilidade o haviam impedido de ser produtivo. Ao descrever o caso, ele cita que a primeira análise possibilitou ao seu paciente identificar em que consistia sua necessidade incessante de roubar, a qual havia se manifestado desde cedo, sob forma do roubo de guloseimas ou livros.

Na segunda análise, a questão do roubo vem novamente à tona sob forma de uma inibição no trabalho que o impedia de avançar na carreira. É que quando o paciente finalmente resolvera-se a publicar um texto seu, encontrou um livro que supostamente corresponderia ao essencial da sua tese, o que lhe faz questionar se seria um plagiador. Teria ele roubado as ideias de um jovem e brilhante colega de trabalho?

O trabalho desenvolvido por Kris no tratamento de seu paciente visou inicialmente à exploração do fato do plágio. Ele solicita ao paciente que relate minuciosamente o texto que teme plagiar, buscando a veracidade do fato. Chega então à conclusão de que o paciente não havia cometido plágio, e sim o tal colega. Tal atitude é alvo de críticas feitas por Lacan, o qual destaca que "não é o fato de seu paciente não roubar que importa" (Lacan, 1958/1998, p. 606). A questão não é a busca da verdade do fato, mas sim a da verdade do sujeito; o importante "é que ele rouba nada. E era isso que teria sido preciso fazê-lo ouvir" (p. 606). Kris não teria percebido o que está por trás do conteúdo apresentado pelo paciente, uma vez que ele insiste que o paciente não rouba. Ao pontuar que o paciente rouba nada, Lacan destaca a enunciação desse sujeito, que é fantasmaticamente um verdadeiro ladrão, ainda que não o fosse em termos factuais.

O fator determinante para a inibição do paciente repousaria, segundo Kris (1951), em uma identificação com o pai. Contrariamente a seu avô, que era um homem inteligente e culto, o pai de seu paciente havia fracassado na tarefa de reconhecimento em sua área. Apesar de reconhecer o malogro do pai, o paciente desejara ter um pai idealizado, um pai à altura das circunstâncias (um grand pére = grande pai = avô em francês); por isso inconscientemente se interditava entrar em competição com esse pai fracassado.

Kris demarca o conflito edípico de seu paciente, o qual apareceu por meio de um sonho, apresentado sob a forma de uma batalha na qual os livros eram armas, e os livros derrotados eram tragados. Tal momento possibilita ao paciente o relato da situação na qual, por volta dos 4 a 5 anos, ele foi pescar com seu pai, momento em que ambos faziam um jogo de comparações, competindo por quem conseguiria o maior peixe. Portanto, nessa cena mais antiga, aparece claramente o impulso de competição com o pai.

Os desdobramentos do tratamento fluem até o momento em que Kris destaca a inclinação de seu paciente a roubar, a qual havia tomado toda espécie de giros e aparecera disfarçada durante a fase de latência e adolescência. O paciente escapará desses impulsos censuráveis pela via de uma inibição profissional. Kris afirmará então ao paciente que, por essa razão, somente as ideias dos outros são interessantes.

Após a intervenção, o paciente fica em silêncio e relata o momento no qual ao meio dia, após sair da sessão, ele vai a uma rua onde há vários restaurantes e lá mesmo come seu prato favorito, miolos frescos.

Ao estudar o caso, Lacan (1953-54/1996, p. 75) afirmará que "incontestavelmente, a interpretação é válida", contudo "é importante ver através de que o sujeito reage a ela", ou seja, de que modo ele receberá a interpretação. O resultado será o relato do paciente a respeito das comparações, conforme destacado acima, seguido de silêncio e posteriormente o anúncio de que gostava de comer miolos frescos.

Todo o problema aqui é que a interpretação do analista, apesar de válida, porta a pretensão de dizer toda a verdade do sujeito, que é deixado assim sem ponto de opacidade. É no registro de uma pesquisa exaustiva que ela se situa: descarta-se primeiro a veracidade factual, depois busca-se o nexo com a história do sujeito, tudo isso de uma forma que não dá lugar à lacuna, a algo não dito.

Ao comer miolos frescos após o fim das sessões, o sujeito busca retificar a interpretação realizada pelo analista, a ação é direcionada ao analista. O acting out é direcionado ao Outro, contudo, na medida em que o analista ocupa esse lugar, do Outro, o acting out é direcionado a ele, (Lacan 1962-63/2005). A ação do paciente de Kris possibilita pensar que o acting out denuncia algo da ordem do desejo.

Ao considerar o acting out como da ordem do desejo, é importante destacar que "o desejo é aquilo que se manifesta no intervalo cavado pela demanda, na medida em que o sujeito, articulando a cadeia significante, traz à luz a falta-a-ser como o apelo de receber seu complemento do Outro" (Lacan, 1958/1998, p. 633). O movimento pode ser pensado no sentido do objeto se presentificar em direção ao Outro, como uma atuação simbólica, que porta uma mensagem cifrada. O sujeito por sua vez ocupa esse lugar de objeto endereçado ao Outro. Miller (2014) complementa a proposição lacaniana, acentuando que no caso do acting out o sujeito se põe a agir diante do Outro, é preciso o Outro, o espectador.

A relação, ou interação do sujeito com o Outro, possibilita o surgimento de um resto, esse resto é o objeto a. No acting out, o sujeito faz o movimento de apresentar o objeto a, mostrar esse resto, sua queda, é o que sobra nessa história do sujeito com o Outro (Lacan, 1962-63/2005). Tal resto sinaliza que, apesar do empenho do analista em mostrar a verdade, a questão que o paciente apresenta não é tocada, restam os miolos frescos, os quais são demonstrados no fim da sessão (Lacan, 1962-63/2005). Resta isso que é da ordem do desejo, e que então é atuado no laço com o analista.

 

A passagem ao ato

O termo passagem ao ato tem sua origem na psiquiatria clássica, tendo sido introduzido pela criminologia no século XIX. Naquele momento, predominavam o desinteresse e o desconhecimento em relação aos aspectos que motivavam o indivíduo psicótico a praticar atos agressivos, até que o psiquiatra francês Paul Guiraud (Dutra, 2000) questiona as concepções existentes, defendendo que haveria uma motivação para tais atos. O clínico francês defendia que, "apesar destes crimes ditos imotivados acontecerem sem a intervenção de uma impulsão ou mesmo de uma ideia delirante, eles devem ser pesquisados com relação à sua motivação" (Dutra, 2000, p. 51). Baseado em tal prerrogativa, Guiraud apresenta o conceito de kakon, expressão já empregada anteriormente por Monakow e Mourgue e que simbolizaria o mal. Dutra (2000) destaca que o termo kakon refere-se ao mal-estar que invade o sujeito. Tendlaz e Garcia (2013) referem-se ao kakon como o conceito de mal interior, que traduz um sentimento desagradável, um sentimento penoso, de estranheza interior, de inquietude, que invade o sujeito fazendo-o querer se livrar dele.

Assim como Tendlaz e Garcia (2013), Santiago (2001) remete a palavra kakon ao significado de mal, para tal, ele recorre à etiologia da palavra que remete à raiz grega. Os psiquiatras Guiraud e Cailleux utilizaram tal terminologia como referência aos crimes que caracterizam-se por reação violenta, ou dispêndio de energia do organismo com a intenção de matar a enfermidade, sanar o mal. Lacan (1948/1998) retoma o termo kakon, tomado aqui como algo obscuro, que produz as reações agressivas presentes na psicose.

Assim se coloca em série, de maneira contínua, a reação agressiva, desde a explosão tão brutal quanto imotivada do ato, passando por toda a gama das formas de beligerância, até a guerra fria das demonstrações interpretativas, paralelamente às imputações de nocividade que, sem falar do kakon obscuro a que o paranoide refere sua discordância de qualquer contato vital, vão-se escalonando, desde a motivação do veneno, retirada do registro de um organicismo muito primitivo, até a motivação mágica do malefício, telepática, da influência, lesiva, da intrusão física, abusiva, do desvio da intenção, espoliadora, do roubo do segredo, profanatória, da violação da intimidade, jurídica, do preconceito, persecutória, da espionagem e da intimidação, prestigiosa, da difamação e do ataque à honra, reivindicatória, do prejuízo e da exploração. (p. 113)

No texto Formulações sobre a causalidade Psíquica, Lacan (1946/1998) retorna ao tema citando o artigo Les Meurtres immotivés de Paul Guiraud (1931). Guiraud faz questão de destacar que é o seu próprio kakon que o sujeito alienado procura atingir no objeto que ele fere, "por um ato de violência [...] estava tentando suprimir o kakon" (Guiraud, 1931, p. 28, tradução nossa). Tal conceito se aproxima dos delírios de autopunição, nos quais o sujeito golpeia no outro o kakon que está no próprio sujeito, como é possível verificar no caso Aimée.

Em sua tese de doutorado, Lacan (1975/1987) apresenta o caso Aimée, nome que foi dado por ele. A obra relata o episódio em que Aimée ataca a jovem atriz Huguette Duflos: num dia em que esta chega ao teatro para se apresentar, Aimée pede-lhe para confirmar seu nome; diante da resposta positiva da atriz, Aimée a ataca com uma faca. Na delegacia, ao ser interrogada, Aimée relata que, há muitos anos, a atriz zomba dela, fazendo escândalos e ameaçando-a. Aimée foi conduzida à prisão e posteriormente ao hospital Sainte Anne, onde foi atendida pelo médico-legal Dr. Truelle, que concluiu que ela sofria de delírio sistematizado de perseguição (Lacan, 1975/1987).

Ao estudar o caso, Lacan destaca o ato de Aimée ao golpear a atriz, interpretado como um movimento que visava golpear o ser mais íntimo da própria Aimée, uma vez que o inimigo exterior que ela golpeia representa a si mesma. Nesse ponto, Lacan destaca a relação existente com a identificação. Para Lacan (1961-62), a identificação não é uma unificação. Conforme Roudinesco e Plon (1998), na identificação "não se trata tampouco de uma imitação, trata-se de uma apropriação por causa da etiologia idêntica, esta exprime exatamente um como se" (p. 364).

O golpe de Aimée na atriz possibilita a percepção da relação do kakon com a identificação. Ela golpeia a atriz a quem odiava, pois ela representa o seu ideal de ser uma mulher conhecida. Lacan (1975/1987) descreve outra situação que corrobora com tal afirmação, trata-se das constantes investidas de Aimée para a publicação de seus manuscritos, os quais são recusados, o que leva a agir com violência contra a funcionária da editora que lhe dá a notícia. Vale demarcar que, da mesma forma como ocorreu com a atriz, Aimée apresenta queixas delirantes contra uma célebre escritora. Chemama (2002) afirma que a identificação pode ser pensada como uma assimilação de um Eu estranho, em que o sujeito se comporta como o outro sob determinados pontos de vista. Esse Eu estranho é acolhido pelo sujeito, o qual o faz sem se dar conta disso. Dito de outra forma, Aimée assimila o Eu estranho, e se comporta como o outro (busca publicar seus manuscritos), buscando realizar, por meio do ataque à atriz, o ataque a esse Eu estranho que foi acolhido nela, fazendo-o sem saber disso. Esse Eu estranho assimilado por Aimée podemos chamar de kakon. Dessa forma, ela visa matar o seu kakon, o seu inimigo interior, o seu gozo invasor. Contudo, é importante destacar que essa relação entre kakon e a identificação, anunciada por Lacan, não as tornam equivalentes, ou seja, kakon não é sinônimo de identificação.

Por meio do ato agressivo de Aimée, com especial destaque ao seu quadro delirante, Lacan começa a tratar da aproximação do kakon com a passagem ao ato. A relação existente entre passagem ao ato e o kakon pode ser pensada no sentido de que a passagem ao ato viria para acabar com o kakon, ou seja, os atos dos sujeitos viriam como defesa diante da dor e do embaraço, fatores proporcionados pelo kakon (Dutra, 2000). O inimigo interior de Aimée é puramente especular e permanece no registro imaginário, ao mesmo tempo em que intervêm tendências autopunitivas (Tendlarz, 1988).

Conforme acentua Pinheiro (2011), a utilização do termo kakon perde força na teoria lacaniana, o que possibilita questionar o motivo pelo qual Lacan o utiliza. Segundo Tendlarz (1988), Lacan necessitava nomear de alguma maneira o que estava, naquele momento, fora de sua teorização (que integrava o simbólico e o imaginário): tratava-se do real do gozo, da ordem do gozo insuportável (Pinheiro, 2011).

O kakon possibilita verificar que o ser do sujeito está identificado ao objeto a como o mais de gozar (Tendlarz, 1988). Dessa forma, o sujeito busca se libertar da identificação ao objeto a, realizada por meio da passagem ao ato. Ao ser confrontado radicalmente como objeto, reage de modo impulsivo, é tomado por uma angústia incontrolada e incontrolável, identificando-se com esse objeto, age no intuito de evadir-se, deixando-se cair. Isso acontece na medida em que para o sujeito tornou-se impossível qualquer simbolização (Lacan, 1962-63/2005). O sujeito busca agir para escapar da angústia, uma vez que "agir é arrancar da angústia sua certeza" (Lacan, 196263/2005, p. 88).

A angústia é um afeto que se funda na certeza, sua verdadeira substância é o que está fora da dúvida, é aquilo que não engana. A angústia, por sua vez, não é a dúvida, é a causa da dúvida, o que se trata de evitar é justamente o que se assemelha às certezas avassaladoras (Lacan, 1962-63/2005). Ela é o que testemunha o encontro com o real, com o que escapa ao jogo do significante. Lacan faz objeção a Freud ao afirmar que a angústia não é sem objeto, o objeto ao qual Lacan se refere é o objeto a, a angústia, por sua vez, é a via de acesso ao objeto a.

Retornando ao caso da jovem homossexual, por meio dele é possível verificar o que Lacan (1962-62/2005) destacou como sendo as duas condições essenciais da passagem ao ato. A primeira a identificação absoluta com o objeto a, quando a jovem encontra o pai. O momento do encontro da jovem com o olhar do pai é o que a reduz ao objeto a. Diante de tal situação, a jovem se atira para fora da cena, deixando-se cair.

Segundo Lacan (1962-63/2005), o correlativo da passagem ao ato seria esse deixar-se cair (niederkommen em alemão). Analisado por Freud em seu duplo significado "cair" e "dar à luz", o qual foi posteriormente questionado por Lacan, que considera não apenas esse caráter. "Não basta lembrar a analogia com o parto para esgotar o sentido dessa palavra" (p. 124), pois o "niederkommen é essencial para qualquer relacionamento súbito do sujeito com o que ele é como a." (p. 124). Com esse movimento realizado pelo sujeito é possível sair da posição de identificação ao objeto.

A segunda condição enunciada por Lacan (1962-63/2005) é o confronto do desejo com a lei, o confronto do desejo pelo pai com sua interdição. Essa condição está relacionada ao encontro da jovem, acompanhada da dama, com o pai, especificamente do olhar do pai para a jovem. A lei se faz presente no olhar, o que causa nela o sentimento de identificação definitiva ao objeto a, ao mesmo tempo, rejeitada, fora da cena (Lacan, 1962-63/2005). O olhar do pai assume esse papel de proibição do incesto, ele tem o caráter de corte na jovem, realizado pelo ato de deixar-se cair.

O momento do deixar-se-cair, o largar mão, laisser tomber, é destacado por Lacan (196263/2005) como o correlato essencial da passagem ao ato, que se refere ao objeto a "em sua conotação mais característica, uma vez que está ligada justamente à função de resto" (p. 129).

A análise da constituição do sujeito diante do Outro permitiu a Lacan introduzir a concepção de objeto a. Para tal concepção, ele partiu da definição de sujeito como determinado pelo significante, pelo traço unário. Essa é a marca primeira do sujeito, dito de outra maneira, o sujeito é marcado pelo traço unário do significante no campo do Outro, o lugar da determinação simbólica. Por meio do advento do traço unário, este opera o apagamento da Coisa, no sentido freudiano da frase: onde estava a Coisa, eu [Je] devo advir (Wo es war, da durch den Ein). Por meio da ação do Outro, o tesouro dos significantes, a Coisa (das ding) cai, e o Eu assume o seu lugar. Conforme aponta Rinaldi (2008), o traço apaga a coisa, contudo dela ainda permanecem rastros.

No seminário "A Angústia", ao tratar da relação do sujeito, ou da "emergência" do sujeito diante do aparecimento da dimensão do Outro, Lacan retoma a articulação entre imagem especular e significante, descrita no estádio do espelho, lembrando que o entrejogo imaginário e simbólico é intimamente relacionado, assim como a relação sujeito e pequeno outro. O estádio do espelho é representado na cena emblemática da criança, vindo captar-se na experiência inaugural de reconhecimento no espelho. Ela realiza o movimento de se assumir como totalidade, tal qual funciona em sua imagem especular, recorrendo àquele que a acompanha - o qual nesse momento representa o Outro - no intuito de receber seu assentimento, a ratificação do valor dessa imagem pelo Outro.

O estádio do espelho é o operador da organização dos pequenos a, resultando no momento da constituição do eu, mediante a identificação com a imagem do outro i(a). "Basta compreender o estádio do espelho como uma identificação, no sentido pleno que a análise atribui a esse termo, ou seja, é a transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem" (Lacan, 1949/1998, p. 97). No momento inicial, o sujeito está mergulhado em sua impotência e na dependência do outro; ao se constatar com sua imagem especular ele é tomado de júbilo, o que é tratado por Lacan (1949/1998) como a matriz simbólica em que o eu se precipita antes de se objetivar na dialética da identificação com o outro e antes da linguagem o restituir como sujeito.

Mediante o estádio do espelho, é possível demarcar esse primeiro momento da constituição do sujeito, momento caracterizado especialmente pela busca de ratificação que o sujeito emite ao Outro. Conforme assinalado anteriormente, é possível pensar que, desse momento, há algo que resta, algo que não é simbolizado, há o real. Se o que é visto no espelho é angustiante, é por não ser passível de ser proposto ao reconhecimento do Outro. Não houve o reconhecimento, a ratificação pelo Outro. Nesse momento o significante não impera, pois subsiste algo que não foi simbolizado, que, por sua vez, geraria angústia.

A angústia aparece no momento em que o sujeito se pergunta que imagem de si mesmo verá no espelho; a imagem que o sujeito corre o risco de ver nesse momento é a de algo que não foi nomeado, a imagem de um corpo que ele não pode reconhecer, o objeto a. Isso que faz irrupção, que torna impossível ao sujeito todo reconhecimento recíproco, é o que Lacan (196162) chama de angústia, recordando que isso que é da ordem do objeto a, insistindo em retornar.

Como forma de evitar, de se defender da angústia, a qual comporta a problemática da identificação do sujeito com o objeto a, o sujeito rompe com a cena mediante seu ato, o sujeito busca uma saída, um corte, desvencilhando-se da posição que ocupa, de identificação ao objeto a. Do lugar em que o sujeito se encontra ele se precipita e despenca para fora da cena.

No seminário "A Angústia", Lacan inclui o ato suicida como uma passagem ao ato, Miller (2014) complementa tal afirmativa destacando que a passagem ao ato bem-sucedida, a única que atinge seu objetivo, a que tem uma saída plena do sujeito da cena para o mundo, é o suicídio. O suicídio vem como um modelo de ato, pois rompe a relação do sujeito identificado ao objeto a. O ato suicida ilustra a disjunção total possível de operar entre o registro do organismo (do seu bem-estar, de sua homeostase) e a coisa que o habita, que o corrói, e nesse momento o destrói.

 

Considerações finais

Tanto na situação do acting out quanto na passagem ao ato é possível verificar o caráter transformador que o ato tem. É importante destacar que tal caráter não se faz presente apenas nessas duas modalidades de ato, mas também no ato falho.

O caráter transformador, no caso do ato falho, é da ordem da surpresa, de onde o sujeito é surpreendido pelo inconsciente que se faz presente, na fala, no corpo, emergindo o que causa no sujeito a estranheza, o susto. No acting out, é possível verificar a surpresa pela via da mostração, da cena que o sujeito realiza mediante o Outro e para o Outro, convocando o Outro. É uma demanda de simbolização, é o momento em que o sujeito, sem saber que o faz, clama pela interpretação do Outro. Na passagem ao ato, o sujeito visa separar-se do Outro, não havendo aqui uma demanda de simbolização ao Outro, mas um rompimento, uma busca de separação, há um não endereçamento ao Outro.

Os três tipos de ato comportam em si um movimento do sujeito do inconsciente perante o Outro, dessa forma podem ser pensados como o movimento do sujeito do inconsciente. O sujeito do inconsciente pensado como sujeito barrado, como falta-a-ser.

 

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