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Analytica: Revista de Psicanálise

versão On-line ISSN 2316-5197

Analytica vol.8 no.14 São João del Rei jan./jun. 2019

 

ARTIGOS

 

Individualismo contemporâneo e novos arranjos subjetivos na perspectiva da Psicanálise

 

Contemporary individualism and the new subjective arrangements in the Psychoanalysis perspective

 

Individualisme contemporain et les nouveaux arrengements subjectifs dans la perspective de la Psychanalise

 

Individualismo contemporáneo y nuevos arreglos subjetivos en la perspectiva del Psicoanálisis

 

 

Angela Bucciano do Rosário

Psicanalista. Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pesquisadora do grupo "Práticas de Saúde e Clínica Ampliada na Contemporaneidade"

 

 


RESUMO

O presente estudo busca a compreensão dos efeitos subjetivos das alterações sociais e culturais viabilizadas pelo individualismo contemporâneo, manifestas nas diversas formas de desrespeito entre as pessoas. A teoria psicanalítica é utilizada como eixo condutor no diálogo com autores da Filosofia e da Sociologia interessados pela questão da alteridade. A partir das ideias contidas nos conceitos de liberdade e autonomia, realiza-se um breve percurso do individualismo como afirmação do indivíduo como princípio e valor e infere-se que o correlato subjetivo ao individualismo atual é a estrutura psíquica do narcisismo que oculta o originário e irredutível desamparo. Os efeitos desse fenômeno se mostram na fragilidade dos laços sociais e no esvanecimento da dimensão alteritária. Por fim, busca-se uma intervenção que considere a importância da castração e o enlaçamento com o outro como alteridade.

Palavras-chave: Psicanálise. Individualismo. Narcisismo. Desamparo. Alteridade.


ABSTRACT

This study seeks understanding the subjective effects of social and cultural changes feasible by contemporary individualism, manifested in some ways of disrespect among people. The psychoanalytic theory is used as a driving axle in the dialogue with authors of philosophy and sociology, interested in the issue of alterity. From ideas contained in the concepts of freedom and autonomy, a short course of individualism is performed as affirmation of individual as principle and value and it's inferred that the subjective correlate to current individualism is the psychic structure of narcissism that hides the original and irreducible helplessness. The effects of this phenomenon are shown in the fragility of social ties and in the fading of the alterity dimension. Finally, it seeks an intervention that considers the importance of castration and the bonding to the other as alterity.

Keywords: Psychoanalysis. Individualism. Narcissism. Helplessness. Alterity.


RÉSUMÉ

La présente étude cherche à comprendre les effets subjetifs des changements sociaux et culturels rendus réalisables par l'individualisme comtemporain, manifesté dans les différentes formes de manque de respect chez les personnes. La théorie psychanalitique est
utilisée comme axe directeur dans le dialogue avec les auteurs de philosophie et de sociologie interesses par la question de l'altérité. D'après les idées contenues dans les concepts de liberté et d'autonomie, on effectue un bref cursus de l'individualisme comme affirmation de l'individu en tant que principe et valeur et on déduit que la corrélation subjective à l'individualisme actuel est la structure psychique du narcissisme qui dissimule les origines et délaissement irréductible. Les effects de ce phénomène se reflètent dans la fragilité des n
œuds sociaux et dans l'évanouissement de la dimension de l'altérité. Enfin, on recherche une intervention que considère l'importance de la castration et de l'enlacement avec l'autre comme une altérité.

Mots-clés: Psychanalise. Individualisme. Narcissisme. Délaissement. Altérité.


RESUMEN

La presente investigación busca la comprensión de los efectos subjetivos de las alteraciones sociales y culturales viabilizadas por el individualismo contemporáneo, manifiestas en las diversas formas de irrespeto entre las personas. La teoría psicoanalítica es utilizada como eje conductor en el diálogo con autores de la filosofía y sociología interesados en la cuestión de la alteridad. A partir de las ideas contenidas en los conceptos de libertad y autonomía, se realiza un breve recorrido del individualismo como afirmación del individuo como principio y valor, y se infiere que el correlato subjetivo al individualismo actual es la estructura psíquica del narcisismo que oculta el originario e irreductible desamparo. Los efectos de ese fenómeno se muestran en la fragilidad de los lazos sociales y en el desfallecimiento de la dimensión de la alteridad. Por fin, se busca una intervención que considere la importancia de la castración y el enlazamiento con el otro como alteridad.

Palabras clave: Psicoanálisis. Individualismo. Narcisismo. Desamparo. Alteridad.


 

 

Introdução

A sociedade contemporânea passa por um momento apreensivo. As alterações culturais, sociais, políticas e econômicas podem ser observadas tanto na esfera pública quanto no âmbito privado e marcam, de modo contundente, novos arranjos subjetivos. Dentre as consequências de tais alterações, destacam-se as relações narcísicas entre homens que culminam em modalidades de desrespeito.2

A proposta deste manuscrito é uma reflexão acerca do percurso de tais alterações iniciando com a abordagem da problemática do incremento do individualismo, que se revela nos valores de nossa sociedade, em especial nas noções de liberdade e de autonomia. Presentes como fundamento da Modernidade, tais valores, que foram forjados nos ideais iluministas, sofreram transformações nas sociedades democráticas da atualidade e se confluíram em formas de existências voltadas para si mesmo em detrimento de um interesse para o coletivo.

São diversos os autores3 que problematizam a sociedade ocidental moderna e a qualificam_como individualista. Em sociedades que o indivíduo tem o valor supremo, observa-se uma concepção igualitária entre os membros; na medida em que o indivíduo é o máximo valor, não se encontra submetido a ninguém, somente a ele mesmo. Assim, o principal caráter da Modernidade deriva da passagem insensível da substancialidade à subjetividade ou da exterioridade à interioridade (Mattéi, 2002). De maneira análoga, a morte do espaço público corresponde, de modo proporcional, ao avanço da cultura do narcisismo no interior da cultura social (Sennett, 2016).

O interesse deste estudo, portanto, centra-se nos efeitos subjetivos das alterações sociais, culturais, econômicas viabilizadas pelo individualismo contemporâneo, que se evidenciam na fragilidade dos laços sociais e no esvanecimento da dimensão alteritária, manifestos em diversas formas de desrespeito. Diante do individualismo atual, que culmina na formação de novos arranjos subjetivos, busca-se uma proposta de intervenção que considera a castração e o reconhecimento do outro em sua diferença.

Com efeito, o estudo de fenômenos tão complexos exige considerar uma abordagem interdisciplinar. Assim, além da teoria psicanalítica, que contribuirá com especial ênfase nos conceitos de desamparo e narcisismo, serão realizadas mediações com autores da Sociologia e da Filosofia interessados na questão da alteridade.

 

Autonomia e liberdade: a Modernidade e seus impasses

De cunhagem grega, o conceito de autonomia obteve diferentes significados ao longo da história. Renaut (1998) lembra que o termo autonomia, na Grécia Antiga, encontra-se associado ao de liberdade, para definir a condição de uma cidade não submissa à dominação externa. Esse autor estima que a problemática moderna da liberdade esteja contida no modelo grego, aplicada não somente em relação à cidade, mas também às pessoas.

A concepção moderna de autonomia ocorre com a ruptura na confiança da ordem do mundo. Ao abalar antigas certezas,4 surge como consequência o descentramento antropológico, religioso e epistemológico que conduziram o homem a voltar para si mesmo. Aquilo que advém do exterior é colocado em dúvida. O homem precisa de alguma certeza, e essa certeza passa a ser a de sua própria existência. É nesse contexto que ocorre a emergência da subjetividade, referência central para o conhecimento e a verdade. Trata-se do caráter principal da Modernidade, pelo qual ela se distingue radicalmente da Idade Média, que, segundo Mattéi (2002), provém da passagem da substancialidade à subjetividade ou da passagem da alma ao eu e, ao mesmo tempo, da passagem da exterioridade à interioridade (Mattéi, 2002).

Sennett (2012) aborda a autonomia como uma das faces da autoridade, que inclui também influência, disciplina e controle. Ela assume, na atualidade, formas simples e complexas que se apresentam respectivamente como posse de qualificações presentes na "sociedade das especializações" e nos atos de indiferença que sustentam a dominação. Essa última traz a perspectiva de força e destrutividade.

Embora para o autor a autonomia individual seja descrita como a capacidade que cada um tem para se singularizar como indivíduo, merecendo, assim, tratamento de igual para igual (Sennett, 2004), na atualidade, a figura da pessoa autônoma não se encontra na ideia de que ela está livre das outras, sua liberdade se restringe apenas a lidar com as outras pessoas em termos de reciprocidade (Sennett, 2012).

A autonomia, nessa perspectiva, aproxima-se mais da ideia de independência do que a de liberdade. Vale ressaltar que Renaut (1998) estabelece uma distinção entre os conceitos de autonomia e independência. O primeiro, ligado ao conceito kantiano, refere-se ao desenvolvimento da autoridade fundada na razão e na vontade. Nessa acepção, o sujeito toma para si a responsabilidade sobre si por meio da razão. Em contrapartida, a ideia de independência está associada a um indivíduo autossuficiente, que não depende (ou crê não depender) de ninguém. Desse modo, a independência implica precisar cada vez menos do outro. Assim, o individualismo moderno, com a afirmação do indivíduo como princípio e valor, permite a transformação das ideias contidas no conceito de autonomia, que passa a corresponder ao de independência.

Já o conceito de liberdade, presente em diversas filosofias desde a Antiguidade, acompanha a história da humanidade e tem trajetória que percorre as principais escolas e domínios da Filosofia e das Ciências Sociais (Mattos, 2011). A concepção moderna de liberdade diverge da concepção kantiana que se relaciona com o conceito de autonomia cunhado por esse filósofo. No contexto histórico do filósofo, a liberdade, sob influência do Iluminismo, é vinculada ao domínio da razão. Trata-se de uma liberdade como legislação própria e diz de um sujeito concreto cujo princípio é o de liberdade em sua autofundação, em sua autogestão.

Na atualidade, entretanto, a ideia de liberdade aproxima-se da corrente teórica do liberalismo. O liberalismo tem estreita aproximação com a democracia e surge como resposta às lutas contra o poder soberano exercido pela Igreja ou pelo Estado. É nesse espírito de necessidade de emancipação dos homens do poder despótico do rei que emerge o elogio de uma racionalidade encarnada no cidadão (Mattos, 2011).

Mattos (2011) assinala o primeiro momento do liberalismo, chamado político ou clássico, que tinha em seu cerne uma proposta revolucionária. Trata-se do combate da ideia de uma hierarquia natural da sociedade e que reclamava o direito à liberdade individual e à igualdade perante as leis. Na esfera política, representa a emancipação do cidadão a qualquer espécie de domínio, ou seja, a liberdade do cidadão em relação ao Estado. Exercer a liberdade individual implica estar submetido às leis a que também o governante se encontra submetido. É com a Revolução Industrial que os ideais liberais traçam seus contornos e ganham consistência pela economia capitalista.

Interessante notar a aproximação dos ideais do liberalismo com os princípios do individualismo. Em ambos o indivíduo é alçado a um valor supremo, há primazia da esfera privada e dos interesses individuais em detrimento do coletivo. Se em um ethos holista, em que a regulamentação do comportamento de cada um implica os interesses da coletividade, com o advento do individualismo essa configuração se modifica. Será a partir do trabalho e do aumento da produtividade que se criará as condições necessárias para o surgimento da desigualdade de bens e a condição de possibilidade do surgimento de um ethos individualista. Nesse contexto, é possível afirmar que o desenvolvimento gradual e ininterrupto do individualismo nas sociedades ocidentais culmina no surgimento do liberalismo em suas esferas econômicas e políticas.

Nesse aspecto, o filósofo britânico Terry Eagleton, partindo do conceito de felicidade, vastamente discutido na Filosofia Moral, considera que a aurora da modernidade foi o momento em que "começamos a dar-nos conta de que havia muitas versões conflitantes da boa vida" (Eagleton, 1998, p. 78). O desfecho político dessa condição é o liberalismo. Se existem muitas concepções diferentes do bem, o Estado deve acolher a todas. O Estado justo é neutro a qualquer concepção específica de uma vida boa e deve oferecer condições para que os indivíduos a descubram por conta própria. Nesse sentido, o liberalismo constitui uma espécie de individualismo, uma vez que "o que há de errado no desinteresse do Estado liberal não reside no fato de ele mascarar de modo especioso algum interesse, mas em cultuar explicitamente um: o interesse de suma importância da escolha individual" (Eagleton, 1998, p. 82).

Como visto, ainda que de modo sucinto, com o incremento do individualismo valores como os de liberdade e de autonomia ganham novas roupagens. Busca-se, com esse percurso, figurar as transformações da cultura e seus efeitos na subjetividade, amparadas em solo individualista, o qual viabiliza a manifestação de diversas formas de desrespeito entre homens. Nesse ponto cabe, ainda que de modo incipiente, uma apreensão da ideia de desrespeito.

Para Honneth (2003), a integridade do ser humano se deve a padrões de reconhecimento. Categorias morais de ofensa ou de rebaixamento se referem a formas de desrespeito ou a formas do reconhecimento recusado. O autor identifica três formas de reconhecimento (amor, direito e estima social) que, quando recusadas, correspondem à três formas de desrespeito. A primeira refere-se aos maus tratos corporais que destroem a confiança elementar de uma pessoa, tal como a violência. Uma segunda forma de desrespeito se encontra na experiência de rebaixamento, que afeta o autorrespeito moral, caracterizada pela violação de direitos. Finalmente, a ofensa ou degradação assume a terceira forma de desrespeito, que afeta a honra, a dignidade de uma pessoa. As formas de desrespeito abordadas por Honneth apontam para o bloqueio da dialética do reconhecimento e denunciam a impossibilidade de um encontro com o outro balizado por um reconhecimento recíproco. Ao não reconhecer o outro em sua diferença, as formas de desrespeito tornam-se uma possibilidade plausível.

Assim, do ponto de vista sociológico, as alterações sociais, culturais, econômicas ocasionadas pelo incremento do individualismo podem ser observadas na fragilidade dos laços sociais e no recrudescimento da intolerância do contato alteritário. Nesse cenário, com o pano de fundo do individualismo, a Psicanálise entrará em cena.

Herdeira do Iluminismo, a autonomia do sujeito também se inscreve como valor ético da Psicanálise. Entretanto, a descoberta do inconsciente colocará em perspectiva o valor da autonomia, tal como forjado nos ideais iluministas, e se revelará como paradoxo. Isso porque, com o descentramento do sujeito, condição de possibilidade para a descoberta do inconsciente, desfaz-se a ilusão de soberania do eu e da consciência como determinantes das ações dos indivíduos.

Embora anuncie o mal radical presente em todo e qualquer sujeito, a Psicanálise aponta para uma perspectiva daquilo que pode ser como potencial presente no sujeito, mediante trabalho psíquico.

 

A dissolução do poder patriarcal e seus arranjos subjetivos

A subversão da Psicanálise apoia-se na ideia do descentramento do eu em relação ao inconsciente que a ele se opõe, desfazendo a ilusão da soberania do eu e da consciência, marcas da Modernidade. Com a descoberta do inconsciente, é possível questionar as pretensões da modernidade, entendidas, a partir da ideia de autonomia, como domínio e controle de si mesmo e do mundo. Autonomia, nesse sentido, passa a ser apreendida não mais como atributo humano vinculado ao exercício da razão, mas relacionada à noção de responsabilidade. Com efeito, o sujeito, embora não domine suas pulsões e desejo inconscientes, ainda assim deverá responder pelos destinos de sua satisfação pulsional.

Segundo Birman (2006), a Psicanálise surge como produção do modernismo, entendido como consciência crítica da Modernidade. Trata-se, portanto, de um cenário cuja dissolução do poder patriarcal incidirá em uma configuração da subjetividade que não se apoia mais na figura potente do pai.

O percurso da obra freudiana perpassa a importância da relação do homem com o pai, na qual convergem (nesse ponto) questões sobre a moralidade, a religião, a sociedade e os sintomas. A formulação lacaniana do que é um pai especifica a problemática do pai na contemporaneidade a partir da noção de função paterna, que se diferencia das ideias de figura, papel ou imago do pai. Se na sociedade tradicional a imago do pai concentrava a função de repressão - juntamente com a de sublimação -, Lacan (1938/2003, p. 62) esclarece que "isso é obra de uma determinação social da família patriarcal." Assim, não se pode confundir função com imago do pai.

Vale lembrar que o pai, como representante da lei, interdita a mãe sob ameaça de castração, que se trata, com efeito, de um objeto imaginário. A castração é um ato simbólico, mas o agente dessa intervenção é real. Trata-se, portanto, de uma intervenção imaginária sobre um objeto real, a mãe. A interdição conduz à formação do ideal de eu, fundamental para o advento da identificação, para a saída do narcisismo primário e entrada no social com o incremento do narcisismo secundário. A função paterna é uma metáfora e não pode ser confundida com a figura do pai ou com sua presença concreta.

Nesse cenário, a peça trágica de Édipo pode ser considerada paradigmática na concepção psicanalítica da figura do pai como estruturante do psiquismo. Cabe, entretanto, uma distinção entre Freud e Lacan a respeito da apreensão do sentido trágico contido nesse

mito. Roudinesco5 esclarece que, na tragédia de Sófocles, Freud privilegiou Édipo rei, que chega "ao ápice da glória e sabedoria até se tornar vítima da própria impetuosidade e húbris" (Roudinesco, 2012, p. 55). Já Lacan deu preferência a Édipo em Colono e se interessou pelos últimos momentos de Édipo, "figura do velho despossuído de todo esplendor, moribundo e que amaldiçoa sua descendência" (pp. 55-56). Guardadas essas particularidades presentes nos dois momentos de Édipo, interessa a este estudo a incidência na subjetividade advinda da crise da figura do pai.

Se na tradição a imago do pai se identificava com sua função, nas configurações familiares da atualidade já não é explícita tal sobreposição. O pai moderno é efeito do declínio do modelo patriarcal que, bem como a queda dos reis e de Deus, não coincide com o aniquilamento das condições de intervenção da função paterna. Com efeito, tal alteração não passará ilesa para a subjetividade e determinará a produção de uma nova economia psíquica. Lacan (1938/2003, pp. 66-67) afirma que "um grande número de efeitos psicológicos parece-nos decorrer de um declínio social da imago paterna".

Do ponto de vista da Filosofia, é possível associar a ideia de crise ética aos debates sobre o declínio da imago paterna, exaustivamente discutida na Psicanálise contemporânea. Partindo da definição de Vazquez (2006) sobre ética como teoria da moral, sobre ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, infere-se que a ética surge da crise do ethos. Quando o ethos entra em crise, a ética surge como reflexão, já que na condição de ciência ela implica argumentação sobre os impasses referentes ao ethos. Nesse sentido, a ética corresponde a uma abordagem científica dos problemas morais inerentes à cultura.

Rocha (2001), em artigo que aborda o problema da violência e aquilo que denomina crise ética dos nossos dias, considera que tal crise situa-se entre as ilusões da Modernidade e

as desilusões da Pós-Modernidade.6 Compara a crise atual (dos valores éticos) com a crise ateniense da Modernidade grega (crise dos valores éticos criada pela "razão cínica" dos sofistas), que estabeleceu os fundamentos da ciência do ethos. Tal autor afirma que, quando não se dispõe de princípios universais para o agir ético, a Ética se fragmenta em éticas do interesse: relativismo ético que desloca o fundamento do agir ético para o próprio indivíduo, acarretando um princípio ético pautado pela força (ética do mais forte). Rocha acrescenta: "A ética entra em crise quando as particularidades do seu ethos não encontram mais uma sustentação teórica, ou uma justificação racional, na tradição que as legitima" (Rocha, 2001, p. 316).

Neste ponto cabe uma observação. Entende-se que a ética contém em si mesma uma solução de compromisso com a cultura, na medida em que ela surge para buscar uma solução razoável para os problemas morais, garantindo o Bom, o Justo e a manutenção da cultura. É possível, com efeito, conceber a Ética como antálgico para curar as feridas do Ethos; nesse estudo é possível asseverar que as formas de desrespeito são exemplos. Isso porque o homem tem como condição as dimensões cultural e simbólica; ele se abriga não só no ethos morada, mas também no simbólico, a partir do ethos costume (valores, interdições, proibições, representações). Dessa forma, é o ethos em sua dimensão simbólica que entra em crise e a ética é convocada para responder a essa crise. No entanto, para a finalidade deste trabalho, essa diferenciação filosófica ficará em segundo plano e a expressão genérica "crise ética" é utilizada para salientar a mudança no plano simbólico a partir da passagem para a Modernidade e suas consequências na subjetividade.

Segundo Birman (2006), o reconhecimento e o significado da morte de Deus, enunciados desde Nietzsche, implicaram a inscrição do homem no fundamento do mundo, desalojando a palavra sagrada da posição de fundamento da significação e do sentido. Conjectura-se que os efeitos psicológicos que advêm com tal alteração estejam presentes na ideia de desamparo. Se a crise ética abordada pela Filosofia se relaciona à falta de sentido como efeito da morte de Deus, ocorrida na passagem para a Modernidade, faz-se necessário mencionar, do ponto de vista do aparelho psíquico, os efeitos do desamparo do sujeito na atualidade.

 

Crise ética: desamparo e narcisismo

O desamparo está vinculado à relação com o outro e podemos encontrá-lo na obra freudiana desde seus primeiros escritos. Em Projeto para uma psicologia científica (1950[1895]/1996), Freud assevera que a experiência de satisfação (descarga) do organismo humano, inicialmente, necessita de ajuda alheia. Essa via de descarga adquire importante função secundária de comunicação "e o desamparo inicial dos seres humanos é a fonte primordial de todos os motivos morais" (Freud, 1950 [1895^1996, p. 370).

A importância da alteridade é condição de possibilidade de constituição subjetiva, já que o psiquismo está fadado a se constituir e a existir na relação com o outro. Tal importância também está presente em Mal-Estar na civilização (1930), em que Freud anuncia o fenômeno do desamparo à dependência do sujeito em relação a outras pessoas, o qual designa como medo da perda do amor. Esse temor se mantém presente na vida do sujeito e é responsável pela organização dos laços sociais, criação de Eros. O laço social pode ser entendido como proteção contra o desamparo.

Com isso, é possível asseverar que a crise ética mencionada anteriormente diz respeito ao desamparo do homem contemporâneo, que, com a morte de Deus, torna-se para si mesmo uma referência. Voltado para si, o mecanismo encontrado para a defesa contra o desamparo, em uma cultura amparada no individualismo, é a manifestação de um narcisismo exacerbado em que a reação onipotente pode ser uma resposta frente ao desamparo. Nas palavras de Birman (2006),

Se o desamparo revela a fragilidade da subjetividade num mundo onde Deus está morto e que não se pode mais confiar na proteção do pai, [...] as diversas modalidades assumidas pelo masoquismo e pela violência são os meios privilegiados na atualidade para que o sujeito possa dominar, custe o que custar, o seu desamparo. (Birman, 2006, p. 51)

A morte de Deus implica o declínio das referências que sustentam o sujeito em seus laços e ações e que desde já deve contar consigo mesmo em uma ilusão de onipotência que o deixa desamparado. Considerar a morte de Deus, no entanto, diz respeito às ilusões da Modernidade, em que a tradição cede lugar ao efêmero, ao transitório e não a uma ideia de fracasso da religião. Pelo contrário. A religião apresenta-se como defesa necessária diante do vazio de sentido.

Mas será que na atualidade essa via de proteção encontra-se em destaque? Talvez pareça imprudente tal questionamento, tendo em vista a renovação das forças religiosas pelo

mundo. A esse respeito, Lacan (1974/2001), em entrevista7 concedida à Agence Centrale de Presse de Paris, afirma que a religião pode dar sentido a tudo, por isso ele insiste que ela é invencível e triunfará porque sempre produz sentido.

Em O futuro de uma ilusão, Freud (1927/1996) menciona a religião como protótipo infantil da experiência de desamparo. Nesse texto, Freud aponta os vínculos entre o complexo paterno e o desamparo e a necessidade de proteção do homem. Se a mãe é o primeiro objeto de amor da criança porque a protege dos perigos externos, sua função de proteção é substituída pelo pai, mais forte, o qual desempenhará importante função no que concerne à ordem da ambivalência. Quando o sujeito cresce, descobre que está destinado a permanecer criança, no sentido de que não passará sem proteção contra estranhos poderes superiores, "[...] seu anseio por um pai constitui um motivo idêntico à sua necessidade de proteção contra as consequências de sua debilidade humana" (Freud, 1927/1996, p. 33).

A defesa contra o desamparo infantil empresta seus aspectos à reação do adulto frente ao desamparo. Tal reação, segundo Freud (1927/1996), é a formação da religião. Nesse sentido, a impressão terrificante de desamparo na infância despertou a necessidade de proteção, que se dá pelo amor, inicialmente proporcionado pelo pai e que, posteriormente, tornou-se necessário apegar-se à existência de um pai mais poderoso.

Segundo Freud (1926/1996) uma acepção do desamparo8 tem como origem a ligação com o fator biológico das primeiras situações de perigo, por meio da qual cria-se a necessidade de ser amado, que jamais abandonará o ser humano (Freud, (1926/1996). Nessa direção, com o afrouxamento de laços sólidos mediados por uma instância transcendental, o sujeito fica exposto a um desamparo insuportável. O modo de defesa contra o desamparo é anular o outro e salvar a si mesmo. A reação onipotente calcada em um narcisismo exacerbado, cujas certezas são ilusórias, pode ser uma resposta, por vezes manifesta em ações de desrespeito, diante da situação do desamparo.

Sendo impossível admirar o outro em sua diferença radical, uma vez que o sujeito não consegue descentrar-se de si, os laços sociais, recurso para a proteção contra o desamparo, são correspondentes ao tempo para a realização do gozo, denotando sua fragilidade na época atual. Trata-se, como afirma Costa (2007), das formações egoicas que o sujeito encontra a seu dispor e que, em favor de uma totalidade narcísica, ocultam o originário e irredutível desamparo.

Nesse ponto, cabe lembrar que o mito de Narciso acompanha a sociedade ocidental desde a Antiguidade. No entanto, sua atualidade parece corresponder à limitação do sujeito moderno, que se resume na contemplação de si mesmo e seus interesses em detrimento do reconhecimento do outro em sua diferença. Roudinesco (2006) observa um movimento paradoxal com relação à "cultura do narcisismo". Segundo a autora, quanto mais o mundo é unificado por uma economia de mercado que contém em si as ilusões de uma universalidade, mais a afirmação narcísica progride.

O conceito de narcisismo é utilizado na Psicanálise como operador no campo da psicopatologia, mas não permanece restrito a essa esfera. No percurso da obra freudiana, esse conceito sofre algumas movimentações. Interessa a este texto por ser um conceito reconhecido por Freud (1914/2004) como etapa fundamental do processo de constituição do eu que necessariamente implica o encontro alteritário.

Foi a partir das dificuldades constatadas no trabalho psicanalítico com neuróticos que Freud percebe que a libido narcísica abrange um campo bem mais vasto que o das perversões e que poderia atribuir a ela um importante papel no desenvolvimento sexual normal do ser humano. "Nessa acepção, o narcisismo não seria uma perversão, mas o complemento libidinal do egoísmo próprio da pulsão de autoconservação, egoísmo que, em certa medida, corretamente pressupomos estar presente em todos os seres vivos" (Freud, 1914/2004, p. 97).

Em À guisa de introdução ao narcisismo, Freud (1914/2004) faz uma distinção de narcisismo primário e secundário. Ele apresenta o narcisismo primário como estado inicial da libido, anterior à constituição do eu, portanto, autoerótico. O ser humano tem dois objetos sexuais primordiais: ele mesmo e aquele que dele cuida. Segundo Freud, foi essa observação que forneceu o motivo mais forte para adotar a hipótese do narcisismo. Com isso, ocorre a pressuposição de que "em todo ser humano há um narcisismo primário, que eventualmente pode manifestar-se de maneira dominante em sua escolha de objeto" (Freud, 1914/2004, p. 108).

O narcisismo surge deslocado nesse novo eu, que é ideal e que, como o eu infantil, se encontra de posse de toda a valiosa perfeição e completude. O narcisismo primário apresenta uma onipotência que se manifesta a partir do eu ideal e quer manter íntegra a representação da unicidade do sujeito. No contexto de um eu ideal, o outro se apresenta como um duplo de si. Somente após a angústia da castração é que será possível o reconhecimento do outro como outro. Isso ocorre no processo do recalque, quando as moções pulsionais libidinais entram em conflito com as concepções culturais e éticas do indivíduo, ou seja, ocorrem a partir do eu. Dessa maneira, um sujeito erigiu em si um ideal, pelo qual mede seu eu atual; assim, a condição do recalque é a formação de ideal por parte do eu (Freud, 1914/2004).

É nesse cenário que ocorre a substituição da identificação com o eu ideal para a identificação com o ideal de eu. O que o ser humano projeta diante de si como seu ideal é o substituto do narcisismo perdido de sua infância em que ele mesmo era seu próprio ideal. Nesse momento, torna-se possível o investimento nos objetos do mundo externo, cujo retorno para o eu desse investimento objetal é denominado narcisismo secundário. O narcisismo secundário corresponderia à recaída sobre o eu dos investimentos dos objetos do mundo externo. Na perspectiva do ideal de eu, o sujeito sai de uma dimensão excessivamente imaginária e é lançado no simbólico, no qual os objetos passam a ser mediatizados. Essa mediação opera-se via castração e complexo de Édipo, ou seja, a partir da experiência de alteridade. No entanto, quando essa mediação falha pode-se regredir para o eu ideal.9

Do ponto de vista sociológico, o movimento do individualismo atual aponta para uma exacerbação da intimidade, autônoma e arrogante, que conduz o sujeito ao que Mattéi (2002) designa por barbárie interior. Entendida como um movimento oposto ao da civilização, um movimento que se direciona à intimidade, ao interior de si, esse autor considera que a condição maior da barbárie de nosso tempo consiste na retirada do sujeito para sua interioridade. Concorre com esse pensamento a posição de Sennett (2016), que observa que na nova cultura urbana, secular e capitalista ocorre a ampliação de uma vida pessoal desmedida em contraposição a uma vida pública esvaziada. O esvaziamento da esfera pública, para esse autor, está baseado na hipervalorização da intimidade, da privacidade, do retraimento e do silêncio.

É importante lembrar que o espaço público requer a experiência do laço social e, portanto, a admissão do outro como alteridade, como diferença. No entanto, com os ideais narcísicos atuais, a experiência alteritária tende a evanescer. Sem o reconhecimento do outro em sua diferença o desrespeito surge em suas diversas roupagens.

 

Considerações finais

Este ensaio buscou uma interpretação para os modos de subjetivação contemporâneos, que se revelam no afrouxamento dos laços sociais em que as formas de desrespeito apresentam-se como fenômenos corriqueiros nas relações entre os homens.

Neste ponto cabe ressaltar uma célebre afirmação de Freud (1933/1996, p. 84): "Onde estava o id, ali estará o eu. É uma obra de cultura - não diferente da drenagem do Zuiderzee"10. A comparação de Freud com a drenagem do Zuiderzee, uma das maiores obras da humanidade na engenharia, indica que o eu, como instância psíquica, é trabalho da cultura. Assim como o inconsciente que, para Freud (1939/1996, p. 146), é "uma propriedade universal, coletiva, da humanidade". Desse modo, se o psiquismo está submetido à instância social a que está inserido, aquilo que diz respeito à cultura será condição de possibilidade da constituição subjetiva.

Uma vez que o sujeito da atualidade está inserido em um ethos cujos valores individuais e os ideais narcísicos encontram-se em evidência, do ponto de vista sociológico, é possível atribuir tais características ao incremento do individualismo cujo valor é atribuído ao ser independente, autônomo e essencialmente não social (Renaut, 1998).

Conjectura-se que, com o individualismo moderno e a afirmação do indivíduo como princípio e valor, as ideias contidas nos conceitos de liberdade e autonomia passam a corresponder na atualidade às de independência e à de autossuficiência, indicando a uma cultura com traços marcadamente narcísicos. Assim, é possível apontar como correlato subjetivo ao individualismo e como estrutura psíquica dominante na atualidade, o narcisismo.

A partir dessa perspectiva postula-se que no individualismo atual o sujeito estaria identificado ao eu ideal, ou seja, configurado em uma modalidade de narcisismo primitivo, não castrado e, portanto, sem condições de reconhecer o outro em sua alteridade, uma vez que não há uma mediação necessária para que o outro saia da condição de objeto. Por isso, as ações apreendidas nessa perspectiva portariam um menor registro simbólico, condição de possibilidade de reconhecer o outro, em contraposição de um maior registro imaginário, em que se torna impossível o reconhecimento alteritário. É nesse registro, portanto, que podem ser observadas as diversas modalidades de desrespeito.

No entanto, é importante dar um passo além da pura descrição de fenômenos que podem justificar as ações de desrespeito a partir de uma causalidade, e buscar uma perspectiva que considera aquilo que é, mas com vistas ao que poderia ser melhor. Assim, ao considerar, com a Psicanálise, que o reconhecimento de limites é condição de possibilidade de criação de experiências de mediação e alteridade, instituir as diferenças pode ser uma saída possível, na aposta de uma intervenção que reconhece o limite, um trabalho que promova o enlaçamento com o outro. Isso porque a realização do ideal de eu só poderá surgir como possível se o eu aceitar se transformar, e tal transformação supõe a admissão do outro (Costa, 1988).

Com efeito, a admissão do outro não se opera de modo sereno; no entanto, é possível apostar que o respeito pode tecer laços que perpassam o território minado das diferenças (Sennett, 2004). Assim, a criação de experiências de mediação e de alteridade, enfatizando o espaço público como lugar de trocas, pode trazer avanços consideráveis para esse impasse.

 

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