SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.8 número15Acerca del trabazón entre lo corporal y lo anímico en la angustia: el caso de la neurosis de angustia en la obra freudianaLos principios de la interpretación analítica freudiana en el caso del Hombre de las Ratas índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Analytica: Revista de Psicanálise

versión On-line ISSN 2316-5197

Analytica vol.8 no.15 São João del Rei jul../dic. 2019

 

O neurótico obsessivo e sua dificuldade subjetiva em ocupar o lugar de pai: um estudo de caso

 

The obsessive neurotic individual and his subjective difficulty in taking the father's place: a case study

 

Le névrosé obsessionnel et sa difficulté subjective à occuper la place de père: étude de cas

 

El neurótico obsesivo y su dificultad subjetiva en ocupar el lugar de padre: un estudio de caso

 

 

Vanessa Sajnaj FerreiraI; Nei Ricardo de SouzaII

IResidente em Psicologia na Atenção Cardiovascular no Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduada em Psicologia pela Universidade Positivo
IIProfessor da Universidade Positivo, nas disciplinas de Psicanálise, Ciências Sociais e Saúde, Antropologia e Sociologia. Coordenador Executivo do Curso de Pós Graduação Psicanálise: uma práxis contemporânea. Doutorando em Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Saúde Coletiva, com ênfase em Saúde da Família. Graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)

 

 


RESUMO

O neurótico obsessivo tem uma posição específica em relação ao pai, marcada pela intensa hostilidade e tentativa de substituí-lo e, simultaneamente, pelo amor e obediência à lei paterna. O presente artigo discute um caso clínico de neurose obsessiva em que os conflitos do paciente com o pai, já falecido, transparecem sua dificuldade subjetiva em ocupar o lugar de pai.

Palavras-chave: Neurose obsessiva. Pai. Psicanálise.


ABSTRACT

The obsessive neurotic individual has a specific position towards the father that is marked by an intense hostility and attempt to replace him and, simultaneously, by love and obedience to the paternal law. This article discusses a clinical case of an obsessive neurotic patient, whose conflicts with his father, already dead, demonstrate his subjective difficulty in taking the father's place.

Keywords: Obsessional neurosis. Father. Psychoanalysis.


RÉSUMÉ

Le névrosé obsessionnel a une position particulière par rapport au père, marqué, en même temps, par une intense hostilité et tentative de le remplacer et par l'amour et l'obéissance à la loi paternelle. Cet article discute un cas clinique de névrose obsessionnelle, dans lequel les conflits du patient avec son père, déjà mort, transparaissent sa difficulté subjective à occuper la place de père.

Mots-clés: Névrose obsessionnelle. Père. Psychanalyse.


RESUMEN

El neurótico obsesivo tiene una posición específica en relación al padre, marcada por una intensa hostilidad y intento de substituirlo y, simultáneamente, por el amor y obediencia a la ley paterna. El presente artículo discute un caso clínico de neurosis obsesiva en que los conflictos del paciente con su padre, ya fallecido, dejan entrever su dificultad subjetiva en ocupar el lugar de padre.

Palabras clave: Neurosis obsesiva. Padre. Psicoanálisis.


 

 

Introdução

Freud (1894/1996, 1895[1894]/1996), ao discorrer sobre as formas de defesa nas neuroses e psicoses, apontou para a presença das representações obsessivas em indivíduos predispostos à neurose que carecem da aptidão para a conversão. Essas representações podem estar presentes nas fobias e nas obsessões verdadeiras, com a diferença de que nas primeiras o estado emocional que acompanha a representação é sempre o de angústia, enquanto nas obsessões verdadeiras há também a dúvida, o remorso ou a raiva.

Posteriormente, ao abordar especificamente as estruturas obsessivas, Freud (1909/1996) indica que podem aparecer como desejos, tentações, impulsos, reflexões, dúvidas, ordens ou proibições. A substituição do agir pelo pensar e a obsessão por compreender são algumas das características observadas nos neuróticos obsessivos, assim como sua inclinação à incerteza, que os faz orientarem seus pensamentos para temas perante os quais a humanidade está incerta, entre eles a paternidade, duração da vida, memória e vida após a morte.

No caso clínico do Homem dos Ratos (1909/1996), que ilustra as considerações de Freud acerca da neurose obsessiva, é destacada a figura paterna do paciente em seu quadro neurótico, sendo o pai alguém que tinha uma persistente influência sobre os desejos do filho e que era alvo de sentimentos ambivalentes, coexistindo o amor e uma intensa hostilidade em relação a ele. A identificação com a figura paterna foi um aspecto apontado por Freud no caso desse paciente, que se encontrava em situações semelhantes àquelas em que o pai esteve e vivenciou conflitos que estavam relacionados a questões da história dele. Lacan (1953/2008) acrescenta que o obsessivo tem uma relação narcisista com o outro, que no caso do Homem dos Ratos era o pai, delegando a ele a atividade de representá-lo no mundo e viver em seu lugar, sentindo-se fora de sua vivência.

Sobre o pai na neurose obsessiva, Dör (1991a) explica que o sujeito tem uma posição estruturalmente específica com relação a ele, sendo a imago paterna onipresente para o obsessivo. Essa posição é marcada pela tentativa incessante de substituir o pai, assim como pela ambivalência diante da Lei que carrega seu nome: por um lado, deve-se sacrificar por ela; por outro, há a necessidade de frustrá-la e dominá-la por si mesmo.

É nesse contexto que o caso a ser discutido se insere. A paternidade foi questão central na análise de Roberto,1 que apresenta traços característicos da neurose obsessiva. O objetivo do presente artigo é demonstrar como seus conflitos com o pai, já falecido, transparecem na sua dificuldade subjetiva em ocupar outro lugar, sair da posição de filho para assumir-se pai.

 

Apresentação do caso

Roberto está na faixa dos 40 anos, encontra-se desempregado e se mudou para a cidade onde reside atualmente há aproximadamente 10 anos. A mudança foi por motivo de trabalho em sua família: a irmã e o pai passaram em concurso público na cidade, tendo o pai, porém, falecido antes de ocupar a vaga. O paciente mora em sua casa com a mãe e uma prima, mas permanece bastante tempo na casa da namorada, a qual tem três filhos: duas moças e um menino de nove anos.

O paciente contou sobre sua vida desde que chegou à cidade e falou sobre brigas de trânsito e em relacionamentos, citando o ciúme. Sobre as brigas, enfatizava que quer melhorar, "achar o gatilho" de seus comportamentos, tendo utilizado bastante o termo "gatilho". Roberto também falou sobre a necessidade de ficar mais tranquilo nas situações, não julgar os outros e conseguir um entendimento de si mesmo, mencionando diversos coaches e enfatizando a importância da orientação e planejamento. Também citou o "mentor" e o "empresário", os quais relacionou à figura do pai.

O relacionamento com o pai foi assunto recorrente nas sessões. Roberto contou que aprendeu a dirigir cedo porque precisava ir buscá-lo em bares e que, embora o pai bebesse e fumasse, não permitia que ele o fizesse também. O paciente ressaltou a importância de o pai dar exemplo, porque o filho se espelha nele e definiu seu pai como "incoerente", aquele que faz uma coisa mas fala outra. Sobre espelhar-se no pai, Roberto relatou que não compreendia como era a vida conjugal dele e que aos 23 anos saiu de casa e se casou para entender.

O paciente relatou também que aos 18 anos pediu um dos carros do pai, que não lhe deu um deles porque sabia que ele, Roberto, se mataria com o carro e impediu que o fizesse. Em outra sessão, ao retomar esse assunto, afirmou que "o carro é uma arma" e fez um gesto com a mão imitando uma arma de fogo, apontando para a própria cabeça, simulando o que lhe aconteceria caso tivesse ganhado um dos carros.

O carro foi bastante mencionado ao longo dos atendimentos. Roberto definiu o carro que utiliza, o qual era de uma prima que faleceu, como um "carro pra família". Falou também que o carro é algo "marcante" para ele, que tem a "questão do masculino", "do motor" e que se pudesse teria 20 carros.

Ainda em relação ao pai, Roberto questionou algumas de suas atitudes repreensivas, como não lhe dar um dos carros. Em outros momentos, porém, afirmou compreendê-las e definiu o pai como um "líder" e "herói com falhas". Roberto também mencionou a morte do pai, diante da qual foi orientado pelo tio sobre como agir. Segundo relatou, o pai não lhe deixou herança, apenas dívidas, e quando morreu, ele, filho, precisou ser o pai. Falou também sobre o casamento da irmã, em que faria o papel de pai.

Roberto também comentou sobre a quebra da empresa do pai e o definiu como o "patrão", "provedor", que "tinha os meios" mas gastava muito dinheiro. Falou ainda sobre a quebra de sua própria empresa e sobre a reabertura desta, e contou que antigamente tinha uma "mente de funcionário".

O dinheiro também foi bastante mencionado nas sessões. O paciente disse que antigamente economizava ou gastava o que não tinha e comentou sobre ter gastado todo o dinheiro que recebeu em um determinado emprego. Também disse que houve uma época em que achava que o mundo lhe devia e comentou sobre se sentir em dívida depois de receber dinheiro emprestado. Roberto também trouxe a dívida em outros contextos: falou sobre se sentir endividado pelo carinho da família e levar vidas para pagar algo pelo qual a pessoa se ofendeu uma vida inteira, ao mencionar o espiritismo.

Quanto à religião, o paciente é espírita mas também frequenta cultos de umbanda. O motivo de frequentá-los, afirmou, são as entidades, às quais pode pedir orientação. Roberto comentou também sobre a "aprendizagem pelo exemplo" no espiritismo e que faria um curso para tornar-se coordenador espírita e, assim, um "líder".

Outro assunto recorrente nos atendimentos foi a paternidade, sobre a qual começou a pensar há aproximadamente 10 anos. Roberto falou bastante sobre seu relacionamento com os filhos da namorada, dos quais se sente pai, sendo "pai sem ser pai". Ao longo dos atendimentos, foi revelando o carinho que sente pelo filho da namorada e falou sobre sua preocupação em dar exemplo a ele. O paciente afirmou que faz o "papel de pai" para o menino, mas toma cuidado para ver até onde ir, pois não tem o "cargo de pai", o qual tem o pai biológico dele. Roberto também falou sobre pontos em comum entre ele, quando criança, e o filho da namorada, como sofrer com a ausência do pai.

Quando perguntado se queria ter um filho biológico, Roberto disse que já pensou, mas agora não se preocupa com isso, que está bem "fazendo o papel de pai". Posteriormente, na penúltima sessão, contou que fez um exame e está com baixa contagem de espermatozoides, mas que futuramente pode fazer um tratamento se quiser ter um filho biológico. Falou também que pretende adotar e contou que seu pai adotou duas crianças: suas primas. Ainda nesta sessão, Roberto se definiu pela primeira vez como "pai" e se apresentou como pai do filho da namorada, embora tenha afirmado na sequência que não o é e que o menino tem o pai dele.

Um aspecto que se destacou no discurso do paciente foi a repetição do número três. Roberto contou que estabeleceu um contrato de três meses com a namorada para decidir se continuariam juntos, falou sobre três colegas com os quais trabalhou e que aguardaria três anos para reabrir sua empresa, etc. Quando perguntado sobre o que o número três lhe fazia lembrar, Roberto disse: "triângulo, pirâmide, base... no catolicismo também tem a questão do pai, filho e espírito santo".

 

Discussão do caso

A especificidade estrutural de um sujeito está relacionada à economia de seu desejo, que é regida por uma trajetória estereotipada. É a partir das semelhantes trajetórias que será estabelecido o diagnóstico, sendo estas correspondentes aos traços estruturais do sujeito. (DOR, 1991a)

Freud (1895[1894]/1996, 1909/1996) destacou alguns traços nas estruturas obsessivas, entre eles as ordens e reflexões. Diante disso, foi estabelecido o diagnóstico de uma neurose obsessiva, já que estas questões se apresentaram no discurso do paciente: conseguir um entendimento de si mesmo, ficar mais tranquilo, não julgar os outros e "achar os gatilhos" de seus comportamentos. O paciente também utilizou, por determinado período, um elástico de prender dinheiro no pulso e estabeleceu a ordem de puxá-lo cada vez que percebesse que estava reclamando. A dúvida, outro traço apontado por Freud (1909/1996) na neurose obsessiva, também se revelou no discurso do paciente, em especial a relacionada à paternidade, ao Que é um pai?, sendo questionado por ele o comportamento do pai incoerente, que faz mas não permite que o filho faça.

Freud (1924/1996), ao apresentar o Complexo de Édipo, explica que o menino, diante da ameaça de castração, reconhece o pai como o detentor do falo e obstáculo à realização de seus desejos, evoluindo para uma identificação com ele. Em outra obra, Freud (1913[1912-13]/1996) aponta para o pai como a origem de todas as proibições do neurótico, utilizando-se do mito da horda primeva para exemplificar seu papel na criação de tabus. No mito, o pai tinha o poder supremo sobre a tribo, incluindo a posse exclusiva das fêmeas. Os filhos, que o temiam e eram expulsos da comunidade conforme cresciam, decidem retornar e matá-lo, colocando fim à horda patriarcal. Todavia, sentindo-se culpados, instituem leis e elegem totens para a comunidade, como deuses e figuras de autoridade. O pai, assim, permaneceu na comunidade de forma simbólica, tornando-se mais forte do que o fora em vida. O mito da horda primeva é então, sintetiza Dör (1991b), um grupo de irmãos vivendo sob uma tirania sexual e que ainda assim tiveram força suficiente para contestar o despotismo paterno.

Lacan (1956-1957/1995, p. 225), ao discorrer sobre o pai, o apresenta em sua dimensão simbólica, imaginária e real. Enquanto o pai simbólico refere-se ao significante, à castração simbólica; o pai imaginário é "aquele com o qual lidamos o tempo todo. [...] É a ele que se refere, mais comumente, toda a dialética da agressividade, identificação e da idealização pela qual se tem acesso à identificação ao pai". O pai imaginário é, então, o "pai assustador" presente em tantas experiências neuróticas e não tem necessariamente relação com o pai real, de quem a criança teve uma apreensão difícil devido à interferência de fantasias e à relação simbólica (Lacan, 1956-1957/1995).

Diante das considerações desses autores, é possível constatar a presença do pai imaginário no quadro neurótico do paciente: o pai "incoerente", que bebia e fumava mas não permitia que o filho o fizesse. Seu conflito assemelha-se então ao dos irmãos da horda, que questionam a autoridade do pai, que impõe proibições das quais está absorto. Não obstante a morte da figura paterna, os irmãos da horda mantêm sua autoridade por meio das proibições do tabu, assim como o neurótico obsessivo, com a diferença de que seu impulso parricida foi banido para o inconsciente e as proibições foram deslocadas para outros objetos por vias associativas (Freud, 1913[1912-13]/ 1996).

Em relação ao pai na neurose obsessiva, Dör (1991a) ressalta que há uma atividade incessante do sujeito para substituí-lo, assim como a qualquer figura que possa representá-lo. Todavia, essa é uma forma de assegurar que o pai não pode ser suplantado, que o lugar cobiçado é ilegítimo, sendo as proibições mantidas pelo sujeito. Há assim uma "tentativa previamente frustrada" de substituí-lo, a qual se revelou no discurso do paciente atendido, que inclusive afirmou que o filho assume o papel do pai quando este morre. Quanto ao casamento da irmã, o paciente disse que não deveria beber porque faria o papel de pai, o que, porém, diverge da imagem que apresenta do pai, que bebia. Dessa maneira, embora o paciente fale sobre assumir o lugar do pai, não o faz realmente porque impõe a si uma proibição que não estava presente nele.

A tentativa do paciente de assumir o lugar de seu falecido pai então nos remete diretamente ao comentário de Melman (2004), segundo o qual o neurótico obsessivo espera que o pai morra para então tomar seu lugar, mas sempre toma cuidado em não ultrapassá-lo, visto que isso seria sua própria queda. Quanto a isso, vale lembrar ainda que o paciente falou que começou a pensar na paternidade há aproximadamente 10 anos, depois então da morte de seu pai. Essa tentativa pode ser observada também com relação a outra figura paterna: o pai do filho da namorada, que tem o "cargo de pai" e para cujo filho o paciente desempenha o papel de pai, embora não seja o "pai de verdade", conforme relatou.

Ainda sobre a tentativa de suplantar o pai, vale destacar a identificação, podendo o Ego copiar o objeto amado ou aquele cujo lugar se deseja ocupar. O menino, no Complexo de Édipo, se identifica com o pai a partir do desejo de substituí-lo na relação com a mãe, havendo assim um caráter hostil nessa identificação (Freud, 1921/1996). É possível perceber essa identificação no discurso do paciente, que saiu de casa e se casou para entender a vida conjugal do pai. O paciente falou que isso não deu certo e então voltou para casa, mas que pôde compreender como era para o pai. Além disso, enquanto falava sobre a paternidade, o paciente mencionou experiências em que esteve próximo dos sobrinhos de namoradas, sendo sempre um menino e uma menina, como ele e sua irmã, sugerindo fortemente uma identificação com o pai.

A identificação com a figura paterna também se revelou com relação à quebra da empresa do pai e às suas dívidas, lembrando que o paciente contou que o pai gastava muito dinheiro e que ele, filho, economizava ou gastava o que não tinha. As dívidas foram mencionadas ainda com relação à morte do pai, que não lhe deixou herança, apenas "dívidas pra pagar", o que o paciente considerou um "aprendizado". Aqui, vale lembrar do Homem dos Ratos (1909/1996), paciente de Freud que fazia imposições patológicas a si mesmo quanto ao reembolso de dinheiro a um tenente e cujo pai havia se endividado em um jogo de cartas e nunca conseguido reembolsar o dinheiro ao amigo que lhe adiantou a quantidade que perdera. Freud apontou para uma identificação inconsciente desse paciente com a figura paterna, correspondendo a ausência de seu reembolso à dívida não paga pelo pai. Uma identificação semelhante pode ser observada no paciente atendido: ele literalmente assumiu as dívidas do pai e traz em seu discurso um sentimento de endividamento em relação a diversas questões.

Sobre a identificação, Freud (1921/1996) apontou para outro tipo, que ocorre quando o Ego percebeu uma certa analogia com outra pessoa e que é baseada na possibilidade ou desejo de colocar-se na mesma situação que ela. Pode-se perceber esse tipo de identificação no paciente com relação ao filho da namorada, visto que mencionou pontos em comum entre o menino e ele, quando criança. O paciente também ressaltou sua preocupação em lhe dar exemplo: não beber, não fumar e ser um "líder". Diante disso, é possível observar a ambivalência do paciente com relação às posições de pai e filho. De um lado, há a identificação com o pai, "líder", de quem se deseja tomar o lugar. De outro, há a identificação com o filho da namorada, identificação essa referente a si mesmo quando criança, que remete então à posição de filho, que não pode ser o pai.

Outro aspecto da relação do neurótico obsessivo com o pai, destacado por Dör (1991a), é a ambivalência face à sua Lei: deve-se sacrificar por ela e, ao mesmo tempo, dominá-la. Pode-se perceber essa ambivalência no discurso do paciente, que em alguns momentos afirmou compreender algumas atitudes repreensivas do pai e em outros questionou sua incoerência, comentando, por exemplo, sobre ter mentido para ter permissão para sair com seu carro. Quanto ao sacrifício pela Lei do Pai, vale apontar para a questão da dívida, lembrando que o paciente falou sobre levar vidas para pagar algo pelo qual a pessoa se ofendeu uma vida inteira, evidenciando assim um sacrifício. Aqui, vale lembrar ainda que o paciente falou sobre se sentir endividado pelo carinho da família e definiu o pai como um "patrão", ao que se pode presumir que esse sacrifício é o pagamento de uma dívida ao pai, que, nas palavras do paciente, era o "provedor" que "tinha os meios".

No que se refere aos impulsos parricidas, que são bastante intensos nos sujeitos obsessivos, como se pode verificar no caso do Homem dos Ratos (1909/1996), há alguns indícios no discurso do paciente atendido. Um deles é a presença constante do significante "gatilho", que embora tenha sido associado por ele apenas a algo que dispara seu comportamento, pode remeter também a um disparador de arma de fogo. Vale mencionar aqui que o paciente inclusive utilizou a palavra "tiro" ao discorrer sobre o entendimento de si mesmo, que, segundo ele, "não é como um tiro, imediato, mas como uma maratona, que demora". O "gatilho", então, pode remeter a um impulso parricida, destacado por Freud (1900/1996), conjuntamente com o impulso sexual dirigido para a mãe, como um desejo primevo do sujeito. Esse significante também pode remeter a um impulso indiretamente suicida (precisar achar os gatilhos de seus comportamentos) como ordem de punição frente a um impulso parricida, já que, como explica Freud (1923a/1996), o obsessivo se sente imune ao perigo de suicídio e caminha para a autodestruição, sentindo-se mais protegido do que o histérico em relação a isso.

Seguindo adiante na reflexão sobre os impulsos parricidas do paciente, vale lembrar de seu relato sobre o pai não ter lhe dado um dos carros. Conforme declarou, o pai sabia que ele se mataria com o carro e impediu que o fizesse. Aqui, vale apontar para o que Freud (1909/1996) denominou "deformação por omissão" ou "elipse", que se trata de um meio de evitar que as coisas sejam compreendidas. A deformação permite que a ideia obsessiva se expresse, já que dessa maneira o pensamento consciente não percebe seu conteúdo original. Freud (1909/1996) dá o exemplo da deformação por omissão no Homem dos Ratos, que acreditava que se casasse com uma dama algum infortúnio ocorreria a seu pai. Esse paciente, todavia, omitia alguns elementos intermediários da frase, como o de que o pai estaria furioso se ele se casasse com a dama; então ele lhe desejaria todo o mal possível e, graças à onipotência de seus desejos, esse mal ocorreria.

Em relação ao paciente atendido, vale lembrar que associou o carro a uma arma, ao que se pode presumir que o "matar-se com o carro" corresponde a um impulso suicida como forma de punição frente a um impulso parricida. Nesse sentido, os elementos intermediários da frase omitidos pelo paciente seriam os seguintes: ele, filho, nutria sentimentos hostis e impulsos assassinos em relação ao pai, que sabia disso e impediu que o filho punisse a si mesmo se matando.

Em vista das considerações anteriores, podemos analisar a repetição do número três pelo paciente. O número três pode remetê-lo à situação triangular, vivenciada pela criança no Complexo de Édipo, na qual o menino sofre ameaça de castração, como informa Freud (1924/1996). Repetir o número três então pode ser uma forma substitutiva de reação à castração e, assim, evitar o contato com seus impulsos, incestuosos e parricidas, recalcados. O número três, nesse caso, seria uma marca da presença do pai em nível simbólico, do Nome-do-Pai.

Retornando ao carro, que está relacionado aos impulsos suicidas do paciente, cabe fazer algumas considerações sobre esse objeto, visto que esteve bastante presente em seu discurso. É possível perceber que o carro tem valor fálico para o paciente, que atribui certo poder a esse objeto e o evidencia como algo pertencente ao pai, que ficou com os dois carros, em vez de lhe dar um deles, valendo lembrar que a figura paterna é reconhecida pelo menino como o detentor do falo no Complexo de Édipo, como explica Freud (1924/1996). Nesse sentido, ter ou não ter o carro representa o ter ou não ter o falo, sendo o carro então um elemento que demarca as posições ativa e passiva para o paciente, apontadas por Freud (1923b/1996) no estádio sexual pré-genital sádico-anal. Lacan (1960-1961/1992), ao discorrer sobre o objeto fálico do obsessivo, explica que este responde à demanda do sujeito por intermédio de uma obliteração, não revelando sua fantasia fundamental. Sendo assim, não ter ganhado o carro parece remeter o paciente a uma posição de castração, assim como seu pedido de que o pai lhe desse um dos carros parece corresponder a uma reivindicação fálica.

Ainda em relação ao carro, vale destacar sua equivalência simbólica com o pênis, fezes e dinheiro, lembrando que o objeto do obsessivo é sempre metonímico, como informa Lacan (1960-1961/1992). O pênis, catexizado durante a fase fálica, tem como precursor as fezes durante a fase pré-genital, sendo o interesse por estas transportado posteriormente para o interesse pelo dinheiro (FREUD, 1917/1996). O carro parece ocupar um lugar nessa sequência, sendo o substituto psíquico desses objetos e, assim, fortemente investido pelo paciente.

Passando agora à relação do paciente com o dinheiro, ao economizar e gastar o que não tem, vale apontar novamente para o estádio sexual sádico-anal, no qual, conforme Freud (1923b/1996), não existe ainda a questão de masculino e feminino, mas sim a antítese entre atividade e passividade, entre ter um órgão genital masculino ou ser castrado. Segundo Freud (1926[1925]/ 1996), há na neurose obsessiva uma regressão da libido, cuja parte não submetida à organização fálica se liga a ideias anal-sádicas. Percebe-se então a ambivalência do paciente quanto às posições ativa e passiva, podendo ser o economizar correspondente a ter o órgão genital masculino: ter dinheiro, ter o falo; enquanto que gastar o que não tem seria equivalente a ser castrado. No "gastar o que não tem" fica subentendida a situação de uma dívida, e sendo isso correspondente ao ser castrado, presume-se que o sentimento frequente de endividamento seja uma forma de reafirmar sua castração.

A ambivalência do paciente com relação às posições ativa e passiva pode ser observada também nas figuras do "empresário" e "funcionário", recorrentes em sua fala. O paciente definiu a si mesmo como alguém que tinha uma "mente de funcionário", o que associou a receber salário e gastar, e falou sobre a reabertura de sua empresa: ser então o empresário, o que relacionou a guardar dinheiro. Percebe-se então a antítese empresário/funcionário, sendo o primeiro o que tem os meios (falo), e o último aquele que gasta (castrado), assim como a ambivalência do paciente diante dessas posições.

Com relação à posição de funcionário, o paciente contou que no primeiro ano de trabalho em um determinado emprego ganhou bem, mas "não soube lidar com isso" e gastou todo o dinheiro. Percebe-se então um retorno à posição de castrado, que gastou tudo e então não tem nada, valendo destacar aqui que o neurótico obsessivo, conforme Lacan (1960-1961/1992) tem um medo de "desinflar" devido à inflação fálica, ao que subentende-se uma incapacidade do obsessivo sustentar o falo, na possibilidade de tê-lo.

Outro assunto das sessões foi a religião, sendo ressaltado pelo paciente seu engajamento no espiritismo, em que há a "aprendizagem pelo exemplo". Essa também foi relacionada ao pai, que "não pode cobrar de o filho não fazer uma coisa que ele faz" e "tem que dar exemplo". Freud (1927/1996), ao discorrer sobre a relação do indivíduo com a religião, destacou a condição humana de desamparo e, com ela, o anseio pelo pai, protetor. É possível perceber essas questões na relação do paciente com o espiritismo, revelando-se nela esse modelo infantil da relação com os pais: na medida em que se segue o exemplo, tem-se a proteção; assim como a criança a tem ao ser obediente. O paciente falou também sobre fazer um curso para tornar-se coordenador espírita e, assim, um líder, o que nos remete à identificação do menino com a figura paterna no Complexo de Édipo, destacada por Freud (1921/1996): quer-se a proteção do pai, que é um líder e dá exemplo, e ao mesmo tempo deseja-se tomar seu lugar, ser um líder.

Ainda sobre a religião, é possível verificar a antítese umbanda/espiritismo no discurso do paciente, aos quais atribuiu a grande quantidade de dinheiro utilizada e a "simplicidade", assim como a cobrança e a não cobrança de dinheiro, respectivamente. Percebemos, ao longo das sessões, que o paciente ora se apresentou como próximo da umbanda, ora do espiritismo. Aqui, vale lembrar da antítese atividade-passividade, entre ter o falo ou ser castrado, presente no estádio sexual pré-genital sádico-anal, como apontou Freud (1923b/1996). A religião então parece estar atrelada à questão fálica para o paciente, que persiste numa ambivalência com relação ao espiritismo e umbanda: ele oscilou entre a participação em um ritual fálico, que implicava uma cobrança contínua, uma dívida; e a participação em outro ritual em que não era cobrado, o qual porém envolvia a simplicidade e lhe atestava sua castração.

Outra questão mencionada pelo paciente foi o ciúme, sendo relatadas duas situações. Na primeira, o paciente brigou com a namorada depois de um homem olhar para ele, falando depois que poderia ter reagido à situação de outra forma, ter feito piada e dito à namorada que o homem poderia estar interessado nele. Percebe-se, aqui, o chiste, cuja função é suspender as inibições internas e possibilitar, assim, o prazer, como elucida Freud (1905/1996). O ciúme também apareceu no discurso do paciente em outro momento, em que um colega de trabalho de sua namorada lhe perguntou: "você tem ciúme de mim, né?", ao que o paciente respondeu "não, eu não tenho ciúme de você". O objeto de ciúme, na segunda situação, parece ser o patrão da namorada, valendo destacar aqui que na mesma sessão o paciente contou anteriormente que acusaram sua namorada de traí-lo e que hoje, com o conhecimento que tem espiritualmente, ficou tranquilo.

A partir disso, presumimos que a primeira situação se trata de um ciúme projetado, que consiste em um mecanismo inconsciente para a satisfação dos próprios impulsos à infidelidade por meio da projeção deles no companheiro, como explica Freud (1922/1996). Aqui cabe apontar para a questão da homossexualidade, a qual Freud (1922/1996) atribuiu, entre outros motivos, à consideração pelo pai ou o medo dele, sendo a renúncia às mulheres uma forma de evitar a rivalidade com o pai e com todos os homens que podem tomar seu lugar. Nesse sentido, pensamos na presença de componente homossexual no paciente no sentido de evitar a rivalidade com o pai, detentor do falo, evitamento esse que faziam os irmãos da horda primeva ao renunciarem às mulheres em benefício do pai primevo, conforme ilustrou Freud em Totem e Tabu (1913[1912-13]/ 1996).

Com relação às duas situações de ciúme, essas parecem estar relacionadas ao medo do "desinflar" devido à inflação fálica na neurose obsessiva, apontado por Lacan (1960-1961/1992), medo esse que evidencia a incapacidade do obsessivo sustentar o falo, na possibilidade de tê-lo. Diante disso, pode-se dizer que o paciente parece questionar sua própria sexualidade, visto que esta envolve objetos de desejo, os quais se tornam correspondentes fálicos para o obsessivo. Lacan (1960-1961/1992) ressalta o caráter insustentável do objeto de desejo do sujeito, o que é possível perceber no paciente atendido, que se relaciona de forma heterossexual, mas trouxe em seu discurso impulsos homossexuais. Verifica-se então novamente a incapacidade de sustentar o falo pelo paciente, dessa vez com relação à sexualidade, incapacidade essa porém que corresponde à forma como o obsessivo sustenta seu desejo.

Para concluir a análise desse caso clínico, abordaremos a questão da orientação, recorrente nas sessões, sendo citadas pelo paciente diversas figuras em relação a isso: seu pai, os coaches, o mentor, as entidades e seu tio, que lhe orientou sobre como agir na morte do pai. Percebe-se que o paciente está sempre à espera de alguém que lhe diga como agir, que lhe aponte a direção de seu desejo, ficando evidente a dependência da demanda do Outro, destacada por Lacan (1960-1961/1992) no que se refere ao obsessivo. Com relação ao mentor, constantemente mencionado, o paciente falou que quer ser um, mas ainda não está preparado, que é uma "busca eterna", ao que subentende-se um não estar preparado para ser pai, o "pai de verdade", visto que associou o mentor à figura do pai. Essa questão pode ser percebida em sua fala quando afirmou que faz o papel de pai mas não tem o "cargo de pai", por exemplo. Aqui, vale mencionar que em uma das sessões o paciente utilizou a palavra "praticante", da qual afirmou que não gosta, pois "se você tá fazendo já tá praticando, não precisa falar que é praticante". Pensamos então que o paciente é um "praticante" de pai, prática essa que conserva o Outro em seu lugar imaginário, ou seja, no "cargo de pai".

 

Considerações finais

Ficou evidente o papel determinante do pai na história do paciente, sendo seu sofrimento, em grande parte, devido ao pai imaginário, que pode fazer mas proíbe o filho, assim como pela tentativa previamente frustrada de ser esse pai e inclusive superá-lo, o que lhe rendeu uma dívida permanente, uma "busca eterna", nas palavras do paciente. Essa tentativa também lhe deixou em uma incessante posição ambivalente: Amar ou odiar o pai? Ter o falo ou ser castrado? Ser o filho ou ser o pai?

Ao longo dos atendimentos, o paciente pôde elaborar alguns conflitos relacionados ao pai, verbalizando sobre suas fantasias em relação a ele e o reconhecendo como um sujeito também marcado pela falta, pelo Nome-do-Pai: um "herói com falhas". O paciente também se aproximou de seu desejo de paternidade, admitindo fazer o papel de pai, revelando sua intenção de adotar e considerando ter um filho biológico futuramente, embora ainda tenha dificuldade em definir-se como pai. Verificamos assim uma modificação subjetiva no paciente, que pôde se afastar da posição do filho vítima do pai incoerente e olhar para a possibilidade de ser um pai, com toda sua incoerência.

Sobre a pergunta Que é um pai?, central no "mito individual" do paciente, ele ainda não conseguiu respondê-la, mas pôde falar sobre algumas formas de sê-lo: biologicamente, tendo o "cargo de pai", ou apenas fazendo o papel dele, sendo "pai sem ser pai". Assim, conforme Lacan (1956-1957/1995, p. 209), "formular a questão 'o que é um pai?' É algo diverso de ser-se um pai, aceder à posição paterna. [...] Se é fato que, para cada homem, o acesso à posição paterna é uma busca, não é impensável dizer que, finalmente, ninguém jamais o foi por completo".

 

Referências

Dör, J. (1991a). Estruturas e clínica psicanalítica (1a ed.). Rio de Janeiro. Livrarias Taurus-Timbre.         [ Links ]

Dör, J. (1991b). O pai e sua função em Psicanálise (1a ed.). Rio de Janeiro. Livrarias Taurus-Timbre.         [ Links ]

Freud, S. (1996). As neuropsicoses de defesa. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 3). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1894).         [ Links ]

Freud, S. (1996). Obsessões e fobias: seu mecanismo psíquico e sua etiologia. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 3). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1895[1894]).         [ Links ]

Freud, S. (1996). A interpretação dos sonhos I. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 4). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1900).         [ Links ]

Freud, S. (1996). Os chistes e a sua relação com o Inconsciente. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 8). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1905).         [ Links ]

Freud, S. (1996). Notas sobre um caso de neurose obsessiva. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 10). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1909).         [ Links ]

Freud, S. (1996) .Totem e tabu e outros trabalhos. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 13). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1913 [1912-13]).         [ Links ]

Freud, S. (1996). As transformações do instinto exemplificadas no erotismo anal. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 17). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1917).         [ Links ]

Freud, S. (1996). Psicologia de grupo e análise do Ego. In Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud (Vol. 18). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1921).         [ Links ]

Freud, S.(1996). Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranóia e no homossexualismo. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 18). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1922).         [ Links ]

Freud, S. (1996. O Ego e o Id. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 19). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1923a).         [ Links ]

Freud, S. (1996). A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da sexualidade. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 19). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1923b).         [ Links ]

Freud, S. (1996). A dissolução do complexo de Édipo. In Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud (Vol. 2). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1924).         [ Links ]

Freud, S.(1996). Inibições, sintomas e ansiedade. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 20). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1926[1925]).         [ Links ]

Freud, S. (1996). O futuro de uma ilusão. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 21). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1927).         [ Links ]

Lacan, J. (1992). O seminário, livro 8: a transferência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Originalmente proferido em 1960-1961).         [ Links ]

Lacan, J. (1995). O seminário, livro 4: a relação de objeto (1a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Originalmente proferido em 1956-1957).         [ Links ]

Lacan, J. (2008). O mito individual do neurótico, ou, A poesia e verdade na neurose (1a ed.). Rio de Janeiro: Zahar. (Originalmente proferido em 1953).         [ Links ]

Melman, C. (2004). A neurose obsessiva (1a ed.). Rio de Janeiro: Companhia de Freud.         [ Links ]

 

 

1 Para manter sigilo sobre a identificação do paciente, será utilizado nome fictício. O paciente foi atendido semanalmente ao longo de um ano.

Creative Commons License