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Analytica: Revista de Psicanálise

versión On-line ISSN 2316-5197

Analytica vol.9 no.16 São João del Rei ene./jun. 2020

 

ARTIGOS

 

Sujeito e linguagem: um percurso entremeado pelo "idioleto manoelês archaico"

 

Subject and Language: a Route Interspersed by the "Idiolect Manoelês Archaic"

 

Sujet et language: une tournée entrêmelée par le 'idiolet manoelês archaïque'

 

Sujeto y lenguaje: un recorrido entremezclado por el "idiolecto manoelês archaico"

 

 

Lucília Maria Abraão e SousaI, II*; Bruno Monteiro HerculinoIII, IV**

IUniversidade de São Paulo - USP - Brasil
IIEscola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano de São Paulo - Brasil
IIIRede de Pesquisa Linguística e Psicanálise do Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo - Brasil
IVE-L@DIS - Laboratório Discursivo: sujeito, rede eletrônica e sentidos em movimento - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Tencionamos apresentar, na urdidura deste escrito, o conceito teórico de sujeito, tanto para a Psicanálise fundada por Sigmund Freud e desdobrada por Jacques Lacan quanto para a Análise do Discurso estabelecida por Michel Pêcheux. Interessa-nos pensar, na contradição de campos que se roçam sem serem correspondentes, as noções de incompletude, opacidade, divisão e metáfora como consequências dessa noção. Para tanto, lançaremos mão da poesia de Manoel de Barros, poeta das miudezas que, no entremeio do sujeito como efeito do inconsciente na Teoria Psicanalítica e da ideologia na Teoria Discursiva, faz falar como as noções de vazio e do poético podem ser colocadas em litoral. Desse modo, alinhavando poesia e teoria, demonstramos como a noção de sujeito faz presença (e ausência) no discurso poético e, dançando ao puro som de nada de lalíngua, fratura o muro dos sentidos, fazendo surgir o novo.

Palavras-chave: Sujeito, Discurso, Poesia, Psicanálise, Análise do Discurso.


ABSTRACT

We intend to present, in the warp of this writing, the theoretical concept of subject both for the Psychoanalysis founded by Sigmund Freud and deployed by Jacques Lacan, and for the Discourse Analysis established by Michel Pêcheux. It is interesting to think, in the contradiction of fields that touch each other without being corresponding, the notions of incompleteness, opacity, division and metaphor the consequences of this notion. In order to do so, we will use the poetry of Manoel de Barros, the poet of the offal, who in the interspersed of the subject as an effect of the unconscious in psychoanalytic theory and of the ideology in discursive theory, does speak the as notions of emptiness and the poetic can be placed on the seacoast. Thus, by combining poetry and theory, we demonstrate how the notion of subject makes presence (and absence) in poetic discourse and dancing to the pure sound of nothing of lalangue, fracture the wall of the senses, giving arise to the new.

Keywords: Subject, Discourse, Poetry, Psychoanalysis, Discourse Analysis.


RÉSUMÉ

Nous proposons de présenter, dans le tissu de cet article, le concept théorique du sujet à la fois pour la Psychanalyse fondée par Sigmund Freud et déployée par Jacques Lacan, et pour l'analyse du discours établie par Michel Pêcheux. Nous nous intéressons à penser, dans la contradiction des champs rayés sans être correspondants, les notions d'incomplétude, d'opacité, de division et de métaphore comme conséquences de cette notion. Pour beaucoup, nous recourrons à la poésie de Manoel de Barros, poète des abats, qui dans l'espace du sujet comme effet de l'inconscient en théorie psychanalytique et en idéologie dans la théorie discursive, fait parler comment les notions de vide et de poétique peuvent être mis en marge. Ainsi, cousant poésie et théorie, nous montrons comment la notion de sujet fait la présence (et l'absence) dans le discours poétique et danse au son de rien du lalangue, brise le mur des sens pour donner naissance au nouveau.

Mots-clés: Sujet, Discours, Poésie, Pshychanalyse, Analyse du discours.


RESUMEN

Planteamos presentar, en el tejido de este escrito, el concepto teórico de sujeto tanto para la Psicoanálisis fundada por Sigmund Freud y desplegada por Jacques Lacan, como para el Análisis de Discurso establecido por Michel Pêcheux. Nos interesa pensar, dentro de la contradicción de campos que se rascan sin ser correspondientes, las nociones de incompletud, opacidad, división y metáfora como consecuencias de esa noción. Para tanto, recurriremos a la poesía de Manoel de Barros, poeta de los menudos, que en el espacio del sujeto como efecto del inconsciente en la teoría psicoanalítica y de la ideología en la teoría discursiva, hace hablar como las nociones de vacío y del poético pueden ser puestas en margen. De este modo, cosiendo poesía y teoría, demostramos cómo la noción de sujeto hace presencia (y ausencia) en el discurso poético y bailando al sonido de nada de la alengua, rompe el muro de los sentidos, haciendo surgir el nuevo.

Palabras claves: Sujeto, Discurso, Poesía, Psicoanálisis, Análisis del Discurso.


 

 

Algumas despalavras: sobre o sujeito, o vazio, o poético...

Falar sobre sujeito, seja no campo da Psicanálise, seja da Análise do Discurso, é no mínimo desafiante. O conceito de sujeito nesses dois campos toma lugar de entremeio, e acreditamos que a melhor porta de entrada para abarcarmos tal conceito seja pela via da linguagem, pois, tanto a Psicanálise fundada por Sigmund Freud, e relida por Jacques Lacan, quanto a Teoria do Discurso proposta por Michel Pêcheux têm na linguagem as linhas que se cruzam em um fino tear teórico. Portanto, iremos aqui tentar uma articulação entre o sujeito como efeito do inconsciente na Teoria Psicanalítica e da ideologia na Teoria Discursiva, fazendo falar como as noções de vazio e do poético podem ser colocadas em litoral. Para tecermos sobre o tema, lançamos mão da poesia de Manoel de Barros (2010), poeta das miudezas, que em seu "idioleto manoelês archaico" não se cansa de "desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais profundos desejos" (Barros, 2010, p. 301). Nas palavras do poeta,

Escrevo o idioleto manoelês archaico (Idioleto é o dialeto que os idiotas usam para falar com as paredes e com as moscas). Preciso de atrapalhar as significâncias. O despropósito é mais saudável do que o solene. (Para limpar das palavras algumas solenidades - uso bosta). Sou muito higiênico. E pois. O que ponho de cerebral nos meus escritos é apenas uma vigilância para não cair na tentação de me achar menos tolo que os outros. Sou bem conceituado para parvo. Disso forneço certidão. (Barros, 2010, p. 338)

Assim, alinhavando poesia e teoria, poderemos fisgar o sujeito no oceano tácito da linguagem e nos batimentos de sua singularidade ao/de dizer, pois consoante o poeta: "penso com humildade que fui convidado para o banquete destas águas" (Barros, 2010, p. 459). Interessa-nos marcar de saída que os dois teóricos criaram campos teórico-metodológicos com sutilezas de diferenciação, derivados da escuta do poético como o próprio da língua, ora no dispositivo da clínica, como é o caso de Lacan, ora no funcionamento do discurso político nas ruas, como nos ensina Pêcheux (2016, p. 23): "Portanto, uma mistura de práticas, cada uma transportando suas marcas: A poeira dos arquivos, o giz dos quadros-negros e o suor dos divãs..."

Na Psicanálise lacaniana, tomamos o sujeito como dividido, barrado, faltoso em sua constituição à moda do verso "tem mais presença em mim o que me falta", como nos diz Barros (2010, p. 345). Nesses termos, o sujeito que ecoa o silêncio que o compõe, que tropeça na linguagem, é errante, que surge no pensamento que se ausenta, poeticamente é "lacuna de gente" (Barros, 2010, p. 330). Nas palavras de Lacan (1998[1964], p. 150): "um significante é o que representa o sujeito para outro significante", destarte, será nessa cadeia significante que o sujeito irá deslizar, fazendo presença, fazendo ausência, como bem pontua a poesia manoelesca: "do lugar onde estou já fui embora" (Barros, 2010, p. 348). Dito desse modo, o sujeito inscreve-se no intervalo entre dois significantes, não estando nem em um nem em outro, mas no espaço de hiância que sustenta e faz mover a cadeia de suas palavras. Um sujeito que se sustenta a partir da operação de um dizer que conta com o vazio, que marca tropeço e falha, que busca ancoragem na racionalidade justamente onde ela não garante e que tenta se amarrar para fazer girar os efeitos de seus significantes.

Tropeço, desfalecimento, rachadura. Numa frase pronunciada, escrita, alguma coisa se estatela. Freud fica siderado por esses fenômenos, e é neles que vai procurar o inconsciente. Ali, alguma coisa quer se realizar - algo que aparece como intencional, certamente, mas de uma estranha temporalidade. O que se produz nessa hiância, no sentido pleno do termo produzir-se, se apresenta como um achado. É assim, de começo, que a exploração freudiana encontra o que se passa no inconsciente. (Lacan, 1998[1964], p. 30)

Cabas (2009, p. 15) descreve que o sujeito da experiência psicanalítica é uma função, consequentemente: "a pergunta que lhe convém não é "quem ele é", e sim, continua o autor, "no que ele" se encarna, ou também "onde e como" ele se "materializa", já que ele é movediço, escorregadio, sempre escapa a qualquer predicado, qualquer substância ou essência. O sujeito do inconsciente, segundo Quinet (2003, p. 13), "é não identificável e por isso pode ter várias identificações". Nessa direção, tomamos o sujeito como impedido de ter controle a tudo o que diz, um sujeito que não se assenhora completamente de tudo o que produz e não é dono da chave de sua própria morada, o que o poeta sinaliza com versos que incluem o di-verso na constituição do sujeito.

Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio, que
compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora,
que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros. (Barros, 2010, p. 374)

E se estamos tomando o sujeito a partir da hiância e do intervalo, é preciso considerar que o sujeito não É!, ele é falta-a-ser. Faltante e falante, o sujeito é aquilo que faz presença como vazio, como oco, hiante, como cerne do desejo (Lacan, 2008[1959-1960]), desejo inconsciente, que, assim como o sujeito, "não tem substância; é vazio, aspiração, falta, se não deixaria de ser desejo" (Quinet, 2003, p. 13). Diante disso, temos na Psicanálise um sujeito desejante, que irá buscar aqui-ali a Coisa, o objeto perdido que sempre promete completá-lo, mas que jamais irá (re)encontrá-lo, constituindo, assim, sua falta estrutural, uma vez que "a maior riqueza do homem é sua incompletude" (Barros, 2010, p. 374), nos diz o poeta. Vale registrar aqui o modo como Freud e Lacan tatearam com respeito certa urdidura de conceitos sobre Das Ding, aventura que não é sem consequências.

Quando Freud ([1895], 1977) introduziu o conceito de Das Ding, ainda no início de seus trabalhos no Projeto para uma Psicologia Científica, pensava-a como "a lógica da origem" e também como "pólo excluído do aparelho psíquico", algo que ficava fora dele. O então neurofisiologista (op. cit., p. 434) faz a aposta de que no aparelho psíquico haveria a existência de duas partes, "a primeira, que geralmente se mantém constante, é o neurônio a, e a segunda, habitualmente variável, é o neurônio b." E explica que à primeira corresponde "o núcleo do ego e a parte constante do complexo perceptivo", também definido como "neurônio a como a coisa". Assim, esse neurônio apresenta-se constante, sempre em atividade, constitutivo do eu, ou seja, como algo interno e estrutural no aparelho. (Sousa, 2013, p. 63)

Freud (1977 [1895]), ainda capturado pelos estudos da Neurologia, avança na direção de pensar que, no centro do funcionamento psíquico, existe a presença constante de algo que presentifica um desencontro primordial, qual seja, Aquilo que faz falar o descompasso - sempre já-lá - entre o grito do bebê e o que lhe foi dado como resposta pelo outro, assim, o sujeito é "[...] formado em desencontros" (Barros, 2010, p. 339). Se é certo que alguém acolheu o grito do infans e se fez presença de corpo (inclusive de palavra) no momento de fragilidade do humano, é igualmente certo considerar que não houve (não há nem nunca terá) correspondência entre tal grito e o tratamento de palavra que ele fez irromper. Ou seja, o humano terá para sempre a marca, fadado que será a carregar em seu corpo (também de linguagem) as marcas disso que é a Coisa.

Outras percepções do objeto também - se, por exemplo, ele der um grito - evocarão a lembrança do próprio grito (do sujeito) e, com isso, de suas próprias experiências de dor. Desse modo, o complexo do ser humano semelhante se divide em duas partes, das quais uma dá impressão de ser uma estrutura que persiste coerente como uma coisa, enquanto que a outra pode ser compreendida por meio da atividade da memória - isto é, pode ser reduzida a uma informação sobre o próprio corpo (do sujeito). (Freud, 1977[1895], p. 438)

Kaufmann (1996) indica o modo como Freud tocou - talvez sem o saber de todo - esse traço estruturante do sujeito e da sua inscrição na linguagem a partir do grito e de seus efeitos.

[...] o filhote do homem é privado de seu grito pelo Outro materno porque atribui ao grito proferido um efeito estruturante, convertendo-o em demanda. Do lado do sujeito, o grito recobre a sensação da qual jamais se saberá o que ela quis dizer [...] Como se vê, há aí algo de inominável; de fato, ninguém poderá dizer se a percepção é em cada uma de suas reiterações a mesma que a primeira, e o mesmo se aplica à experiência de satisfação [...] Das Ding é o que - no início da organização do mundo no psiquismo [...] - se apresenta e se isola como o termo estranho. Essa estranheza da Coisa engendra a tendência a reencontrar, mas, dirá Lacan esse objeto 'perdido' nunca esteve perdido mesmo que se trate de reencontrá-lo. Essa posição remete ao impensável da origem, daquela do significante e portanto da impossibilidade do gozo para se dizer. (Kaufmann, 1996, pp. 84-85).

Barros (2010, p. 321), com sua poetura de gerar nascimentos, diz que "Uma palavra abriu o roupão pra mim. Ela deseja que eu a seja". Assim, ao modo de um roupão que se abre e deseja o encontro de um corpo com outro, o bebê recebe palavras diante do seu grito solitário e abandonado sem, contudo, ter a garantia de correspondência entre o que ele encontra e as palavras pelas quais irá perambular pela vida afora. A cisão está posta de saída.

O fato é que a Coisa freudiana irá encontrar em Lacan um quadro de sistematização bastante apurado. Ao longo do Seminário - Livro 7, ele remete a Das Ding nos termos daquilo que está "no centro, no sentido de estar excluído" (Lacan, 2008[1959-1960], p. 89) ao que existe, continua o autor, "de aberto, de faltoso, de hiante, no centro do nosso desejo" (Lacan, 2008[1959-1960], p. 104), e que não se anula, nem se controla nem se fecha, mas configura-se sempre presente a cada nova ida/vinda do sujeito no simbólico, ou seja, o sujeito está sempre às voltas com Isso cujo núcleo duro jamais será tocado.

[...] o que se trata de encontrar não pode ser reencontrado. É por sua natureza que o objeto é perdido como tal. Jamais ele será reencontrado. Alguma coisa está aí esperando algo melhor, ou esperando algo pior, mas esperando. [...] é esse objeto, Das Ding, enquanto o Outro absoluto do sujeito, que se trata de reencontrar. Reencontramo-lo no máximo como saudade. (Lacan, 2008 [1959-1960], p. 68)

É em sua condição de falta-a-ser, de incompleto e de descompasso primevo, que o sujeito se lança na/pela vida simbólica, tendo como seu único guia os efeitos Disso que é inencontrável, puro vazio.

Se o objeto é perdido para sempre, ou mesmo, se há um real que não se rende ao simbólico, contamos com o fato de que todo ser humano, ou, como quer Lacan, todo falasser se enfrenta com um vazio, uma falta de significação que pedirá sempre para ser representada. Mais tarde, em seu ensino, Lacan não dirá mais que há uma falta e sim um furo. (Zucchi & Viola, 2014, p. 1)

O desejo, insistente e pulsante, é resposta a esse furo. Causa de desejo, o objeto a - aquilo que Lacan coloca como sua única invenção - faz o sujeito se movimentar e tecer bordas para o impossível que o constitui. Conforme Quinet (2003, p. 16), "o sujeito é desejo" - e aí está a chave de sua existência - "o sujeito do desejo é esse fogo no artifício da linguagem". Consoante Barros (2010, p. 360):

Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.

Estamos no campo lacaniano, no qual as palavras são tomadas como contorno a circundar um arranjo em redor de um furo. Uma metáfora visual interessante aqui seriam os bordados em que todos os pontos se estruturam a partir de um vazio, em torno do qual as linhas se cruzam, se amarram, produzem nós e se enovelam. O sujeito do inconsciente o faz com seus significantes.

Queria transformar o vento.
Dar ao vento uma forma concreta e apta a foto.
Eu precisava pelo menos de enxergar uma parte física do vento: uma costela, o olho...
Mas a forma do vento me fugia que nem as formas de uma voz.
Quando se disse que o vento empurrava a canoa do índio para o barranco
Imaginei um vento pintando de urucum a empurrar a canoa do índio para o barranco.
Mas essa imagem me pareceu imprecisa ainda.
Estava quase a desistir quando me lembrei do menino montado no cavalo do vento - que lera em Shakespeare.
Imaginei as crinas soltas do vento a disparar pelos prados com o menino.
Fotografei aquele vento de crinas soltas. (Barros, 2010, p. 356)

Essa poética de transformar o vento e fotografá-lo de crinas soltas é o melhor que o sujeito pode produzir ao longo de uma (psic)análise: instância de produzir algo com o que lhe é furo e(m) presença do simbólico. Isso inclui o dispositivo com a presença de alguém que cumpra a função de analista e a disponibilidade para uma longa travessia, que inclui trombar e dizer (até o osso) do sintoma, da fantasia e das formas de gozo que isso tudo encerra, desse modo, "Há quem receite a palavra ao ponto de osso, de oco; ao ponto de ninguém e de nuvem." (Barros, 2010, p. 172).

Caminhando pela alameda da Análise do Discurso francesa (AD) de Michel Pêcheux (1969), temos uma outra - e próxima concepção - de sujeito, outra porque não se trata de um sujeito que será escutado nesses movimentos descritos, mas ao mesmo tempo próxima porque também ele é um sujeito à/da linguagem, faltoso e interpelado em sujeito pela ideologia para que assim se inscreva o seu dizer. Tomar o processo da interpelação implica considerar que a ideologia produz a evidência de um sentido que parece ser exato e uno, tido como capaz de colar um efeito de verdade entre palavra e mundo. Tal processo de assujeitamento não é todo consciente e tampouco conta com o controle do sujeito que, nos termos da Teoria Discursiva, é uma posição na qual se produzem certos sentidos e se apagam outros. De acordo com Orlandi (2007, p. 32):

O dizer não é propriedade particular. As palavras não são só nossas. Elas significam pela história e pela língua. O que é dito em outro lugar também significam em 'nossas' palavras. O sujeito diz, pensa que sabe o que diz, mas não tem acesso ou controle sobre o modo pelo qual os sentidos se constituem nele.

Incompleto e faltante, o sujeito faz movência em constante relação com os sentidos já falados antes. De acordo com Pêcheux (1969), o sujeito do discurso opera como forma-sujeito do discurso, não tendo uma essência em si mesmo, mas ocupando posições nas formações discursivas, com as quais o sujeito identifica-se a partir do lugar que ocupa nas relações de poder tramadas na/pela formação social. Dito assim, o sujeito do discurso pode ocupar uma ou outra posição, podendo os sentidos do que diz serem sempre outros, como poetiza Barros (2010, p. 470): "no escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.".

Para a Teoria Discursiva, o sujeito é perpassado pela ideologia e dividido pelo inconsciente, pelo simbólico, por conseguinte, ele não controla o seu dizer, pois, antes do sujeito dizer "Eu falo", em Outro lugar, precedentemente, se fala do sujeito e se fala ao sujeito (Pêcheux, 2014). Nos dizeres poéticos de Barros (2010, p. 339), "sou um sujeito cheio de recantos" (p. 339) e "aonde eu não estou as palavras me acham" (p. 347), marcando um modo de dizer do quanto o sujeito é efeito da linguagem nos termos de que ele retoma, reordena, remexe na rede de filiação histórica dos sentidos, produzindo algo singular ali onde as palavras já foram investidas de sentidos socialmente traçados. Nesse escoamento de palavras, de sentidos, o sujeito em seu vazio, fugidio, provoca rachaduras na capsula de certos enunciados tidos como evidentes pela tomada ideológica, e faz o novo, pois, em harmonia com a poesia de Barros (2010, p. 389), o sujeito não gosta "de palavra acostumada", o sujeito é "um abridor de amanhecer" (p. 389), em uma poética que do nada faz acordar a língua. Interpelado pela ideologia e inscrito na língua, o sujeito deixa rastros e restos de seu furo, compondo um ritual que é sempre brecha aberta a um sentido outro, um ritual constitutivamente falhado e faltoso do qual a poesia pode advir, já que "Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável" (Barros, 2010, p. 319). Será na quebra da língua, no tropeço, no buraco, que a ilusão de que há sentido pra tudo se desfaz, se desmonta, pois o discurso é poroso, aerado, fal(t)hoso. Portanto, de acordo com Sales (2011, p. 11): "A falta, essa incompletude de sentidos, vai se dizer na falha e no simbólico, visto que a interpelação ideológica é um ritual. Essa interpelação é constituída por falhas, brechas."

Assim, o sujeito é efeito e não causa, ele sempre fala de um lugar já-dado, uma vez que, segundo Pêcheux (1990), o discurso não independe completamente dos trás-mundos, pelo contrário, é justamente esse pré-mundo - inscrito sócio-historicamente - que determina o que pode e deve ser dito. Pela base conceitual da AD, o sujeito não é senhor do seu dizer, nem é a origem das palavras que produz, é um exilado das suas próprias palavras, do seu próprio discurso, mas que esse sujeito possa falar e que seu dizer possa significar, o mesmo se posiciona em determinada formação discursiva, vestindo-se de sentidos produzidos historicamente, já ditos em outro lugar. Desse modo, segundo Pêcheux (2014[1974], p. 99), "Descentrado, o sujeito cinde-se, torna-se uma posição-sujeito entre outras que decompõem a forma-sujeito, o sujeito-histórico que organiza o saber de uma Formação Discursiva, fazendo soar em seu discurso o já-dito em outro lugar."

Diz-nos Manoel de Barros (2010, p. 318) que "A língua era incorporante", desse modo, o sujeito é "incorporado pelas formas pelos cheiros pelo som pelas cores" (p. 360), pelas palavras, pelo discurso, pelos sentidos. Um vazio que pode vir ser ocupado por alguma coisa, espaço vazio que só poderá ser preenchido por meio de uma interpelação ideológica, na qual o conteúdo que recheia o oco do sujeito faça sentido e produza subjetividades específicas. Percorremos até aqui um caminho no qual semeamos alguns dizeres sobre o/do sujeito e sua relação com a linguagem, o vazio e o poético, tendo como chão teórico a Psicanálise e a AD que "estão às voltas com aquilo da linguagem que remete à atividade de um sujeito e com aquilo do sujeito que faz efeito de furo na linguagem" (Baldini & Sousa, 2014, p. 9).

 

Lalíngua: o útero da poesia...

Se o sujeito é um ser histórico, efeito discursivo, determinado pela linguagem e pelo inconsciente, ele não deixa de fazer furo, de deslizar pela rede significante, de dançar com a alteridade, fazendo metáforas e deslocando sentidos. Nas palavras poéticas de Barros (2010, p. 339): "Eu queria avançar para o começo. Chegar ao criançamento das palavras." Tocar essas questões do sujeito, tais como hiância, incompletude, divisão e descentramento, e do discurso na relação com a ideologia, o inconsciente e a memória, provoca-nos a pensar o poético como Pêcheux (1990[1982], p. 51) ensinou ao citar Milner e afirmar que "nada da poesia é estranho à língua. - nenhuma língua pode ser pensada completamente se aí não se integra a possibilidade de sua poesia".

Nesses termos, o poético não é considerado como um traço especial ou excepcional da língua, mas como o seu próprio, isto é, aquilo de que é feito o seu funcionamento. Com isso, "temos a urgência de tomar a língua em sua plástica equivocidade, marcada pela falta e pelo impossível que lhe são constitutivos, o que significa inferir tomá-la em sua condição de poesia" (Sousa, 2016, p. 161). Lacan (1976/1977, s/p.) afirma: "A astúcia do homem é enfrentar tudo isto, eu lhes disse, com a poesia, que é efeito de sentido, mas, também de furo." O furo e o vazio nas tramas do sujeito e do simbólico abrem brecha para que o sentido se redobre sobre si mesmo, produza reviramentos e abrigue o vindouro de uma significação outra. Barros (2010, p. 7) o faz assim: "[...] Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada tenho profundidades." É justamente essa possibilidade de desarranjar sentidos, significados e significâncias já estabilizadas pela repetição e/ou pela cristalização evidente do único que o sujeito tateia quando toca o criançamento e a infância da/na língua (e quando é por ele tocado).

Considerando a poesia como um arranjo, espaço de jogo metafórico entre significantes na língua, perguntamos pelo estabilizado da memória discursiva literária no Brasil - formulações e sentidos -, ou seja, no modo como a língua brasileira cria mundos e sujeitos nacionais. Essa pergunta orienta-se pelo funcionamento discursivo proposto por Pêcheux (1988), ao descrever os modos pelos quais a língua se constitui pelo interdiscurso, a memória discursiva, produzindo efeitos de sentido também pelo poético. (Almeida, 2016, p. 134)

Na Psicanálise compreendida por Lacan, o jogo metafórico consiste na substituição de um significante por outro significante, produzindo alguma coisa, ou seja, o que aí de produz não é outra coisa senão uma significação da ordem da poesia e do ato criativo (Mariani, 2007). Portanto, a metáfora é produtora de sentidos, é o que permite surgir um sentido novo, uma outra forma de dizer e significar. Na AD, o trabalho interpretativo é realizado com a não estabilidade da língua, isto é, não há sentido fixo nas palavras, elas sempre podem significar outra coisa, e outra, e mais outra, pois a língua tomada pelo simbólico é ao mesmo tempo estruturada e furada (Mariani, 2007). Nesse funcionamento não estanque que algo da metáfora se faz fundamental na linguagem, produzindo efeitos:

Pêcheux propõe um esquema para explicar esse funcionamento e em seu esquema, o que se compreende é que nesse incessante deslizamento de sentidos, neste processo perene de substituição de uma palavra por outra, chega-se a algo totalmente distinto, mas que guarda alguma coisa das relações de sentidos dos deslizamentos. Há, como diz Orlandi, algo do mesmo no diferente. E é por aí que Pêcheux traz a questão da historicidade e da ideologia em sua conexão com a língua e com o discurso. (Mariani, 2007, p. 13)

Assim, nesse processo metafórico, o que se produz são deslocamentos de sentidos, a emergência de um sentido vir ocupar o lugar de outro. E será nesse deslocamento, nessa substituição de palavras, de sentidos, que algo do equívoco irá se inscrever. O equívoco será essa irrupção do real que se manifesta no acontecimento falhoso da língua, evidenciando aquilo que manca, aquilo que escapa da lógica da univocidade (Mariani, 2007). Desse modo, compreendendo o equívoco como mordidas do real no simbólico, é atestar que algo da língua se apresenta como inatingível, manifestando um impossível de tudo dizer, ou seja, algo no sujeito se apresenta como "incompleto, manco, roto e capenga" (Sousa, 2016, p. 157), e será na tentativa de apalavrar o sem-palavra que algo da metáfora se realiza, desse modo, "a cada tentativa de nomear, o inominável comparece como centro em torno do qual todos os movimentos simbólicos orbitam, em torno do qual o sujeito faz giros de desejar. E faz poesia" (Sousa, 2016, p. 157). Nesses giros de desejo, no apanhar de desperdícios, nosso poeta da desrazão faz poesia, nomeando o nada.

Toda vez que encontro uma parede ela me entrega às suas lesmas.
Não sei se isso é uma repetição de mim ou das lesmas.
Não sei se isso é uma repetição das paredes ou de mim.
Estarei incluído nas lesmas ou nas paredes?
Parece que lesma só é uma divulgação de mim.
Penso que dentro de minha casca não tem um bicho:
Tem um silêncio feroz.
Estico a timidez da minha lesma até gozar na pedra. (Barros, 2010, p. 320)

Se algo na poesia de Barros faz sentido, suturando, alguma outra Coisa faz furo, produzindo uma bifurcação, instalando uma ambiguidade. Ao colocar uma garça, uma rã, uma lesma, uma árvore, no estado de verbo, o equívoco fratura à língua e produz um efeito de "criançamento" ao brincar com as palavras e com os sentidos. "[...] A poesia se funda precisamente sobre esta ambigüidade de que falo e que qualifico de duplo sentido. Se com efeito a língua - é aí que Saussure tem seu ponto de partida - é fruto de uma maturação, de uma madurez que se cristaliza com o uso, a poesia resulta de uma violência feita a este uso [...]" (Lacan, 1976-1977, s/p.).

Destarte, a poesia é aquilo que faz furo na madurez da palavra, aquilo que desestabiliza os sentidos, produzindo "o puro som de nada" (Sousa, 2016, p. 158). Será nas falhas da língua, na equivocação, nos tropeços, que surgirá algo da ordem do estranhamento, da surpresa, o inesperado. A poesia faz esse buraco no previsível, tomando outro rumo, colocando outra coisa no lugar do evidente, construindo "uma artesania-puro-bordejo de um nada" (Romão & Souza, 2013, p. 43), como podemos ver nos versos que seguem:

O menino ía no mato
E a onça comeu ele.
Depois o caminhão passou por dentro do corpo do menino
E ele foi contar para a mãe.
A mãe disse: Mas se a onça comeu você, como é que o caminhão passou por dentro do seu corpo?
É que o caminhão só passou renteando meu corpo
E eu desviei depressa.
Olha, mãe, eu só queria inventar uma poesia.
Eu não preciso de fazer razão. (Barros, 2010, p. 103)

Essa seria a propriedade do poético, de fazer furo no sentido previsível, pois "os poetas devem aumentar o mundo com as suas metáforas" (Barros, 2010, p. 95). O poético se apresenta como uma resposta desejosa ao real e ao equívoco (Sousa, 2016), uma resposta outra que torce o tecido ungido de sentidos, fazendo gotejar palavras tracejadas "de humor, de joke, de chiste, de troça e leveza" (Sousa, 2016, p. 159). Desse modo, no dizer poético, se torna "possível" ouvir as vozes do chão e das águas, ver o silêncio, o formato dos cantos, implantar costela no vento, ter no olhar um silêncio de chão, a voz azul, rosto de água, prender o silêncio com fivela, desenvolver moscas em peneiras, escutar a cor dos passarinhos (Barros, 2010).

Se são os equívocos que fazem furo nos sentidos sedimentados e fazem poesia, devemos compreender que o equívoco não é outra coisa senão manifestação de lalíngua (Milner, 2012). Conceito desenvolvido por Lacan, lalíngua é extraído do termo lalação, isto é, o balbucio, o som sem sentido da criança que ainda não fala, que mesmo sem ter um sentido, não deixa de evidenciar o contentamento do infans (Soler, 2012). Lalíngua são "ruídos, retalhos, pedaços que não podem ser explicados nem emendados" (Sousa, 2016, p. 160), ou seja, lalíngua consiste em uma língua materna que não pode ser comparável com nenhuma outra (Milner, 2012). "[...] lalíngua é aquilo da língua materna que o sujeito recebe como aluvião, chuva, tormenta de significantes próprios àquela língua idiomática que se depositam para ele como material sonoro, ambíguo, equívoco, repleto de mal-entendidos, com diversos sentidos ao mesmo tempo, sem sentido" (Quinet, 2009, p. 171).

Assim sendo, lalíngua nasce da palavra ouvida, ela vem do falar-ouvido, um som sem sentido, mas que faz presença, podendo, assim, tomar qualquer sentido (Soler, 2012). Lalíngua é Isso que está fora da língua, é o detrás da linguagem estruturada sintaxicamente, por isso ela não tem nenhuma relação com o dicionário, está para-além do campo semântico, falta em lalíngua esse entrelaçamento das palavras e sentidos, haja vista que há uma desestrutura de linguagem e de discurso, ela é a-estrutural (Soler, 2012). Dessa maneira, será nessa impossibilidade de fechamento da língua, ou seja, que à língua é não-toda, que lalíngua será sustentada (Tfouni et al., 2017). Assim, com faíscas de lalíngua na língua se monta um meio de fazer manifestar o não-todo, o impossível, o sem-palavra, terminando em uma labareda acesa pelos poetas. "O surpreendente é que o fracasso não seja absoluto e que um poeta se reconheça nisto que ele consiga efetivamente, senão preencher a falta, ao menos afetá-la. Na alíngua, que ele trabalha, acontece que um sujeito imprima uma marca e abra uma via onde se escreve um impossível a escrever" (Milner, 2012, p. 40).

De acordo com Soler (2012), lalíngua é um saber inconcebível, uma integral dos equívocos, ordem do impossível, não quer dizer que não se pode fazer algo com ela. O poeta faz algo com lalíngua. Manoel de Barros, escreveu um livro sobre o nada, de coisa nenhuma, de coisas desúteis, um alarme para o silêncio, "tudo que use o abandono por dentro e por fora"(Barros, 2010, p. 327), uma lalíngua "abandonada" que produz afetos, ela afeta o gozo: "O fato de podermos gozar de lalíngua é garantido pela existência do poeta" (Soler, 2012, p. 42). Lacan (1985[1972/1973]) deixará claro que lalíngua não serve para comunicar, mas sim para gozar, é substância gozante, um modo com que o sujeito faz laço com seu gozo, uma língua de gozo. Assim sendo, se deparando com o real, registro onde a palavra não entra, o poeta faz borda, contornando-o, construindo um saber fazer com esse real, inventa um modo de lidar com os resíduos de lalíngua, gozando. Barros (2010, p. 122) deixa isso claro, "eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso as palavras para compor meus silêncios". Lalíngua é o útero da poesia, órgão oco que recebe o som sem sentido e o fecunda, gerando equívocos e parindo o novo.

 

Restos, sobras, dejetos: um ensaio de fim...

A voz de Manoel de Barros, que nos acompanhou aqui, não apenas ilustrando conceitos, mas mostrando-os em operação na voz de um sujeito poeta, produz um mundo de deslocamentos na poesia "despropósita" de Barros (2010, p. 338), pontuando que é "preciso atrapalhar as significâncias". Assim, e só assim, o sujeito irrompe com os fios preestabelecidos, fazendo emergir o novo.

Só a alma derrotada pode trazer para a voz um formato de pássaro.
Arte não tem pensa:
O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo.
Isto seja: Deus deu a forma. Os artistas desformam.
É preciso desformar o mundo: Tirar das naturezas as naturalidades.
Fazer cavalo verde, por exemplo.
Fazer noiva camponesa voar - como em Chagall.
Agora é só puxar o alarme do silêncio que eu saio por aí a desformar. (Barros, 2010, p. 340)

Podemos compreender que há aí um sujeito que é convocado a existir, convocado pela linguagem, que tanto para a Teoria Discursiva quanto para a Psicanálise antecede o sujeito. Uma linguagem que chove sobre o corpo do sujeito, molhando-o de sentidos, fazendo sulcos, furos, concedendo seus significantes, sua materialidade discursiva, seus lugares, onde o sujeito se posiciona para, assim, produzir dizeres, para existir, para resistir. Mas, (des)finalizamos com o poeta das profundidades, quando ele diz: "a gente só chega ao fim quando o fim chega! Então pra que atropelar?" (Barros, 2010, p. 407).

 

Referências

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Endereço para correspondência
Lucília Maria Abraão e Sousa
E-mail: luciliamasousa@gmail.com
Bruno Monteiro Herculino
E-mail: brunomonteiro_h@live.com

 

 

*Professora livre-docente na Universidade de São Paulo (USP). Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP). Bolsista Fapesp (Proc. n. 2019/13385-4). Bolsista Produtividade PQ do CNPq. Membro da Internacional dos Fóruns - Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano de São Paulo, Fórum do Campo Lacaniano em São Paulo.
**Mestre em Psicologia, Processos Culturais e Subjetivação na Universidade de São Paulo (USP). Graduado em Psicologia pela Universidade de Franca (Unifram). Psicólogo clínico. Psicanalista. Membro da Rede de Pesquisa Linguística e Psicanálise do Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo. Membro do E-L@DIS - Laboratório Discursivo: sujeito, rede eletrônica e sentidos em movimento.

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