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Analytica: Revista de Psicanálise

versión On-line ISSN 2316-5197

Analytica vol.9 no.16 São João del Rei ene./jun. 2020

 

ARTIGOS

 

Feminino: o "sem limites" das verdadeiras mulheres1

 

Feminine: the "No Limits" of True Women

 

Féminin: le "sans limite" des vrais femmes

 

Femenino: el "sin límites" de las verdaderas mujeres

 

 

Marina Silvestre Barbosa*; Susane Vasconcelos ZanottiI**

IUniversidade Federal de Alagoas - UFAL - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O feminino na Psicanálise foi concebido de variadas formas desde Freud e recebeu lugar de destaque no ensino de Lacan. Com base nas contribuições efetuadas por Lacan a partir dos anos 1970, o objetivo deste artigo é analisar o "sem limites" como uma característica do feminino e identificar quais as consequências deste para as mulheres. Inicialmente, Freud destacou como característica marcante o penisneid, porém, posteriormente, Lacan propõe que o feminino é não-todo submetido à lógica fálica e, por isso, as mulheres experimentam um gozo suplementar que não tem a cobertura simbólica. Conclui-se que o gozo feminino aproxima as mulheres do real e que esse encontro pode ser identificado em atos que se atribui ao de "verdadeiras mulheres".

Palavras-chave: Psicanálise, Mulheres, Feminilidade.


ABSTRACT

The feminine in psychoanalysis was conceived in various ways since Freud and received a prominent place in the teaching of Lacan. Based on the contributions made by Lacan from the 1970s, the objective of this article is to analyze the "no limits" as a characteristic of the feminine and to identify the consequences of this for women. Initially Freud emphasized penisneid as a characteristic, but later Lacan proposes that the feminine is not all submitted to phallic logic and, therefore, women experience extra jouissance that does not have symbolic coverage. It is concluded that feminine jouissance brings women closer to the real, and this finding can be identified in acts attributed to "true women".

Keywords: Psychoanalysis, Women, Femininity.


RÉSUMÉ

Pour la psychanalyse le féminin à été conçu de différentes façons depuis Freud et à été en évidence dans l'apprentissage proposée pour Lacan. Cet article s'approprie des contributions de Lacan à partir des années 1970, pour faire une analyse du "sans limite", autant que caractéristique du féminin ainsi que d'identifier ses conséquences pour les femmes. Au début, Freud avait mis l'accent sur le penisneid, après Lacan propose que le féminin n'est pas complètement soumis à la logique phallique et c'est pour cela que les femmes ont l'expérience d'une jouissance supplémentaire, qui n'a pas une couverture symbolique. On arrive à la conclusion que la jouissance féminine les rapproche les femmes du réel et cette rencontre peut-être attribuée aux actes des "vrais femmes".

Mots-clés: Psychanalyse, Femme, Féminité.


RESUMEN

El femenino en el psicoanálisis fue concebido de variadas formas desde Freud y recibió un lugar destacado en la enseñanza de Lacan. Con base en las contribuciones efectuadas por Lacan a partir de los años 1970, el objetivo de este artículo es analizar el "sin límites", como una característica de lo femenino e identificar cuáles son las consecuencias de éste para las mujeres. Inicialmente Freud destacó como característica memorable el penisneid, pero posteriormente Lacan propone que lo femenino no es sometido a la lógica fálica y, por eso, las mujeres experimentan un goce suplementario que no posee la cobertura simbólica. Se concluye que el goce femenino aproxima a las mujeres de lo real y este encuentro puede ser identificado en actos que se atribuye al de "verdaderas mujeres".

Palabras claves: Psicoanalisis, Mujeres, Feminidad.


 

 

Introdução

Em Psicanálise, a investigação sobre o feminino é notável desde as primeiras formulações de Freud sobre a sexualidade. Em seu texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, Freud (1905/1996) descreveu a sexualidade masculina considerando que a sexualidade feminina era similar. No entanto, em texto publicado quase 20 anos depois, A organização genital infantil, Freud (1923/1996) afirmou não conhecer os processos que ocorrem na sexualidade feminina, que ele denominou de "continente negro" no texto Análise leiga (1926/1996). A despeito de tal afirmação, ao apresentar Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos, Freud (1925/1996) apontou algumas questões a respeito do tema, desenvolvidas em textos posteriores.

O pai da Psicanálise (1931/1996), em Sexualidade Feminina, atribui que identificar a relação conflituosa da menina com sua mãe e os motivos para elas se afastarem o auxiliou nas teorizações a esse respeito. As teorizações de Freud sobre a sexualidade feminina foram ampliadas por Lacan, a partir da discussão de novos conceitos. As contribuições iniciais de Lacan mantiveram-se em torno das consequências da castração e da falta fálica para a mulher, aspecto que fundamentou a concepção da mascarada feminina (Lacan, 1958/1998). O psicanalista francês discute que as mulheres mascaram a falta do falo e constroem atributos para se mostrarem como se elas tivessem o falo. Com isso, elas seriam capazes de despertar desejo. Entretanto, a partir do Seminário XX (Lacan, 1972-1973/1985), com a introdução das fórmulas da sexuação, houve uma virada nas discussões a respeito do feminino. Diferentemente do que afirma no Seminário V (Lacan, 1957-1958), a respeito das verdadeiras mulheres depois da discussão do Édipo feminino, no Seminário XX, Lacan (1972-1973), por meio das fórmulas da sexuação, discute a noção de "gozo feminino", que se encontra além do Édipo. As fórmulas quânticas da sexuação propõem que existem duas posições subjetivas, de acordo com o sexo. Do lado masculino, encontram-se os sujeitos que estão submetidos totalmente ao registro fálico. Isso quer dizer que o sujeito tem limites bem definidos, considerando que há uma cobertura simbólica que limita o gozo desses sujeitos, chamado de gozo fálico. Do lado feminino, estão os sujeitos não-totalmente submetidos ao registro fálico. Ou seja, uma parte de seu ser tem a cobertura simbólica, porém uma outra parte não. Esses sujeitos experimentam um gozo ilimitado, chamado de gozo suplementar (Lacan, 1972-1973/1985).

Assim, ao propor as fórmulas quânticas da sexuação, Lacan (1972-1973/1985) indica que a mulher está não-toda submetida à lógica fálica e que ela experimenta um gozo suplementar, que não tem a cobertura simbólica. Esse gozo é ilimitado e acarreta diversos efeitos para as mulheres.

Essa breve incursão nas teorizações de Freud e Lacan delimita nosso interesse de investigação: o que é o feminino em Psicanálise? Como defini-lo? A busca por respostas orientou a construção deste artigo, que busca analisar a afirmação de Lacan sobre as verdadeiras mulheres feita no Seminário V (1957-1958), a partir da óptica das formulações realizadas no Seminário XX (1972-1973).

Para tanto, de início, situa-se o feminino a partir de textos literários e questiona-se a possibilidade de atribuir a um texto as características do feminino. Posteriormente, discutem-se os atos de Madeleine e Medeia, considerando o fato de Lacan atribuir a ambos a qualidade de "ato de uma verdadeira mulher". Aqui, consideramos que a verdadeira mulher é "não-toda".

A escolha por iniciar com a discussão sobre a possibilidade de escrituras do feminino teve como propósito mostrar a proximidade deste com a arte, na medida em que se considera que há proximidade de ambos com o real, pois o gozo feminino deixa as mulheres mais próximas desse registo. Em seguida, evidencia-se a respeito dos atos de Madeleine e Medeia e sua relação com a queda dos semblantes, o que as deixa expostas aos efeitos do gozo feminino.

Aqui se entende que não é sem consequências que as mulheres experimentam o gozo feminino. Por isso, com base nas contribuições efetuadas por Lacan a partir dos anos 1970, pretende-se neste artigo analisar o sem limites como uma característica do feminino e identificar as consequências para as mulheres.

Assim, a discussão apresentada privilegia conceitos relacionados à sexualidade feminina na teoria lacaniana, como a noção do gozo feminino, da mulher como não-toda, com base nas fórmulas da sexuação. Esses conceitos foram desenvolvidos por Lacan em seu último ensino, a partir do Seminário XX (1972-1973). Para tanto, parte-se da hipótese de que a afirmação feita por Lacan a respeito das "verdadeiras mulheres" no Seminário V (1957-1958), depois da discussão das consequências do complexo de Édipo feminino, pode ser retomada tendo como base as formulações apresentadas no Seminário XX.

 

Escrituras do feminino: Marguerite Duras, Hilda Hilst e Clarice Lispector

Marguerite Duras tem sua obra associada ao tema do feminino, isso se deve não somente pela presença de personagens femininas em seus romances, mas também devido a sua escrita (Fortes, 2007). Duras explica em entrevista a Gauthier (1974) que seus livros são dolorosos de ler por remeterem a um terreno ainda não explorado: o feminino.

Fortes (2007) defende que, enquanto para Freud e para Lacan o mistério do feminino tem uma negativização por meio da falta e da castração, em Duras isso é retratado como uma positividade do enigma. A negativização na teoria freudiana está relacionada à importância que Freud (1933/1996) atribuiu à chamada "inveja do pênis" no desenvolvimento de seus textos a respeito da sexualidade feminina, que se daria no momento em que a menina se percebe castrada. Já na teoria lacaniana, a negativização pode ser encontrada em seus textos iniciais, a partir de 1957, que ainda estavam ligados a uma lógica estritamente fálica.

Lacan (1958/1998), em A significação do falo, seguindo a lógica fálica, propõe que todos os sujeitos são castrados, mas, no caso da mulher, para encobrir essa falta e provocar o desejo, ela mostra-se como quem é o falo, recobrindo-se de semblantes e fazendo existir a mascarada feminina. A partir do Seminário X, A angústia, Lacan (1962-1963/2005) já não descreve a mulher a partir de uma falta, mas sim a partir de algo além, chegando mesmo a afirmar que "não falta nada na mulher" (Lacan, 1962-1963/2005, p. 200).

Porém, só a partir do Seminário XX (1972-1973/1985), ao desenvolver as fórmulas da sexuação e afirmar que a mulher é não-toda submetida à lógica fálica, que Lacan discute haver algo a mais na mulher, um mais-além do falo. Sobre a mulher submeter-se à função fálica, Lacan (1972-1973/1985, p. 100) afirma que "não é porque ela é não-toda na função fálica que ela deixe de estar nela de todo. Ela não está lá não de todo. Ela está lá à toda. Mas há algo a mais". Sendo assim, o que Fortes (2007) descreve em seu texto como sendo diferenças encontradas entre a escrita de Duras e os textos psicanalíticos, aqui nós consideramos como aproximações, posto que é possível identificar que não há negativização no feminino.

A mulher participa do gozo fálico, mas estabelece uma relação diferente do homem em relação ao gozo, pois ela é não-toda na função fálica, ela tem um a mais. Para Lutterbach-Holck (2004), esse gozo suplementar faz com que as mulheres tenham certa relação com o real que os homens só conseguem ter na fantasia.

O real, para a Psicanálise, está relacionado à não inscrição da relação sexual e as consequências disso para cada sujeito. Ele é da instância do impossível, como destaca Bassols (2015, p. 14), "é um real próprio do campo da sexualidade e da linguagem, um real que surge como uma profunda perturbação do gozo e do sentido no ser falante". Ele tem a característica de insistência, sempre retorna, mas nunca se escreve.

O gozo feminino, por não ter uma cobertura fálica, proporciona ao sujeito que o experimenta uma proximidade maior com o real, com o ilimitado. As mulheres são mais afetadas por esse gozo. Tomamos aqui "mulher" como o sujeito que sustenta uma posição feminina a partir das fórmulas da sexuação (Lacan, 1972-1973/1985).

Segal e Manso de Barros (2014) pontuam que o gozo feminino tem articulação com o real, que Lacan definiu como um real sem lei, que não se submete à linguagem ou ao simbólico. O encontro com o real provoca um êxtase que é da ordem de um arrebatamento. Esse encontro pode levar as mulheres à devastação.

Fortes (2007) afirma que a fragilidade, o torpor e a evanescência das personagens de Duras indicam uma região feminina que não pretende ser de outro modo. Além disso, assevera que a ausência retratada por Marguerite Duras não intenciona achar algo que a completaria, pois não se sente incompleta. Para a autora, Marguerite Duras possibilita que o feminino ressoe em sua escrita, isso ocorre por meio da sua recusa da sintaxe, despreocupação com o sentido, o que conduz a uma experimentação, que a escritora considera como uma região do feminino.

Duas escritoras brasileiras que alguns autores apontam a respeito da facilidade em escrever o feminino são Hilda Hilst e Clarice Lispector. Fingermann (2008), a respeito do livro Do desejo (2004), de Hilst, afirma que o feminino é encontrado onde não se pensa achá-lo, quem se atreve consegue encontrar o desmedido, desmesurado, retomando a proposta de Freud (1933/1996), em seu texto sobre a feminilidade, de que se quisermos aprender mais sobre a feminilidade devemos interrogar "a própria experiência ou então perguntem para os poetas" (Freud, 1933/1996, p. 143).

Fingermann (2008) prossegue, com base em Lacan (1972-1973/1985), afirmando acerca da não complementaridade entre os sexos masculino e feminino, destacando que isso pode ser observado na clínica. Para o autor, isso aponta para o gozo suplementar, que desobedece a lei fálica, "que nada deve, nem completa, nem compete com o masculino, um gozo que não cabe nas medidas fálicas" (Fingermann, 2008, p. 89). Trata-se, portanto, do gozo feminino, tal como proposto por Lacan (1972-1973/1985). É com esse feminino que Fingermann (2008) identifica a escrita de Hilda Hilst: as suas palavras desmedidas, surpreendentes e encantadoras permitem atingir o feminino.

A escrita de Clarice Lispector também é considerada em sua proximidade com o feminino, no que Marcos (2012) nomeou de "estética do sopro", que são os murmúrios e intervalos da escrita. Marcos (2012) afirma que no livro Água viva (1973), de Clarice Lispector, não há uma significação final, mas uma potência que desnuda as palavras, onde não há nada por trás do véu, e aponta que esse desvelamento pode ser considerado feminino, por não haver uma significação final: "A escrita de Clarice nos permite colocar em relação à letra e à voz e pensar esta última para além da oralidade. Trata-se de um caminho em direção a uma outra dimensão da escrita, aquela que quer escrever o objeto" (Marcos, 2012, p. 198).

Apesar de ser paradoxal referir-se à voz ao falar de textos escritos, Marcos (2012) ressalta que os tons, murmúrios, silêncios e o esforço para atingir algo além da literatura, algo passível de encontrar no texto de Clarice Lispector, permitem essa referência à voz, destacando que a escritura relaciona-se ao feminino, na medida em que faz furo no simbólico e aproxima-se do impossível, do real; para a autora, o gozo feminino está relacionado à sublimação.

A proposta de uma "estética do sopro" (Marcos, 2012) possibilita que a sublimação esteja do mesmo lado que o gozo não fálico, visto que é a satisfação de uma pulsão que não foi recalcada. Assim, a escrita se configuraria como uma forma de relação com o vazio constitutivo do feminino, já que ela é criação e, para Lacan (1959-1960/2008), o artista cria a partir do vazio (Marcos, 2012).

Porém, essa foi a primeira concepção de arte proposta por Lacan no Seminário VII (1959-1960/2008). De acordo com Mello (2014), no Seminário VII (1959-1960), a arte é vista como uma forma de sublimação, exercendo, assim, a função de contornar o real, fazendo uma borda. A concepção de arte que este trabalho prioriza é a última concepção. Assim, trata-se da arte como o saber-fazer com o real, e é nisso que destacamos a interlocução entre arte e feminino, devido à proximidade com o real.

Essa noção de uma invenção com o real é o que aproxima a arte e a Psicanálise, pois, "se a invenção é a saída possível para lidar com o real, podemos supor que se não for pela análise, será pela atividade artística que o sujeito tratará seu gozo" (Mello, 2014, p. 56). Ambas trabalham o real por meio do simbólico, em que os arranjos significantes produzem sentidos e, a partir da criação, Psicanálise e arte articulam o inconsciente a um saber fazer com o real (Radaelli, 2012).

Marcos (2012) considera que a manifestação do gozo feminino em Clarice Lispector ocorre por meio de sua escrita e propõe que esta seja considerada um "certo destino do feminino, um certo destino contingente do feminino impossível" (Marcos, 2012, p. 204). Além disso, pontua que a arte então seria o lugar privilegiado onde o gozo Outro se manifesta e que a escrita daria suporte ao gozo suplementar, mantendo relação com o falo e com o S (do Outro barrado).

É essa lógica da palavra que se exibe na escrita de Clarice: um trabalho com a matéria linguageira que busca atingir o real (são as epifanias, os restos insignificantes de nossas existências, os instantes de ausência, a solidão, a errância, o silêncio) e, ao mesmo tempo, um esforço em se despojar do imaginário. Trata-se então de um gozo que passa pela palavra, mas que não pode se dizer. (Marcos, 2012, p. 207)

Enfim, chama-nos a atenção a proposta de Marcos (2012) em discutir a respeito do gozo feminino a partir de escritoras e não das místicas, por orientar-se na direção de que a criação pode estar relacionada com esse gozo que não está reduzido à lógica fálica, encontra-se além. Marcos (2012) finaliza afirmando que a chamada "estética do sopro" apontada na obra de Clarice Lispector é proveniente da concepção de arte de que há "a música como linguagem sem palavras, a pintura livre de qualquer figura e a escrita liberada da palavra" (Marcos, 2012, p. 207), por isso, aproxima-se do feminino.

 

A verdadeira mulher: Madeleine Gide e Medeia

Lacan (1965/2003) discutiu a respeito do feminino relacionado às artes, porém não comentando um modo feminino de escrever, mas sim a partir da noção de que os artistas têm esse saber que precede. Desse modo, em obras de arte, é possível identificar situações e extrair ensinamentos para a clínica e para a teoria.

Nessa direção, Lacan (1965/2003) homenageou o livro de Marguerite Duras sobre Lol V. Stein., texto no qual apresentou a noção de arrebatamento. Trata-se da noção essencial para se discutir o feminino em Psicanálise, uma vez que o arrebatamento é considerado como um dos efeitos do gozo feminino. Isso também ocorreu quando comentou a respeito do escritor André Gide (Lacan, 1958/1998), abordando a relação de Gide com sua esposa Madeleine, especialmente o ato de Madeleine, comparando-o ao ato da Medeia de Eurípedes.

 

Medeia e Madeleine Gide

Lacan (1958/1998), em seu texto sobre André Gide, comenta a respeito do ato da esposa do escritor francês, Madeleine, como sendo o ato de uma "verdadeira mulher", também nesse texto a compara com a Medeia de Eurípedes. A Medeia de Eurípedes é uma tragédia grega que conta a história de uma mulher que traiu o pai e a pátria para ajudar Jasão, que em troca prometeu casar-se com ela e viverem juntos para sempre. Eles se casaram e tiveram dois filhos, porém, posteriormente, Jasão se apaixonou pela filha de Creonte, rei de Corinto, terra onde Jasão e Medeia residiam. Quando Jasão comunica a Medeia a decisão de separar-se dela e casar-se com Creusa, Medeia decide matar Creusa e os próprios filhos para atingir Jasão.

Schaffa (2009) comenta que talvez Eurípedes fosse o primeiro arquiteto da "loucura feminina", pois ele deu um lugar ao sofrimento feminino "despedaçado", em alusão ao romance de Simone de Beauvoir A mulher despedaçada (1967). Schaffa (2009) considera que o significante mestre na tragédia de Medeia é o hórkos, que quer dizer jura ou juramento, devido ao valor que Medeia deu à quebra do juramento feita por Jasão. Medeia (Eurípedes, 1962) afirmou que seu maior pecado foi deixar a casa de seu pai e confiar nas palavras de Jasão e que, por isso, a partir de então, ele não verá mais seus filhos com vida, nem sua "jovem esposa" poderá dar outros filhos a ele. A esse respeito, Miller (2010, p. 7) comenta que

Medeia havia feito tudo por seu homem, Jasão. Havia traído seu pai, seu país, havia convencido as filhas de Pelias a matá-lo e por isso, como sabem, vivia no exílio em Corinto, junto ao marido e aos filhos [...] ela tratava de consentir com tudo o que Jasão queria. Não havia nenhuma desavença, era esposa e mãe perfeita. [...] Então Jasão lhe anuncia que quer se casar com outra, a filha de Creonte. Como diz Medeia, é um ultraje.

Lacan (1958/1998) faz aproximações entre a Medeia de Eurípedes e Madeleine, esposa de André Gide, em seu texto sobre o escritor. O amor de Gide por Madeleine tinha a característica do amor cortês desde a infância, eles eram primos, portanto foram criados próximos um ao outro. Gide era muito próximo de sua prima Madeleine, era com ela que ele queria dividir seus interesses por leitura, seus gostos e experiências, para ele era importante esse "testemunho" de Madeleine. Ela também tinha satisfação em dividir com ele seus interesses e costumava procurar por assuntos que fosse possível discutir com Gide (Fayad, 2015).

Pelo fato de serem primos, as famílias de Gide e Madeleine eram contra o casamento deles, porém a mãe de Gide concorda com o casamento poucos dias antes de morrer. Diante disso, Madeleine, mesmo reticente, aceita o pedido de casamento. Eles casam-se em 1895, mas o casamento nunca foi consumado. Gide mantinha encontros homossexuais com jovens e por muito tempo Madeleine ignorava tal questão (Fayad, 2015). Eles viveram bem por muitos anos, até que Madeleine foi confrontada com o que, para ela, era insuportável.

Gide relatou que o estopim para a crise no casamento ocorreu em 1917, quando ele conheceu um jovem chamado Marc Allegret em maio daquele ano. No ano seguinte, marcou uma viagem para Inglaterra para encontrar Marc. Na noite anterior à sua partida, Madeleine pergunta a Gide se ele viajaria sozinho, ele responde que não, então Madeleine pergunta se Marc iria acompanhá-lo, Gide confirma. Ao perceber o semblante de Madeleine, Gide tentou se explicar, porém ela não quis escutar e afirmou que preferia que ele não falasse nada a mentir (Fayad, 2015).

Fayad (2015) faz uma importante observação a respeito de Madeleine e seu paradoxo em não suportar escutar uma mentira de Gide, apesar de ter conseguido ignorar o comportamento dele por muitos anos, elegendo uma verdade que só aparecia nas cartas, um amor que Madeleine acreditava que só ela desfrutava. Depois da partida de Gide, Madeleine fica sozinha e decide reler todas as cartas que Gide escreveu para ela durante os 30 anos que se corresponderam, Madeleine, então, tem o ato que Lacan (1958/1998) atribui ao de

uma verdadeira mulher, de uma verdadeira mulher em sua inteireza de mulher. Esse ato foi o de queimar as cartas - o que Madeleine possuía de "mais precioso". Que ela não tenha dado outra razão pra isso senão o ter "tido que fazer alguma coisa" acrescenta ao ato o signo da fúria provocada pela única traição intolerável. (Lacan, 1958/1998, p. 772)

Em livro escrito depois da morte de Madeleine, Et nunc Manet in te, Gide (1951) afirma que posterior ao ato de queimar as cartas, Madeleine não mais desempenha o mesmo papel, ela passa a se dedicar apenas às tarefas domésticas e descuidou-se do corpo e de suas leituras (Fayad, 2015). Nota-se, com isso, que a parceria amorosa que Madeleine e Gide mantinham até antes do episódio da queima das cartas se modificou profundamente, isso refletiu no comportamento de Madeleine.

Ao questionamento que surge em torno do motivo de Lacan ter atribuído o ato de Madeleine em queimar as cartas de Gide ao de uma verdadeira mulher em sua inteireza, Fayad (2015) sugere que não foi uma defesa da mulher do escritor francês contra a angústia, pois ela já se encontrava angustiada, assim o ato teve a finalidade de ser uma saída para a angústia que havia tomado Madeleine.

Para Lacan (1958/1998), a partida de Gide foi insuportável para Madeleine justamente por ela ter notado em Gide "o amor, o primeiro a que tivera acesso longe dela" (Lacan, 1958/1998, p. 772). Esse foi o motivo da fúria de Madeleine, que culminou no ato de queimar as cartas.

 

Aproximações entre os atos de Madeleine e de Medeia

É curiosa a exclamação de Lacan (1958/1998) a respeito de Gide: "Pobre Jasão, que, tendo partido para a conquista do tosão dourado da felicidade, não reconhece Medeia" (Lacan, 1958/1998, p. 773). Por isso, Medeia, assim como Madeleine, viu que seus sacrifícios foram em vão (Fayad, 2015). Diante disso, Madeleine e Medeia encontraram-se em um lugar ameaçador, que exigiu que elas fizessem alguma coisa extrema: destruir o que havia de mais precioso: para Medeia, os próprios filhos e a nova mulher de Jasão, para Madeleine, as cartas de amor.

Miller (2010) comenta o modo como Medeia elaborou a vingança contra Jasão, pois ela não quis matá-lo, mas sim matar o que ele tinha de mais precioso. A respeito do ato de matar os próprios filhos para atingir Jasão, Miller (2010, 2010, p. 8) comenta que isso "permite dizer que o que há de mulher nela supera o que há de mãe. Não se deve imitá-la, mas ela constitui o exemplo radical do que significa ser mulher mais além do que mãe".

A equivalência do ato de Madeleine ao de Medeia se dá porque as cartas tinham um enorme valor para Gide, a ponto de Lacan (1958/1998) atribuir a perversão de Gide a essas cartas.

Desde então o gemido de André Gide, o de uma fêmea de primata ferida no ventre, com o qual ele pranteia a extirpação do desdobramento de si mesmo que eram suas cartas - razão pela qual as chamava de seu filho -, só faz parecer que preenche com exatidão o vazio que o ato da mulher quis abrir em seu ser, longamente escavado por uma após outra das cartas atiradas ao fogo de sua alma flamejante. (Lacan, 1958/1998, p. 772)

Ou seja, as cartas de Gide tinham para ele a importância de um filho. Miller (2010), ao comentar sobre Lacan ter atribuído a queima das cartas à característica de um ato de uma "verdadeira mulher", esclarece que "mulher" e "verdade" estão relacionadas ao que se diz que depende do semblante, pois a verdade tem estrutura de ficção e difere do saber. Lacan (1971) também afirma que as mulheres são hora da verdade de um homem. Miller (2010, p. 6) questiona: "porém, o que seria uma verdadeira mulher? Há uma resposta muito simples: para Lacan, o verdadeiro, em uma mulher, se mede por sua distância subjetiva da posição de mãe". Então, é quando Medeia e Madeleine sentem-se feridas como mulheres, que elas se afastam da posição de mãe para encarnarem A mulher.

Lacan (1972-1973/1985) indicou a importância que as palavras de amor têm para a mulher. Medeia e Madeleine não só precisavam dessas palavras de amor como também era necessário que elas fossem cumpridas. Concordamos com Fayad a respeito da equivalência das histórias de Madeleine e Medeia.

Em primeiro lugar, aqueles destacados por Lacan (1958/1998): a destruição do que possuem de mais precioso como resultado da fúria pela - traição intolerável, destacando-se a - necessidade de fazer alguma coisa. Por fim, a equivalência Gide - Jasão, em sua ingenuidade diante do saber de suas mulheres, por eles ignorado (não reconhecido) e também pelas promessas não cumpridas. (Fayad, 2015, p. 176)

Fayad (2015) identifica, assim, nas duas histórias, a questão das promessas, pois Madeleine afirmou a Gide preferir que ele se mantivesse em silêncio a ele dissimular, já Medeia afirmou que era a favor que punissem o "bom de prosa injusto" (Fayad, 2015, p. 176). As reações de Madeleine e Medeia podem estar relacionadas à queda do semblante, que faz com que as mulheres confrontem-se com o sem limites do gozo feminino.

 

A verdadeira mulher é não-toda

No Seminário V (1957-1958/1999, p. 202), Lacan aproxima a mulher da verdade, ao afirmar que " uma feminilidade, uma feminilidade verdadeira, tem sempre o toque de uma dimensão de álibi. Nas verdadeiras mulheres há sempre algo meio extraviado". Posteriormente, ele atribui a isso a proximidade das mulheres com o real no Seminário XX (1972-1973/1985).

Massara (2014) destaca que no Seminário V Lacan conclui que uma das consequências para a menina depois do Édipo é o extravio, isso porque a falta de um significante para designar o que é ser mulher tem como implicação um desvio do registro fálico, o que acarreta em estar não-toda inserida no registro simbólico. Nas palavras de Massara (2014, p. 30),

Se uma mulher não tem o objeto que, de saída, lhe falta, não há nada mais compreensível do que os desvios que se produzem no curso de seu desenvolvimento em razão dessa falta e em consequência dessa busca. Se, por um lado, o complexo de castração põe termo ao Édipo do menino, para a menina, inicia-se aí uma busca eterna para contornar essa falta. Os extravios ocorrem no momento em que, ao se deparar com a castração, a menina se debate para achar uma solução para sua sexualidade.

Ainda a esse respeito, Miller (2010, p. 9) comenta que "uma verdadeira mulher explora uma zona desconhecida, ultrapassa os limites e, se Medeia nos dá um exemplo do que há de extraviado em uma verdadeira mulher, é porque explora uma região sem marcos, mais além das fronteiras", o que remete ao mais-além do falo, que Lacan (1972-1973/1985) discute ao apresentar as fórmulas da sexuação.

Massara (2014) faz uma importante observação, ao enfatizar que Lacan usa a expressão "verdadeiras mulheres" apenas para caracterizar três mulheres: Medeia, Madeleine e Ysé. Elas são verdadeiras porque, quando foram contrariadas ou abandonadas, romperam com os semblantes, "colocam fim a elementos simbólicos preciosos para o desejo de seus homens" (Massara, 2014, p. 26).

Porém, ao mesmo em tempo que destroem elementos importantes para seus homens, elas também exterminam algo de si mesmas, pois se extraviam para fora do simbólico, uma vez que "a verdadeira mulher chega às últimas consequências para responder, de forma cruel, ao abandono de seus homens ou a uma simples ausência de ligação com as insígnias fálicas" (Massara, 2014, p. 26).

Essa possibilidade de a mulher se extraviar para fora do simbólico tem base na proposta de Lacan (1972-1963/1985) sobre as fórmulas da sexuação no Seminário XX, no qual afirmou que na posição feminina as fórmulas designam que: "não existe sujeito para quem a função fálica não funcione" e "para não-todo sujeito é verdade que a função fálica funcione", ou seja, não existe uma figura que funde um conjunto de mulheres, não existe uma exceção à regra. Assim, se não há exceção, não há regra. As mulheres não fazem conjunto e só podem ser contadas uma a uma, elas só se inscrevem parcialmente na função fálica. Para uma mulher, uma parte está presa ao gozo fálico e outra parte ao gozo do Outro, também chamado "gozo do corpo".

A mulher participa do gozo fálico, mas estabelece uma relação diferente do homem em relação ao gozo, pois ela é não-toda na função fálica, ela tem um a mais. Esse gozo suplementar faz com que as mulheres tenham certa relação com o real, segundo Lutterbach-Holck (2004), que os homens só conseguem ter na fantasia. A relação das mulheres com o real está conectada ao fato de elas não aderirem tão fortemente aos semblantes quanto os homens, o que as deixa mais expostas ao encontro com o real.

A partir dessa perspectiva, fundada com as fórmulas da sexuação, considera-se que o gozo feminino não faz parte da cadeia de significantes, é extraviado para esta. Por isso, as mulheres podem estar mais próximas do real do que do registro simbólico. Lacan (1972-1973, p. 99) afirmou que "não há mulher senão excluída pela natureza das coisas que é a natureza das palavras", ou seja, isso demonstra que não existe mulher que não esteja extraviada da linguagem, entretanto esse extravio é identificado quando caem os semblantes que possibilitavam um limite ao seu gozo.

Um ponto importante a destacar é quando Miller (2010) afirma que Lacan deixou escapar um grito, pois só é possível dizer que se trata de uma "verdadeira mulher" em ocasiões específicas. Só é possível atribuir a qualidade de verdadeira mulher "em um grito de surpresa, seja de maravilha ou de horror, e talvez só quando se percebe que visivelmente a mãe não tapou nela o buraco" (Miller, 2010, p. 7). Isso mostra o caráter contingente em que é possível encontrar uma verdadeira mulher em sua inteireza de mulher. Além disso, elas não podem se manter nessa posição, por isso refere-se a "atos" de uma verdadeira mulher.

Com base no exposto, é importante destacar que em todas as aproximações realizadas entre a arte e o feminino, ao observar as escrituras de Marguerite Duras, de Hilda Hilst ou de Clarice Lispector, ou, ainda, ao identificar o motivo, que Lacan (1958/1998) atribuiu o ato de Madeleine e Medeia ao de uma verdadeira mulher, o feminino é sempre concebido como algo sem limites, que está além da função fálica, extraviado. Isso denuncia que as mulheres estão mais próximas do real, aspecto esse que pode justificar a facilidade da queda dos semblantes femininos.

 

Considerações finais

Ao identificar a possibilidade de escrituras do feminino nos textos de Hilda Hilst, Clarice Lispector e Marguerite Duras, ressaltou-se que se trata de obras não sobre o feminino, mas com características do feminino, a saber, o fora de sentido e o fato de estar não-todo no registro simbólico. Porém, a discussão entre feminino e arte também pode ser feita no sentido de que as obras podem ensinar à Psicanálise, exemplo da Medeia de Eurípedes e do texto sobre o ato de Madeleine Gide.

Os homens são todos submetidos ao registro fálico, cobertura simbólica que proporciona um limite ao gozo deles, facilitando, assim, a aderência aos semblantes e, consequentemente, o distanciamento do real. De forma distinta, no caso da mulher, há a experimentação de um gozo que está não-todo submetido ao registro fálico, o qual pode levar ao encontro com o real, pois sem a cobertura simbólica os semblantes vacilam.

O recurso à arte serviu aqui para trazer temas e situações que instigam a reflexão acerca do feminino. Lacan (1958/1998) discutiu o ato de Madeleine Gide, que foi uma situação real e comparou-o ao ato de Medeia, uma obra fictícia. A partir dessa articulação, identificou-se a proximidade desses atos, de verdadeiras mulheres, que, conforme destacado, só podem ser atribuídos em determinadas situações, como um grito ou uma exclamação.

Nesse sentido, entende-se que tais obras contribuíram para ilustrar o encontro com o real que a queda dos semblantes femininos provocou, fazendo emergir A mulher, em sua inteireza de mulher. Tais leituras também proporcionaram identificar as incidências do gozo feminino para a mulher e também para refletir que a invasão desse gozo "sem limites" pode motivar os atos das chamadas "verdadeiras mulheres".

 

 

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Endereço para correspondência
Marina Silvestre Barbosa
E-mail: marina_sst@hotmail.com
Susane Vasconcelos Zanotti
E-mail: susanevz@yahoo.fr

 

 

*Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Psicóloga clínica em consultório particular.
**Professora associada do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
1Este artigo é parte da dissertação da autora, desenvolvida sob a orientação da coautora, defendida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Contou com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) - Bolsa de Mestrado.

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