SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.4A importância do trabalho na transição para a vida adultaAs Escolhas no Processo de Adoção índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Desidades

versão On-line ISSN 2318-9282

Desidades vol.4  Rio de Janeiro  2014

 

ESPAÇO ABERTO

 

Tempo, silêncio e esquecimento: o que ficou da experiência dos jovens de Santa Maria?

 

Tiempo, silencio y olvido: ¿Qué quedó de la experiencia de los jóvenes de Santa María?

 

 

 

Entrevista de Sonia Borges Cardoso de OliveiraI com Volnei Antonio DassolerII

IUniversidade Federal do Rio de Janeiro

IIAssociação Psicanalítica de Porto Alegre

 


Palavras-chave: boate Kiss, psicologia, adolescência, clínica psicossocial.
Palabras-clave: disco Kiss, psicología, adolescencia, clínica psicosocial.

 

Sonia Borges: Há quase um ano e meio, na madrugada de 27 de janeiro de 2013, Santa Maria (RS) foi abalada e abalou o país ao protagonizar a tragédia que culminou com a morte de 242 pessoas, a maioria jovens, vítimas de incêndio ocorrido em uma das boates da cidade. Hoje, ao retomarmos esse acontecimento, você considera que estamos falando de passado, de presente ou de futuro?

Volnei Dassoler: De acordo com indicadores apresentados pelos Médicos Sem Fronteiras, o incêndio na boate Kiss reuniu num só evento as três situações com maior potencialidade traumática: atingir um público jovem, ter sido em larga escala quanto ao número de vítimas e ter ocorrido de forma violenta. Tal fato assume coloração traumática por promover uma ruptura radical, inesperada e intensa na rotina que construímos, onde passado, presente e futuro se ligam e elaboram um tipo particular de ficção, que designamos como a “história de vida de cada um”. Nesse sentido, pensar a dimensão temporal exclusivamente na perspectiva cronológica não nos é suficiente. Por outro lado, reconhecemos que o tempo atua como facilitador dos processos subjetivos e das articulações coletivas diante de grandes tragédias ou dramas humanos.

Após o impacto das primeiras semanas, a reação ao evento se processou de maneiras distintas conforme cada sujeito foi elaborando sua relação com o incêndio. Parte da população jovem, em especial aqueles que não tiveram envolvimento com o incêndio, incluíram o acontecido como parte da vida, situando-o no passado. Essa postura estava em conformidade com parte da população que considerava exagerado continuar dando ênfase ao acontecimento. Para outros, entretanto, o que aconteceu permanece vivo, sendo possível identificar, a partir das narrativas nos atendimentos psicológicos, a repercussão desse evento em falas como: “depois dessa coisa que aconteceu comigo na Kiss”, “antes do negócio da Kiss”, “em função do que houve na Kiss”, “por causa do incêndio na Kiss”. Entendemos que aqueles que viveram a experiência de sobreviver ao incêndio tiveram a sua relação com a vida alterada no que diz respeito às formas de diversão, à importância dos laços de amizade, de família, aos projetos de futuro e à noção da finitude humana. Nesse sentido, trabalhamos na perspectiva de que 27 de janeiro é um dia que ainda não terminou e que deverá marcar toda uma geração de jovens e crianças da cidade e da região de Santa Maria.

Sonia Borges: Desde então, você tem estado diretamente envolvido com o atendimento e assistência, não somente aos jovens sobreviventes e seus familiares, como também aos voluntários e profissionais que, de algum modo, foram afetados pelo incêndio, tanto durante os resgates quanto posteriormente, em consequência do abalo psicológico sofrido. Poderia nos falar sobre o Acolhe Saúde, que é o serviço de atendimento psicossocial que tem se ocupado dessa demanda? Como e quando ele surgiu e qual a sua significância para as pessoas atendidas pelo serviço?

Volnei Dassoler: Em decorrência do caráter de imprevisibilidade do incêndio, a cidade não tinha estrutura nem expertise para fazer frente às demandas que surgiram de maneira tão intensa. Nesse sentido, tivemos auxilio importante de profissionais voluntários que, assessorados pela equipe dos Médicos sem Fronteiras e por representantes da gestão pública na área da saúde mental, definiram uma organização inicial do processo de trabalho. No termo de compromisso assinado pelos três entes federados, o cuidado psicossocial ficou sob a responsabilidade do Município de Santa Maria e já na madrugada de 28 de janeiro de 2013 foi implantado o atendimento em saúde mental em caráter de 24 horas.

Tínhamos o desafio de elaborar um projeto clínico levando em conta o caráter de urgência dos acontecimentos, a comoção coletiva e a diversidade de ofertas de apoio advindas de instituições do país inteiro. Assim, as ações foram distribuídas em sete grupos de trabalho: acompanhamento em ritos e funerais, apoio nos hospitais, apoio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), apoio à atenção básica, atendimento 24 horas, supervisão clínica dos atendimentos e gestão. Avaliamos que, nesse primeiro momento, a escuta seria feita individualmente ou junto a familiares e amigos, e que os encaminhamentos seriam definidos em cada caso. Entendemos que o dispositivo de grupo não seria indicado para essa fase do tratamento aos sobreviventes e familiares, exceto rodas de conversa pontuais com os profissionais dos serviços de resgate e dos serviços hospitalares.

Dessa forma, as intervenções contemplavam as diferentes necessidades que surgiram a partir das prioridades para cada tempo de cuidado, ou seja, inicialmente, projetamos o cuidado na urgência com atendimento 24 horas, com equipe multiprofissional, possibilidade de visitas domiciliares, avaliação das situações mais graves e contato telefônico diário para esses casos, garantia de leito hospitalar em caso de necessidade. Nos atendimentos das primeiras semanas, os jovens que haviam sobrevivido relatavam que sentiam o toque das pessoas durante a fuga da boate, ouviam as vozes e os gritos daquela noite, sentiam cheiros, tinham flashback de inúmeras cenas vividas naquela madrugada. Atordoados, se viam impotentes e desesperados, repercutindo em problemas de sono, de alimentação, irritabilidade, apatia e angústia.

Como a escuta psicológica, no seu formato clínico convencional, requer um tempo de fala e de elaboração e esse cenário não se apresenta disponível nos quadros psíquicos de crise, observamos, por parte dos profissionais envolvidos nos atendimentos, dificuldades quanto ao manejo dessas situações, o que acarretava em inúmeros pedidos de avaliação psiquiátrica que se mostravam, posteriormente, desnecessários. Esse cenário justifica a supervisão clínica como um dispositivo importante de apoio à equipe e que, ainda hoje, permanece como suporte clínico dos atendimentos psicoterapêuticos no Acolhe Saúde.

Até o presente momento, aproximadamente mil pessoas receberam algum tipo de atendimento através da Psicologia, Psiquiatria e de outros núcleos profissionais, além de visitas domiciliares, rodas de conversa, entre outros. Também disponibilizamos uma equipe de profissionais para acompanhar os familiares nos depoimentos junto ao Fórum, nas manifestações públicas e nos eventos de integração entre os membros promovidos pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).

Sonia Borges: Como os jovens lidaram ou lidam com o vazio da perda de tantos amigos e conhecidos?

Volnei Dassoler: Num primeiro momento, recebíamos relatos de um fenômeno importante que envolveu muitas crianças e jovens de Santa Maria e das cidades da região, que apresentavam dificuldades de dormir sozinhos ou no escuro, pedindo para ficar no quarto dos pais ou acompanhados de outras pessoas. Relatavam medo do escuro, a sensação da presença de vultos, de que algo ruim poderia acontecer com eles ou com seus amigos. Muitos pais buscaram orientação psicológica no Acolhe Saúde e na rede privada sobre como entender e intervir diante disso. Outra manifestação recorrente dizia respeito a como retornar às salas de aula, constatando a ausência de tantos colegas, a perda dos parceiros de festas, do amigo confidente. Depoimentos e mensagens nas redes sociais dirigidas às pessoas que morreram foi uma das formas encontradas de promover o trabalho de luto dentro do tempo e da necessidade de cada um. Outra situação que consideramos importante e que era relatada com muita frequência dizia respeito ao sentimento de culpa por não terem conseguido ajudar outras pessoas a escapar com vida e o mal-estar de encontrar os pais dos amigos que haviam morrido no incêndio, como se algo errado houvesse em eles estarem vivos e os filhos dessas pessoas, não. A percepção de que se tratava de uma luta pela sobrevivência auxiliava na elaboração dos fatos, mas é algo que ainda retorna com alguma regularidade em alguns jovens.

Muitos jovens sobreviventes, amigos e pais de vítimas nos procuravam e percebíamos que, após poucos encontros, deixavam de ir às consultas marcadas. Eventualmente, fazíamos contato para saber da situação e depois entendemos que havia algo que poderia ser interpretado como uma necessidade de se afastar daquilo que lhes lembrava mais fortemente seu sofrimento. De certa forma, concluímos que havia aí um desejo de se ver um pouco de fora de todo o contexto, uma vontade de sair e esperar para ver o que aconteceria. Consideramos que o sujeito sentia-se acolhido, mas que podia dispensar o profissional sabendo poder contar com ele se fosse preciso.

Sonia Borges: Como foi possível para os jovens seguirem adiante na mesma cidade onde a vida de tantos colegas fora prematura e tragicamente interrompida? Como essa realidade e seus efeitos impactaram as rotinas da cidade?

Volnei Dassoler: De fato, para além dos efeitos subjetivos e das respostas singulares, o incêndio afetou a rotina viva da cidade. Passado mais de um ano e meio, a rotina noturna da cidade nunca mais retomou o dinamismo e a intensidade que a caracterizavam como cidade universitária. Bares e boates funcionam em menor número e é possível constatarmos mudanças com relação à preocupação quanto aos itens de segurança, a capacidade de lotação e um maior rigor na concessão de alvarás e fiscalização dos estabelecimentos.

Cabe registrar que existe uma sensação generalizada entre os profissionais da área psi da cidade de que houve um aumento expressivo da demanda por atendimento psicológico após o incêndio, mesmo que as razões não se apresentem diretamente vinculadas ao episódio.

Outro movimento possível de identificarmos é o esvaziamento – não sabemos se definitivo ou temporário – das boates e bares da cidade como alternativas de lazer e diversão. As praças, as ruas e o calçadão tornam-se cada vez mais pontos de encontro dos grupos de jovens que continuam conversando, ouvindo música, bebendo, namorando, retomando os vínculos com a cultura jovem, com a produção de expectativas sobre o futuro, condição necessária para qualquer sujeito que precisa reinvestir na vida.

Sonia Borges: Para os sobreviventes que perderam parentes no local, como ficou a convivência familiar?

Volnei Dassoler: Embora saibamos que o trabalho de luto é sempre um processo singular e subjetivo, é possível afirmar que os impasses maiores recaem sobre os pais, em especial, às mães das vítimas. São elas que evidenciam mais nitidamente o sofrimento da perda e as dificuldades em responder à exigência da realidade para encontrar maneiras de preservar a imagem dos filhos ausentes através das lembranças e dos objetos pessoais. Esses familiares deixam entrever, a partir de seus depoimentos, uma narrativa de esvaziamento de significação sobre a vida, numa posição de desistência e de perda de ideais e da sensação de fracasso como pais por não terem conseguido proteger seus filhos diante de tamanho perigo.

Nessa perspectiva, alguns jovens oriundos de outros municípios, que estavam em Santa Maria para estudar, decidiram retornar à casa dos pais e buscar alternativas de estudo que lhes permitissem ficar perto da sua família. Esta foi também uma demanda de muitos pais, que precisam acompanhar a evolução do quadro respiratório que afetou grande parte dos sobreviventes.

Sonia Borges: Na ocasião foi divulgado, tanto na mídia televisiva quanto impressa, um número significativo de voluntários, dentre eles muitos jovens e profissionais de áreas distintas, que se dedicou exaustivamente a ajudar no resgate das vítimas. Alguns desses voluntários eram jovens que haviam saído com vida do local, retornaram para ajudar e não mais voltaram. Outros, com destinos distintos, ressentiram-se de não terem conseguido ajudar mais. Como essas experiências têm se expressado atualmente?

Volnei Dassoler: De fato, essa circunstância foi relatada por algumas pessoas que acompanhamos durante o ano nos atendimentos clínicos, como os seguranças da boate e os profissionais do resgate e da segurança pública. Com relação aos jovens que retornaram para prestar algum tipo de socorro, era bastante comum aparecer nos relatos a expressão de culpa pela insuficiência da ajuda, minimizando o que haviam conseguido fazer, concentrando-se naquilo que não haviam feito, ou seja, embora tivessem tido uma atuação decisiva, atribuíam a si uma certa responsabilidade pelo tamanho da tragédia. Atualmente, essa sensação diminuiu consideravelmente e aparece menos nos depoimentos. Entretanto, é possível presumir que, para além de uma suposta pretensão narcísica de ser herói, um resto de frustração permanecerá como elemento parcial desta circunstância na vida de tais pessoas.

Sonia Borges: Pensando em termos de tempo presente, como os jovens têm reagido? Eles falam sobre o que aconteceu? Evitam? Como falam? Encontraram formas positivas de lidar com o sofrimento e a perda?

Volnei Dassoler: Nas primeiras semanas era impossível alguém se reunir na cidade sem falar sobre o que havia acontecido. A situação se impunha de maneira inexorável e as pessoas tinham necessidade de demonstrar a incredulidade, a perplexidade e, ao mesmo tempo, a solidariedade e o apoio. Em algum momento do ano de 2013, o assunto começou a rarear entre as pessoas e não sabíamos definir claramente porque isso estava acontecendo. O certo é que se percebia no ambiente um clima implícito de censura e de crítica sobre o assunto, como se já tivesse esgotado o que daí poderia ser dito ou feito. Tal percepção incomodou profundamente os familiares das vítimas, que reagiram intensificando as ações públicas, o que gerou algum tipo de rejeição sobre os mesmos. Diferentemente dos pais e familiares, os jovens sobreviventes escolhiam uma postura mais reclusa e silenciosa, preferindo o silêncio e manifestando o desejo de não serem associados e lembrados como os jovens que estavam na boate, pois entendiam que isso poderia ser um estigma, uma marca que poderia limitar sua vida, tanto do ponto de vista pessoal como profissional. Muitos sobreviventes deixam claro não quererem que esse acontecimento se coloque em primeiro plano na sua vida, que seja seu cartão de apresentação na vida cotidiana, preferindo como forma de elaboração psíquica e social que essa experiência seja vivida e compartilhada com os familiares e com as pessoas e amigos da sua intimidade.

Sonia Borges: Parece que a situação traumática torna-se incompreensível quanto menos espaço tem de expressão. Recentemente, tivemos acesso a uma publicação1 onde se coloca que a cidade está dividida entre os que querem transformar 2014 no ano da “superação” e aqueles que buscam a justiça e mudanças que possam evitar a repetição do que aconteceu. Gostaríamos que você nos falasse um pouco sobre o seu questionamento, nessa situação, quanto ao uso da palavra “superação” e seus significados subjacentes.

Volnei Dassoler: Do ponto de vista coletivo, nas primeiras semanas houve uma necessidade intrínseca de fazer o enfrentamento do evento traumático através de rituais externos onde a cidade e as pessoas afetadas compartilharam o sofrimento e promoveram apoio e consolo mútuo. Portanto, houve um tempo inicial quando todos os espaços de convivência eram espaços possíveis de significação e representação daquilo que havia se mostrado como horror e que encontravam solidariedade entre toda a população.

Com o passar o tempo, esses espaços foram desaparecendo e percebeu-se uma pressão para que as pessoas não falassem mais sobre o que havia acontecido. Tal pedido justificava-se como sendo a maneira de continuar a vida sem ficar preso ao passado. Nesse cenário, a palavra superação começou a aparecer e ser usada para expressar tal intenção. O dinamismo da linguagem coloca em risco aquilo que queremos expressar quando construímos uma sentença com o propósito de comunicação. Pois bem, superação é dessas palavras que merecem nossa atenção quanto ao seu uso. Na situação a que estamos nos referindo, o verbo superar era facilmente codificado como um pedido de esquecimento e de silenciamento sobre os acontecimentos, situação que gerou muitos protestos e polêmicas na cidade, por dar a entender que os desdobramentos que se seguiram ao incêndio estariam afetando o desenvolvimento e a vida em Santa Maria. Nos atendimentos com familiares é descrito com bastante frequência o incômodo e mesmo a raiva suscitada por um determinado tipo de apoio que se traduz como cobrança e proibição de sofrimento público na forma de um pedido de superação.

Da nossa parte, entendemos que esse movimento não depende de um único ato e nem se processa numa única vez, estando dinamicamente determinado por inúmeras razões, e que o processo no qual os familiares estão envolvidos não significa inviabilizar a continuidade da vida das pessoas e da cidade, inclusive porque a grande maioria delas, jovens ou familiares, retomou sua vida naquilo que lhes é possível diante das circunstâncias.

Sonia Borges: O que, para você e para as pessoas que trabalharam e trabalham diretamente com os jovens, permite avançar apesar de toda a dor e sofrimento que operam na costura de tantas possíveis fissuras internas?

Volnei Dassoler: Desde o início tivemos a preocupação de estar atentos aos efeitos que esse trabalho poderia resultar nos profissionais envolvidos com essa operação. Estabelecemos espaços de supervisão individual e coletiva dos casos, supervisão institucional e apoio da gestão municipal, rodas de conversa e reavaliação permanente do processo de trabalho. Hoje, os profissionais que atuam no Acolhe Saúde se percebem um pouco mais de fora com relação ao contexto das primeiras semanas, período em que era muito fácil confundir seu papel com o do cidadão e mesmo com o de sujeito, afetados que estávamos.

Sonia Borges: Seria um ato de reparação, não somente para Santa Maria, mas para todo o Brasil, uma resposta efetiva e pragmática do poder público – seja ele representado pelo legislativo ou executivo – no sentido de fazer valer as leis protetivas e de fiscalização para impedir que novas tragédias como essa voltem a ocorrer?

Volnei Dassoler: Acredito que o incêndio na boate Kiss carrega essa potencialidade de estimular uma reflexão por parte de toda a sociedade quanto aos elementos que estiveram envolvidos nesse fato. Isso vale tanto para o que diz respeito às responsabilidades do poder público, quanto para uma reflexão sobre a maneira como os cidadãos lidam com as leis que ordenam a vida comunitária quando elas envolvem interesses pessoais.

Sonia Borges: Obrigada pela entrevista e pela disponibilidade em falar sobre esse tema. Esperamos que aqui, de algum modo, você também tenha encontrado um espaço onde toda essa vivência possa fazer um sentido compartilhado. Gostaria de acrescentar alguma coisa?

Volnei Dassoler: Gostaria de registrar que a mobilização sem precedentes que observamos na tragédia de Santa Maria só se efetivou pela reação imediata dos poderes públicos, da população e dos profissionais, atuação que foi fundamental para que o quadro não se tornasse mais grave. Além disso, houve uma produção importante de conhecimento sobre o fazer psicossocial nas situações de tragédia e de urgência, que estão servindo de referência para outras situações similares.


1 Matéria: “Santa Maria levará 5 anos para se recuperar da tragédia na Kiss”. Fonte: http://coral.ufsm.br/midia/?p=12477

 

I Psicanalista, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, mestre em Psicologia (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM), tutor do Núcleo da Psicologia da Residência Multiprofissional em Saúde Mental (UFSM) e membro do comitê gestor do Acolhe Saúde, serviço de Atenção Psicossocial às vítimas do incêndio na boate Kiss da Prefeitura Municipal de Santa Maria - RS. E-mail: dassoler@terra.com.br
II Psicóloga, doutora em Psicologia, pesquisadora permanente do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa para Infância e Adolescência Contemporâneas (NIPIAC/UFRJ). Editora Associada da DESidades, atua principalmente nos seguintes temas: psicologia e intervenção clínica; juventude e adolescência; grupos de discussão; processos de subjetivação e o lugar do sofrimento no contemporâneo. E-mail: soniarborges@uol.com.br

Creative Commons License