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Desidades

versión On-line ISSN 2318-9282

Desidades  no.31 Rio de Janeiro sep./dic. 2021

 

ESPAÇO ABERTO ESPACIO ABIERTO

 

NIAJ, espaço inovador para crianças, adolescentes e jovens?

 

NIAJ, groundbreaking space for children, adolescents and young people?

 

NIAJ, ¿espacio innovador para ninos, ninas, adolescentes y jóvenes?

 

 

Cristiana CarneiroI; Patrícia CorsinoII; Lucia Rabello de CastroIII

IProfessora Titular do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisadora Sênior do CNPq, Cientista do Nosso Estado pela Faperj. Editora-chefe da DESIDADES. E-mail: lrcastro@infolink.com.br
IIPsicanalista. Pós-doutora, Paris VII. Professora Associada da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do NIPIAC e do Grupo de Trabalho da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP) - Psicanálise e Educação. E-mail: cristianacarneiro13@gmail.com
IIIPedagoga, mestre e doutora em Educação pela PUC-Rio, com pós-doutorado pela Università de-gli Studi di Pavia, Itália. Professora Associada da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Infância, Linguagem e Educação (GEPILE). Desenvolve projetos de ensino, pesquisas e extensão nas seguintes áreas: infância e linguagem, leitura, escrita, literatura infantil, educação infantil. E-mail: corsinopat@gmail.com

 

 


RESUMO

Esta entrevista, realizada durante o Festival do Conhecimento UFRJ 2021, aborda o histórico de criação do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Infância, Adolescência e Juventude (NIAJ), a partir de uma modificação do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas (NIPIAC), fundado em 1998, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A entrevista destaca a importância da proposta do NIAJ para a criação de um programa de pós-graduação interdisciplinar na área da infância, adolescência e juventude, uma iniciativa inédita no Brasil, liderada pela UFRJ, com a participação conjunta de outras universidades públicas do estado do Rio de Janeiro. Foram abordados os possíveis impactos na produção de conhecimento sobre infância, adolescência e juventude no Brasil e na América Latina, a partir da institucionalização do NIAJ como um espaço de interlocução interdisciplinar e inovador.

Palavras-chave: infância, adolescência, juventude, interdisciplinaridade, universidade.


ABSTRACT

This interview, which took place during the Festival do Conhecimento UFRJ 2021, tou-ches upon the history of the creation of Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Infância, Adolescência e Juventude (NIAJ), through a transformation of Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas (NIPIAC), founded in 1998 in Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil. The interview highlights the importance of NIAJ's proposal for the creation of an interdisciplinary graduate program in the field of childhood, adolescence and youth, a novel iniciative in Brazil, led by UFRJ in a joint effort with other public universities in the State of Rio de Janeiro. The possible impacts on the production of knowledge about childhood, adolescence and youth in Brazil and Latin America were discussed, considering the institution-alization of NIAJ as a novel space for interdisciplinary dialogue.

Keywords: childhood, adolescence, youth, interdisciplinarity, university.


RESUMEN

Esta entrevista, realizada durante el Festival do Conhecimento UFRJ 2021, aborda la historia de la creación del Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Infância, Adolescência e Juventude (NIAJ), a partir de una modificación del Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas (NIPIAC), fundado en 1998, en la Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). La entrevista destaca la importância de la propuesta del NIAJ para la creación de un programa de posgrado in-terdisciplinario en el área de la infancia, adolescencia y juventud, una iniciativa inédita en Brasil, liderada por la UFRJ, con la participación conjunta de otras universidades públicas del estado de Rio de Janeiro. Fueron abordados los posibles impactos en la producción de conocimiento sobre la infancia, adolescencia y juventud en Brasil y en Latinoamérica, a partir de la institucionalización del NIAJ como un espacio de interlo-cución interdisciplinario e innovador.

Palabras clave: infancia, adolescencia, juventud, interdisciplina, universidad.


 

 

Cristiana Carneiro

Bom dia a todos e a todas. Estamos aqui para uma entrevista com Lucia Rabello de Castro, professora titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Programa de Pós-graduação em Psicologia (PPGP). Ela foi uma das fundadoras do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas (NIPIAC) e, atualmente, está àfrente de uma nova proposta, sobre a qual vamos falar, o Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Infância, Adolescência e Juventude (NIAJ). A professora Lucia tem uma vasta produção de livros e artigos, faz parte de comitês internacionais, como o Comitê de Sociologia da Infância da Associação Internacional de Sociologia (ISA), do qual atualmente é presidente eleita (2018 a 2022) e é importante dizer que é uma grande formadora de psicólogos, educadores e pessoas da área social.

Eu sou Cristiana Carneiro, professora associada da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da UFRJ. A professora Patrícia Corsino, também professora associada da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da UFRJ, estará comigo conduzindo esta entrevista.

Lucia, é um prazer estar aqui falando com você e tentando conhecer um pouco mais dessa aposta que você sempre faz na infância e juventude. Como coordenadora atual do NIPIAC (criado em 1998), do qual você foi uma das fundadoras junto com outros/as professores/as, eu gostaria de saber um pouco mais sobre como foi e o que a motivou a criar o NIPIAC.

Lucia Rabello de Castro

Bom dia, Cristiana, Patrícia e a todos/as que estão aqui. É uma oportunidade valiosa para a gente difundir a criação desse espaço que é o Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Infância, Adolescência e Juventude (NIAJ). Eu me fixei na convocação desse Festival de Conhecimento intitulada “Futuros Possíveis“, e isso vem muito a calhar: falar sobre futuros possíveis e pensar em infância, adolescência e juventude. Nesse sentido, eu começo a responder essa questão que você coloca, Cristiana. Lá em 1998, quando Jane Corrêa, professora do Instituto de Psicologia da UFRJ, Marta Rezende, também professora do Instituto de Psicologia, e eu fundamos o NIPIAC, talvez a gente não tivesse ainda a clarividência, que é permitida por uma certa distância histórica, e que hoje a gente tem, do que significava fundar um núcleo de infância, juventude e adolescência naquele momento. Aquele era um momento de movimento internacional e nacional em torno das questões da infância e da juventude. Basta dizer que o final da década de 80 trouxe a Convenção Internacional de Direitos das Crianças e o início da década de 90 trouxe o nosso Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Isso teve um impacto avassalador no sentido de reestruturar as visões societárias a respeito da infância, adolescência e juventude. É claro que isso foi a culminância de um processo, o próprio Norberto Bobbio1 fala que o século XX foi um século dos direitos, que, em seu final, culminou com os direitos das crianças. Mas foi um longo caminho que os países percorreram, e que também chegou aqui, nos países periféricos. Houve um movimento intenso em torno da Constituição Cidadã para se pensar a questão da infância e da juventude e seus direitos. Por isso que eu digo que foi um momento de movimento, movimento de se transformar alguma coisa na sociedade. É claro que até hoje o lugar das crianças, como sujeito de direitos, ainda não está bem equacionado e bem posicionado, pois ainda se tem um longo caminho a se cumprir em termos de reivindicações, posições e de direitos. Naquele momento, em 1998, nós, que estávamos trabalhando já há algumas décadas em torno da questão da infância e da juventude, achávamos que ali no Instituto de Psicologia tínhamos que fazer um movimento também para chamar a atenção para essa questão. Jane Corrêa trabalhava mais com as questões de aprendizagem, escrita; Marta Rezende, com as questões da adolescência, da violência e com a Psicanálise; e eu, mais com as questões da infância e juventude e as transformações do contemporâneo. Então foi uma convergência muito boa e muito instigante. A gente deu início a uma série de iniciativas, de ações, até de ações de extensão, chamando a atenção para essas questões da infância, da juventude e da adolescência.

Cristiana Carneiro

Então, a partir desse momento fundador, que, como você diz, captou, de certa forma, aquele movimento que estava se dando, como você descreve a trajetória posterior desses 20 anos? Percurso tanto em termos de modificações que vocês foram vivendo nesse Núcleo e o que foi conquistado nessa longa trajetória.

Lucia Rabello de Castro

Quero reforçar que o NIPIAC e hoje o NIAJ são movimentos coletivos que se instauram dentro da universidade em momentos renovadores. Nós três éramos um pequeno grupo, ao qual logo outras pessoas foram se juntando, inclusive estudantes de pós-graduação que estávamos orientando, alunos/as de graduação e outros/as colegas. Então, começou realmente a se consolidar um núcleo que teve uma atuação bastante incisiva. A gente fundou o Núcleo em 1998, no Instituto de Psicologia, mas, em 2002, nós deslanchamos um projeto de extensão que foi um projeto de envergadura, porque foi em um momento em que a Benedita da Silva, que era a vice do governador Anthony Garotinho, que tinha se desincompatibilizado para se relançar como candidato ao governo do Estado do Rio de Janeiro, e ela, então, resolveu deslanchar esse projeto com os jovens.

Cristiana Carneiro

O Jovem Total, não é?

Lucia Rabello de Castro

O Projeto Jovem Total foi a parte que a gente desenvolveu. Ela fez um projeto mais amplo de preparação profissional, cursos semiprofissionalizantes para jovens das periferias. N ós entramos, a convite da Secretaria de Desenvolvimento Social, e atuamos em 25 comunidades periféricas da Zona Oeste e Zona Norte do Rio de Janeiro. Só para dizer a envergadura do projeto, a gente teve 125 estagiários no campo. Foi um desafio enorme e a nossa parte foi muito mais no sentido de olhar como os jovens recebiam esses projetos do governo, o que eles tinham a dizer. Então, nesse grande projeto da Benedita, a parte que nós desenvolvemos possibilitou um lugar para a voz deles: “a gente acha bom“ ou “a gente não acha“ ou “0 governo vem aqui de vez em quando, traz algumas novidades, mas depois a gente fica sem acesso às coisas que são importantes na nossa vida“ são algumas falas recolhidas por nós. Esse projeto foi muito bacana, uma oportunidade ímpar até para os alunos poderem ir às comunidades. A gente fez um treinamento anterior intenso. Teve uma equipe enorme de técnicos, psicólogos formados. Isso foi em 2002. Em 2004, o NIPIAC já era bem maior nessa época, fundamos o JUBRA, que foi o primeiro Congresso Nacional e Internacional sobre a Juventude Brasileira. O JUBRA, hoje, já está na 10ª edição e deu origem ao estabelecimento e à consolidação de uma associação científica de pesquisadores e pesquisadoras da juventude, a REDEJUBRA. Isso foi obra do NIPIAC, que nasceu com muita força, muita força política, muito desejo de realmente firmar essa área de infância, adolescência e juventude na universidade.

Só para dar ideia de algumas outras realizações, além de outros eventos e parcerias, a gente fez parceria com a COPPE - UFRJ2, com o projeto de Trânsito com Vida, parceria com o Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB). Fizemos cursos de extensão, como o curso sobre adolescência contemporânea para professores. Foi e tem sido um núcleo extremamente ativo, protagonista de iniciativas na área de infância, adolescência e juventude.

Cristiana Carneiro

Um ponto importante é que, posteriormente, a gente situa o NIPIAC em dois institutos. Não fica mais ligado apenas ao Instituto de Psicologia, vai também para a Faculdade de Educação, que mostra um pouco essa amplitude do Núcleo, mas sobretudo também um desejo do próprio grupo ao diálogo, um diálogo mais consistente e abrangente. Por isso, eu queria lhe perguntar como foi esse relacionamento do Núcleo dentro da UFRJ e com a comunidade externa. Você acabou de falar já nesses grandes projetos ligados às Secretarias Municipais. Eu gostaria que você falasse um pouquinho sobre a questão da interdisciplinaridade e dessa interunidade na UFRJ e fora dela, pois nós temos também vários pesquisadores de fora da UFRJ, e como isso culmina nesse desejo de criar o NIAJ.

Lucia Rabello de Castro

0 núcleo inicial, o NIPIAC, originou-se no Instituto de Psicologia pelo fato de nós estarmos alocadas no Instituto de Psicologia. Quando chega 2004, quando a gente realizou o JUBRA, ele teve um caráter interdisciplinar. Ele foi e tem sido um evento que, na sua origem, partiu de uma perspectiva de que a infância e a juventude são questões que devem ter esse olhar interdisciplinar, porque não é apenas a Psicologia ou a Educação que vão dar conta de compreender a complexidade desse objeto de estudo. Assim, as nossas práticas e o próprio NIPIAC foram se conformando de modo a aglutinar docentes e estudantes de outras áreas. É claro que uma área que estaria extremamente próxima seria, justamente, a Educação, a Faculdade de Educação, e por isso mesmo essa assimilação institucional do NIPIAC dentro da Faculdade de Educação ocorreu em seguida praticamente. Foi em 2010, se eu me recordo da data. Havia essa ideia de que a Psicologia tinha que estar acompanhada de outros saberes científicos e da capacidade docente de pesquisa instalada na universidade que também estivesse ligada às questões da infância e da juventude. Isso foi e tem sido uma marca que, cada vez mais, nos convoca a fazer um esforço, porque certamente nós todos somos formados disciplinarmente, e esse cruzamento de fronteiras é sempre muito complicado. Falo até da minha experiência, que transito muito nas ciências sociais. Como você mesma falou, atualmente sou presidente de um Comitê de Sociologia da Infância e tenho uma interlocução muito grande com colegas antropólogos, sociólogos e historiadores. A interdisciplinaridade é um desafio que nos convoca e está presente contemporaneamente quando a gente abraça essas questões. Da mesma forma que outros temas que hoje se colocam, como, por exemplo, as questões das emergências climáticas, da sustentabilidade, do ambiente, assim também a questão da infância, adolescência e juventude.

Patrícia Corsino

Lucia, você já começou a falar um pouco dessa agenda da infância, que é uma agenda internacional, quando traz a Associação Internacional de Sociologia (ISA). Você poderia falar um pouco mais sobre essa questão, dessa agenda internacional de estudos da infância e da juventude, que não é só uma discussão só da nossa realidade brasileira, mas que perpassa de uma forma mais ampla a sociedade?

Lucia Rabello de Castro

Isso é bem interessante, Patrícia, porque assim como eu chamei atenção para o nosso momento lá em 1998, de fundação do NIPIAC, que se articulou muito com o movimento nacional por conta do ECA, da Constituição de 1988, internacionalmente, esse movimento já estava em curso. Então, por exemplo, um dos maiores centros de estudos da infância, que se encontra na Noruega, em Trondheim, que é um instituto enorme, foi fundado em 1982. Eu me lembro de que fui lá quando eles fizeram o primeiro Congresso Internacional de Estudos da Infância, reunindo pesquisadores da infância. É interessante que não era um congresso de uma área disciplinar, mas sim um congresso aberto a pesquisadores da área da infância, completamente interdisciplinar. Isso foi em 1988. Houve um movimento de iniciativas de institucionalização de núcleos, de centros, de institutos, de observatórios. Tem o Observatório Jovens e Sociedade da Universidade de Quebec, que foi fundado na década de 90, também com essa característica de aglutinar várias áreas interdisciplinarmente. Por exemplo, universidades na Finlândia, que é um país que tem um olhar e um cuidado muito acentuado em relação à infância e a juventude, têm vários institutos ligados e direcionados às questões da infância e juventude. Há também em outros países, como Portugal e Estados Unidos. Essas iniciativas podem se firmar como lugares institucionais dentro das universidades, ou em institutos financiados por agências públicas ou até dentro das associações internacionais. Por exemplo, esse Comitê de Sociologia da Infância também começou na década de 80 e se instituiu como um comitê de pesquisa dentro da Associação Internacional de Sociologia mais ou menos na década de 90. Então, a gente vê com muita nitidez que é um movimento muito sistemático, crescente e que está causando um certo reboliço nos estudos da infância, porque é uma área que tem cada vez mais se firmado como uma área própria, que tem um campo de estudos. E, a partir disso, a gente vê que o número de publicações científicas tem crescido nessa área específica. Isso é um dado importante.

Patrícia Corsino

Como você vê essa discussão em termos da nossa realidade brasileira? E como você vê o lugar dessa iniciativa na UFRJ, de criação do NIAJ, um núcleo de estudos de infância, adolescência e juventude? Você falou do internacional, mas nós aqui do Sul também temos nossas questões.

Lucia Rabello de Castro

Exatamente. Na apresentação que nós fizemos no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da proposta de um programa de mestrado do NIAJ, alguns comentários foram assim: “Como a UFRJ não tem ainda um programa nesse sentido?“. É um pouco esse sentimento, porque o NIPIAC foi crescendo, assumindo atuações cada vez mais importantes, tanto no cenário nacional quanto internacional, e foi acontecendo um amadurecimento de pensar onde nós estamos dentro da universidade e como esse lugar possibilita ou limita a nossa possibilidade de atuação. Esse foi um aspecto importante até para a gente poder dar esse passo que foi pensar se não deveriamos nos tornar um núcleo, agora dentro de uma perspectiva mais ampla. Porque é claro que o NIAJ suplant a o NIPIAC em termos de pensar seu lugar na estrutura da universidade, da UFRJ. O NIPIAC é um núcleo de estudos muito ligado às ciências humanas e sociais, e os professores que fazem parte são muitos do CFCH. E, atualmente, o NIAJ se pensa como um núcleo realmente interdisciplinar e de toda a universidade, incluindo o Centro de Ciências da Saúde (CCS), o Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), o Centro de Letras e Artes (CLA), incluindo esses centros que não estavam presentes na configuração do NIPIAC. Nesse sentido, eu acho que foi um amadurecimento gradual. É como se a gente tivesse que dar esse passo até por uma necessidade de poder realizar atividades que pudessem congregar mais gente e pudessem juntar outras áreas que não estavam originalmente presentes.

Patrícia Corsino

Não é comum esse tipo de iniciativa interdisciplinar nos estudos da infância, adolescência e juventude. Eu acho que o NIAJ é muito inovador, então, gostaria que você falasse mais um pouco desse panorama, sobre como esse núcleo se coloca no panorama nacional.

Cristiana Carneiro

Eu vou dar uma apimentada na pergunta da Patrícia. Pelo que a Lucia está trazendo, ainda na década de 80, as iniciativas mais internacionais já iniciavam sendo bastante interdisciplinares. Como isso chega aqui no Brasil? E o que teria de inovador aqui para nós nessa criação do NIAJ?

Lucia Rabello de Castro

Primeiro, eu destacaria o lugar que a UFRJ tem no panorama nacional em termos de uma universidade pública do porte da UFRJ, e com a capacidade que a UFRJ tem em termos de docentes, pesquisadores e produção. Nesse sentido, quando damos o passo de nos pensarmos como NIAJ, e não mais como NIPIAC, isso teve a ver com o lugar que a UFRJ precisa ocupar nessa área em termos nacionais, pois não existe nenhum lugar institucional dentro das universidades brasileiras que pense infância, adolescência e juventude. E eu acho que pensando em termos inovadores, termo que a Cristiana usa, as universidades estão caminhando cada vez mais para a institucionalização de centros que são interdisciplinares, que agregam uma capacidade instalada, mas que vão facilitar justamente uma produção interdisciplinar mais convergente, uma produção em uma área de inovação. Então, eu penso, por exemplo, na possibilidade de as universidades criarem também os seus centros de estudos africanos, os seus centros de estudos do Sudeste Asiático etc., que são centros interdisciplinares. A nossa área vai nessa linha e, que eu saiba, não existe uma iniciativa similar em outra universidade pública. Mesmo na América Latina, o que existe em termos dessa institucionalização é o Centro de Estudos de Infância e Juventude, em Manizales, na Colômbia. É um centro muito interessante também, mas é de uma universidade particular, e ao qual, é até necessário dizer isso, acorrem muitos brasileiros interessados em fazer pós-graduação em infância e juventude. Então, a gente precisa correr no sentido de ter um lugar dentro do Brasil que possa atender aos interesses e às demandas também dos brasileiros, porque, cada vez mais, também se faz necessário pensar uma pós-graduação nessa área. Patrícia toca nesse ponto importante: cada vez mais se coloca a importância de se pensar teorias a partir do Sul, teorias da infância e da juventude a partir do Sul. A gente não pode se contentar em ser simplesmente país periférico que consome teorias feitas no Norte. A área de infância e juventude é uma área que, por excelência, está basicamente constituída, centenariamente, por pesquisadores do Norte. Eu acho que a gente tem hoje intelectuais brasileiros que trabalham a infância, a adolescência e a juventude que podem contribuir de forma significativa, específica e singular para a gente pensar as nossas questões a partir de formulações que digam respeito mais especificamente à nossa formação histórica, à nossa vocação como país, à nossa formação étnica, cultural e política. Então, é necessário que a gente tenha um lugar institucional para podermos realizar isso.

Patrícia Corsino

Isso é muito importante para pensamos o número enorme de crianças e jovens que temos no Brasil e na América e como nós vamos nos aproximando de um olhar mais específico, com questões mais próprias de cada território, de cada situação.

Cristiana Carneiro

E a importância de criar algo aqui no Brasil. A Lucia deu o exemplo de Manizales, que eles têm um protagonismo e uma proposta interessante, mas se os brasileiros também estão fazendo essa busca lá, é porque temos poucas ofertas aqui, nenhuma oferta aqui. Pensando um pouco nesse aspecto inovador, Lucia, queria lhe perguntar um pouco mais sobre essa proposta de criação de um mestrado interdisciplinar em infância, adolescência e juventude.

Lucia Rabello de Castro

A nossa proposta do NIAJ para a criação de um programa de pós-graduação interdisciplinar na área da infância, adolescência e juventude é também inte-rinstitucional, porque temos no nosso grupo docentes e pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), da Universidade Federal Fluminense (UFF), que são colegas que têm trabalhado nessa área de infância, adolescência e juventude. Então é importante que esse espaço possa, de alguma forma, concretizar esse lugar institucional para onde se convergem as discussões de muitos pesquisadores/as aqui do Rio. Você imagina um grupo como nós somos, de mais de 20 professores/as que estão incluídos na proposta do mestrado, que já estão carregando uma experiência de docência, de pesquisa na área da infância, adolescência e juventude em várias áreas disciplinares e que vão estar aí orientando, conversando, publicando conjuntamente, dando aulas conjuntamente. Eu acho que isso é uma potência que vai dinamizar esse lugar da infância e da juventude, dinamizar o conhecimento, o conhecimento brasileiro e latino-americano. Porque é claro que um programa de mestrado vai criar redes também na América Latina, principalmente, os nossos hermanos que também convivem com problemas semelhantes aos nossos. Então, que a gente possa voltar o nosso olhar muito mais para a América Latina do que para o Norte. Eu acho que persiste ainda essa rota viciante de, mesmo que com boas pós-graduações aqui, a gente tenha que fazer essa quase que validação de nossa formação no exterior. Mas eu acho que a potência de institucionalizar esse espaço de interlocução no Rio de Janeiro, com a UFRJ liderando isso, vai ter um impacto e uma consequência muito importante dentro da produção de conhecimento sobre infância, adolescência e juventude no país e também na América Latina. Até porque a gente sabe que o Brasil tem uma posição importante junto a outros países da América Latina, e eu acho que isso consolida essa perspectiva.

Patrícia Corsino

Lucia, você organizou um livro sobre metodologia de pesquisa, sobre metodologias mais participativas e de intervenção. Pensando também dentro do que nós podemos contribuir em termos metodológicos, acho que tem uma produção que vem de uma concepção de pesquisa, de olhar para esses jovens, muito inovadora. Eu acho que o NIPIAC teve esse lugar inovador de pesquisar com crianças e jovens. Recentemente estive em um evento on-line na Itália e uma francesa apresentou, como um trabalho inovador, fotografias tiradas por crianças. E eu falei assim “nossa, mas há quanto tempo a gente já faz isso no Brasil“. Eu fiquei bastante impactada de aquela metodologia estar sendo colocada como extremamente nova, enquanto a gente já fazia esse tipo de pesquisa aqui. Então é bem interessante mesmo como vamos inovando ao pesquisarmos com crianças e jovens, porque eles nos deslocam do lugar que estamos.

Lucia Rabello de Castro

Eu acho que isso é interessante, pensar sobre esse aspecto no sentido de uma certa invisibilização e não reconhecimento da produção brasileira, porque ela é publicada no vernáculo. O pensamento hegemônico na área, o pensamento internacional, não é versado em português, não lê português. Aí o que a gente produz de inovador fica completamente à margem de qualquer reconhecimento, de qualquer visibilidade. Isso tem sido muito discutido dentro do que hoje está sendo colocado como a geopolítica do conhecimento científico, da economia política do conhecimento científico, do lugar que nós do Sul ocupamos na contribuição em determinadas áreas. Então, por exemplo, a área de infância, adolescência e juventude, tem uma infinidade de aspectos em que a produção brasileira e latino-americana é extremamente inovadora, mas que, muitas vezes, nem os colegas do Norte reconhecem isso por uma incapacidade, impossibilidade, de acessar isso, mas também, e o que é pior, uma invisibilização para nós mesmos. Você pega, às vezes, artigos de colegas nacionais que estão citando e aumentando o Google Scholar de colegas do Norte, mas não leem as pesquisas do Sul, não nos leem. Isso é lamentável. E justamente, eu acho que, voltando à questão de uma pós-graduação, uma pós-graduação em infância, adolescência e juventude no Brasil, na UFRJ, ela tem que se dar conta desse problema político, geopolítico, do conhecimento e de proporcionar uma formação que seja uma formação crítica em relação a como que nós pesquisadores do Sul temos que nos posicionar. Eu acho que é um desafio certamente. É um desafio certamente que, em grupo, coletivamente, a gente vai enfrentar.

Patrícia Corsino

Falando em perspectiva do futuro, esse é o futuro dos estudos da infância e juventude, já que o tema do festival é o futuro.

Cristiana Carneiro

Estamos indo para o nosso último bloco. Dividimos a entrevista em três momentos. Nesse último, teriam duas questões: que você falasse um pouco sobre o que o NIAJ vem realizando e quais serão os grandes desafios dessa iniciativa. Você já falou um deles, que é a questão da internacionalização, como fazer isso e de que forma. Mas gostaria que você pudesse falar um pouco mais sobre isso.

Lucia Rabello de Castro

0 NIAJ fez uma iniciativa de aprovação na UFRJ como um núcleo suplementar, mas foi uma iniciativa que foi no final de gestão do reitor Roberto Leher3, e a recomendação é que a gente pudesse aguardar. Acho que com os cortes que a gente vem sofrendo nas universidades públicas e agora, mais recentemente, a partir de 2018, com o desmonte do país e da universidade, principalmente da universidade pública, eu acho que certamente isso foi uma medida salutar e que talvez tenha sido necessário a gente ficar aguardando saber como os horizontes vão se delinear melhor. A gente está dentro de uma situação um pouco estranha, porque o NIPIAC continua funcionando enquanto núcleo, mas o NIAJ também está deslanchando. Recentemente, o grupo do NIAJ está fazendo uma série de rodas de conversa, de diálogos virtuais sobre a pandemia. O que vai ser muito interessante é que a gente vai trazer em cada roda de conversa profissionais, pesquisadores, docentes de áreas bem diferentes para falar da pandemia. Vai ser um desafio para nós e para o público para pôr em prática e exercitar a escuta e o diálogo interdisciplinar.

Temos uma outra iniciativa em curso, que é discutir como determinados temas podem ser vistos de uma forma interdisciplinar. Vou dar como exemplo “violência na infância e na juventude“, em que a gente tem a pesquisa da Psicanálise, a perspectiva do Serviço Social, e a da área médica, pediátrica. Então tem um texto que está sendo construído dessa forma, mas há outros textos com essa característica de propiciar um olhar e uma perspectiva interdisciplinar. Esses textos vão ser publicados na DESIDADES. E é claro que a nossa proposta do curso de mestrado está aguardando a abertura do edital de cursos novos da Capes, que é a proposta do programa interdisciplinar de infância, adolescência e juventude. Eu, por exemplo, estou sendo muito perguntada, porque já comecei a anunciar esse programa e os estudantes perguntam quando que o curso vai estar aberto. Então já há uma demanda.

Em relação ao público-alvo da proposta do mestrado, seriam estudantes e egressos de áreas, seja da Administração, da Economia, do Direito, da Educação, da Psicologia, da Medicina, da Enfermagem, que queiram ter um aprofundamento nas áreas de infância, adolescência e juventude. A gente vê também a oportunidade de profissionais que atuam nos campos da Justiça, da Educação e do Serviço Social de terem um aprofundamento nessas áreas. Eu diria, por exemplo, que seria muito bem-vindo que juizes que atuam na área da infância, da juventude e adolescência pudessem fazer uma formação necessária para entender melhor a dinâmica de jovens e crianças e poderem estar mais confortáveis para fazer os seus despachos nos seus processos.

Cristiana Carneiro

Na própria lei, na legislação, quando você defende a saúde integral da criança, por exemplo, como é que você pode pensar isso disciplinarmente? Não vai conseguir, porque a criança está em um espaço, aí vem a questão da arquitetura. Ela tem uma série de questões do próprio corpo que ocupa esse espaço. Ela vai ter todas as questões da linguagem. Como pensar isso que a própria lei preconiza de uma maneira apenas disciplinar? É complicado isso.

Patrícia Corsino

Essa visão mais ampla, poder olhar o contemporâneo também, porque as crianças e os jovens são contemporâneos. Se você não tem essa visão de que eles estão situados no tempo e no espaço e carregam muitas questões do contemporâneo, que nós que somos de outra geração, muitas vezes, não conseguimos ter essa relação. Como que pesquisas podem ajudar nessa proximidade entre gerações e concepções? Se não a gente fica ali pensando a criança sob a nossa medida, sob a medida da nossa infância, e não é isso. A gente, muitas vezes, ouve palavras completamente descontextualizadas de que as crianças não têm infância, de uma visão muito autocentrada. E a importância de você ter um panorama mais amplo do contemporâneo, das crianças hoje, daquilo que elas são, podem e fazem no momento atual.

Lucia Rabello de Castro

E muito nesse sentido, né, Patrícia, ao aprofundar o conhecimento sobre infância, adolescência e juventude é inexorável que as instituições que trabalham com infância, adolescência e juventude tenham também que se transformar. Então a gente está falando da instituição escola, que tem que se transformar, da instituição judiciário, que tem que se transformar, em relação aos aspectos que lidam com infância, adolescência e juventude. A gente pode imaginar que até as instituições que nunca pensaram na infância, adolescência e juventude têm que se transformar, como, por exemplo, os partidos políticos, a própria democracia, a própria institucionalização da política, é como se a gente pudesse dizer que tem que haver uma certa “infancialização“ da sociedade. Assim como o Georg Simmel4 falou da feminização da sociedade, tem que ter uma infancialização da sociedade, para que esses sujeitos possam caber e serem reconhecidos dentro de uma sociedade democrática. Uma sociedade que também acolhe esses sujeitos e não coloca eles à margem, com todas as graves consequências que isso tem.

Patrícia Corsino

Eu acho que estamos aqui falando de colocar as crianças e jovens mais no centro de uma atenção, inclusive em uma universidade. Acho que, quando a gente faz esse núcleo na universidade, a gente está dizendo para a universidade e para a sociedade como um todo que crianças e jovens existem. As crianças e jovens existem, vivem a sociedade, vivem intensamente a sociedade, mas não participam muitas vezes das decisões.

Lucia Rabello de Castro

Essa iniciativa de criação do NIAJ e do programa de mestrado é uma aposta, que é claro que nós do NIAJ estamos fazendo, mas é uma aposta que a UFRJ também tem que vir junto com a gente. Agente obteve pareceres muito favoráveis no processo, e a gente está aguardando o edital de Análise de Propostas de Cursos Novos (APCN) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Nesse sentido, a gente está se sentindo apoiada pela universidade. Eu acho que a universidade compreende a importância e a relevância desse movimento se expandir a ponto da criação de um programa na área de infância, adolescência e juventude. É um programa que a UFRJ vai liderar, mas que tem a participação conjunta também de outras universidades públicas do estado do Rio de Janeiro. Isso é muito importante, porque a gente tem um arsenal de colegas que estão pesquisando, que são uma inteligência dentro dessa área. É importante que a gente conte, porque a gente vai ter que criar redes de fortalecimento, não só de formação, mas de pesquisa, de extensão, de troca nacional e internacional. Eu acho que a ampliação para fora dos muros da própria UFRJ é importante. O NIAJ representa esse momento, um momento de verdade da infância, adolescência e juventude na UFRJ, com a instalação e institucionalização do NIAJ e desse programa.

Cristiana Carneiro

Nosso evento está chegando ao fim. Foi muito interessante e um prazer ouvir a Lucia. A gente sempre quer a escutar, não é, Lucia?! E nesse modelo de entrevista pode ser algo mais afetivo. É fundamental a gente trazer um pouco mais da trajetória e isso não ficar apenas em nossos núcleos, mas falar disso para a universidade como um todo. Queria lhe agradecer muito e agradecer à Patrícia também.

Patrícia Corsino

Eu que agradeço. É importante o resgate da história para pensar no futuro, já que a gente está aqui discutindo os futuros possíveis. Também quero parabenizar a Lucia e a Cristiana por este momento. É um momento também para apostarmos nesse futuro.

Lucia Rabello de Castro

Eu também só tenho a agradecer vocês duas, que também tiveram a ideia e fizeram todo esse movimento de a gente estar presente no Festival de Conhecimento, que é uma oportunidade valiosa de trazermos para a universidade, como um todo, essa iniciativa desse grupo fabuloso, que está completamente imbuído de uma vontade política de fazer acontecer o NIAJ e o programa de mestrado. Eu tenho certeza de que ele vai abrir comportas para o Rio de Janeiro, para o Brasil e para a América Latina em termos de trocas, diálogo, interlocução, produção de conhecimento. Eu acho que nós todos/as estamos muito esperançosos/as nesse futuro. É claro que a gente tem tido uma vida, um cotidiano muito atribulado, muito difícil, catastrófico e dramático, mas acho que temos que nos alimentar, de alguma forma, de esperança, de sonho, de utopia, de vontade de transformar essa realidade que está muito dura para a universidade. Muito difícil para as crianças, adolescentes e jovens, que são essas categorias que provavelmente sofrem mais em tempo de crise, de guerra híbrida, como estamos vivendo no Brasil, com o aumento da desigualdade, da miséria e do desemprego. Nossa vontade - eu estou aqui representando o grupo, falando do NIAJ, falando por todos nós -, é a vontade de estar aqui na universidade e de trazer essa novidade através do NIAJ e do programa de mestrado que está se consolidando e que ele abra um futuro muito possível e de muita esperança para as crianças, adolescentes e jovens.

Cristiana Carneiro Obrigada, Lucia. Obrigada, Patrícia. Finalizo esta entrevista aqui. Muito obriga da também todos e todas que nos ouviram. Vamos projetar e concretizar esses futuros que começam com a nossa ação!

 

 

Data de recebimento: 16/07/2021
Data de aprovação: 03/11/2021

A versão audiovisual da mesa está disponível no YouTube no seguinte endereço: https://www.youtube.com/watch?v=BGbb4mbm NgY
Entrevista realizada no dia 16/07/2021 no Festival do Conhecimento UFRJ 2021.
1 Filósofo político italiano (1909-2004).
2 Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
3 Reitor da UFRJ de 2015 a 2019.
4 Sociólogo alemão (1858-1918).

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