SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.15 número3Formas de subjetivação contemporâneas e as especificidades da geração Y"Arquitetura da destruição" e a segregação cotidiana na cultura índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Revista Subjetividades

versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.15 no.3 Fortaleza dez. 2015

 

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

Experiências estético-terapêuticas em terapia ocupacional

 

Aesthetic and therapeutic experience in occupational therapy

 

Experiencias estético-terapéuticas en terapia ocupacional

 

Des expériences esthétique-thérapeutiques dans l'ergothérapie

 

 

Meire LuciI; Thaís RaccioniII; Késia MaximianoIII

IProfessora Assistente Doutora do Curso de Terapia Ocupacional do Departamento de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Marília, São Paulo
IITerapeuta ocupacional, Residente Multiprofissional do Programa de Saúde Mental da Faculdade de Medicina de Marília, Marília, São Paulo
IIITerapeuta Ocupacional graduada pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL e Mestranda em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Marília, SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho objetivou relatar a experiência do uso das oficinas artísticas como recurso terapêutico ocupacional junto a usuários do Serviço Residencial Terapêutico do interior de São Paulo. Terapia Ocupacional e a Arte foram os principais recursos das intervenções, devido aos potenciais de objetivar e promover ao sujeito o distanciamento do cotidiano e, assim provocar reflexões acerca dessa. Foram realizadas 20 oficinas artísticas, que ocorreram semanalmente no período de 6 meses, possibilitando aos participantes descobertas de potencialidades até então desconhecidas, facilitando o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento frente às consequências da institucionalização, impulsionando os sujeitos participantes a se colocarem como protagonistas de suas próprias histórias. Arte e Terapia Ocupacional reafirmam-se como espaço de reprodução, experimentação e reinvenção de modos de vida.

Palavras-chave: reforma psiquiátrica; terapia com artes criativas; terapia ocupacional.


ABSTRACT

This study aimed to report the experience of using art workshops as occupational therapeutic resource along with users of Therapeutic Residential Service in São Paulo. Occupational Therapy and Art were the main features of the interventions, due to the potential of objectifying and promoting to the subject the daily distancing and thus provoke reflections on that. 20 artistic workshops were carried out, which took place weekly in the period of 6 months, enabling participants discover some potentialities hitherto unknown, facilitating the development of coping strategies front to the institutionalization consequences, boosting the subjects participants to place themselves as protagonists of their own stories. Art and Occupational Therapy reassert themselves as reproduction, experimentation and reinvention space of lifestyles.

Keywords: psychiatric reform; therapy with creative arts; occupational therapy.


RESUMEN

Este trabajo tuvo por objetivo informar la experiencia del uso de los talleres artísticos como recurso terapéutico ocupacional junto a los usuarios del Servicio Residencial Terapéutico del interior de São Paulo. Terapia Ocupacional y el Arte fueron los principales recursos de las intervenciones, debido a los potenciales de objetivar y promover al sujeto el alejamiento del cotidiano y, por lo tanto, provocar reflexiones acerca de esa. Fueron realizadas 20 talleres artísticos, que ocurrieron semanalmente en el período de 6 meses, posibilitando a los participantes descubiertas de potenciales hasta entonces desconocidas, facilitando el desarrollo de estrategias de enfrentamiento ante a las consecuencias de la institucionalización, impulsando los sujetos participantes a que se pongan como protagonistas de sus propias historias. Arte y Terapia Ocupacional se reafirman como espacio de reproducción, experimentación y reinvención de vida.

Palabras clave: reforma psiquiátrica; terapia con artes criativos; terapia ocupacional.


RÉSUMÉ

Cet article a eu le but de rapporter l'expérience de l'usage des activités artistiques comme instrument de l'ergothérapie avec les utilisateurs du Service Residentiel Thérapeutique à l'intérieur de São Paulo. L'ergothérapie et l'art ont eté les principaux ressources des interventions à cause de la potencialité d'objectiver et promouvoir au sujet l'éloignement du cotidian, et, de cette façon, l'inciter à y réfléchir. On a réalisé 20 activités artistiques qui se sont passées à chaque semaine dans la période de six mois, ce qui a permis aux participants de découvrir leurs potentialités jusque-là inconnues, ce qui a favorisé le développement des stratégies pour faire face aux conséquences de l'institutionalization en poussant les sujets participants à se mettre comme les protagonistes de leurs histoires. Art et Ergothérapie se sont réaffirmés comme espace de représentation, expérimentation et réinvention de modes de vie.

Mots-clés: réforme psychiatrique; thérapie avec des arts créatives; ergothérapie.


 

 

Arte, Cotidianidade e Desinstitucionalização

As relações humanas se desenvolvem e se expressam no cotidiano através de vários fatores, sendo eles históricos, culturais, políticos e sociais. Portanto, ao considerar o sujeito enquanto expressão das suas relações faz-se necessário trabalhar o processo de significação e ressignificação da sua própria existência, bem como as múltiplas determinações da sua relação com o mundo, a fim de que sejam minimizados os fatores que os impedem de desenvolver suas potencialidades com autonomia.

As atividades artísticas promovem espaços experimentais de reprodução da vida, sendo possível reproduzir situações cotidianas, vivências, ideias e sonhos utilizando e combinando diferentes linguagens. Estes espaços possuem grande plasticidade, possibilitando que os sujeitos que os vivenciam desenvolvam suas relações com o mundo de forma mais criativa e consciente, o que contribui significativamente com o processo de desnaturalização da cotidianidade e consequentemente, com a (re) construção da subjetividade (Heller, 1991, 1992).

Partindo do pressuposto de que os cenários sociais delimitam lugares de existência, coexistência e subsistência, pensamos a arte como um instrumento potencial em provocar reflexões, atribuição de sentidos, fortalecendo o protagonismo social dos sujeitos que as experimentam. Acredita-se que intervenções artísticas junto aos sujeitos em sofrimento psíquico podem contribuir significativamente com os processos de (re) construção de identidade e resgate de subjetividade.

Nessa direção, a terapia ocupacional utiliza como instrumento de intervenção, o fazer humano, havendo diferentes perspectivas de abordagem. Galheigo (2003) aponta que, ao considerar o cotidiano como referencial teórico, a intervenção terapêutica ocupacional deve ser conduzida a partir da percepção do sujeito em relação ao modo como sua existência é produzida. Encarando os processos de objetivação imbricados nesse tipo de abordagem, acredita-se que no decorrer do processo terapêutico o sujeito possa se apropriar de si e do mundo, repercutindo, assim, na reflexão e principalmente na ressignificação do seu cotidiano. Para tanto, cabe ao profissional que media este processo identificar e problematizar conflitos, necessidades, e superações, além de dar suporte e facilitar novas experiências e vivências (Francisco, 2001).

Ao entrelaçar a prática da Terapia Ocupacional ao posicionamento político favorável aos pressupostos da Reforma Psiquiátrica, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência do uso das oficinas artísticas como recurso terapêutico ocupacional junto a usuários de um Serviço Residencial Terapêutico (SRT).

 

Método

Contextualizando a Intervenção

As oficinas propostas ocorreram no período compreendido entre abril e novembro de 2012, totalizando 24 intervenções, com duração aproximada de 90 minutos cada. Foram desenvolvidas em um SRT localizado no interior do estado de São Paulo, denominado Vila da Boa Vontade, que possui 5 casas, nas quais se distribuem 19 moradores de ambos os sexos, com longos períodos de institucionalização, e diagnosticados com transtornos mentais crônicos. A maioria destas oficinas ocorreu nos espaços de convivência das casas, entre estes, salas, quintais, entre outros.

A escolha por este local de intervenção remete à contradição deste serviço ainda estar vinculado a um hospital psiquiátrico, o qual centraliza as atividades diárias desses moradores, organiza as refeições, administra medicamentos, assiste em situações de adoecimento, gerencia a renda advinda de benefícios individuais, entre outros.

Inicialmente foram considerados participantes ativos 9 (nove) usuários, sendo que 8 (oito) identificavam-se como mulheres e 1 (um) como homem, porém no decorrer das intervenções, outros moradores foram gradativamente aderindo à proposta, sendo que ao final todos os 19 (dezenove) moradores do SRT participaram, ainda que indiretamente.

Planejamento das Atividades

O planejamento e desenvolvimento das oficinas tiveram como pressupostos as fichas de Spolin (2001, p.25), as quais foram adaptadas de acordo com os déficits dos usuários, muitos destes advindos da própria psicopatologia, bem como do longo período de institucionalização, conforme ressaltado por Francisco (2001), ao afirmar que são as atividades significativas que constituem espaços de produção e transformação do mundo humano, e, portanto, ao conduzir este trabalho, o planejamento das atividades buscou considerar as particularidades de cada sujeito, a fim de que fossem significativas para estes.

As oficinas artísticas foram embasadas principalmente nas técnicas do Teatro do Oprimido desenvolvida pelo teatrólogo Augusto Boal (2002) e nos jogos teatrais propostos pela educadora norte-americana Spolin (2001). Durante todo o processo de trabalho buscou-se um movimento dialético de constantes reflexões e análise das intervenções, sempre considerando a realidade deste cenário, as diversas singularidades e formas de comunicação e expressão de cada participante, conduzindo tanto à proposição de novas intervenções, a partir do que fora concluído coletivamente, quanto às possibilidades de transformações daquela realidade.

No primeiro momento, nas oficinas, foram apresentadas diferentes produções artísticas para os usuários, e posteriormente, foram trabalhados jogos teatrais, técnicas corporais, de respiração e de uso da voz. Esse processo de intervenções culminou na confecção e apresentação de uma peça teatral em forma de contação de história.

 

Resultados e Discussão

O Processo de Trabalho

A proposta das oficinas foi explanada detalhadamente junto aos usuários, que foram convidados a participar, porém foi possível observar a resistência de alguns deles.

Foi realizado um jogo teatral e ao final deste, os moradores concluíram que o teatro é um meio de contar histórias. Após a apresentação da proposta fora entregue um convite personalizado com data e horário do início das oficinas de teatro. A maioria dos moradores mostrou-se receptiva, aderindo tal proposta.

No primeiro encontro do grupo foi sugerido aos usuários a temática Circo, sendo esta rapidamente aceita pelo grupo. Ainda neste encontro, ficou estabelecido a necessidade de compromisso e da participação ativa de todos, e o grupo concordou. A partir de então, as oficinas foram planejadas com base nesta temática.

Aspectos Desenvolvidos nas Oficinas

Através de uma metodologia de intervenção, que uniu diferentes referenciais teóricos relacionando Arte e Terapia Ocupacional, foi possível promover vivências que trabalhassem e estimulassem diferentes aspectos biopsicossociais, já comprometidos pela institucionalização anterior, como: iniciativa, atenção, compreensão e elaboração do pensamento, comunicação e expressão, insegurança, participação, socialização, sedentarismo e ociosidade.

A construção de um personagem implica que o ator realize buscas internas e no decorrer deste processo é possível o encontro e a descoberta de habilidades e características até então ocultas no inconsciente (Boal, 2002). Nesse sentido, buscou-se que este processo pudesse facilitar um maior autoconhecimento e uma nova percepção da própria realidade pelos sujeitos participantes.

O processo de construção das personagens partiu do conhecimento que cada participante possuía sobre circo e das suas experiências anteriores em espetáculos, de modo que essas experiências transitavam entre o "assistir" e "vivenciar". Para o resgaste de conhecimentos, experiências e memórias, foram propostas atividades como: jogos teatrais, improvisações, assistir filmes e vídeos de espetáculos de dança, circo, teatro e dinâmicas.

No primeiro momento, pairaram somente recordações acerca dos animais e discursos de alguns moradores que diziam nunca terem ido a um espetáculo de circo. Sendo assim, foram apresentados modelos concretos para que cada participante se identificasse e escolhesse seu personagem.

Cada participante ficou responsável por pensar no decorrer da semana sobre as possibilidades de performances e a nomeação de seu personagem. Foi possível verificar que neste momento o trabalho passou a ser significativo para alguns participantes. Também teve início as trocas afetivas e sociais entre alguns participantes, que auxiliaram ou buscaram auxílio para começar a construir seu personagem, sendo essas formas de contato pouco frequentes no cotidiano da residência.

Após estas decisões, foi confeccionado junto a cada participante um objeto cênico referente à sua personagem, tendo como propostas a facilitação do processo criativo de construção da personagem, assim como desenvolver responsabilidade e cuidado com as suas individualidades. Algumas participantes se destacaram no cuidado e na experimentação com estes, desenvolvendo performances com os mesmos.

A Arte como possibilidade de comunicação diferentemente da habitual, já mecanizada, permite e facilita a experimentação de formas de expressão além daquelas cotidianas (Galvanese, 2010). No decorrer das oficinas emergiram lembranças e evocações de memórias, permitindo que os participantes compartilhassem fatos de suas histórias de vida. Nesses momentos foi possível observar a receptividade das experiências por uns e a insegurança em realizá-las por outros. Insegurança esta que refletia a rigidez dos corpos adquirida durante a trajetória institucional. "O corpo é um lugar de inscrição social e de memória de dados, conscientes ou inconscientes, passados ou presentes, que articulam aspectos subjetivos e objetivos da vivência humana" (Matos, 2004, p.127).

A partir desta percepção e como forma de trabalhar tais questões, foram promovidas vivências de atividades do cotidiano como: caminhar, falar, contar uma história, alongar. Estas experimentações foram apontadas pelos participantes como desafios que provocavam o corpo a romper com os reflexos da institucionalização.

No intuito de trabalhar mais profundamente os aspectos psicomotores, foi iniciada a coreografia de uma ciranda que se tornou parte da produção final. Porém no decorrer desta construção também se observou o fortalecimento da interação grupal e momentos de alteridade. Nestes momentos evidenciou-se a influência das oficinas no desenvolvimento e aprimoramento parcial e gradual dos aspectos psicomotores, expressivos, afetivos e sociais, possibilitando aos sujeitos a efetivação de uma postura ativa e confiante na organização de atividades cotidianas, na comunicação e nas trocas sociais (Albuquerque, 2010).

Gradativamente surgiu a necessidade da reconstrução da corporeidade e da apropriação de si mesmo como um todo, que associado à percepção de coesão e aprofundamento do vínculo entre os participantes, permitiu o desenvolvimento de atividades mais complexas e integrativas. Para tanto foram realizados jogos de Teatro Imagem (Boal, 2002), técnica que utiliza somente linguagem não verbal para estimular a concretização de percepções e debatê-las através de corpos e objetos.

Durante um dos ensaios, utilizando o Teatro Imagem, foi proposto que cada participante apresentasse seu personagem por meio de um gesto e/ou sons marcantes, em seguida, os demais participantes foram convidados a trocar e experimentar outros personagens de forma que colocasse sua percepção do outro, com isto foi possível agregar novos elementos aos personagens, possibilitando a internalização dos mesmos para o grupo.

O palco onde ocorre um processo teatral é concebido por Boal (2002) como um espelho no qual é possível ver-se vendo, refletir sobre uma situação e/ou experimentar sobre o impossível, de forma que o ator se torne espectador de si mesmo e possa se colocar no lugar de outros. Ao espaço que este processo ocorre, Boal (2002) denomina Espaço Estético. Portanto vive-se o espaço tal como ele é, com suas dimensões objetivas e simultaneamente vivencia-se suas dimensões subjetivas, construídas pela cena, pelas personagens e suas histórias.

No decorrer das oficinas algumas ideias foram tomando forma e movimento tendo em vista além das experimentações, a possibilidade de resultar em algum produto final com valor estético e que tivesse potencialidade para extravasar os muros da cotidianidade. Então, todo este processo concretizou-se na narração da "História da Vila Patativa".

Por fim, este processo foi objetivado em duas apresentações, que constituíram espaços de trocas significativas, de modo que nessa etapa da proposta, o grupo apresentou-se seguro para não somente apresentar, mas também tomar coletivamente as tarefas organizacionais, assumindo responsabilidades. Este processo final mobilizou outros moradores, não participantes das oficinas, que se ajudaram mutuamente. Alguns profissionais da equipe também se mobilizaram na organização do transporte e na administração do dinheiro durante a semana para pagarem o almoço no restaurante da universidade em que iriam apresentar-se.

A produção final foi apresentada para estudantes, funcionários e docentes de uma universidade e, posteriormente, o grupo foi convidado para realizar a abertura de um evento científico. Estes acontecimentos possibilitaram a crítica dos participantes em relação a diferença dos olhares sobre os diferentes papéis que podem ocupar na sociedade, percebendo que naqueles momentos era conferida visibilidade às suas potencialidades e ao fazer artístico/criativo, sobrepondo-se ao estigma da loucura.

Segundo Castro e Silva (2002) a Terapia Ocupacional na interface com a Arte, além do enriquecimento cultural, pode propiciar novas experiências sociais, o que pôde ser observado na visita à universidade, visto que além da apresentação, o grupo explorou o laboratório de anatomia, tomou café e chá no espaço de convivência com os estudantes, passeou pelo campus e almoçou no Restaurante Universitário.

 

Conclusão e Considerações Finais

Pensar a reforma psiquiátrica e, por consequência, os serviços substitutivos em saúde mental, para uma atenção biopsicossocial, aponta para desdobramentos de ordem prática e instrumental. Tais aspectos devem tomar como direção a dimensão social da produção de subjetividades que, nesse caso, é marcada sumariamente por um processo exclusão e estigmatização.

Desse modo, por meio das intervenções artísticas propostas, foi possível observar que os usuários, mesmo inseridos em um serviço que funciona sob a ótica da possibilidade da reinserção social, ainda apresentam fortes reflexos de suas experiências institucionais.

Sob a perspectiva do estímulo a experimentação de novos modos de vida e da reinvenção de significados, as oficinas de teatro constituíram-se como um lócus de distanciamento de um cotidiano engessado, provocando os participantes para apropriação da sua própria potência criativa, conduzindo a (re) descoberta de si e do outro. Assim, a experiência das oficinas e da criação da peça teatral reafirmou a potencialidade que as experiências artísticas possuem na (re) elaboração dos sentidos e da consciência, mediando uma relação que se constituí entre sujeito - meio - (e de novo,) sujeito.

Tendo em vista que com a utilização das oficinas artísticas a partir do Teatro do Oprimido, pudemos transitar entre diferentes linguagens artísticas, e nessa experiência tais linguagens tornaram a experiências enriquecedora, pois além de referências para o desenvolvimento das atividades propostas e do estímulo a diversas habilidades, passaram a fazer parte do cotidiano dos usuários.

Assim, a Arte se entrelaça à Terapia Ocupacional como uma possibilidade de promoção de novas experiências, que além de estimularem diversas habilidades, contribuem para o suporte à superação dos conflitos e contradições que emergem em processos criativos e expressivos; além de despertar estratégias de como lidar com as dificuldades impostas pela institucionalização, como: relações sociais, expressão corporal, autoestima, autoconhecimento, ansiedade e auto-organização. Nesse sentido, ambas confluem para o mesmo fim: possibilitar aos sujeitos a reconstrução de suas subjetividades e a oportunidades de se (re) inventarem enquanto sujeitos sociais, e, consequentemente, como protagonistas da sua própria vida.

 

Referências

Albuquerque, K. M. (2010). Diálogos entre psicomotricidade e saúde mental: Uso do corpo como proposta terapêutica. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental UFSC, 2(4-5), 178-189.         [ Links ]

Boal, A. (2002). O arco-íris do desejo: Método Boal de Teatro e Terapia (2ª ed.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.         [ Links ]

Castro, E. D., & Silva, D. M. (2002). Habitando os campos da arte e da terapia ocupacional: Percursos teóricos e reflexões. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 13(1), 1-8.         [ Links ]

Francisco, B. (2001). Terapia ocupacional (2ª ed.). Campinas, SP: Papirus.         [ Links ]

Galheigo, S. M. (2003). O cotidiano na terapia ocupacional: Cultura, subjetividade e contexto histórico-social. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 14(3), 104-109.         [ Links ]

Galvanese, A. T. C. (2010). A produção do cuidado através de atividades de arte e cultura nos Centros de Atenção Psicossocial CAPS/Adultos do município de São Paulo. Dissertação de Mestrado, Programa de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. São Paulo, USP.         [ Links ]

Heller, A. (1991). Sobre el concepto abstracto de vida cotidiana. In A. Heller (Ed.), Sociología de la vida cotidiana (3ª ed., pp. 19-90). Barcelona: Ediciones Península.         [ Links ]

Heller, A. (1992). O cotidiano e a história (6ªed.). Rio de Janeiro: Paz e Terra.         [ Links ]

Matos, L. (2004). Corpo cênico: Diálogo entre persona e personagem. Diálogos Possíveis (FSBA), 3(2), 125-134.         [ Links ]

Spolin, V. (2001). Jogos teatrais: O fichário de Viola Spolin. São Paulo: Perspectiva.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Meire Luci da Silva
Avenida Rio Branco, nº 1236, apto 703, Alto Cafezal
Marília/SP, CEP: 17502-000
E-mail: meire@marilia.unesp.br

Thaís Munholi Raccioni
Endereço: Rua Isaías Profeta do Espírito Santo, nº 535
Marília/SP, CEP 17526-432
E-mail: thaisinha210@hotmail.com

Késia Maria Maximiano de Melo
Rua Oswaldo Florindo Coelho, nº 80, bloco 1, apto 12, Jardim São Gabriel
Marília/SP. CEP: 17525-120
E-mail: kesia_maximiano@yahoo.com.br

Recebido em: 14/04/2014
Revisado em: 26/02/2015
Aceito em: 07/04/2015

Creative Commons License