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Revista Subjetividades

versión impresa ISSN 2359-0769versión On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.16 no.1 Fortaleza abr. 2016

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.16.1.37-51 

DOCÊNCIA E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES

 

Estresse e docência: um estudo no ensino superior privado

 

Stress and teaching: a study in private higher education

 

Estrés y docencia: una investigación en la enseñanza terciaria privada

 

Le stress et l'enseignement: une étude dans le cadre de l'enseignement supérieur privé

 

 

Patrícia DalagasperinaI; Janine Kieling MonteiroII

IPsicóloga pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI-Erechim). Mestre e Doutoranda em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Professora do Curso de Psicologia da Faculdade Meridional - IMED
IIPsicóloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atua como professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O estresse no trabalho docente é considerado um dos principais problemas vivenciados pela categoria. Este estudo, pautado na abordagem qualitativa, teve por objetivo identificar os fatores de estresse laboral de professores universitários do ensino privado e analisar as possíveis repercussões na saúde. Foram entrevistados nove professores de universidades da região metropolitana de Porto Alegre. Os resultados apresentam como principais fatores de estresse: sobrecarga de trabalho, cobranças e dificuldades de relacionamento com chefia e alunos, prejudicando a saúde desses profissionais. Foram sugeridas pelos professores melhorias na gestão do trabalho, no processo de ensino e nas estratégias de enfrentamento pessoal como alternativas para redução do estresse. No entanto, essas não trazem uma crítica direcionada às formas atuais de gestão praticadas no ensino superior privado, relacionadas à ideologia da excelência, do pragmatismo e do mercantilismo.

Palavras-chave: estresse; docentes; ensino superior.


ABSTRACT

Stress in the teaching work is considered one of the main problems experienced by the category. The purpose of this study was to identify the stress factors of university professors in private education and analyze the possible repercussions on health. Based on the qualitative approach, nine professors from universities in the metropolitan region of Porto Alegre were interviewed. The results present as main stress factors: work overload, chargings and relationship difficulties with supervisors and students; damaging the health of these professionals. Iimprovements in work management, in the teaching process, and in coping strategies as alternatives for stress reduction were suggested by the professors. However, these do not bring a criticism directed at the current forms of management practiced in private higher education, related to the ideology of excellence, pragmatism and mercantilism.

Keywords: stress; professors; higher education.


RESUMEN

El estrés en el trabajo docente es considerado uno de los principales problemas vividos por la categoría. Esta investigación tuvo el objetivo de identificar los factores de estrés laboral de profesores universitarios de la enseñanza privada y evaluar las posibles repercusiones en la salud. Con base en el abordaje cualitativo, fueron entrevistados nueve profesores de universidades de la región metropolitana de Porto Alegre. Los resultados presentan como principales factores de estrés: exceso de trabajo, cobranzas y dificultades de relacionamiento con el jefe y alumnos; perjudicando la salud de estos profesionales. Los profesores sugirieron mejorías en la gestión del trabajo, en el proceso de enseñanza y en las estrategias de enfrentamiento personal como alternativas para disminución del estrés. Sin embargo, estas no traen una crítica direccionada a las formas actuales de gestión practicadas en La enseñanza terciaria privada, relacionadas con La ideología de la excelencia, del pragmatismo y del mercantilismo.

Palabras clave: estrés; docentes; enseñanza terciaria.


RÉSUMÉ

Le stress dans l'enseignement est considéré comme l'un des principaux problèmes rencontrés par cette catégorie. Cette étude a eu l'objectif d'identifier les facteurs de stress dans le travail des professeurs d'université de l'enseignement privé et d'analyser les effets possibles sur la santé. Fondée sur l'approche qualitative, neuf professeurs des universités de la région métropolitaine de Porto Alegre ont été interviewés. Les résultats montrent les principaux facteurs de stress: la surcharge de travail, les exigences et les difficultés de relation avec la direction et avec les étudiants; ceux qui nuit la santé de ces professionnels. Les enseignants ont suggéré des améliorations dans la gestion du travail, dans le processus d'enseignement et dans les stratégies d'adaptation personnelles comme des alternatives à la réduction du stress. Cependant, ceux-ci n'apportent pas une critique dirigée vers les formes actuelles de gestion pratiquées dans l'enseignement supérieur privé liées à l'idéologie de l'excellence, au pragmatisme et au mercantilisme.

Mots-clés: stress; enseignants; enseignement supérieur.


 

 

Esta pesquisa foi realizada na região metropolitana de Porto Alegre - RS, através de uma parceria entre o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (SINPRO/RS) e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). A proposta apresentada pelo sindicato ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia visava obter dados científicos acerca do estresse (prevalência e fatores desencadeantes) entre os professores do ensino privado do Estado. O propósito, além da divulgação dos resultados, era viabilizar a possibilidade de estabelecer negociações acerca de melhorias nas condições de trabalho junto ao Tribunal de Justiça do Trabalho.

Foi realizado inicialmente um estudo de levantamento com 202 participantes, o qual identificou um índice de 58% de estresse entre os professores do ensino privado do RS, sendo que a maioria deles se encontrava na fase de resistência, considerada a segunda fase da Síndrome Geral da Adaptação (Dalagasperina & Monteiro, 2012). Devido ao fato da maior parte da amostra ter sido composta por professores do ensino superior, constatou-se a necessidade de compreender melhor o estresse vivenciado pelos professores no âmbito acadêmico.

A literatura (Correa, Zambrano, & Chaparro, 2010; Fernández, 2014; Figueiredo, Pereira, & Brás, 2007; Marqueze & Moreno, 2009; Silvério, Patrício, Bordbeck, & Grosseman, 2010) aponta que o trabalho do professor universitário está cercado por uma série de situações estressantes e por uma sobrecarga de trabalho que ameaça sua saúde, seu bem-estar e sua qualidade de vida. Sendo assim, o presente estudo propõe-se a identificar os fatores de estresse ocupacional presentes no trabalho de professores universitários e analisar as possíveis repercussões na saúde. Espera-se, através desse entendimento, sugerir futuras intervenções que visem melhorias no exercício profissional e na saúde dos professores universitários.

Estresse e Trabalho

O trabalho é considerado central na vida humana, pois através dele é possível transformar a realidade, viabilizar a sobrevivência e formar a identidade. É por meio do exercício profissional que o ser humano se personifica e sente-se integrante da sociedade. É para o trabalho que as pessoas dedicam grande parte de seus dias e de suas vidas. Tal experiência se estende para além do ambiente laboral, na medida em que se reflete de modo significativo nos processos de inserção social e na saúde dos trabalhadores (Benevides-Pereira, 2002; Codo & Vasques-Menezes, 2004; Dejours, 1992; Marx, 1985; Sampaio, 2002).

Diante da amplitude e da relevância do trabalho na vida humana, a saúde mental do trabalhador tornou-se um vasto campo de investigação, explorado por diferentes teorias e métodos (Jacques, 2003). É possível identificar nessa área uma gama de pesquisas, nacionais e internacionais, pautadas na teoria do estresse que têm como foco a compreensão deste fenômeno em diferentes categorias profissionais (Gomes, Montenegro, Peixoto, & Peixoto, 2010; Hadi et al., 2009; Pereira et al, 2014; Santana et al., 2012). O expressivo número de publicações sobre o estresse ocupacional diz respeito a um aumento considerável nos casos de incapacitação temporária ao trabalho, absenteísmo, aposentadoria precoce e riscos à saúde (Ferreira & Assmar, 2008; Vieira, Guimarães, & Martins, 1999).

O conceito de estresse foi estudado por diferentes autores e se redefiniu ao longo do tempo. Inicialmente, Hans Selye, em 1936, utilizou o conceito de homeostase para explicá-lo, assim, considerou-o como uma resposta física do organismo diante de uma situação que ameaça o equilíbrio interno de uma pessoa (Lipp, 2002). Mais tarde, descreveu a Síndrome Geral de Adaptação (SGA), composta por três fases: alerta, resistência e exaustão (Selye, 1956). O conceito foi ampliado por Lazarus e Folkman (1984), que acrescentaram à definição o componente psicológico e consideraram que ocorre, simultaneamente, uma resposta física e psíquica do organismo frente às situações ameaçadoras. Lipp (2003) adicionou as fases da SGA, a fase de quase exaustão. Para a autora, o estresse pode ser provocado por fatores internos ou externos (Lipp, 1999).

Com o intuito de compreender o estresse vivenciado no ambiente laboral, Cooper (1993) definiu o estresse ocupacional como um problema de natureza perceptiva que resulta da incapacidade da pessoa de lidar com as fontes de pressão no trabalho, e tem como consequência problemas na saúde física e mental, afetando tanto o indivíduo como as organizações. O estresse ocupacional resulta de um complexo conjunto de fenômenos e pode ser entendido como uma reação tensional que o trabalhador experimenta diante de situações estressoras que ocorrem no ambiente laboral (Gondim & Siqueira, 2009). Em 1978, Cooper e Marschall (citado por Gondim & Siqueira, 2009) propõe um modelo formado por seis categorias consideradas fontes de estresse ocupacional: fatores intrínsecos ao trabalho, o papel na organização, os relacionamentos no trabalho, o desenvolvimento na carreira, a estrutura e o clima organizacional, e a interface entre lar e trabalho.

Para Gaulejac (2007), o aumento do estresse laboral é uma consequência do atual modelo de gestão do trabalho, atrelado à exigência da excelência e da flexibilidade, em que o trabalhador ideal seria aquele polivalente, autônomo, criativo e que assume responsabilidades e riscos, configurando-se como um super-humano. No entanto, o estresse não seria considerado um problema, mas uma questão decorrente e "natural" da busca dessa excelência. Nesse modelo, cada um deve aprender a gerenciar o seu nível de estresse, e buscar a autosuperação.

Estresse no Trabalho Docente

O estresse no trabalho docente foi apresentado pela primeira vez na literatura por Kyriacou e Sutcliffe (1977) como um fenômeno resultante das experiências difíceis vivenciadas no trabalho, que geram sentimentos de raiva, ansiedade, tensão e depressão. Desde então, o tema passou a ser investigado por sua relevância. A Organização Mundial da Saúde, desde a década de 1980, reconhece que o estresse é considerado mundialmente um dos principais fatores da redução na qualidade de vida enfrentada pelos trabalhadores (Cruz, 2002).

Os professores universitários do ensino privado dividem-se em quatro grupos: 1) profissionais que atuam nas diversas áreas de conhecimento e se dedicam integralmente à atividade docente; 2) profissionais inseridos no mercado de trabalho e que dispõem de algumas horas para o exercício da atividade docente; 3) os que atuam na área pedagógica e dividem seu tempo entre as universidades e o ensino básico e 4) profissionais educadores e de licenciatura que dedicam tempo integral à universidade (Behrens, 2002).

Em função dos fatores socioeconômicos, políticos e da inserção de novas tecnologias nas organizações de ensino privado, as características do docente universitário vêm sendo redefinidas (Cassundé, Mendonça, & Muylder, 2014). Cabe ao docente na contemporaneidade: engajar-se em práticas interdisciplinares; conhecer estratégias do ensinar a pensar e ensinar a aprender; facilitar o desenvolvimento da capacidade de comunicação e de análise crítica dos conteúdos; reconhecer o impacto das novas tecnologias da comunicação e informação na sala de aula; preocupar-se com sua formação continuada e estimular o comportamento ético (Cassundé, Mendonça, & Muylder, 2014; Freire, 2001; Libâneo, 2002). Porém, apesar de seu importante papel enquanto facilitador do processo de ensino-aprendizagem, muitos docentes têm atuado apenas como funcionários que se encontram a serviço dos interesses das organizações, sem poder de autonomia. Neste sentido, quando o professor é efetivado, deve estar de acordo com os princípios ideológicos da instituição, que são propostos pelos seus próprios dirigentes, sem participação política e social (Pérez-Gómez, 2001).

O Brasil tem vivenciado, nos últimos anos, uma série de transformações e reformas no ensino superior privado, especialmente no que se refere à sua expansão e às normas contempladas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996 (Minto, 2006; Morosini, 2001). As reformas universitárias, a partir da década de 60, relacionadas à construção dos novos modelos educacionais, registram: a massificação do ensino, a mercantilização, a expansão do ensino superior privado e a utilização das estratégias organizacionais voltadas para o lucro. Estas mudanças favorecem a comercialização do ensino, refletindo-se no contexto atual da educação e no perfil do professor que precisa se adaptar ao novo sistema (Esteves, 2004), que envolve uma série de estressores ocupacionais. Uma das principais fontes de tensão apresentada pelos professores refere-se à dicotomia entre ensino e pesquisa, proveniente da fragmentação das atividades e da valorização pelo aumento acelerado de produções científicas (Borsoi & Pereira, 2013; Carlotto, 2002; Junqueira, 2009; Krasilshik, 2008).

Percebe-se que as investigações referentes ao estresse ocupacional realizadas com docentes do ensino superior privado , estão sendo desenvolvidas tanto em relação à instituição em que exercem suas atividades (Carneiro & Maciel, 2010; Jiménez, Hernández, Carvajal, Gamarra, & Puig, 2009; Marqueze & Moreno, 2009) quanto em áreas específicas do conhecimento, tais como: Educação física, Enfermagem e Psicologia (Benevides-Pereira & Porto-Martins Machado, 2010; Servilha & Arbach, 2011; Sinott, Afonso, Ribeiro, & Farias, 2014; Valério, Amorim, & Moser, 2009).

Estudos realizados com professores universitários sobre o trabalho docente e a saúde mental apontam como fatores desencadeantes de estresse: a sobrecarga de trabalho (Correa, Zambrano, & Chaparro, 2010; Fernandéz, 2014; Figueiredo, Pereira, & Brás, 2007; Marqueze & Moreno, 2009; Silvério, Patrício, Bordbeck, & Grosseman, 2010), a insatisfação profissional (Benevides-Pereira et al., 2010; Figueiredo et al., 2007; Fonseca, 2014; Collie, Shapka, & Martin, 2015), a indisciplina dos alunos (Bráz & Fêo, 2006; Silvério et al., 2010), as exigências e as cobranças por parte da coordenação (Bráz & Fêo, 2006; Servilha & Arbach, 2011; Suda, Coelho, Bertaci, & Santos, 2011) a exaustão emocional (Benevides-Pereira et al., 2010; Sinott, 2014; Suda et al., 2011) a presença de sintomas físicos (dores musculoesqueléticas) e psíquicos (transtornos mentais) (Figueiredo et al., 2007; Gradella, 2010; Marqueze & Moreno, 2009; Servilha & Arbach, 2011; Silva, 2015), e a falta de participação na tomada de decisões referentes às suas atividades (Suda et al., 2011).

 

Método

Delineamento

Para atingir os objetivos propostos, o estudo baseou-se no método qualitativo descritivo e exploratório. De acordo com Creswell (2010), o mesmo refere-se a um meio para explorar e entender o significado que os indivíduos ou grupos atribuem a um problema social ou humano.

Participantes

Participaram desta pesquisa nove professores do ensino superior, de três universidades privadas de grande porte, localizadas na região metropolitana de Porto Alegre. Conforme proposto pelo critério de saturação teórica descrito por Gil (2002), a repetição do conteúdo das respostas definiu o número de participantes. Os entrevistados têm entre 31 e 52 anos, com tempo de experiência na profissão entre 3 e 29 anos. Destes, seis são do sexo feminino e três do sexo masculino. No que se refere à formação, oito professores são doutores em áreas distintas do conhecimento e um deles está cursando o doutorado. Em relação ao tipo de contrato, cinco docentes possuem contrato integral (40 horas) e quatro são professores horistas (com carga horária entre 08 e 20 horas). Cabe lembrar que os participantes não estão distribuídos igualmente entre as instituições e que, em função do sigilo, optou-se por não especificar o nome das universidades a qual pertencem. Conforme segue na Tabela 1.

Como requisitos para a participação, os docentes deveriam ter ao menos um ano de experiência na instituição atual, não serem aposentados, nem estarem no período de pré-aposentadoria. Entende-se que, no primeiro ano trabalhado, o professor pode estar em processo de adaptação na instituição, e que, no último ano, ocorre um processo de desligamento do docente das suas atividades ocupacionais.

Instrumentos

Para ter acesso aos dados, foram realizadas entrevistas individuais conduzidas de modo semiestruturado, a fim de permitir aos participantes liberdade para transmitir as informações. As falas foram gravadas e transcritas para posterior análise. O roteiro norteador foi composto pelas seguintes áreas de interesse: estresse ocupacional, interferências na saúde e sugestões de melhorias que visem à redução dos estressores no trabalho docente. Para que os objetivos do estudo fossem atingidos, as questões buscaram identificar e compreender os fatores de estresse ocupacional e as possíveis repercussões na saúde dos docentes universitários.

Procedimentos Éticos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISINOS sob o número CEP 11/134 e atendeu as exigências éticas previstas na Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 2012), e na Resolução 010/12, do Conselho Federal de Psicologia. Essa última revoga a resolução n° 196/96 sobre pesquisas em psicologia envolvendo seres humanos (Brasil, 2012). Os participantes que aceitaram o convite foram informados sobre os objetivos e os procedimentos do estudo.

Foi comunicado que a identidade e os dados fornecidos seriam tratados de forma cuidadosa e sigilosa. Além disso, os docentes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que autorizou a gravação das entrevistas. Os dados foram registrados e serão armazenados pelo período de cinco anos, conforme a exigência legislativa. A devolução foi realizada através do envio de um e-mail, no qual consta o agradecimento pela participação no estudo e um relatório contendo os principais resultados da pesquisa.

Procedimento de Coleta de Dados

A partir de um estudo quantitativo tendo como tema a avaliação do estresse e da Síndrome de Burnout em docentes do ensino privado do Rio Grande do Sul, obteve-se uma lista (fornecida pelo Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul) com uma relação das instituições de ensino superior privado na Região Metropolitana de Porto Alegre, informando o nome e o contato de todos os docentes que estão em exercício em cada uma das instituições participantes, independente de serem ou não sócios do sindicado.

A seleção dos participantes ocorreu de forma aleatória por meio de dois sorteios: das instituições e dos professores em cada instituição. A partir disso, foi realizado por telefone um convite para a participação dessa etapa da pesquisa. Com o intuito de validar o roteiro norteador, realizou-se uma entrevista piloto. A maior parte dos docentes foi entrevistada em seu local de trabalho, no dia e horário que tiveram disponibilidade, com exceção de apenas uma das coletas, que aconteceu na residência do participante. A coleta dos dados foi realizada entre os meses de outubro de 2011 e janeiro de 2012. O tempo médio de duração das entrevistas foi de, aproximadamente, 20 minutos cada uma.

Procedimentos de Análise de Dados

A análise dos dados utilizou o método da análise de conteúdo proposta por Bardin (1977/2006), que compreende três fases: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados. Para a análise categórica, foram elaboradas categorias mistas através da codificação dos dados obtidos, levando-se em conta o roteiro da entrevista a priori (fatores de estresse; estresse e implicações na saúde; sugestões de melhorias nas condições de trabalho) e, a posteriori, os conteúdos que surgiram nos relatos.

 

Resultados E Discussão

As informações coletadas foram agrupadas de acordo com o assunto. Os dados encontrados permitiram a formação de quatro grandes temáticas: 1) fatores de estresse relacionados à sobrecarga no trabalho, 2) fatores de estresse nas relações socioprofissionais, 3) estresse docente e repercussões na saúde e 4) sugestões de melhorias no trabalho docente. Além disso, cada uma delas foi dividida em categorias e subcategorias, conforme a Tabela 2.

Fatores de Estresse Relacionados à Sobrecarga no Trabalho

Esta temática engloba vários conteúdos manifestados pelos docentes, os quais avaliaram a sobrecarga ocupacional como uma das principais causas de estresse. Os fatores apontados estão agrupados em três categorias: atividades laborais, atividades extraclasse e carga horária.

As atividades laborais relatadas pelos participantes foram divididas nas seguintes subcategorias: execução de diferentes papéis, infinidade de tarefas e prejuízo na qualidade das tarefas. As diferentes atividades exercidas pelo professor universitário exigem do profissional distintas habilidades em um curto espaço de tempo, uma vez que a mudança de foco ocorre de forma constante: "O professor do ensino superior, ele é professor, ele é coordenador de curso, ele é pesquisador, ele tem que se virar em dez pra dar conta" (P1). A infinidade de tarefas desencadeia ansiedade frente à dificuldade de colocá-las em dia: "Se eu fico um dia sem abrir os e-mails, isso me gera um estresse, assim, eu fico ansioso" (P1). O fato dos docentes não terem tempo para planejar suas atividades, prejudica a qualidade do trabalho realizado e causa sofrimento: "Me angustia achar que eu posso fazer melhor e que eu não consigo, não tenho tempo pra fazer melhor" (P5).

O exercício profissional fora do espaço de trabalho também se configura como um importante fator de estresse na percepção desses professores. As atividades extraclasse estão apresentadas nas subcategorias: atividades sem compensação financeira e interferência na vida pessoal. Os participantes sentem-se injustiçados por não terem uma recompensa financeira do tempo gasto com a realização destas atividades: "Eu passo horas preparando aulas, participo de bancas, pra isso tem que dedicar um bom tempo em casa, sem contar os e-mails, e eu não ganho nada a mais pra isso" (P3). As tarefas desempenhadas pelo docente em sua residência possuem influência direta na vida pessoal, pois afetam tanto a esfera dos relacionamentos interpessoais (família e amigos) quanto a esfera individual; como pode ser evidenciado nos relatos a seguir: "Tem também uma questão de vínculo com família, né, e nem sempre eles estão dispostos a compreender que eu tenho um monte de coisas pra fazer, assim a gente perde uma parte da vida" (P5); "Aí tu chega em casa tão cansado que o amigo liga pra ir tomar uma cerveja, e aí você não quer ir" (P4);"Sendo assim, não tenho tempo para descansar, fazer uma academia, coisas que relaxam, que me dão prazer" (P4).

Segundo os entrevistados, o número insuficiente de horas disponíveis para a execução das atividades se faz presente nas duas modalidades de contrato (turno integral e horista). O estresse proveniente desta categoria diz respeito: às exigências desproporcionais e às dificuldades em cumprir os prazos estabelecidos. Para os docentes, a demanda de trabalho é superior ao tempo hábil e às condições necessárias para realizá-las: "Daí, eles cobram que tu tenha produção científica, que tu tenha artigos publicados, mas de onde é que eu vou tirar artigos publicados se eu não tenho hora de pesquisa, se eu não participo de projetos" (P2). A exigência cada vez maior de publicações está sendo vivenciada como uma ameaça, que põe em risco tanto a qualidade do trabalho como a saúde do profissional. "O problema é que isso que estão chamando de produtivismo acadêmico está adoecendo os professores" (P6). A dificuldade em dar conta dos prazos estabelecidos está relacionada com as exigências feitas de última hora e com a diversidade de tarefas impostas: "Às vezes, eu brinco assim, hoje foi dia de gincana. Sabe quando tu tá entregando uma tarefa que tu recebe duas, sabe gincana de colégio, que tu faz bem rápido e, daí, quando vê, já não dá mais tempo" (P3).

Dados de estudos nacionais (Fernández, 2014; Caran, Freitas, Alves, Pedrão, & Robazzi, 2011; Marqueze & Moreno, 2009; Suda et al., 2011) e internacionais (Klassen & Ming, 2010; Meng & Guo, 2012) realizados com professores universitários, se assemelham aos achados desta pesquisa. Pode-se considerar, dessa forma, que o excesso de atividades é um fator de estresse característico da profissão docente que ultrapassa as fronteiras nacionais.

A sobrecarga laboral que se estende para além do ambiente de trabalho e o número insuficiente de horas para realizá-las, associado à falta de recompensa, faz com que os docentes se sintam injustiçados. A percepção dos professores de que suas contribuições são maiores do que sua recompensa gera sentimento de culpa e raiva, e pode levá-los a um estado de esgotamento profissional (Assmar & Ferreira, 2008).

Embora possam existir diferentes níveis de exigência pela produtividade entre os grupos de professores universitários, o produtivismo acadêmico foi apontado como um estressor ocupacional, tanto entre os participantes que se dedicam integralmente à instituição quanto entre os profissionais que dispõe de algumas horas na universidade. Supõe-se, deste modo, que as reformas nos processos de ensino relacionadas à questão econômica trazem consequências negativas para o exercício profissional docente (Borsoi & Pereira, 2013). O impacto dos processos de flexibilização do setor produtivo, atrelado às oscilações do mercado, repercute na atuação dos professores, que necessitam agregar tarefas à sua função (avaliar, digitar, preencher formulários), que nem sempre são remuneradas ou contabilizadas em suas horas de trabalho (Santos, 2010).

A sobrecarga ocupacional apresenta-se como uma característica prejudicial aos docentes, uma vez que interfere praticamente em todas as esferas de sua vida e exige-lhes diferentes habilidades para dar conta da demanda de trabalho. Para os professores, a interferência na vida pessoal se manifesta na limitação do convívio com a família e com os amigos, e na restrição das atividades de lazer (Gómez, 2015). O conflito entre as exigências advindas do trabalho e as exigências familiares possui relação significativa com a exaustão emocional (Zimmerman, Hammer, & Crain, 2011). Os docentes deste estudo consideram que a execução de diferentes funções, compromete a qualidade das tarefas que exercem. A redução na qualidade do trabalho e a constante mudança de foco ao longo do dia podem afetar o sentimento de competência e a capacidade criativa do professor, já que este não possui tempo para planejar e dedicar-se a seus afazeres. Dessa forma, os docentes pesquisados não sentem que estão dando o melhor de si e, por isso, podem não estar correspondendo às expectativas de excelência impostas pela atual gestão paradoxal do trabalho (Gaulejac, 2007).

Fatores de Estresse nas Relações Socioprofissionais

Neste grupo encontram-se os conteúdos manifestos pelos participantes referentes aos fatores de estresse laboral relacionados aos alunos e aos gestores. No que se refere aos alunos, os relatos compõem duas categorias: a preocupação dos docentes com os alunos e a indisciplina deles. A preocupação com os estudantes foi apresentada pelos docentes de duas formas: sentimento de responsabilidade pelo aprendizado e envolvimento pessoal com o aluno. A responsabilidade atribui ao professor sentimento de culpa e de exigência pessoal quanto ao processo de aprendizagem: "Como eu vou conduzir a construção desse momento pra que seja uma experiência que tenha algum significado para esses alunos"? (P6). O envolvimento pessoal com os acadêmicos revela o afeto na relação e a interferência deste na postura profissional: "Eu me contamino um pouco com aluno que perdeu pai, aluno que está se separando, e essas coisas eu acho que me estressam pela dificuldade de manter a firmeza em relação ao trabalho acadêmico" (P5).

A indisciplina dos alunos é percebida pelos participantes como fonte de desrespeito e de ameaças. Em relação ao desrespeito, considera-se a falta de interesse pela aula e a desconsideração pelo professor: "O aluno não te ouve, não está interessado na matéria, fica fazendo outras coisas durante a aula" (P3); "Usei meu dia de folga pra atender ela, e ela não apareceu nem avisou. Insistiu para mim atender ela e depois disse que faltou porque o marido lhe convidou para ir ao shopping, me senti muito irritada e desrespeitada" (P5). As situações de ameaça parecem estar relacionadas ao poder atribuído pela direção aos alunos, que os respalda em função de pagarem pelo ensino: "Então tu não consegue resolver as coisas com o aluno, porque o aluno acaba fazendo esse jogo, ele joga contigo contra a chefia" (P3).

As questões estressoras institucionais no ambiente acadêmico se revelam também nas relações entre os docentes e seus gestores. Do ponto de vista dos participantes, os conflitos resultam da falta de autonomia. A ausência de participação na tomada de decisões e o posicionamento dos superiores em relação aos alunos leva o profissional a submeter-se a regras e normas rígidas com que, muitas vezes, não estão de acordo: "O fato de tu não poder chamar atenção do aluno, porque o aluno diz que tu expôs ele e reclama de ti pra chefia. Aí (a chefia), ao invés de falar pro aluno "vai lá e conversa com o teu professor", não, a culpa é tua, sabe" (P3).

Cabe destacar, frente a esses relatos, que as relações humanas permeiam o ambiente de trabalho acadêmico. As relações interpessoais no trabalho, caracterizadas por conflitos, falta de confiança, comunicação truncada, hostilidade e competição, podem se constituir como uma fonte potencial de estresse, capaz de desencadear efeitos na saúde. (Bom Sucesso, 2003; Bruch & Monteiro, 2011; Bruck-Lee & Spector, 2011; Ferreira & Assmar, 2008).

A indisciplina dos alunos é uma das principais preocupações que os docentes têm enfrentado (Benítez-Muñoz, García-Berbén, & Fernández-Cabezas, 2011). No entanto, evidencia-se uma escassez da literatura sobre o tema específica ao ensino superior. O mau comportamento dos acadêmicos, relatado nesse estudo, faz com que os docentes se sintam desrespeitados. Esse comportamento dos alunos pode estar relacionado às reformas legislativas do ensino superior, que resultaram no processo de comercialização do ensino. A falta de respeito representa o poder dos alunos sobre os docentes, fato que parece estar sendo reforçado, tanto pelos pais quanto pela instituição. Tal suposição evidencia-se no comportamento dos estudantes, dos pais (Monteiro, Dalagasperina, & Quadros, 2012) e de gestores que têm o processo de ensino como uma relação mercantil entre empresa e cliente.

A influência econômica na relação entre a instituição e os estudantes também se reflete na autonomia dos professores, que é considerada a condição principal para o desenvolvimento do seu trabalho (Codo & Vasques-Menezes, 2002). Apesar de sua importância, os participantes deste estudo nem sempre apresentam tal liberdade. A falta de autonomia apontada pelos docentes relaciona-se ao fato de que alguns gestores são percebidos como autoridades que atuam baseadas nos princípios institucionais que priorizam a mercantilização do ensino. Para os professores, a imposição de um método de ensino que visa preparar o acadêmico para ingressar no mercado competitivo intervém na transmissão do conhecimento. Neste sentido, a execução do trabalho restrito às regras institucionais preestabelecidas limita a autonomia e compromete a qualificação (Contreras, 2002; Silva, 2010).

Embora a literatura aponte dificuldades de relacionamento entre colegas (Bom Sucesso, 2003; Bruch & Monteiro, 2011; Caran et al., 2011), este estudo não evidenciou esta questão, o que também não foi encontrado em um estudo sobre as queixas de professores universitários em relação aos fatores de risco ocupacionais (Servilha & Arbach, 2011). Pensa-se, a partir disso, que os docentes compartilham da mesma realidade de trabalho e, portanto, podem ter desenvolvido um sentimento de empatia com os pares, capaz de suprir questões de cunho competitivo. Os afetos positivos desenvolvidos no contexto laboral reduzem os fatores de estresse e aumentam a satisfação no trabalho (Gondim & Siqueira, 2004/2009). Por outro lado, as dificuldades de relacionamento interpessoal podem ser prejudiciais à saúde dos professores e à produtividade no meio acadêmico. (Bráz & Fêo, 2006; Caran et al., 2011; Servilha & Arbach, 2011).

Estresse Laboral e Repercussões na Saúde

Frente aos fatores de estresse laboral identificados nesta pesquisa, é possível afirmar que os professores estão expostos a uma série de situações que podem comprometer sua saúde. Os relatos obtidos revelam que o trabalho docente pode afetar a saúde em nível físico, psicológico e psicossocial.

O trabalho atinge a saúde física e psíquica, bem como pode desencadear sintomas psicossomáticos. Dentre os sintomas físicos relatados destacam-se: suor, dores de cabeça, cansaço excessivo, perda de peso, aumento ou redução do sono: "Pra mim, interferem muito na minha saúde física, pois tenho muita facilidade para perder peso e, quando estou estressada, eu perco o apetite" (P7); "Acho que têm situações assim, que tu está muito cansadade estar dormindo mal, isso de parecer que não descansa, e aí começa a doer o corpo todo"(P7). Os sintomas psicológicos mencionados pelos participantes foram: depressão, ansiedade, irritação, sensação de estar sendo sufocado: "Mas tu está com um certo grau de depressão, né, e tu não está a fim de sair, tu quer ficar em casa dormindo" (P4); "Me sentia espremido assim tipo... quando tu acha que tu está numa máquina de suco, essa sensação que a gente tem, que tu não vai conseguir, que tu está sendo espremido, sufocado" (P4). Em relação aos sintomas psicossociais, ocorre também um desligamento das atividades prazerosas devido à falta de tempo para dedicar-se à vida pessoal: "Tu vai abrindo mão de coisas que fazia, que gosta, queira ou não queira, vai apagando outras dimensões da vida que acho que são importantes pra saúde" (P1); "Eu fazia atividades físicas, agora não faço mais, não tenho mais tempo, né" (P8).

Os sintomas físicos e psíquicos relacionados ao estresse que foram apresentados neste estudo são apontados em outras investigações feitas com professores do ensino superior (Caran et. al., 2011; Gradella, 2010; Servilha et al., 2011; Silva, 2015; Suda et al., 2011). Com o intuito de identificar as razões do afastamento do trabalho por questões de saúde, uma pesquisa investigou 540 docentes de pós-graduação. Os resultados apontaram que, quanto maior o número de produção científica e o número de orientandos por ano, maiores foram às ocorrências de intervenções cardíacas, doenças coronarianas e acidentes vasculares cerebrais. Tais sintomas justificam-se pela excessiva carga horária fora do expediente, que dificulta os cuidados com a saúde, como: dieta balançada, realização de atividades físicas e consultas médicas frequentes (Santana, 2011). Percebe-se, portanto, que o docente universitário da atualidade está submetido a uma organização de trabalho que põe em risco sua saúde.

Investigações com docentes universitários (Benevides-Pereira et al., 2010; Oliveira et. al., 2012; Silvério et al., 2010) revelam que a maioria dos professores considera que o trabalho interfere na vida pessoal e que a falta de tempo para realização de atividades de lazer é limitante para a qualidade de vida (Gómez, 2015). Tais situações referem-se a um dos fatores de estresse ocupacional descritos por Cooper e Marschall (1978, citado por Gondim & Siqueira, 2004/2009), ao se referir à interface entre o lar e o trabalho. A esfera familiar vem sendo prejudicada devido às exigências do trabalho, o que pode resultar em redução do desempenho e aumento do nível de tensão e de estresse (Zanelli & Silva, 2008).

Sugestões de Melhorias no Trabalho Docente

Com o intuito de minimizar os fatores de estresse ocupacional, os participantes referiram sugestões de melhorias que podem ocorrer em três esferas: na forma de gestão do trabalho, no processo de ensino e nas estratégias de enfrentamento pessoal. Em relação à gestão do trabalho, poderiam ocorrer alterações no relacionamento entre professores e chefia no que se refere à comunicação e à confiança, assim como na forma de contrato realizado pelas universidades privadas e na forma de pagamento. Ao estabelecer uma relação de confiança e um espaço para comunicação aberta com os gestores, o professor poderá sentir-se mais seguro para exercer suas atividades: "Tem que ter comunicação, primeiro tu diz, (chefia) a não, tudo bem, o que tu fizer tá tranquilo, ai depois diz (chefia), ah... mas, tu deveria ter feito outra coisa" (P2); "Tu tem que ter uma coordenação que te apóie, em que tu confie, que tu saiba que tu tem respaldo" (P2). Além disso, o número de exigências burocráticas poderia ser reduzido: "O que daria pra solucionar um pouco é essa questão da confiança, do controle por meio desse monte de relatórios que a gente preenche" (P9). Em relação à contratação, alguns professores afirmam que o contrato em turno integral pode reduzir a insatisfação com o salário, e permitir a dedicação exclusiva ao trabalho, uma vez que assim, não será necessário ter outro emprego: "A universidade vira um bico, fica sendo um segundo emprego, uma complementação salarial" (P1); "Pagando melhor os professores tu vai ter funcionários mais qualificados, mais motivados, que não precisam de dois empregos" (P3).

Uma atualização no método de ensino, que vise à adequação aos recursos eletrônicos atuais que o aluno dispõe, pode se constituir como uma forma de reduzir o desinteresse e incentivar os alunos a desenvolver pesquisas. Para os professores, o fácil acesso aos conteúdos expostos desmotiva a permanência do acadêmico em sala da aula: "Ao invés de querer que o aluno fique na aula até tarde, cansado, a gente deve oferecer uma hora que seja bem aproveitada, depois ele vai produzindo nesses meios eletrônicos, que ele gosta mais" (P6).

Como estratégia para lidar com os fatores de estresse ocupacional, alguns docentes têm redefinido seus valores, priorizando a vida pessoal: "Mudei algumas estratégias, aprendi nesse tempo a me preocupar mais comigo do que com o trabalho" (P9). A redução da carga horária também se apresentou como uma forma de priorizar a vida pessoal: "Reduzi o número de horas, assim tenho menos turmas e menos alunos, então agora está tranquilo, tenho mais tempo para as minhas coisas" (P3).

Acreditar em melhorias no ambiente ocupacional e poder sugeri-las parece estar calcado em uma expectativa de mudança. Reconhecer que ainda há o que fazer para modificar ou reverter a realidade apresentada pode servir como uma tática que mantém o envolvimento com o trabalho.

Alguns profissionais que se encontram inseridos no mercado de trabalho e dispõem de algumas horas para o exercício da atividade docente (Behrens, 2002) consideram a forma de contratação um fator de estresse, e sugerem que o aumento de carga horária na instituição supriria a necessidade de ter dois empregos. Além disso, para esses o fato de ser horista gera insatisfação com o salário e dificulta a dedicação ao trabalho. A baixa remuneração conduz os professores à busca de outro emprego a fim de complementar a renda mensal (Carlotto, 2010). Por outro lado, também foi apontada, por professores que atuam em turno integral, a necessidade de redução da carga horária para vinte horas com o intuito de priorizar a vida pessoal, pois estes salientaram que se sentiam sufocados pelo trabalho.

Em relação à necessidade de mudanças no método de ensino superior, estudos (Folmer et al., 2009; Grant, Hacknei, & Edgar, 2010) consideram que uma abordagem centrada nos alunos, na sua capacidade produtiva e em recursos eletrônicos permite o envolvimento mais ativo do estudante e pode gerar mudanças de atitude, motivação e interesse pelo conteúdo. Nesse sentido, é preciso que a televisão, o cinema, a internet, as viagens e as novas tecnologias da comunicação passem a ser vistas como aliados, uma vez que permitem estratégias que auxiliam o professor a desenvolver o seu trabalho (Figueiredo & Pereira, 2007). Contudo, as inúmeras atividades derivadas do uso de tecnologias de informação e comunicação têm impacto, tanto nas instituições de ensino superior quanto no trabalho docente. Essas alterações na forma do ensino exigem dos professores, além de competências atreladas às novas tecnologias de informação, uma formação acadêmica sólida, experiência profissional e competência pedagógica (Cassundé, Mendonça, & Muylder, 2014).

As sugestões de melhorias mencionadas pelos participantes podem ser consideradas, em certa medida, como ingênuas ou menos críticas, já que não trazem uma análise ou censura mais direcionada às formas atuais de gestão praticadas no ensino superior privado. Essas práticas estão relacionadas à ideologia da excelência do pragmatismo e do mercantilismo, na qual o aluno é visto como cliente e o professor, muitas vezes, como "empregado" do aluno, tendo que se sujeitar à pressão por aprovação e satisfação do cliente.

Além disso, o professor é avaliado por indicadores atrelados ao retorno financeiro da instituição. Tudo que o professor faz é avaliado através dos resultados que ele agrega à instituição. Um produtivismo acadêmico medido quantitativamente, não importa a que custo. Como Gaulejac (2007) refere, legitima-se uma ideologia da excelência e da hiper-exigência ou sobrecarga de trabalho, que é naturalizada e deve ser gerenciada pelo próprio trabalhador.

 

Considerações Finais

Os resultados obtidos nesta pesquisa revelam um arsenal de demandas a serem trabalhadas, uma vez que os estressores ocupacionais foram apontados de diversas formas e em diferentes situações no âmbito da educação superior privada. Verificou-se que as consequências dessa gama de fatores de estresse acarretam um comprometimento significativo na saúde e na qualidade de vida dos professores.

Dentre as queixas mais apresentadas, destaca-se a sobrecarga de trabalho, que foi manifestada pelos participantes de forma unânime como uma das principais fontes de estresse no trabalho. Deste modo, o excesso de atividades se constitui como um importante fator que interfere, de forma negativa, na vida pessoal dos profissionais deste grupo.

Em relação aos demais fatores, os participantes ressaltaram que dificuldades no relacionamento com a chefia e com os alunos tornam o trabalho ainda mais tenso. Tais dificuldades expõem os professores a situações de submissão e de ameaças. Observou-se que, embora o sofrimento dessa categoria de trabalhadores seja expressivo, as investigações e publicações acerca da indisciplina dos acadêmicos são escassas.

Apesar do desgaste apresentado, os docentes apontaram que algumas situações estressoras podem ser passíveis de mudanças; isso ocorre no momento em que identificam suas necessidades e a expressam com intuito de melhorar seu contexto de trabalho. Os participantes desta pesquisa revelaram, além das dificuldades, um envolvimento positivo no trabalho. Tal ligação afetiva foi manifestada através da preocupação com o ensino e da qualidade das tarefas que executam. Cabe destacar que esses profissionais, em nenhum momento, demostraram não gostar da profissão, e que as insatisfações que sentem estavam relacionadas à maneira como se estabelece o cotidiano laboral, não ao oficio.

Tendo por finalidade a melhoria no contexto laboral, os participantes apontaram sugestões mais voltadas para suas próprias competências e à inserção de tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Contudo, não foi evidenciada de forma clara uma crítica, manifestada pelos mesmos, referente às novas formas de gestão calcadas no modelo da excelência acadêmica.

O estresse ocupacional em professores do ensino superior privado revela-se um campo profícuo a ser investigado devido à variedade de demandas e possibilidades de estudos. Dessa forma, sugere-se que novas investigações sejam realizadas com esse grupo de profissionais, em outras regiões do país, onde existem contextos educacionais diferentes. Ressalta-se, ainda, a relevância de investigar a indisciplina dos acadêmicos do ensino superior privado, especialmente no que se refere à mercantilização do ensino.

Destaca-se que este estudo trata de um grupo específico e, portanto, seus dados não podem ser generalizados. Assim sendo, espera-se que esta pesquisa tenha problematizado a realidade docente no meio acadêmico privado e sirva de subsídio para pautar novos estudos, bem como intervenções, que visem mudanças no contexto de trabalho dos professores do ensino superior.

 

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Endereço para correspondência:
Patrícia Dalagasperina
End.: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Departamento de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - Centro de Ciências da Saúde
Avenida UNISINOS, nº 950 - Bairro Cristo Rei
CEP: 93.022-000 - São Leopoldo/RS
E-mail: pati-d@hotmail.com

Janine Kieling Monteiro
End.: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Departamento de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - Centro de Ciências da Saúde
Avenida UNISINOS, nº 950 - Bairro Cristo Rei
CEP: 93.022-000 - São Leopoldo/RS
E-mail: janinekm@unisinos.br

Recebido em: 05/12/2015
Revisado em: 20/03/2016
Aceito em: 15/04/2016

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