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Revista Subjetividades

Print version ISSN 2359-0769On-line version ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.16 no.1 Fortaleza Apr. 2016

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.16.1.181-190 

ARTIGO ORIGINAL

 

Produção de sentidos sobre a militância política de mulheres vinculadas ao MST

 

Production of meanings about political militancy of women linked to the MST

 

La producción de significados sobre el activismo político de las mujeres vinculadas al MST

 

Production des significations sur le militantisme politique des femmes liées au MST

 

 

Antonimária Bandeira de Freitas OliveiraI; Jáder Ferreira LeiteII

IMestranda em Psicologia (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
IIDoutor em Psicologia Social, Professor do Departamento de Psicologia e Programa de Pós-graduação em Psicologia (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo objetivou investigar, por meio do aporte teórico do Construcionismo Social, a produção de sentidos sobre a militância política de mulheres vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Norte. Participaram do estudo seis mulheres que ocupavam as funções de coordenação estadual nas regiões de atuação do movimento. Utilizamos a entrevista semiestruturada como instrumento de produção de dados. As entrevistas foram analisadas a partir de uma categorização inicial do material e da construção de mapas de associação de ideias. Os sentidos em torno da militância política - produzidos nas associações por meio das expressões contribuição, esperança, reconhecimento, transformação, conscientização e luta - vinculam-se ao investimento coletivo de luta, não só pelo acesso à terra, mas por conquista de direitos sociais. Para o exercício de tal luta, o processo de formação política no MST empreende um importante papel, ao produzir repertórios articulados a uma identidade coletiva que, por sua vez, passa a ser vivida pelas mulheres no cotidiano das ações de militância. Os efeitos da militância na vida das participantes do estudo assinalam permanências e rupturas em relação ao papel feminino no âmbito familiar, seja na reprodução de um lugar socialmente designado às mulheres de cuidado da casa e da família, seja no questionamento desse lugar ao vivenciar graus de participação nas decisões familiares e de fomento à participação política, ao se inserirem em instâncias de representação política e institucional.

Palavras-chaves: produção de sentidos; gênero; militância política; MST.


ABSTRACT

The present study aimed to investigate, through the theoretical contribution of Social Constructionism, the production of meanings about the political militancy of women linked to the Movement of Landless Rural Workers (MST) in Rio Grande do Norte. Six women who occupied the functions of state coordination in the regions of the movement participated in the study. We used the semi-structured interview as a data production instrument. The interviews were analyzed from an initial categorization of the material and the construction of maps of association of ideas. The senses surrounding political militancy - produced in associations through the expressions: contribution, hope, recognition, transformation, awareness and struggle - are linked to the collective investment of struggle, not only for access to land, but for the achievement of social rights. In order to carry out such a struggle, the process of political formation in the MST plays an important role, by producing repertoires articulated to a collective identity that, in turn, is experienced by women in the daily activities of militancy. The effects of militancy on the life of the study participants indicate that there is continuity and rupture in relation to the female role in the family sphere, either in the reproduction of a socially designated place of care for the home and family, or in the questioning of this place when experiencing degrees of participation in family decisions and fostering political participation, as they are inserted in instances of political and institutional representation.

Keywords: Production of meanings; gender; political militancy; MST.


RESUMEN

Este trabajo objetivó investigar, por medio del aporte teórico del Construccionismo Social, la producción de sentidos sobre la militancia política de mujeres vinculadas al Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) en el Rio Grande do Norte. Participaron de la investigación seis mujeres que ocupaban los puestos de coordinación estadual en las regiones de actuación del movimiento. Utilizamos la entrevista pre-estructurada como instrumento de producción de datos. Las entrevistas fueron analizadas partiendo de una categorización inicial del material y de la construcción de mapas de asociación de ideas. Los sentidos en vuelta de la militancia política - producidos en las asociaciones por medio de expresiones como contribución, esperanza, reconocimiento, transformación, concientización y lucha - están vinculados a la investida colectiva de lucha, no solo por el acceso a la tierra, pero por conquista de derechos sociales. Para el ejercicio de esta lucha, el proceso de formación política en el MST representa una importante función, al producir repertorios articulados a una identidad colectiva que, a su vez, pasa a ser vivida por las mujeres en el cotidiano de las acciones de militancia. Los efectos de la militancia en la vida de las participantes de la investigación señalan permanencias y roturas en relación a la función femenina en el ámbito familiar, sea en la reproducción de un sitio socialmente designado a las mujeres de cuidado con la casa y la familia, sea en el cuestionamiento de este sitio al vivir grados de participación en las decisiones familiares y de fomento a la participación política, al formar parte en locales de representación política e institucional.

Palabras claves: Producción de sentidos; Género, militancia política; MST.


RÉSUMÉ

Cette étude a eu l'objectif d'étudier, au moyen du cadre théorique du Constructivisme Social, la production de sens sur l'activisme politique des femmes liées au Mouvement des Travailleurs Sans Terre (MST) au Rio Grande do Norte. Six femmes qui travaillaient dans les coordinations régionnelles dans les zones d'action du mouvement ont participé de l'étude. Nous avons utilisé une interview semi-structurée comme outil de production de données. Les interviews ont été analysées à partir d'une catégorisation initiale du matériel et de la construction des cartes d'association d'idées. Les sens autour du militantisme politique - produits dans les associations par des expressions suivantes: contribution, espoir, reconnaissance, transformation, sensibilisation et lutte, sont liés à l'investissement collectif de lutte, pas seulement pour l'accès à la terre, mais pour la conquête des droits sociaux. Pour l'exercice de cette lutte, le processus de formation politique chez le MST engage un rôle important, en produisant des répertoires articulés à une identité collective qui, à son tour, passe a être vécue par les femmes dans les actions militantes quotidiennes. Les effets du militantisme dans la vie des participants de l'étude indiquent les continuités et les ruptures par rapport au rôle des femmes dans la famille. Soit dans la réproduction d'un lieu socialement assigné aux femmes, c'est à dire, le soin de la maison et de la famille, soit la question de ce lieu à éxperimenter degrés de participation aux décisions de la famille et la promotion de la participation politique, quand elles sont inserées dans les instances de répresentations politiques et institutionnelles.

Mots-clés: production de sens; sexe; militantisme politique; MST.


 

 

O tema das relações de gênero no interior do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) marca significativa presença no conjunto dos seus discursos e práticas cotidianas. De acordo com Silva (2004), uma das preocupações do movimento a partir dos anos oitenta foi incorporar algumas discussões de orientação feminista, bastante fortes nessa década. Passou-se a investir muito nas mulheres como sujeitos militantes, com direitos sociais, mas também com deveres no interior do movimento. Essas preocupações, de certo modo, também reconstituíram parte dos discursos de igualdade e emancipação feminina que marcaram presença nos enunciados socialistas a partir do final do século XIX.

As lutas por direitos sociais contribuíram para legitimar um novo "sujeito político" - as mulheres agricultoras (Cordeiro & Cardona, 2010). Nessa perspectiva, as lutas de gênero em contextos que demandam igualdade, dizem da afirmação de uma identidade política por conta do não reconhecimento das mulheres como trabalhadoras e pela ausência de acesso a direitos socioeconômicos. Nesse sentido, a luta política no interior de um movimento social parece exercer importante papel para as mulheres.

Leite e Dimenstein (2012) assinalam que na esfera do MST tem-se estimulado a participação de mulheres na luta, tanto por meio da conquista do direito de registrar lotes de terra em seu nome quanto na garantia de sua participação em instâncias de representação do movimento. Essas mulheres têm se revelado ao longo de anos, na história de muitos assentamentos, como importantes agentes de articulação com o poder local e na elaboração de alternativas produtivas. Tais aspectos têm, por sua vez, repercutido em duas esferas historicamente delineadas de modo particular para o gênero feminino: 1) no universo familiar, em que se espera uma participação das mulheres como cuidadora do lar e dos membros familiares, cumprindo papéis geralmente de subordinação frente a uma dominação masculina e; 2) no âmbito de sua relação com o trabalho, em que historicamente verifica-se uma invisibilidade de suas atividades produtivas, tidas como uma "ajuda" no espaço da agricultura familiar.

Desse modo, Scott (2010) pontua que se torna imprescindível compreender os processos bem como as lógicas que envolvem a participação política das mulheres e que geram a valorização das suas reivindicações, fruto da forma como estas têm se organizado nos movimentos sociais. Uma dessas formas de participação tem se dado pelo exercício da militância política, que pode ser compreendida como o envolvimento de inúmeras pessoas em causas que passam a ter interesses comuns, levando-as a uma disponibilidade de energia e de tempo, gerando uma participação contínua em movimentos e ações coletivas com vistas a enfrentar ou denunciar as insistentes formas de opressão exercidas na atualidade (Prado & Lara, 2003).

Leite (2003) apontou que algumas mulheres de áreas de acampamento se aproximaram do MST movidas pela tentativa de construção de uma autonomia em que elas pudessem conduzir suas vidas sem a dependência econômica dos companheiros. No estudo em que realizou, identificou que algumas destas mulheres mantinham relações marcadas pela desigualdade de gênero, sendo, muitas vezes vítimas de violência doméstica.

Desse modo, é relevante pensar sobre a dimensão de gênero em torno da militância política e seus atravessamentos de classe, etnia e geração. Medeiros (2008), por exemplo, afirma que há questões específicas nas relações de gênero que se impõem vinculadas à problemática geracional:

Mulheres com filhos de idade mais elevada, capazes de assumir tarefas na casa e/ou no lote, ou mesmo com filhos que já saíram de casa, tem maior possibilidade de assumir diferentes níveis de participação política do que as mulheres jovens, com filhos pequenos que exigem maior cuidado. (Medeiros, 2008, p. 12)

Desse modo, o presente trabalho teve por objetivo investigar a produção de sentidos sobre a militância política junto a mulheres vinculadas ao MST/RN, tomando como mediadores seu processo de inserção no MST e os efeitos da militância política nas suas vidas.

Dentre as diversas perspectivas teóricas de tratamento acerca dos processos de significação no âmbito da psicologia, optamos pela produção de sentidos tal como sugerida pelo Construcionismo Social, corrente de pensamento que tem importante influência na psicologia social e que, segundo Gergen (2009), visa tratar o conhecimento e os sentidos produzidos sobre objetos sociais não como expressão exata da realidade, nem como âmbito de estruturas mentais. Para o autor, nossas formas de compreensão do mundo são "artefatos sociais" (p. 303), situados dentro de uma especificidade histórica e produzidos por pessoas em processos ativos de interação. Para Spink e Medrado (2013), o sentido se refere a um modo de conhecimento socialmente gestado no âmbito do cotidiano em meio a interações sociais. Trata-se de:

() uma construção social, um empreendimento coletivo, mais precisamente interativo, por meio do qual as pessoas - na dinâmica das relações historicamente datadas e culturalmente localizadas - constroem os termos a partir dos quais compreendem e lidam com as situações e fenômenos a sua volta. (Spink & Medrado, 2013, p. 22)

Tal compreensão permite, a nosso ver, realçar tanto a historicidade com que as experiências e repertórios em torno das relações de gênero são vividos por mulheres situadas em contextos sociais específicos, quanto vislumbrar a possibilidade de acompanhar processos de rupturas nesses mesmos repertórios e experiências, na medida em que, por meio de uma prática social como a militância política, possam inaugurar novos sentidos em suas vidas.

 

Procedimentos Metodológicos

No momento da etapa de campo, realizada no ano de 2014, o MST dispunha de 12 mulheres na sua coordenação estadual e 50 mulheres nas coordenações regionais, o que nos permitiu quantificar 62 militantes, com faixa etária de 24 a 60 anos. A fim de chegar a um número menor de mulheres, dada a natureza do estudo, utilizamos como critérios de inclusão o tempo de militância, as regiões de atuação1 e setores de participação no MST, com vistas a uma diversidade de experiências face à militância. Assim, foram selecionadas seis mulheres da coordenação estadual2 do movimento para a realização de entrevistas semiestruturadas a partir das quais buscamos conhecer os sentidos produzidos pelas mesmas sobre a militância política.

 

Tabela 1

 

Iniciamos a conversa por meio de questões mais gerais, tais como dados socioeconômicos, participação política e social, setor de participação no MST, tempo de militância política e região de atuação para, em seguida, explorar o tema da militância política. Utilizamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com todas as participantes. Outro procedimento adotado foi solicitar previamente uma autorização do MST regional para participar de encontros e eventos no Rio Grande do Norte, produzidos e conduzidos pelas mulheres militantes. Assumimos, assim, uma posição ética com o movimento e suas militantes, sempre atentos a sua dinâmica de funcionamento e agenda de trabalho. Tal postura permitiu a construção dos vínculos no campo de pesquisa.

A própria perspectiva construcionista deflagra a não neutralidade do(a) pesquisador(a) e prima por um reconhecimento de sua subjetividade no processo investigativo, definida aqui como mais um recurso no processo de pesquisa. Nesses termos, "qualquer trabalho objetivo é estruturado e envolvido pela subjetividade, assim, o rigor passa pela explicitação da posição do(a) pesquisador(a), implica a relação sobre seus valores, interesses, contextos, influências e possibilidades de interpretação" (Cordeiro, Freitas, Conejo, & De Luiz, 2014, p. 47).

Adotamos a perspectiva de análise das entrevistas por meio das práticas discursivas (Spink, 2010, 2014), organizando o material através de mapas de associação de ideias que têm por finalidade, de acordo com Spink e Lima (2013, p. 107), "sistematizar o processo de análise das práticas discursivas em busca de aspectos formais da construção linguística, dos repertórios utilizados nessa construção e da dialogia implícita na produção de sentidos". A partir de tais mapas, foi possível organizar a análise em torno dos seguintes blocos de categorias: sentidos da militância; a chegada e o convite à militância do MST e os efeitos da militância.

 

Resultados e Discussão

A militância política e seus sentidos

Para compreender a produção de sentidos sobre a militância política partimos das primeiras associações produzidas pelas participantes, quais sejam: contribuição com a reforma agrária, esperança, reconhecimento, transformação, conscientização e luta:

Pesquisadora: Que sentido a militância política tem para você?

O sentido de contribuir com a reforma agrária, né? Com a classe trabalhadora. De certa forma, ajudar as famílias que estão aí necessitando de terra para trabalhar e desenvolver sua auto sustentação. (Dorothy)

Acho que, esperança, né? De um... de lutar por outra sociedade, por outro modo de vida, e por mais que a gente saiba que não vai acontecer uma mudança imediata, mas só o fato de estar contribuindo e saber que futuramente você pode deixar semente, né? (Maria Haydée)

Conscientização. Assim, depois que a gente... A gente passa por um processo, né? No caso, quando eu comecei a participar desde o grupo de jovem, quando eu já era catequista, né? E depois, lá mesmo agente criou um grupo, um grupo de jovens, aí comecei minha militância, desde daí e a participação política. Principalmente nós enquanto mulher, companheira, ocupando os espaços, não de direito, mas de conquista mesmo. (Anita Garibaldi)

Os sentidos produzidos vêm justificados pelo investimento coletivo de luta, não só pelo acesso à terra, mas por conquista de direitos sociais. Isso nos permite pensar sobre o processo de formação militante no MST que produz repertórios articulados a uma identidade política que, por sua vez, gera efeitos de sentidos sobre a militância. Tal entendimento foi evidenciado anteriormente nos estudos de Leite e Dimenstein (2011) para quem as ações coletivas e o processo de formação postos em curso pelo MST desdobraram em um modo de subjetivação militante que atinge tanto os seus quadros quanto sua base social. Sobre o processo de formação política, os autores acrescentam que o mesmo implica em produções subjetivas que incidirão sobre os seus militantes, visando uma identificação com os propósitos políticos e os princípios organizativos do próprio movimento. No caso das militantes do presente estudo, essa identificação se presentifica nos repertórios evocados para dar sentido à experiência da militância política, como nos aponta a fala de Anita:

A gente era como se fosse assim... as pessoas diziam: militante tem que estar sempre pronto. Eu tenho que estar sempre pronta. Era como dizia assim, é um soldado, eu tenho que ser um soldado, estar sempre pronta. É como dizer assim: estou preparado para ir para esse momento. Era aquela cartilha que dizia assim: olhe, o meu comportamento enquanto ser humano tem minhas falhas, aquela coisa toda, mas aí tinha umas regrazinhas que a gente estudava. (Anita Garibaldi)

Por meio de uma perspectiva temporal, tal como sugerem Spink e Medrado (2013) para a compreensão dos sentidos a partir das práticas discursivas, podemos apontar como o tempo vivido, tempo esse alusivo aos processos de socialização em que os sujeitos são inseridos (família, escola, trabalho, movimento social), no caso de socialização política por meio da formação de militante, comparece com seus discursos específicos para mediar os sentidos produzidos sobre a própria militância. Os enunciados de Anita tomam como referência os conteúdos dos processos de formação política, mediando a produção de uma militante sempre pronta para a luta de acordo com os princípios do MST. Uma ordem discursiva se interpõe com vistas a produzir efeitos que estão ligados ao fato das mulheres se reconhecerem nesses mesmos discursos. Isso nos remete a construção de (ser) militante. Nessa via, Vinadé e Guareschi (2007) afirmam que os militantes produzem e são produzidos pela militância continuamente:

A gente participa primeiro do que a gente chama de capacitação que o movimento dá. E aí traz muito material, muitos livros, muitos pensadores que o movimento dá. E também tem outra capacitação que é o contato com as famílias. Elas nos ensinam muito mais do que a gente aprende nos livros. (Dorothy)

Já o sentido de Luta foi destacado por todas as participantes ao longo das entrevistas, principalmente por Olga Benário. Esta fala não só da luta por direitos coletivos, como também de combater as nomeações sociais atribuídas às militantes nos seus espaços de luta, nomeações essas de cunho desqualificador, como "mundanas", "sapatas". Domingos e Rosa (2014) destacam que o sentimento de humilhação social causado pela desigualdade de classes, comum aos pobres da cidade e do campo, atinge diretamente os militantes do MST. Nesse sentido, Sauer (2010) informa que a repressão às mobilizações e reivindicações populares representa um traço da cultura política brasileira, pois os grupos investidos de sua posição de poder não toleram a existência de movimentos organizados e aquilo que, do ponto de vista de quem luta, refere-se à busca de cidadania, de acesso a direito, converte-se, pela mão de grupos conservadores da sociedade, em uma interpretação desqualificadora de baderna, desacato à ordem. No caso das mulheres, como visto no presente estudo, termos usualmente utilizados para desqualificar o gênero feminino são colocados em circulação:

Pesquisadora: Você participou da luta pela conquista do assentamento? Como foi sua participação?

Olga Benário: Participei. A gente é ... até, às vezes, mal interpretada por isso, por alguns, chamam de "vagabundo, vão trabalhar vagabundo", mas não sabem que às vezes a gente está nas praças e ruas lutando por liberdade e direito não só nosso, mas de toda população, não é?

Apesar das nomeações, olhares sociais e repressões, as militantes afirmam não recuar na luta e a vivência de humilhação vai sendo ressignificada. Ansart (2005) assinala que a humilhação é superada quando os humilhados reagem, enfrentando-a e recusando-a. Não significa dizer, como assinalam Domingos e Rosa (2014, p. 120), "que os militantes do MST deixem de sofrer ou ter seus corpos marcados pela humilhação, mas que esta vivência pode ser ressignificada e elaborada no coletivo". Desse modo, as vias construídas pela militância para enfrentar e dar outro sentido à luta são apresentadas por Dorothy do seguinte modo:

Pesquisadora: Você participou ou participa de encontro ou curso de formação política? O que te chama atenção nesses eventos?

Dorothy: Tem sim uma coisa chamada mística, e que quando a gente está nesses espaços de formação isso me chama muita atenção, tem os momentos de... Culturais, tem momentos de formação política e ideológica. Aí quando está toda a militância, tem uma energia muita positiva que a gente vê. Só quem participa sabe e sentiu o que eu estou colocando agora. A gente volta dos eventos do movimento cheio de força de vontade para continuar a luta.

Prado e Lara (2003) apresentam a mística como uma prática social junto ao MST, onde se apresenta com elementos que colaboram para o processo de estruturação de uma identidade política entre os participantes e lideranças do movimento. Para os autores, "é na mística que os militantes encontram essa capacidade de ressignificar seus ideais e buscar forças para enfrentar todos os possíveis desafios que possam aparecer nessa empreitada de luta pelos direitos que assegurem uma maior efetividade do movimento" (Prado & Lara 2003, p.14). Desse modo, a linguagem produzida em torno das místicas, seus signos compartilhados em torno de temas que versam, em geral, sobre a luta e conquista da terra mediante ações coletivas, permitem uma reapropriação do sentido da militância, revalorizando essa prática a despeito das humilhações sofridas nos espaços de embate político.

O convite, a chegada e a conquista da militância política

O processo de inserção no MST se dá, segundo as militantes entrevistadas, por meio de alguns motivos: os convites, a necessidade de acesso à terra e a entrada da família no MST:

Eu, quando vim para o Movimento Sem Terra, eu vim a convite de uma pessoa que me chamou para eu fazer um trabalho mesmo assim... Só para eu conhecer o Movimento e desde lá, a cada dia que passa eu aprendo, eu ensino, eu conquisto, eu busco e mesmo quando eu não consigo a conquista do que eu esperava eu vou sempre estar de pé, cabeça erguida e pronta para recomeçar no mesmo instante, no mesmo dia, na mesma hora. O conselho que eu dou é que se desafie e venha. (Maria Aparecida)

A relação estabelecida entre faltas e contribuição com o coletivo foi emergindo ao longo das entrevistas. Algo se apresenta para essas mulheres como elemento disparador. Este vai sendo relacionado à ausência de acesso à terra, aos direitos sociais e ao encontro com o MST:

(...) Onde nós nos encontramos... Em 1997, quando o Movimento Sem Terra começou a se desenvolver no estado. Assim, começou a se expandir mais e eu encontrei uma ocupação, várias ocupações, comecei a participar de forma... como é que eu diria? Eu não era militante. Comecei admirar o movimento e comecei a participar involuntariamente das lutas e daí, depois não teve mais como recuar porque o movimento me encontrou e eu encontrei o movimento. (Maria Aparecida)

Vinadé e Guareschi (2007) refletem que a militância surge na vida das pessoas como uma via possível de exercer-se como sujeito. Pessoas com histórias de militância mostram que não encontram espaço no mundo para serem quem são, buscando assim no movimento social e na militância política um território onde isso seja possível.

O encontro com o MST produziu nestas mulheres não apenas vias ao exercício da participação política, como também a possibilidade de se exercer como sujeitos de direto. A primeira via diz respeito à conquista do assentamento. Das seis mulheres, apenas duas não participaram da ocupação, uma vez que esta foi realizada pelos seus familiares (pais e irmão). As outras quatro militantes recordam ao longo da entrevista como se deu seu processo de luta pela terra:

Pesquisadora: Você participou da luta pela conquista do assentamento? Como foi sua participação?

Desde o início. Desde o corte do arame... Eu cortei o arame. Eu entrei na fazenda, fizemos as primeiras barracas... Na verdade o meu assentamento foi um assentamento bem pacífico. (Maria Auxiliadora)

O corte da cerca ou arame produziu não apenas o acesso à terra, produziu um rompimento simbólico nessas mulheres frente ao MST e seus companheiros de luta. Sobre isso, Leite e Dimenstein (2011) afirmam que o enfrentamento com forças opostas traz neste ato um corte subjetivo. O arame arranha as subjetividades, já que (des)subjetiva e (re)subjetiva os corpos, ofertando assim novos sentidos ao campo social e político.

Aqui as mulheres assumem a cena do corte, o que anteriormente era realizado só pelos homens, o que nos faz pensar em uma possível desconstrução nos papéis de gênero. Estas militantes romperam com os lugares destinados às mulheres: a casa, os filhos e a agricultura familiar. Identificamos aqui mudança de concepção sobre a reprodução do gênero ancorada historicamente no modelo patriarcal. O próprio MST compartilha de uma visão do feminismo pautada na ideia de que o capitalismo patriarcal é responsável pela submissão feminina (Costa & Schwade, 2012).

As mulheres na frente de luta passam a ocupar também uma posição de risco, assim como os homens: "o risco que corre o pau corre o machado" (Dorothy). Furlin (2013) destaca que, na trajetória da organização e consolidação do MST, as mulheres desempenham um papel fundamental. Elas aparecem lutando de forma igualitária nas mobilizações, sofrendo junto com os homens as agressões da polícia. Nesta via, as militantes relatam outras formas de opressão interna e externa ao movimento:

Pesquisadora: Você percebe alguma dificuldade em relação ao gênero?

Maria Haydée: Acho que na sociedade, né? Patriarcal, machista. Acho que a mulher sempre é oprimida assim. E às vezes eu me sinto assim de fato, nos espaços... de colocar e sempre ter um homem que vai lá e tenta ser superior. No movimento do MST a gente sempre faz essa avaliação. Quem está assim à frente das atividades práticas, do fazer, são as mulheres, mas quando é nos espaços assim mais político de tomar decisão, assim, tipo, são os homens. Tipo... a gente decide e vocês fazem.

De acordo com as falas acima, a submissão e opressão correm em dois planos, no campo social mais amplo e no próprio MST. As mulheres ainda são convocadas a executar ações planejadas pelos homens do movimento, principalmente no que se refere a ações políticas. Nesse sentido, a formação política se apresenta aqui como via de enfretamento e resistência à opressão interna e externa ao movimento.

Evidenciamos a partir dos discursos acima contradições e avanços quanto à presença e participação das mulheres militantes no MST. Embora num plano discursivo oficial, o MST destaque a busca pela igualdade de participação entre homens e mulheres, no cotidiano das ações, lógicas tradicionais que representam a dominação masculina e que visam a subalternidade das mulheres permeiam os espaços de luta. São conteúdos de um tempo longo, ou seja, referentes a "uma longa história da circulação de repertórios linguísticos" (Spink, 2010, p. 33) que entram em cena e se confrontam com os novos repertórios veiculados no processo de formação. Assim, a construção dessa participação política das militantes não está dada, mas é negociada, posta em um campo de tensões e de lutas constantes nos diversos espaços de representatividade, como os setores do MST, as associações e sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais etc.:

Dentro das associações que eu estou falando, nas associações dos assentamentos, então é uma coisa que fica fragilizada, não é mais a reunião da família, é a reunião da associação onde vai os homens e as mulheres ficam em casa assistindo televisão, essas coisas. Então é... Para mim no início foi muito difícil se colocar enquanto mulher, quando a gente vem para a organização já tinha toda uma militância que vinha construindo, e aí a gente tem que a passos lentos conquistando o espaço. (Dorothy)

Identificamos, assim, duas posições frente à participação política das mulheres vinculadas ao MST: a primeira referente à participação ativa das militantes e a segunda referente à ausência de participação das mulheres acampadas e assentadas. Para Furlin (2013), após a conquista da terra, em especial nos assentamentos, a participação das mulheres nos espaços públicos e nas instâncias de decisão tende a diminuir, devido à necessidade de cuidar da casa e dos filhos, evidenciando permanências em torno de um papel social construído para as mulheres que reitera os cuidados domésticos como próprio de um suposto universo feminino.

Os efeitos da militância política na vida das mulheres

Foi possível identificar os efeitos da militância política na vida das mulheres, especialmente pelo esforço das participantes em conciliar a luta no movimento juntamente com as funções de mulher, mãe e trabalhadora. Baltazar (2004) destaca que é comum as famílias reclamarem da ausência em casa, de pais, filhos, maridos e mulheres. Para o autor, a militância pode ser sentida, pela família ou amigos, como um outro que impede ou rouba essas militantes do convívio familiar. Diante disso, evidenciam-se também (des)encontros nas relações amorosas. As participantes destacam que é possível ser uma "militante mãe", já que seus filhos podem e são acolhidos nos espaços de formação política. O mesmo não ocorre com as relações amorosas com maridos, companheiros e ou familiares:

As dificuldades que a gente tem são principalmente no campo amoroso. É uma dificuldade assim porque raramente o parceiro vai entender essa situação de você estar itinerante em movimento, então você está em um lugar hoje, amanhã você está em outro, tem os nossos compromissos, nossas agendas de luta que a gente tem que participar e, nesse sentido, fica complicado, para um relacionamento, né? (Rosa Luxemburgo)

Apesar das dificuldades vividas identificamos também reconhecimento e valorização da atuação militante. Vinadé e Guareschi (2007) trazem que a valorização se apresenta como importante fator para os militantes. Trata-se do reconhecimento de seu valor, de suas potencialidades, que pareciam não ter espaço e visibilidade fora do coletivo organizado. A inserção no movimento agrega aprendizagens, possibilitando contato com situações que, em outra condição, não teriam acesso. Assim, militância é compreendida como um espaço de aquisições e crescimento pessoal e profissional:

Pesquisadora: Que recomendação você faz para uma mulher que deseja entrar na militância política no MST?

Dorothy: Então... Ela tem que vir com a vontade de preencher os espaços que ela não consegue preencher aí na sociedade, né? Fora. Então ela tem que vir com muita vontade... Muita vontade de conhecimento. Antes quando a gente vinha, a gente vinha para o movimento simplesmente para ocupar terra, hoje não. Hoje quando você vem aí já pergunta o grau de escolaridade que você tem. Por que o movimento já pensa em qualificar a militância. Então quem vem para movimento já vem para ser qualificado. Só não é qualificado quem não quer.

Desse modo, a militância política parece cumprir um conjunto de funções na vida das mulheres que, tanto indica a composição de uma identidade coletiva ancorada nos princípios organizativos do MST, mas também possibilita alterações nas normas socialmente construídas para as mulheres, especialmente em alguns contextos rurais: o cuidado da casa, da família e da invisibilidade de suas atividades produtivas. No entanto, essas alterações não se dão em definitivo, mas vão sendo negociadas, construídas a cada vez e fortalecidas com as conquistas alcançadas tanto em termos da organização coletiva quanto da recomposição dos lugares de gênero.

 

Considerações Finais

Neste estudo investigamos a produção de sentidos sobre a militância política junto a mulheres militantes vinculadas ao MST/RN. Fazendo um resgate dos sentidos produzidos, destacamos: contribuição, esperança, reconhecimento, transformação, conscientização e luta. Tais sentidos evidenciam um jogo discursivo de positivação da vida, das conquistas de um processo de formação política, de um novo lugar enquanto mulher. Os sentidos da militância vêm justificados pelo investimento coletivo de luta, não só pelo acesso à terra, mas por conquista de direitos sociais. Tais repertórios deflagram a produção de uma militante sempre pronta para luta de acordo com os princípios do MST.

Apesar das nomeações, olhares sociais e repressões, as militantes não recuam da luta. Investem na militância e na desconstrução de algumas normas de gênero. O MST se interpõe como um agenciamento discursivo que contribui para produzir nessas mulheres vias ao exercício da participação política. Novos sentidos emergem a partir dessa tensão: a luta por direitos sociais e coletivos, o processo de formação política como elemento de sustentação e construção de identidade militante.

Os efeitos da militância na vida das participantes do estudo assinalam permanências e rupturas em relação ao papel feminino no âmbito familiar, seja na reprodução de um lugar socialmente designado às mulheres de cuidado da casa e da família, seja no questionamento desse lugar ao vivenciar conquistas nas decisões familiares e de fomento da participação política, ao se inserirem em instâncias de representação institucional (associações, movimentos sociais, sindicatos rurais etc.).

Por fim, sinalizamos questões que ficam para novos estudos, como a relação entre militância e dimensão geracional, haja vista termos identificado como o processo de militância política, sob a perspectiva das mulheres entrevistadas, necessita de novos quadros, de militantes mais jovens que possam dar continuidade às conquistas alcançadas por meio da luta de suas antecessoras possibilitando, dessa maneira, que um investimento tão marcante como a militância política possa promover sentidos vinculados à transformação social.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Antonimária Bandeira de Freitas Oliveira
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Recebido em: 05/01/2016
Revisado em: 04/04/2016
Aceito em: 25/04/2016

 

 

1 De acordo com o INCRA (2012), O Estado do Rio Grande do Norte é dividido em nove sub-regiões geográficas: Mato Grande, Alto Oeste, Potengi, Seridó, Sertão de Apodi, Sertão Central, Terra dos Potiguares, Traírí e Agreste. Para o referido estudo escolhemos apenas as regiões onde residem as militantes da coordenação estadual do MST.
2 Os nomes das mulheres militantes foram modificados para preservar suas identidades. A pesquisadora perguntava: qual o nome de uma militante política que você escolhe para sua identificação na pesquisa? Ao final da entrevista, as mulheres escolheram suas nomeações.

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