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Print version ISSN 2359-0769On-line version ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.17 no.2 Fortaleza May/Aug. 2017

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v17i2.5789 

ESTUDO TEÓRICO

 

Circulação de artigos brasileiros sobre Carl Rogers: ascensão, renascimento ou declínio?

 

Circulation of brazilian articles about Carl Rogers: rise, rebirth or decline?

 

Circulación de artículos brasileños sobre Carl Rogers: ¿ascenso, renacimiento o declive?

 

Des circulations d'articles brésiliens sur Carl Rogers: ascension, renaissance ou déclin?

 

 

Paulo Coelho Castelo Branco (Lattes)I; Sérgio Dias Cirino (Lattes)II

IProfessor Ajunto I do Curso de Psicologia da Universidade Federal da Bahia. Doutor em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenador do Núcleo de Estudos em Psicologia Humanista
IIProfessor Associado do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em Psicologia pela Universidade Federal de São Paulo. Editor Coordenador do GT de História da Psicologia da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Objetiva-se analisar as produções sobre a abordagem centrada na pessoa (ACP) a partir de sua circulação em periódicos brasileiros no período de 2002 até 2014. Foi realizada uma revisão sistemática nas bases de dados eletrônicas do SciELO e do PePSIC, utilizando diversos descritores referentes à abordagem. Foram encontrados 58 artigos. Os resultados apontam: constância de produções no período de 2005 a 2014; concentração de publicações em dois periódicos de orientação humanista; predominância de autores e universidades cearenses; produções desenvolvidas principalmente na região Nordeste; hegemonia de produções teóricas em sobreposição aos estudos empíricos; destaque para discussões clínicas e históricas; e apropriação da Fenomenologia filosófica e empírica para desenvolver a ACP. A continuidade do movimento de ascensão/renascimento da ACP no Brasil é questionada. Em conclusão, este estudo oferece uma compreensão de certos aspectos da ACP brasileira e aponta outras possibilidades de pesquisa sobre a sua circulação.

Palavras-chave: Carl Rogers; psicologia humanista; revisão de literatura; terapia centrada no cliente.


ABSTRACT

The objective is to analyze the productions about the person centered approach (PCA) from its circulation in Brazilian journals from 2002 to 2014. A systematic review was performed on the electronic databases of SciELO and PePSIC, using several descriptors referring to the approach. 58 items found. The results show: constancy of productions in the period from 2005 to 2014; concentration of publications in two humanistic journals, predominance of authors and universities from Ceará; mainly in the Northeast region hegemony of theoretical productions in overlapping empirical studies; emphasis on clinical and historical discussions; and the appropriation of the philosophical and empirical Phenomenology to develop the ACP. The continuity of the ACP's rise / rebirth movement in Brazil is questioned. In conclusion, this study offers an understanding of certain aspects of the Brazilian PCA and points out other possibilities of research on its circulation.

Keywords: Carl Rogers; humanistic psychology; literature review; customer-centric therapy.


RESUMEN

Se objetiva analizar las producciones sobre el enfoque centrado en la persona (ECP) a partir de su circulación en periódicos brasileños en el período de 2002 hasta 2014. Se realizo una revisión sistemática en las bases de datos electrónicos del SciELO y del PePSIC, utilizando varios descriptores referentes al enfoque. Fueron encontrados 58 artículos. Los resultados indican: constancia de producciones en el periodo de 2005 hasta 2014; concentración de publicaciones en dos periódicos de orientación humanista; predominio de autores y universidades cearenses; producciones desarrolladas principalmente en la región Nordeste; hegemonía de producciones teóricas en superposición a los estudios empíricos; énfasis para discusiones clínicas e históricas; y apropiación de la Fenomenología filosófica y empírica para desarrollar el ECP. La continuidad del movimiento de ascenso/renacimiento del ECP en Brasil es cuestionada. En conclusión, este trabajo ofrece una comprensión de ciertos aspectos del ACP brasileño e indica otras posibilidades de investigación sobre su circulación.

Palabras clave: Carl Rogers; psicología humanista; revisión de literatura; terapia centrada en el cliente.


RÉSUMÉ

Cet article vise à analyser les productions sur l'approche centrée sur la personne à partir de sa circulation dans les journaux scientifiques brésiliens dans la période de 2002 jusqu'à 2014. Une revue systématique a eu lieu dans les bases de données électroniques du PePSIC et du SciELO, à l'aide de divers descripteurs en rapport à l'approche. 58 articles ont été trouvés. Les résultats montrent: constance de production dans la période de 2005 jusqu'à 2014; concentration de publications dans deux journaux d'orientation humaniste; prédominance des auteurs et des universités de l'état du Ceará; productions développées surtout dans la région Nord-est du Brésil; hégémonie des productions théoriques par rapports aux études empiriques; accent sur les discussions cliniques et historiques et appropriation de la Phénoménologie philosophique et empirique pour développer l'ACP. La continuité du mouvement de hausse/renaissance de l'ACP au Brésil est remise en question. En conclusion, cette étude fournit une compréhension de certains aspects de l'ACP brésilienne et point vers d'autres possibilités de recherche sur sa circulation.

Mots-clés: Carl Rogers; psychologie humaniste; révision de la littérature; thérapie centrée sur le client.


 

 

Este estudo objetiva analisar a circulação da Psicologia Humanista de Carl Rogers no Brasil a partir de uma perspectiva que investiga o status corrente dos artigos publicados sobre Rogers em periódicos nacionais, de 2002 até 2014. Ressaltamos que utilizamos o termo Psicologia Humanista de Rogers como um conjunto de teorias e práticas influenciadas pelo pensamento desse autor, nos âmbitos do Aconselhamento Psicológico, da Terapia Centrada no Cliente, da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), do Plantão Psicológico etc. O termo circulação, por sua vez, implica um movimento ordenado, ou possível de ordenação, de um conjunto de conhecimentos psicológicos, os quais se estabelecem em um dado espaço-tempo, contando com certos agentes, eventos e operações sociais, os quais possibilitam sua propagação (Grynzspan, 2012). Assim, pressupomos que a cultura acadêmica de pesquisa e publicação de artigos em periódicos possibilita um indício de como uma psicologia circula em um país que a recebeu, estabelecendo uma conjuntura local distinta de sua matriz e que, por vezes, pode dialogar com ela (Brock, 2014; Pickren, 2012). Argumentamos que a noção de circulação pode ser aplicada como lente suplementar ao método de revisão sistemática para analisar a produção de artigos que versam sobre a Psicologia Humanista de Rogers em periódicos brasileiros. O entendimento dessa circulação possibilita, pois, uma caracterização do tipo de Psicologia Humanista de base rogeriana, que é corrente no país. Ressaltamos que outros estudos se aproximaram de nossa proposta analítica.

Em um plano nacional, indicamos o estudo de Tassinari e Portela (2002), que apontaram quatro fases históricas da ACP no Brasil, a saber: pré-história (1945-1976), fertilização (1977-1986), declínio (1987-1989) e ascensão/renascimento (1990 em diante). Em suma, a pré-história é marcada pelo isolamento de alguns psicólogos que trabalhavam com o referencial de Rogers no Brasil; a fertilização é assinalada pela visita de Rogers e dos seus colaboradores ao Brasil, em 1977, 1978 e 1985, o que fomentou a assunção de diversos núcleos de formação, eventos (fóruns) e escritos; o declínio é caracterizado pelo luto das mortes de Rogers e Rachel Léa Rosenberg, sua colaboradora no Brasil, e pela baixa produção de artigos, livros e teses sobre a ACP; e a ascensão/renascimento é o período em que surgem vários profissionais e pesquisadores brasileiros, frutos da fase de fertilização, que promovem centros de formação, eventos e publicações.

Em uma perspectiva internacional de estudos da produção de artigos sob o referencial rogeriano, em 2005, o historiador da vida e obra de Rogers, Howard Kirschenbaum, publicou, em parceria com April Jordan, o artigo The current status of Carl Rogers and the person centered-approach. Neste escrito, os autores buscaram identificar o que eles designaram como o status corrente da ACP no mundo. Kirschenbaum e Jordan (2005) constataram que, desde a morte de Rogers, em 1987, o número de publicações sobre a ACP aumentou substancialmente, junto com o surgimento de vários centros de formação em diversos países1. Os autores identificaram a existência de 456 artigos sobre a ACP, publicados de 1946 a 1986, e também 462 textos, publicados de 1987 a 2004, evidenciando uma prevalência de artigos empíricos que discutem os resultados da terapia e dos fatores comuns que a promovem e sustentam a sua relação. Apesar do estudo de Kirschenbaum e Jordan (2005)ser ilustrativo e nos inspirar, ele não versou sobre a realidade de produções brasileiras concernentes à ACP, somente as dos EUA e as da Europa - o que nos instigou a realizar tal feito.

Apropriamo-nos das propostas de Tassinari e Portela (2002) e Kirschenbaum e Jordan (2005), segundo a nossa inspiração, para entender os processos de circulação da Psicologia Humanista de Rogers no Brasil. Consideramos que o momento de ascensão/renascimento da ACP no Brasil, descrito por Tassinari e Portela (2002) como sendo o período de 1990 em diante, necessitava de atualizações, dado que as autoras fizeram essa ponderação em 2002. Assim, propomo-nos a apurar essa reflexão durante a investigação dos artigos publicados nos últimos anos. No esteio dessa fonte de inspiração, optamos por limitar o nosso estudo a artigos publicados em periódicos nacionais, pois ponderarmos que, no Brasil, uma parte significativa da produção científica está relacionada às universidades. A maioria dessas instituições (organizações sociais) subsidiam a formação de psicólogos e mantêm diversos periódicos, os quais possibilitam que suas produções circulem e propaguem um conhecimento (Pacheco, 2005).

Ajuizamos a ideia de que as publicações em periódicos oferecem um suporte à Ciência na circunstância de circulação de uma psicologia em um país. Diferentemente dos livros, os artigos publicados em periódicos científicos, atualmente virtualizados e disponíveis na internet, oferecem uma divulgação de conhecimento mais ampla, direta e sem custos para a comunidade brasileira, daí a opção de nos restringir ao exame de artigos sobre a Psicologia Humanista de Rogers em periódicos brasileiros para, posteriormente, fazermos inferências sobre a sua circulação.

 

Método

A revisão sistemática aqui proposta abordou duas bases de dados, ou bibliotecas virtuais, a saber: o Scientific Electronic Library Online (SciELO) e o Portal de Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC). O SciELO é o banco de dados virtuais de periódicos científicos mais popular do Brasil, em razão de sua política de indexação de vários periódicos, oriundos de áreas diversas, e de acesso aberto (gratuito) no país e em outros 12 países ibero-americanos, mais Portugal e a África do Sul. Criado em 1998 e atualmente contando mais de 1 milhão de acessos por dia, o SciELO é considerado pela United Nations, Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) como o maior provedor de periódicos indexados e de acesso aberto do mundo (Packer, Cop, Luccisano, Ramalho & Spinak, 2014). O PePSIC é uma fonte da Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (BVS-Psi ULAPSI), lançada em 2005, que utiliza o mesmo formato e método de organização de dados do SciELO. A despeito de possuir uma política de acesso aberto, diferentemente do SciELO, o PePSIC se concentra somente na divulgação dos periódicos de Psicologia no Brasil. Atualmente, além do Brasil, tem distribuição em 10 países. Assim, avaliamos o SciELO e o PePSIC como sendo as bibliotecas virtuais que melhor serviriam como fontes de dados para a nossa pesquisa, pois ambas têm representatividade na circulação de artigos científicos na Psicologia brasileira.

Fizemos um levantamento de termos, também conhecidos como descritores ou palavras-chave, relacionados à Psicologia Humanista de Rogers, no índice de assuntos do SciELO. Constatamos a existência dos seguintes termos (total de 9): Carl Rogers, Terapia Centrada no Cliente, Abordagem Centrada na Pessoa, Terapia Não-Diretiva, Psicoterapia Humanista, Psicoterapia Humanista-Fenomenológica, Psicologia Humanista, Psicologia Humanística e Plantão Psicológico. Repetimos o mesmo procedimento no PePSIC e obtivemos os seguintes termos (total de 19): Carl Rogers, Carl Rogers's Theory, Teoria Rogeriana, Abordagem Centrada na Pessoa, Terapia Centrada no Cliente, Terapia Centrada en el Cliente, Terapia Centrada na Pessoa, Terapia Centrada em la Persona, Psicoterapias Humanistas, Psicologia Humanista, Psicologia Humanista Existencial, Psicologia Humanística, Psicoterapia Existencial, Psicoterapia Existencialista, Psicoterapia Fenomenológico-Existencial, Plantão psicológico, Planton, Planton Psicológico e Aconselhamento Psicológico.

Todos os artigos resultantes da aplicação desses termos no sistema de dados foram compilados em tabelas. Segundo os princípios de Costa e Zoltowski (2014), o critério que utilizamos para a seleção e tabulação dos artigos foi: aqueles que possuíssem em seu título, resumo e palavras-chave qualquer assunto (teórico, empírico ou relato de experiência) que remetesse à Psicologia Humanista de Rogers. Em caso de dúvidas, procedemos à leitura integral do texto para confirmação. No caso de repetição de um artigo em relação ao seu termo, salientamos que ele foi catalogado somente uma vez, descartando-se os demais repetidos. Observamos que nenhum artigo publicado no SciELO se repetiu no PePSIC e vice-versa.

Os artigos foram categorizados e divididos em relação ao título, nome do(s) autor(es), filiação institucional, periódico em que foi publicado, ano de publicação e tema do trabalho. O recorte temporal apreendido considerou o período de 2002 até 2014. Ressalta-se que os artigos publicados em 2015 foram descartados por ser este o ano corrente na época da coleta, havendo muitos periódicos que não haviam publicado ainda todos os seus volumes. A despeito disso, consideramos que o período foi significativo para obter uma amostra bibliográfica representativa do entendimento da Psicologia Humanista de Rogers que circula no Brasil. Expressamos o fluxograma que permitiu o levantamento final dos artigos analisados no próximo tópico.

 

Figura 1

 

Resultados e discussão

Após a organização dos dados, segundo o critério mencionado, procedemos a uma leitura geral deles de modo a identificar o status corrente da circulação de ideias sobre Rogers no Brasil. O número total de trabalhos analisados, de 2002 a 2014, foi 58. Os dados quantificados indicaram maior circulação de artigos no PePSIC (n = 43; 74,2%) - talvez pelo fato desse banco de dados ser exclusivo da Psicologia. Ao passo que computamos somente 15 opúsculos no SciELO, que concentrou 25,8% da produção. Do montante geral, distribuímos o número de publicações sobre a Psicologia Humanista de Rogers no período pesquisado, conforme a Tabela 1.

 

 

Percebemos que o ano de 2012 reúne o maior número de publicações (n = 15; 25,8%), sendo ele o mais produtivo no período analisado. O biênio 2003-2004, por sua vez, foi nulo em publicação de artigos nas bases consultadas. Após esse período, não houve nenhum ano improdutivo, havendo constantes publicações sobre a Psicologia Humanista de Rogers. Em relação ao número de artigos publicados em 2014 (n = 13), inferimos que um motivo para isso decorre da recepção do XII Fórum Internacional da Abordagem Centrada na Pessoa no estado do Ceará, de 26 de maio a 1° de junho de 2013 (Moreira, 2013). Esse fórum contou com representantes da ACP de treze países e possibilitou discussões e trocas de experiência que geraram diversos trabalhos, sendo alguns desses publicados no ano de 2014, em uma edição especial da Revista da Abordagem Gestáltica - Phenomenological Studies, dedicada a publicar quinze trabalhos derivados daquele evento (Holanda, 2014). Ainda no âmbito da inferência, possivelmente, o pico de publicações de 2012 talvez seja um indício da organização de trabalhos e discussões que se assentavam antes da eclosão do evento mencionado. Com efeito, a organização de um evento pode provocar a circulação de uma psicologia em uma região.

Outra constatação, a partir dos dados analisados, refere-se ao desempenho dos periódicos brasileiros na publicação de artigos sobre a Psicologia Humanista de Rogers nos anos de 2002 a 2014, conforme apontamos na Tabela 2. Consideramos como demais periódicos aqueles que possuem somente 1 publicação.

A Revista da Abordagem Gestáltica - Phenomenological Studies, com o total de 16 artigos publicados, seguida pela Revista do NUFEN - Phenomenology and Interdisciplinarity, com o total de 15 artigos, concentram mais da metade das produções e circulações sobre a Psicologia Humanista de Rogers no período analisado (n = 31; 53,3%). Esse fato possivelmente ocorre em razão de os dois periódicos possuírem uma orientação editorial focada na publicação de artigos de orientação humanística, fenomenológica e existencial no campo da Psicologia.

Ressaltamos que, de um ponto de vista produtivista, as tabelas 1 e 2 demonstram escassez de artigos sobre Rogers nos anos investigados e exprimem uma concentração de circulação em dois periódicos. Com base nisso, inferimos que: primeiro, há uma dificuldade ou resistência de muitos autores (rogerianos) em aderirem à lógica de publicação em periódicos acadêmicos; e, segundo, existe uma predileção por publicar em periódicos especificamente humanistas, havendo pouca circulação em periódicos de orientação editorial geral, que possibilitariam visibilidade ao público de outras abordagens psicológicas. Avançamos no entendimento de como os artigos levantados desvelam a circulação nacional de conhecimentos sobre a ACP.

No que concerne ao desempenho individual de autores (n = 105) que publicaram nos periódicos analisados, estabelecemos um ranque dos cinco psicólogos com maior índice de produção no período compreendido. Virgínia Moreira, docente da Universidade de Fortaleza, foi a mais expressiva (n = 9; 8,6%), seguida por Vera Engler Cury (n = 5; 4,8%), Márcia Alves Tassinari (n = 4; 3,8%), José Célio Freire (n = 4; 3,8%) e Emanuel Meireles Vieira (n = 4; 3,8%). Os demais autores minutados (n = 79; 75,2%) produziram de 1 a 3 artigos.

É importante ressaltar que Moreira foi citada em outros estudos (Gomes, Holanda, & Gauer, 2004; Tassinari e Portela 2002), como figura de liderança na circulação de artigos sobre a ACP no Brasil, com base em levantamentos bibliográficos anteriores que não foram especificados pelos seus autores. Esse destaque permanece até o ano de 2014. Moreira ainda é apontada, em estudo bibliométrico, como pesquisadora de destaque na produção de artigos que fazem uso do método fenomenológico empírico (DeCastro & Gomes, 2011) - frisamos, no entanto, que esse estudo não necessariamente tem relação com a ACP e com a nossa proposta de revisão sistemática. Uma curiosidade se mostra no ranque de autores que mais publicaram no período compreendido: três deles são do Ceará, a saber: Virginia Moreira, Emanuel Meireles Vieira e José Célio Freire. Considerando o total de 58 artigos analisados no SciELO e no PePSIC, eles têm juntos 24,3% da produção no período de 2002 a 2014.

Outra análise realizada foi o levantamento de universidades e centros de formação a que se filiam os 105 autores dos 58 artigos tabulados. Assim, foi feita uma investigação sobre a filiação institucional de cada autor e coautor dos artigos levantados, sendo esses dados apresentados na Tabela 3.

 

 

Como resultado, percebemos que a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade de Fortaleza (Unifor) concentram a maior produtividade nacional de artigos sobre a Psicologia Humanista de Rogers. Ambas totalizam 37 artigos, ou seja, 35,2% da produção nacional. Optamos pelo registro em tabela de todas as instituições que publicaram 2 ou mais artigos sobre a ACP, aglomerando sobre a designação de demais instituições as que publicaram somente 1 manuscrito. Do montante, que inclui 105 filiações institucionais, registramos 5 filiações estrangeiras, de autores advindos de Portugal (n = 3), da Espanha (n = 1) e da Rússia (n = 1). Em um exame mais detalhado, observamos que eles produziram ao todo 5 artigos, os quais são basicamente todos os textos de procedência estrangeira publicados no Brasil no período estudado, contabilizando 8,6% do total de publicações.

Posteriormente, descartamos as mencionadas filiações estrangeiras e distribuímos as 100 demais filiações dos autores brasileiros que publicaram sobre a Psicologia Humanista de Rogers com o intento de verificar sua circulação em todas as regiões do Brasil. A frequência de publicações por filiação nacional às regiões do Brasil são: Nordeste (n = 41); Sudeste (n = 38); Sul (n =13); Norte (n = 7); e Centro-Oeste (n = 1). O Nordeste apresenta a maior concentração de autores que publicaram sobre a ACP (41%). Este dado se coaduna com os resultados apresentados anteriormente, que denotam uma predominância de autores e instituições cearenses no cenário nacional de circulação de artigos sobre a Psicologia Humanista de Rogers. O sudeste também manifesta uma produção e circulação expressiva no cenário nacional, apresentando a maior heterogeneidade institucional em relação aos autores catalogados.

Notamos, destarte, com base nos dados analisados, que a circulação da ACP no Brasil tem concentração representativa em Fortaleza-Ceará, cidade historicamente marcada por sediar diversos cursos de formação humanista; receber colaboradores de Rogers, como John Wood e Maureen O'Hara; e contar com diversos docentes humanistas em suas universidades, filiados a programas de graduação ou de pós-graduação. Existe, portanto, um contexto favorável à formação e à circulação de ideias humanistas, o que explica a expressividade dos cearenses no cenário nacional da ACP (Cavalcante & Sousa, 2007; Moreira, 2013; Tassinari, 2010).

No que concerne ao caráter, ou tipo, dos 58 artigos que circularam de 2002 a 2014 no Brasil, esboçamos algumas inferências sobre o status corrente da ACP brasileira. Primeiro, apontamos o fato de que há notória hegemonia de artigos teóricos (n = 47; 81,1%) em relação aos artigos de vertente empírica (n = 10; 17,2%). O número de relatos de experiência (n = 1; 1,7%) não se faz representativo no panorama nacional. Esses dados se distinguem dos resultados apontados por Kirschenbaum e Jordan (2005) em relação à predominância de artigos empíricos sobre a Psicologia Humanista de Rogers em periódicos estrangeiros. Ressaltamos que, dos 10 artigos empíricos analisados, 6 são estudos fenomenológicos empíricos, 2 são estudos de caso etnometodológicos, 1 procede de uma análise documental sobre arquivos e 1 é um estudo qualitativo não especificado.

Ponderamos, por um lado, que a falta de empiria pode apontar um problema relacionado à constituição de uma perspectiva científica mais robusta ao movimento nacional da ACP, e, por outro lado, o excesso de produções teóricas indica a circulação desse movimento como reflexivo aos aportes de Rogers. O equilíbrio entre teoria e pesquisa, segundo ajuizamos, é profícuo ao desenvolvimento desse movimento. A escassez de relatos de experiência nas publicações analisadas é um dado curioso em razão da possiblidade de construção de conhecimento com o amparo da experiência, a que Rogers (1961/2009a; 1977a) frequentemente recorreu para ponderar vários aspectos de sua teoria e prática.

Aprofundamos, em seguida, as temáticas relacionadas aos 58 artigos em circulação de 2002 até 2014, distribuídas a seguir na Tabela 4. Ressaltamos que agrupamos diversos artigos com temáticas teóricas de discussões conceituais e históricas sobre a Psicologia de Rogers, pois entendemos que muitos periódicos brasileiros possuem a categoria de submissão de artigos teóricos e históricos, motivo pelo qual criarmos esse grupo temático ao tabular os artigos.

 

 

Existe, pois, uma maior quantidade de artigos que versam sobre discussões no âmbito da clínica (n = 22; 37,9%), independente de serem teóricos ou empíricos. Esse dado condiz com a tradição de pesquisas e produção de conhecimento sobre a Psicologia Humanista de Rogers, considerando que essa abordagem possui em seu escopo teórico e prático, desde a sua fundação, uma contenda clínica. As temáticas teóricas e históricas também circulam expressivamente em periódicos brasileiros (n = 20; 34,5%), não havendo diferença tão significativa em relação à circulação das discussões clínicas apontadas. Esse dado condiz com o que foi ponderado anteriormente acerca do excessos de produções teóricas sobre Rogers. O status corrente da Psicologia Humanista de Rogers no país é, em suma, caracterizado pela circulação de conhecimentos clínicos e discussões teóricas e históricas.

Nesse panorama, considerando as características levantadas sobre a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) brasileira, com esteio na circulação dos seus artigos, lembramos que, em seu movimento, há uma orientação fenomenológica que soma outra qualidade a ele (Frota, 2012). Com base nisso, destacamos 11 textos, dos 58 artigos analisados, que possuíam algum referencial fenomenológico relacionado à ACP. Nesses textos, os referenciais utilizados foram Emanuel Lévinas (n = 4; 36,3%), Maurice Merleau-Ponty (n = 2; 18,2%), Martin Heidegger (n = 1; 9,1%), Hans-Georg Gadamer (n = 1; 9,1%), Paul Ricouer (n = 1; 9,1%), Alfred Schutz (n = 1; 9,1%) e Arthur Tatossian (n = 1; 9,1%). Existe, portanto, uma variedade de (re)leituras do legado de Rogers à luz do referencial fenomenológico para aprofundar elementos da ACP. Somando-os aos 6 artigos empíricos analisados anteriormente, que utilizaram pesquisa fenomenológica empírica, são 17 artigos publicados que tratam de algo da Fenomenologia na ACP (29,3% do total coletado). Esse é o status corrente da circulação de artigos de ACP de orientação fenomenológica, nos bancos de dados SciELO e PePSIC, de 2002 até 2014.

Entendemos que, no Brasil, circula um tipo de ACP pós-rogeriana ou neorogeriana, que se interessa pelos aportes da Fenomenologia, sobretudo os de natureza filosófica, para implicá-los em discussões clínicas e teóricas (Frota, 2012; Moreira, 2010). Salientamos que Rogers somente citou e referenciou, ao longo de suas obras, cinco filósofos de orientação fenomenológica, usando-os para discutir ou apontar questões outras que não àquelas relacionadas à Fenomenologia2. A despeito disso, Rogers contatou e se apropriou indiretamente da Fenomenologia, com base na sua participação em um movimento de recepção dela na Psicologia estadunidense, nos anos de 1940-1960 (Spiegelberg, 1972). Esse movimento tinha como características um receio à Filosofia fenomenológica e o entendimento da Fenomenologia como um paradigma de pesquisa em Ciência Psicológica, sobretudo no campo de estudos sobre a personalidade (Rogers, 1947/1959; 1964). Isso explica o motivo de encontramos nas obras de Rogers textos com citações e referências a filósofos de orientação fenomenológica sem discutir assuntos relacionados à Filosofia fenomenológica; ao passo que é possível encontrar nos escritos do expoente humanista algumas menções ao termo Fenomenologia e que discutem essa perspectiva de pensamento sem recorrer a filósofos de orientação fenomenológica.

Destarte, por um lado, a ACP brasileira concretiza aquilo que Rogers foi receoso em relação à Filosofia fenomenológica, dado que viu com ressalva a imersão da Fenomenologia na Psicologia em razão do risco de a ciência psicológica se perder em questões filosóficas e uma falta de empiria (Rogers, 1964); por outro, o movimento da ACP brasileira tem como componente o desenvolvimento de pesquisas fenomenológicas empíricas, algo que Rogers não fez3, mas foi simpático e sugeriu como possibilidade para o avanço de uma Psicologia Humanista mais coerente com o campo das Ciências Humanas (Rogers, 1985a). Com efeito, o movimento da ACP pós-Rogers no Brasil se apropria mais diretamente dos aportes da Fenomenologia que se desenvolveram na Europa para (re)pensar a clínica centrada na pessoa, e assume o desenvolvimento de uma Ciência Humana usando métodos de pesquisa qualitativa, sobretudo o fenomenológico-empírico. Eis os pontos da distinção entre o que Rogers desenvolveu nos EUA e a ACP pós-Rogers desenvolvida no Brasil.

Analisados e discutidos os resultados dessa revisão sistemática, finalmente apontamos que esses dados atualizam parte da pesquisa precedida por Tassinari e Portela (2002). Intencionamos sugerir, com base no que foi exposto, que o momento de ascensão/renascimento da ACP no Brasil, atualmente, pode ser delimitado dos anos de 1990 a 2002. Ressaltamos que as mencionadas autoras empregaram outras fontes para delimitar e nomear tal momento, como o registro de núcleos, boletins, eventos acadêmicos, vivenciais e profissionais, cursos de formação, artigos publicados, dissertações, teses e livre docência, livros nacionais e depoimentos. Tassinari e Portela (2002), entretanto, não especificaram como coletaram e analisaram esses dados. O que aconteceu depois dessa pesquisa?

Através do nosso levantamento, de 2002 até 2014, percebemos que o momento de ascensão/renascimento pode ser considerado estagnado no âmbito acadêmico de produção científica de artigos em periódicos nacionais. Em outras palavras: comparando o que foi levantado da ACP brasileira com o número de publicações acadêmicas de outras abordagens psicológicas no período analisado, entendemos que o legado de Rogers circula de uma forma reduzida. Por exemplo, o uso do descritor Psicanálise nas bases SciELO e PePSIC, somente no ano de 2014, gera 198 artigos, ou seja, 140 a mais do que 13 anos de produções relacionadas à Psicologia Humanista de Rogers. Certamente, a utilização de outros critérios de circulação da ACP no Brasil possibilitariam outros dados, os quais poderiam assinalar se ela ainda se encontra em ascensão/renascimento ou mudou para outro momento. Contudo, em termos de produção e circulação de artigos, segundo a revisão sistemática empreendida, não constatamos que a ACP brasileira está em efervescência, mas que, provavelmente, ainda permanece tentando superar um declínio.

 

Considerações finais

Este estudo buscou traçar um panorama da Psicologia Humanista de Carl Rogers no Brasil, especificamente no período de 2002 a 2014. Para dar conta dessa extensa delimitação temporal, fizemos uma revisão sistemática para examinar a circulação de artigos produzidos sobre essa psicologia em dois bancos de dados virtuais (SciELO e PePSIC). Tal critério forneceu informações características do desenvolvimento da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) em periódicos científicos brasileiros. Foram obtidos 58 artigos, dos quais sintetizamos os seguintes resultados: 2012 foi ano de maior produção (25,8%); a Revista da Abordagem Gestáltica foi o periódico que mais publicou artigos (27,5%); Virginia Moreira foi a pesquisadora mais produtiva (8,6%) no período compreendido; a Universidade Federal do Ceará foi a instituição com a maior frequência de publicações (18,1%); a região Nordeste concentra o maior número de produções em ACP no Brasil (41%); há uma predominância de artigos de cunho teórico (81,1%); as temáticas clínicas são as mais frequentes (37,9%); e 29,3% dos artigos versam sobre algo da Fenomenologia na ACP.

Ressaltamos que os resultados obtidos e discutidos, devem ser entendidos com certa cautela, por terem resultado de análises parciais, porém representativas do estudo da circulação da Psicologia Humanista de Rogers no Brasil. Para maior amplitude, recomendamos estudos sobre: as traduções de obras dos colaboradores de Rogers, os livros produzidos por autores brasileiros, e as teses e dissertações defendidas no período compreendido. Historiografia local, realizada em Fortaleza, seria outra possibilidade de investigação sobre a circulação da ACP em regiões brasileiras. Esperamos que futuramente a realização de tais estudos se concretize, gerando uma ampliação compreensiva dos aspectos históricos da ACP nacional e suas singularidades em relação às manifestações locais. Embora não exaustivo, por ora, consideramos que este estudo oferece um apoio que amplia o alcance e o interesse pelo tema da ACP brasileira.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Paulo Coelho Castelo Branco
Email: pauloccbranco@gmail.com

Sérgio Dias Cirino
Email: sergiocirino99@yahoo.com

Recebido em: 03/10/2016
Revisado em: 25/05/2017
Aceito em: 12/06/2017

 

 

1 No artigo de Kirschenbaum e Jordan (2005) consta somente uma menção ao Centro de Estudos da Pessoa, em Porto Alegre, como espaço brasileiro de formação em ACP. O trabalho, todavia, não considera outros diversos centros de formação espalhados pelo Brasil.
2 Os filósofos de orientação fenomenológica citados e referenciados por Rogers, ao longo de suas obras, foram Ortega y Gasset (Rogers, 1967/1976), Paul Tillich (Rogers, 1969/1979), Simone de Beauvoir (Rogers, 1972/1977b), Merleau-Ponty (Rogers, 1983/1985b) e Heidegger (Rogers, 1983/1985b). Entretanto, somente Heidegger figura como o único filósofo que Rogers efetivamente citou e referenciou, para discutir o que é ensino, sem recorrer ao recurso de apud (como aconteceu com a menção de Merleau-Ponty, a partir do relatório de Hugh Gunnison e Peter Ladd) ou a indicação para futuras leituras sugeridas pelos seus colaboradores (como ocorreu com Ortega y Gasset, Paul Tillich e Simone de Beauvoir, mediante as recomendações de Alice Elliot). Ressaltamos que ao se referir a um diálogo com Paul Tillich, ocorrido e transcrito em 1965, Rogers observa que não estudou o pensamento desse teólogo (Rogers & Russell, 2002). Tal diálogo não contém nenhuma discussão relacionada à Fenomenologia (Rogers & Tillich, 1989/2008).
3 Rogers (1970/2009b) chegou a indicar que realizou um estudo fenomenológico empírico sobre as consequências de um Workshop, no entanto não situou a coleta e análise de dados segundo algum modelo de método fenomenológico empírico. O fato de Rogers ter aplicado e lido as respostas de um questionário estruturado não caracteriza uma empiria fenomenológica, no sentido de como esta se desenvolveu na Universidade de Duquesne. Giorgi (1997/2008) critica que Rogers, basicamente, entende como fenomenológico tudo aquilo que é experiencial e que esse emprego não significa uma verdadeira Fenomenologia ou empiria fenomenológica.

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