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versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.18 no.1 Fortaleza jan./abr. 2018

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i1.6975 

RELATOS DE PESQUISA

 

Institucionalização da graduação em psicologia

 

Institutionalization of the graduation in psychology

 

Institucionalización del grado en psicología

 

Institutionnalisation de l'obtention du diplôme en psychologie

 

 

Maria de Fatima Pereira Alberto (Lattes)I; José Rangel de Paiva Neto (Lattes)II; Sérgio Rodrigues de Santana (Lattes)III; Pablo de Sousa Seixas (Lattes)IV

IProfessora Associada IV, Doutora, vinculada ao Departamento de Psicologia e ao Programa de Pós Graduação em Psicologia Social da UFPB, Bolsista de Produtividade 2 do CNPq
IIPsicólogo pela Universidade Federal da Paraíba. Mestrando pelo programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba
IIIPsicólogo pela Universidade Federal de da Paraíba. Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de da Paraíba, Departamento de Psicologia, Programa de Pós Graduação em Psicologia Social
IVPsicólogo, Doutor, Professor do curso de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, FACISA

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar a história da institucionalização da Psicologia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), considerando o contexto em que estava situado. Para tanto, foi necessário compreender o processo de criação do curso, ou seja, seu contexto histórico-cultural, a demanda, os sujeitos sociais e os formatos teóricos e metodológicos que assume. Fez-se uso de documentos do acervo da instituição e de 13 entrevistas com professores do Departamento de Psicologia ativos e aposentados que participaram do processo de institucionalização ou dos anos iniciais do curso de graduação. Os dados revelam três influências na institucionalização: a demanda inicial e o contexto histórico, o corpo docente e suas características, e o formato teórico-metodológico. A demanda inicial e o contexto histórico destacam o processo de "modernização" da cidade de João Pessoa, a necessidade acadêmica de caráter produtivista da Psicologia enquanto ciência e um espaço mercadológico. O contexto de implantação do curso de Psicologia da UFPB se dá entre o segundo e o terceiro período da ditadura civil-militar no Brasil, momento da expansão universitária da UFPB, que permitiu aprovação do curso e contratação de diversos professores vindos de dentro e de fora do estado que, alinhados à Psicologia nacional e internacional, reproduzem o modelo hegemônico, de cunho elitista, que não fazia frente ao momento vivenciado, de restrição de direitos. Tais aspectos, segundo os atores sociais da época, têm rebatimento direto na orientação teórico-metodológica dos primeiros professores, divididos entre dois grupos: um mais alinhado a um modelo hegemônico, positivista e privativo; e outro, a um modelo mais coletivo e comunitário, com características contra-hegemônicas. O modelo de curso e formação da Psicologia na UFPB acaba centralizando a produção de conhecimento e estabelecendo o modelo formativo a ser adotado na região.

Palavras-chave: história da psicologia; institucionalização da psicologia; criação do curso.


ABSTRACT

The purpose of this article is to analyze the history of the institutionalization of Psychology at the Federal University of Paraíba (UFPB), considering the context in which it was located. To do so, it was necessary to understand the course creation process, that is, its historical-cultural context, the demand, the social subjects and the theoretical and methodological formats that it assumes. We used documents from the institution's collection and 13 interviews with active and retired Psychology Department teachers who participated in the institutionalization process or the initial years of the undergraduate course. The data reveal three influences in the institutionalization: the initial demand and the historical context, the faculty and its characteristics, and the theoretical-methodological format. The initial demand and the historical context highlight the process of "modernization" of the city of João Pessoa, the academic necessity of the productivist character of Psychology as a science and a market space. The context of implementation of the Psychology course of the UFPB takes place between the second and third periods of the civil-military dictatorship in Brazil, at the time of the university expansion of the UFPB, which allowed the approval of the course and hiring of several professors coming from inside and outside of the state that, in line with the national and international Psychology, reproduce the hegemonic model, of elitist character, that did not face the moment experienced, of restriction of rights. These aspects, according to the social actors of the time, have direct repercussions on the theoretical and methodological orientation of the first teachers, divided between two groups: one more aligned to a hegemonic, positivist and private model; and the other, to a more collective and communitarian model with counter-hegemonic characteristics. The model of course and formation of Psychology in the UFPB ends up centralizing the production of knowledge and establishing the formative model to be adopted in the region.

Keywords: history of psychology; institutionalization of psychology; creation of the course.


RESUMEN

El objetivo de este artículo es analizar la historia de la institucionalización de la Psicología en la Universidad Federal de la Paraíba (UFPB), considerando el contexto en que estaba inserido. Para tanto, fue necesario comprender el proceso de creación del curso, es decir, su contexto histórico- cultural, la demanda, los sujetos sociales y los formatos teóricos y metodológicos que asume. Fueron utilizados documentos del acervo de la institución y de 13 entrevistas con profesores del Departamento de Psicología activos y jubilados que participaron del proceso de institucionalización o de los años iniciales del curso de grado. Los datos revelan tres influencias en la institucionalización: la demanda inicial y el contexto histórico, el cuerpo docente y sus características, y el formato teórico-metodológico. La demanda inicial y el contexto histórico resalta el proceso de "modernización" de la ciudad de João Pessoa, la necesidad académica de carácter productivista de la Psicología mientras ciencia y un espacio mercadológico. El contexto de implementación del curso de Psicología de la UFPB ocurre entre el segundo y el tercero período de la dictadura civil-militar en Brasil, momento de la expansión universitaria de la UFPB, que permitió la aprobación del curso y contracto con diversos profesores de dentro y de fuera del Estado que, alineados a la Psicología nacional e internacional, reproducen el modelo hegemónico, elitista, que no respondía al momento vivido, de restricciones de derechos. Tales aspectos, según los autores sociales de la época, tiene rebatimiento directo en la orientación teórico-metodológica de los primeros profesores, repartidos entre dos grupos: uno más alineado a un modelo hegemónico, positivista y privativo; y otro, a un modelo más colectivo y con características contra-hegemónicas. El modelo de curso y formación de la Psicología en la UFPB termina centralizando la producción de conocimiento y estableciendo el modelo formativo a ser adoptado en la región.

Palabras clave: historia de la psicología; institucionalización de la psicología; creación del curso.


RÉSUMÉ

L'objectif de cet article est d'analyser l'histoire de l'institutionnalisation de la psychologie à l'Université Fédérale de Paraíba (UFPB), par rapport le contexte où elle était située. À cette fin, il a été nécessaire comprendre le processus de création du cours, c'est-à-dire, son contexte historique-culturel, sa demande, ses sujets sociaux et ses formats théoriques et méthodologiques. Donc, on a utilisé des documents de la collection de l'institution et aussi 13 interviews avec des enseignants actifs et retraités de la Faculté de Psychologie qui ont participé au processus d'institutionnalisation ou des années initiales du programme de premier cycle. Les données révèlent trois influences dans l'institutionnalisation : la demande initiale et le contexte historique; le corps enseignant et ses caractéristiques, et le format théorique-méthodologique. La demande initiale et le contexte historique mettent en évidence le processus de "modernisation" de la ville de João Pessoa, la nécessité académique en ayant un caractère productiviste de la Psychologie en tant que science et espace de marché. Le contexte de la mise en œuvre du cours de Psychologie à l'UFPB s'est passé entre la deuxième et la troisième période de la dictature civile-militaire au Brésil. Il s'agissait d'un moment d'expansion universitaire chez l'UFPB, ce qui a permis l'approbation du programme et de l'embauche de plusieurs professeurs de l'intérieur et dehors de Paraíba, tous alignés à la Psychologie nationale et internationale et reproduisaient le modèle hégémonique élitiste, qui ne résistait pas au moment vécu, ce de restriction des droits. Tels aspects, selon les acteurs sociaux de cette époque-là, ont eu fort influence dans l'orientation théorique-méthodologique des premiers enseignants, ceux qui ont été divisés entre deux groupes : Ceux qui étaient plus alignés à un modèle hégémonique, positiviste et privative ; et un autre, où étaient ceux qui suivaient un modèle plus collectif et communautaire, avec des caractéristiques contre-hégémonique. Le modèle de programme et de formation de la Psychologie à l'UFPB finit pour centraliser la production de connaissances et établit le modèle de formation adopté dans la région.

Mots-clés: histoire de la psychologie; institutionnalisation de la psychologie; dévéloppement du programme.


 

 

O objetivo deste artigo é analisar a história da institucionalização da Psicologia na Universidade Federal da Paraíba - UFPB - considerando o contexto em que estava situado. Para tanto, foi necessário compreender o processo de criação do curso, ou seja, seu contexto histórico-cultural, a demanda, os sujeitos sociais e o formato teórico e metodológico que assume. Impulsionado pela escassez de material a respeito da temática e orientado por um olhar crítico da história da Psicologia, este trabalho partiu da compreensão de um movimento de criação e institucionalização do curso, tendo como contexto o regime autocrático burguês iniciado em 1964.

A regulamentação da formação graduada em Psicologia no país acompanha a própria regulamentação da profissão, que se dá pela Lei 4.119, de 1962. Apesar do primeiro curso de Psicologia ser de 1953 (no Rio de Janeiro, na Pontifícia Universidade Católica - PUC), apenas após a regulamentação da profissão é que, efetivamente, desenvolve-se a formação graduada no Brasil (Mancebo, 1999). Na esteira da regulamentação da profissão, é aprovado no mesmo ano o Parecer 403, do Conselho Federal de Educação, que apresenta uma proposta formativa de currículo mínimo, criando os moldes para disseminação de cursos em diferentes partes do país. Essa expansão dos cursos também é impulsionada por uma proposta de reforma técnico-política no Estado brasileiro, fruto das ações do regime autocrático burguês.

No tocante ao ensino superior, a referida reforma foi representada pela Reforma Universitária, ocorrida em 1968. Já amplamente retratada pela literatura na área (Alves, 2005; Cunha, 2007; Fávero, 2006; Fernandes, 1975; Germano, 2005), a reforma universitária de 1968 engendrou um processo de modernização das universidades brasileiras, e mudanças de caráter ideológico e administrativo que visavam responder tanto às pressões sociais de democratização de acesso quanto às demandas do governo civil-militar em alavancar ideais desenvolvimentistas no país. Como consequência, tivemos um aumento exponencial das Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas (com destaque para as últimas), e uma mudança nos padrões formativos para todos os cursos. Dessa reforma decorreu um sistema dual, dividido em uma formação pública, voltada para pesquisa e com visível investimento técnico e de pessoal, e uma formação privada, com destaque para o ensino e de qualidade claramente inferior. A partir dessa conjuntura, foram criados vários cursos de Psicologia em diferentes instituições brasileiras, primeiramente no eixo Sul/Sudeste e, em seguida, no resto do Brasil.

Assim, foi nesse contexto que os cursos de Psicologia situados no Nordeste brasileiro foram criados, a partir de um movimento que se inicia durante a década de 1970, fruto do processo de modernização das universidades patrocinados pelo governo civil-militar, e que segue até a década de 1990, a depender da região. Dos estudos acerca dos cursos de Psicologia nos estados nordestinos, percebe-se que a criação deles segue um movimento de modernização dos centros urbanos, assumindo um caráter técnico que segue na esteira das ideias desenvolvimentistas adotadas no país. Temos casos como a construção do saber psicológico em Pernambuco, que tem seu curso de graduação regulamentado na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) apenas em 1967 e, em 1971, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) (Medeiros, 2010; Rosas, 2001). Na Bahia, sob uma forte regência dos estudos em Medicina, da Psiquiatria, vemos sua criação na Universidade Federal da Bahia (UFBA) ocorrer em 1968, a partir da preocupação com questões relativas à analise experimental do comportamento, culminando ns instalação de um laboratório em 1971 sob a antiga Faculdade de Medicina (Carvalho & Moraes, 1998). No Ceará, vemos um movimento de criação por volta de 1974 na Universidade Federal do Ceará (UFC), vinculada ao Departamento de Ciências Sociais e Filosofia (Cavalcante & Sousa, 2007). No Rio Grande do Norte, como apontam Carvalho, Seixas e Yamamoto (2002), o surgimento da Psicologia está diretamente relacionado à modernização e urbanização da capital, sendo sua data de introdução formal 1965, com a criação do Centro de Psicologia Aplicada (CEPA), sob enfoque clínico e normopatologizante e, em 1976, com a criação do curso de graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). No Piauí vê-se a influência das escolas normais e do saber educacional para a formação em Psicologia, apesar de sua constituição histórica remeter ao início do século, os cursos de graduação só foram literalmente abertos a partir da década de 1990 (Silva, 2008). E o estado do Maranhão também só terá seus primeiros cursos de graduação na década de 1990, apesar de existir departamento de Psicologia desde a década de 1970 (Araújo, 2014).

A despeito de vários estados terem resgatado a memória dessa institucionalização, a Psicologia na Paraíba ainda carece de estudos históricos sistematizados, salvo alguns pequenos verbetes no Dicionário Histórico de Instituições de Psicologia no Brasil (Silva, 2011). De acordo com Jacó-Vilela (2016), "a pesquisa histórica é, muitas vezes, negligenciada no Brasil, e isso acontece também quando falamos em psicologia" (p. 126). Os estudos históricos em Psicologia no Brasil são em grande parte pequenas ênfases diluídas em meio ao corpo de um artigo, monografia ou dissertação que aborde uma faceta específica do surgimento, institucionalização e atuação do psicólogo brasileiro. O resgate histórico é parte importante do desenvolvimento do conhecimento científico, o qual, segundo Antunes (2012), deve ser entendido tomando suas múltiplas determinações construídas ao longo do tempo, buscando mostrar os elementos contraditórios inerentes à processualidade dos fenômenos. Esse resgate lança luz sobre os acontecimentos atuais, permitindo apreender um movimento total e histórico da realidade.

Desse modo, em se tratando da história da Psicologia na Paraíba, observou-se que não havia material sistematizado sobre o tema, e que as informações que ainda circulam estão situadas em relatos orais e espontâneos de alguns docentes ainda na ativa. Isto se aplica à UFPB, pois, ao tentar compreender a institucionalização da Psicologia, observou-se que a memória encontra-se incipiente na formação acadêmica, sobretudo na formação do discente, que adquire a memória do próprio curso ainda "flutuando" por via da oralidade de pessoas que a vivenciaram e entre as instâncias setoriais. Essa fragilidade se faz presente nos discursos da graduação, sobretudo nas disciplinas. É possível, portanto, perceber uma lacuna na construção dos sentidos que permeiam as memórias e na inexistência de registros escritos organizados que revelam os percursos teórico-metodológicos e articulações políticas que ergueram as bases da Psicologia no contexto em que se dá esta pesquisa.

É na tentativa de preencher essa lacuna de conhecimento histórico - processo de institucionalização do curso de Psicologia na UFPB -, em sua articulação com os fenômenos sociais e culturais mais amplos, que se situa este trabalho. Faz-se uso de uma perspectiva histórica que adota uma visão crítica, ou seja, que a realidade seja tomada na sua totalidade, complexidade e de modo dialético, contemplando os movimentos e as contradições que possibilitam compreender a realidade em si, o processo pelo qual se originou, os fatores que permitiram e direcionaram seu desenvolvimento, os atores e o contexto do evento histórico (Antunes, 2004; Brožek & Massimi, 2002).

 

Método

Para construção do material que fundamenta este artigo, fez-se uso de documentos dos acervos do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA) e do Departamento de Psicologia da UFPB. Vários desses documentos são oriundos da antiga Faculdade de Filosofia da Paraíba, instituição que antecedeu o CCHLA. Além dos documentos da época, também se fez uso de entrevistas com professores ativos e aposentados do Departamento de Psicologia , que participaram do processo de institucionalização ou dos anos iniciais do curso de graduação.

A escolha dos professores para entrevista seguiu uma lógica histórica, de atores que fizeram parte do processo de criação do curso, diretamente ou indiretamente, composta tanto por docentes ativos quanto aposentados. A partir desse convite, 13 (treze) professores resolveram participar das entrevistas. As indagações presentes nas entrevistas eram a respeito da demanda para criação do curso; do contexto histórico, político e social; dos sujeitos sociais que compunham tal momento; e das teorias e técnicas adotadas pelo curso deg em Psicologia da UFPB.

Os docentes foram acessados a partir de indicações feitas pelo Departamento de Psicologia. A parcela correspondente aos da ativa seguiu o critério de ter, no mínimo, 10 anos de trabalho no departamento. Realizou-se o contato com os professores por telefone e, em seguida, solicitou-se ao participante que indicasse outro para contato. Essa indicação permitiu que os docentes aposentados fossem contatados. Para esta pesquisa, foram adotados todos os passos determinados pela Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (vigente à época), que versasobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Sendo assim, a pesquisa foi submetida e aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. As entrevistas foram realizadas e analisadas a partir dos princípios da história oral. Esses princípios partiram do resgaste da vivência dos participantes, permitindo construir elaborações que pudessem desvelar as relações dos entrevistados com os contextos vividos (Barbosa & Souza, 2009).

Nesta pesquisa, que se figura qualitativa, utilizou-se para a análise de dados escritos a técnica da análise documental. Segundo Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009), é usada para identificar um conteúdo informacional factual acomodado em documentos, tendo como questões norteadoras as hipóteses de interesse dos (as) pesquisador (as). A técnica da análise documental se figura dentro da pesquisa documental, a qual, segundo Gil (2014), "[...] vale-se de material que não foram ou que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda pode ser reelaborada de acordo como o objetivo da pesquisa" (p.66). Essa técnica se desenvolveu para extrair dos documentos as informações relevantes, referente aos processos da criação e de reconhecimento, e outras informações pertinentes à estruturação do curso de graduação em Psicologia da UFPB.

Ao total, foram localizados 15 documentos, entre o Arquivo Setorial do CCHLA, o acervo do próprio Departamento de Psicologia e o Serviço Escola de Psicologia. Os documentos são resoluções, ofícios, ficha de cadastro, projetos e relatórios, e versam sobre a criação do curso, criação da clínica, reconhecimento do curso de formação e da licenciatura, dentre os quais a Resolução nº 07/74 da criação do curso de formação de Psicólogo e a Resolução nº07-A/74 de criação da Licenciatura.

Todos os dados foram compilados, entrevistas e documentos, optando-se por apresentar seus conteúdos de forma integrada, partindo-se das questões que envolvem a demanda para criação do curso, inicialmente, seguindo da relação da institucionalização da Psicologia com o contexto histórico brasileiro da época. Em seguida, apresentando as características iniciais do curso, como o corpo docente e o formato teórico-metodológico abordado na graduação.

 

Resultados e discussão

Criação do Curso de Psicologia da UFPB: Processos Iniciais e Demandas

O curso de Psicologia da UFPB foi fundado em 1974, pela Resolução nº 07/74, no contexto do golpe civil-militar, momento turbulento e conflituoso da história brasileira. Segundo Alves (2005), o período do regime autocrático-burguês pode ser identificado em três etapas: uma primeira, de 1964-1968, focada principalmente no estabelecimento de uma Doutrina de Segurança Nacional e de um "novo" Estado; a segunda, de 1969-1974, focada na repressão aos direitos políticos e sociais; e a última, de 1975-1984, focada na recondução "democrática" do governo, dando início ao processo de "abertura política". Assim, o curso de graduação em Psicologia já nasce no contexto da Reforma Universitária de 1968, da oficialização da profissão em 1962 e dos diversos conflitos para disputa de hegemonia cultural e política do país.

Apesar de o curso ter sido criado em 1974, os documentos pesquisados apontam para uma intenção de criação de um curso de graduação em Psicologia desde, pelo menos, o início da década de 1970. Assim como em outras partes do país (Antunes, 2004), na UFPB já se desenvolvia as teorias psicológicas e também as práticas psicológicas no âmbito da Educação e da Filosofia, na Faculdade de Filosofia da Paraíba. Este aspecto repete na UFPB um fenômeno visto no contexto nacional: tanto a Filosofia quanto a Educação estiveram culturalmente ligadas a essa ciência desde os primórdios de sua história, como mostram os documentos. Na UFPB havia a oferta de disciplinas de Psicologia vinculadas aos Departamentos de Psicologia da antiga Faculdade de Filosofia da Paraíba (FAFI) e Departamento de Educação e do Centro de Orientação Profissional (CENOP), sendo os dois últimos da Faculdade de Educação.

No início da década de 1970, em 1971 e 1972, os professores de Psicologia que já desenvolviam as teorias psicológicas e também as práticas psicológicas nos espaços da UFPB propuseram a criação do curso de Psicologia. Naquele momento, foi barrado pela reitoria. Segundo o relator que analisara o projeto, não havia uma demanda na cidade de João Pessoa que justificasse a criação de um curso de graduação em Psicologia. O primeiro projeto não foi localizado durante o período dessa pesquisa, dificuldade que já existia em 1993, como relata Campello (1993), que chama atenção para o desenvolvimento de uma política de arquivamento que atendesse às necessidades de preservação da memória do curso de graduação em Psicologia da UFPB.

De toda forma, o Conselho Universitário (CONSUNI), em reunião no dia 05/12/1973, um ano depois da negativa da primeira proposta, reavalia o projeto e decide opinar favoravelmente acerca da criação do curso, que entra em vigor no primeiro período de 1974, sob a habilitação de curso de licenciatura em Psicologia. Ainda no mesmo ano, incorporou a modalidade Formação de Psicólogo, através das Resoluções nº. 07/74 e 07-A/74 do CONSUNI. Em 1978, a Resolução nº22/78 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) unificou as estruturas curriculares para as duas modalidades.

Tem-se, portanto, um curto tempo entre a primeira e a segunda tentativa, quando é fundado o curso de graduação em Psicologia. Tal constatação permite colocar o argumento da "falta de demanda" como uma questão incoerente, pois o tempo decorrido entre 1971 e 1974 é curto para grandes transformações econômicas. Outro fato que fragiliza a decisão do relator seria que se não havia demanda, por que então se institucionalizou a Psicologia no Centro Universitário de João Pessoa, UNIPÊ, uma instituição privada? Na UNIPÊ, na época conhecida como Autônoma, surgiu o 1º curso de Psicologia da Paraíba. O curso foi criado em 1971 e sua clínica escola, em 1974, mas o curso só foi reconhecido de fato pelo Decreto nº 79.020, publicado no D.O.U. em 27.12.1976 (Centro Universitário de João Pessoa, n.d.). Mais tarde, os(as) alunos(as) dessa instituição se tornariam professores(as) no curso de Psicologia da UFPB.

De certo que articulações políticas tinham sido reconfiguradas, visto que aquele contexto social se conformava conflituoso. Contudo, mesmo dentro de um quadro de desenvolvimento econômico, é impossível o surgimento de uma demanda em tão curto de tempo. Assim, pode se inferir que, segundo os documentos, as articulações dos atores sociais foram a força motriz na institucionalização da Psicologia na UFPB.

As entrevistas realizadas mostram que não havia consenso das razões de criação do curso na UFPB. De forma geral, os entrevistados identificaram dois fatores para essa criação: o primeiro diz respeito a uma tendência de modernização que se aliava, paralelamente, à urbanização e ao crescimento qualitativo dos aspectos culturais paraibanos naquele momento histórico. Alguns até referenciaram dentro dessa tendência a existência de uma pesquisa de mercado. O segundo ponto provém do âmbito científico-acadêmico, ressaltando uma necessidade de formação de profissionais para atender a demanda interna do próprio curso de graduação, de forma a ampliar também o número de produções acadêmicas no território nacional.

Sobre o primeiro fator, referente à modernização, tem-se os seguintes depoimentos: "[...] a moda, era chique fazer psicologia. Era o curso da moda e devia haver demanda, e nesse sentido ela começou" (Entrevistado 07). Outro entrevistado ressalta a lógica cultural da introdução da Psicologia através da modernização, como mostra a fala a seguir.

Você não tem carro numa cidade, você bota carro pra vender, começa a criar o mercado de trabalho. Quando eu cheguei aqui não existia psicólogo, eu fui o primeiro. Eu ficava uma tarde todinha no consultório e não vinha ninguém, porque ninguém sabia o quer era um psicólogo, aí depois começou a saber (Entrevistado 01).

A relação Psicologia e modernização já tinha sido explorada por Carvalho, Seixas e Yamamoto (2002) em sua análise sobre a introdução da Psicologia na cidade de Natal-RN. De forma semelhante, encontramos essa tendência "modernizante" no território paraibano, mesmo que tardiamente frente a outras regiões do país, reforçando uma estética cultural de desenvolvimento apregoado pela ideologia do capital, introduzindo elementos do estilo de vida burguês para a classe dominante.

Para alguns entrevistados que referenciaram no âmbito da modernização a demanda referente à necessidade do mercado, verificou-se que tinham conhecimento de uma pesquisa de mercado elaborada na época, que buscava verificar a aplicabilidade da profissão do psicólogo no território paraibano:

Me parece que, uma pesquisa feita pelos professores que eu tava citando anteriormente pra você, que o professor (nome omitido pelos autores) e outros da época, realizaram uma pesquisa de mercado pra identificar realmente a demanda que possibilitaria a criação do curso. (Entrevistado 08).

Autores tal como Antunes (2012), no entanto, ressaltam que o impulso da demanda do mercado de trabalho poderia não ser expressivo, pois havia uma quantidade de profissionais crescente advinda das universidades particulares devido à reforma universitária de 1968 e seu forte investimento no âmbito da educação privada. Esse caso era particularmente importante na Paraíba, já que, como mencionado, a cidade de João Pessoa já havia o curso particular do Centro Universitário João Pessoa (UNIPÊ).

O segundo ponto remete ao âmbito científico-acadêmico. Os argumentos que são expostos pelos entrevistados versam a respeito de uma escassez científica de produção da Psicologia, isto é, ausência de pesquisas, laboratórios e investimento público. Portanto, fez-se necessária a criação e expansão de curso de graduação em Psicologia na UFPB para atender essa formatação científica, como ilustrado pelo seguinte trecho:

Eu acho que a UFPB, o departamento, o curso de Psicologia, nunca formou profissionais pro mercado. Eu me lembro de uma briga que eu tive dentro do departamento por conta disso, porque eu disse que a gente estava olhando pro próprio umbigo, formando psicólogos para ensinar Psicologia e não com olho no mercado[...] (Entrevistado 05)

Também é válido ressaltar que não escapa do viés analítico que, no conteúdo das entrevistas, percebe-se os interesses de desenvolvimento pessoal e promoção frente à ciência internacional, fornecendo um discurso personalista.Vemos na essência que tal expressão em muito se conecta com a questão "modernizante", ou mesmo com a questão da "pesquisa de mercado", pois se trata de trazer uma ciência relativamente jovem, "na moda", com "mercado" a ser atendido a uma universidade e em uma cidade que se encontrava em expansão. A Psicologia vai se firmando na Paraíba, assim como em outros contextos mundiais, como uma ciência urbana, que acompanha o processo de desenvolvimento moderno das cidades.

Contexto Histórico Brasileiro e a Criação do Curso de Psicologia da UFPB: Relações e Influências

Outro fator de caráter extremamente relevante citado pelos entrevistados é o contexto histórico em que se situava o Brasil, tendo em vista o golpe de 1964, sendo impossível não correlacionar tais pressupostos ao período de pré-institucionalização, institucionalização e pós-institucionalização do curso de graduação em Psicologia na UFPB. Tal como vem a relembrar o entrevistado 09: "Você não me perguntou sobre o momento político, que era um momento de ditadura o tempo inteiro".

O aspecto do governo civil-militar, segundo os entrevistados, aparece mais visivelmente na UFPB sob a forma da Reforma Universitária de 1968, compondo um cenário anterior à criação do curso. Reafirmando o caráter da reforma na UFPB, existe o trecho a seguir:

[...] uma reforma, que aí eu acho que você tem que se render a história da UFPB, você resgata isso. Quando é que foi criado a estrutura departamental? Criticaram que a estrutura departamental é uma coisa da ditadura pra fragmentar ainda mais. Eu até creio que não, que criar uma estrutura departamental e em torno dela ou agregando departamentos em centros você tem uma certa unidade ao que estava solto, e ainda por cima, geograficamente solto. (...) então foi uma reforma que ocorreu no Brasil todo, nas universidades. Essa criação de departamento, de unidades, né? (Entrevistado 04)

Sob o véu da aparência vemos que a interpretação dada à reforma universitária por alguns professores não desvela a totalidade contraditória que reforça a legitimidade da sociedade do capital, sendo necessário um apanhado histórico que envolva a concepção da dita reforma universitária e dos mecanismos que a vieram legitimar.

A terminologia reforma universitária provém de reinvindicações formuladas pelos movimentos sociais, que lutavam pela democratização, ampliação e ruptura do modelo hegemônico universitário rumo a uma sociabilidade da educação sob um caráter de base para a transformação social. No entanto, com a ditadura militar, tal conceito foi apropriado e convertido a uma "reforma universitária consentida". |Em 1968, o ministro da Educação, junto a alguns educadores, construiu um relatório que propunha tal reforma de modo a prezar pela conservação dos limites da ditadura militar (Fernandes, 1975).

Dentre as propostas da reforma de "modernização conservadora" que logo foram pautadas e viabilizadas, estava a reserva de fundos da loteria federal para a educação, integração entre universidades e empresas, e maior atenção à hierarquização e controle das universidades federais. No âmbito da carreira docente, houve a extinção das cátedras e o regime de trabalho integral ou exclusivo (Fernandes, 1975). Assim, a reforma universitária, como aponta Fernandes (1989), era uma "antirreforma", pois distorcia as pautas dos movimentos para introduzir elementos da Doutrina de Segurança Nacional. Nesse sentido, as mudanças feitas tinham como objetivo combater o protagonismo político dos professores e estudantes, ampliar a influência do setor privado sob o "rótulo" da democratização do acesso, e apresentar a ideia de que a educação era uma mercadoria, enfraquecendo o poder da educação pública.

Na compreensão do entrevistado 03 vê-se a citação de um delineamento particular do período de ditadura militar, atestando as mudanças ocorridas na educação universitária no Brasil.

(...) quando em 1969, na reforma universitária, estamos falando na época dos militares, faz-se uma reforma. Pelo fato de, na época o reitor da UFPB, Guilardo Martins, ser - ele era - um militar. Era professor, [mas] ele também era coronel. Eu não me lembro se ele trabalhava no Grupamento de Engenharia, médico na maternidade de lá. Ele foi colocado. Teve muitos problemas com o movimento estudantil, professores foram cassados, então, por causa disso, colocaram um militar. Em consequência, quando veio a reforma universitária, a Paraíba e outra universidade do sul do país foram escolhidas para o teste; cobraram empenho e deram grana, e aí poderiam contratar professores (Entrevistado 03).

Assim, a UFPB estava sendo escolhida para participar do processo de modernização das universidades brasileiras. Esse processo redundava, entre outras coisas, numa aproximação dos modelos de gestão universitária nos moldes do setor privado (Cunha, 2007). O governo visando legitimar o modelo de universidade defendido e, simultaneamente, combatendo os movimentos políticos dentro de seus muros, passa a apontar militares para gerir várias IFES. A esses gestores eram dados recursos financeiros a fim de efetivarem sua visão e proposta de educação "reformada". Foi nesse contexto que a UFPB se expandiu, adquirindo equipamentos e contratando docentes qualificados.

No âmbito dessa reforma, fez-se contratações de professores para compor o Departamento de Psicologia, ainda antes da criação do curso, em 1974. No entanto, devido à escassez do mercado e a imediaticidade, foram contratados primeiramente professores que já lecionavam Psicologia na instituição, mas estavam deslocados para outros centros ou departamentos.

[...] existem entre alguns professores, que hoje estão aposentados, alguns do seu próprio centro, do departamento, né, havia alguns que vinham ingressos de outros departamentos: Departamento de Filosofia, Departamento de Fundamentação Pedagógica, Departamento de Ciências Sociais. Havia então alguns professores à época que o curso foi criado, né? Eles vinham de outros centros, inclusive, né? Aí de quem foi a ideia de criar um curso de Psicologia na Universidade Federal da Paraíba? Eu acho que justamente desse grupo. Alguns professores eram psicólogos e estavam deslocados em outros departamentos de Psicologia pra cursos como o de pedagogia (Entrevistado 04).

Para além de elencar a origem dos primeiros professores do curso, a fala do entrevistado 04 releva um detalhe interessante, um olhar histórico de caráter personalista, centralizando a origem naqueles atores sociais. Assim, é possível, pelos dados expostos a respeito do processo de institucionalização do curso, identificarmos em uma parcela das entrevistas a perspectiva daquilo que Brožek e Massimi (2002) denominam de historiografia dos "Grandes Homens", em que para se criar ou realizar algo perante a história se faz necessário homens e mulheres únicos e insubstituíveis, corroborado pela fala a seguir:

Então, em setenta e dois, nós tivemos a ideia de criar o curso de Psicologia. Eu não me lembro se propunha para área de Saúde ou na área de Ciências Humanas [...] Então, nós montamos um currículo, montamos um processo, demos entrada lá pra ser aprovado, como hoje ainda é qualquer curso que tem que ser aprovado. Mas foi barrado pela reitoria, foi pro conselho universitário pra aprovar. O relator, que era um professor que já morreu chamado Celso de Paiva Leite. Ele foi contra dizendo que não havia mercado de trabalho que justificasse (Entrevistado 01).

Assim, atribuiu-se a esse primeiro grupo um protagonismo na criação do curso, que deu entrada em um processo, como já aludido, de um primeiro projeto, que foi negado. Com a não aprovação do curso de graduação em Psicologia na UFPB, alguns sujeitos sociais se ausentam do cenário que envolvia os trâmites para o surgimento do curso. No entanto, a partir de 1975, a condição histórica da entrada de um reitorado com bom trâmite entre a sociedade civil e o governo ditatorial, e medidas tal como a da "reforma universitária", capitaneada por tal governo, permitiram que fosse reacendida as condições para introdução do curso. Sobre o que mudou de um momento pra outro, o entrevistado 01 aponta: [...] Mudou o reitor. O reitor e o relator (Entrevistado 01).

De acordo com os entrevistados, com a entrada de Lynaldo Cavalcante no reitorado, novas perspectivas foram dadas não apenas no que tange à Psicologia, mas a diversos cursos da universidade de forma acadêmica e estrutural (Ferreira & Fernandes, 2006). Este reitor era funcionário do MEC-SESU e possuía bom trânsito entre os gestores da ditadura militar e o meio acadêmico. Apesar de ser civil, ele conseguia efetivar as demandas "modernizantes" apregoados pela reforma, servindo como expoente de legitimidade do governo. Aliás, parte dessas demandas ele conseguiu ainda quando funcionário do MEC, 1975. Ele foi nomeado em 1975, mas seu reitorado de fato ocorreu a partir de 1976, de modo que alguns entrevistados confundem as datas em que ele era funcionário com aquelas que era reitor da UFPB. Segundo o entrevistado 09: "Lynaldo Cavalcante era uma pessoa que era muito competente em termos de administração acadêmica e tinha muito prestígio junto aos militares que dominavam e que mandavam no país." (Entrevistado 09).

Dentre suas principais conquistas estima-se a criação de inúmeros cursos de graduação e pós-graduação, assim como a unificação das faculdades que compunham a Universidade Federal da Paraíba, formando o Campus I da mesma.

Sem dúvida nenhuma, em grau de importância, temos que considerar que Lynaldo Cavalcante, alto funcionário do MEC [Diretor do Departamento de Assuntos Universitários], diretor do órgão SESU e, ao mesmo tempo, reitor a época, conseguiu, através de articulações junto a bancada política da Paraíba, muita verba para investimento em um campus universitário. Nesse período, a Universidade era muito pequena, e dividida em núcleos espalhadas por diversos bairros de João Pessoa. O curso de Direito localizava-se na praça João Pessoa; a Filosofia, vizinha ao Liceu Paraibano; Medicina, junto ao PAM de Jaguaribe; Enfermagem localizava-se onde é a casa da estudante universitária no mercado público central. Eram núcleos isolados, pequenos e sem integração. Isso antes de Lynaldo Cavalcante. Quando ele assumiu, ele expandiu imensamente a universidade através da obtenção de altas verbas. Foi o reitorado de grande crescimento da universidade. Entre outras coisas, ele trouxe vários professores de fora do Brasil, com pós-graduação e doutorado, com o objetivo de incentivar e ampliar a força dos cursos que já existiam. (Entrevistado 02)

A iniciativa do então reitor não se trata apenas de uma visão desenvolvimentista de um gestor, mas estava profundamente alinhada aos trâmites políticos de reprodução da ditadura militar. Segundo Jordão (2012), a crise do modelo econômico era realidade pungente na década de 70, a nível nacional os conflitos cresciam devido as "novas" formas de exploração de trabalho, o processo inflacionário, o desgaste social e ineficácia das políticas ditatoriais, aliado as práticas autoritárias e antidemocráticas típicas deste regime. Portanto, de acordo com Silva (2001) durante o mandato do general Ernesto Geisel, introduziu-se certas "concessões" em nível social de forma que pudesse acalmar os ânimos e garantir a manutenção do regime. Era o final do segundo período do governo civil-militar, e a entrada na era da "abertura política".

Então em 1974 é aprovado do curso de Psicologia, e a legislação necessária ao seu funcionamento. Segundo a Resolução nº07/74, no seu Art. 1, o curso aprovado tinha 4.145 horas, sendo 2.405 horas obrigatórias de disciplinas do currículo mínimo, 600 horas de disciplinas complementares obrigatórias e 1.140 horas de complementares optativas. As disciplinas obrigatórias que compunham o primeiro curso, no momento de sua abertura, eram (segundo o Art. 2 da Resolução nº07/74):

Fisiologia III; Fisiologia IV; Fisiologia V; Estatística IV; Estatística V; Psicologia Geral e Experimental I; Psicologia Geral e Experimental II; Psicologia Geral e Experimental III; Psicologia do Desenvolvimento I; Psicologia do Desenvolvimento II; Psicologia da Personalidade I; Psicologia da Personalidade II; Psicologia Social II; Psicologia Social II; Psicopatologia Geral I; Psicopatologia Geral II; Técnicas em Exame Psicológico I; Técnicas em Exame Psicológico II; Técnicas em Exame Psicológico III; Técnicas em Exame Psicológico IV; Aconselhamento Psicológico I; Aconselhamento Psicológico II; Ética profissional (em Psicologia); Dinâmica de Grupo e Relações Humanas; Teorias e Técnicas Psicoterápicas I; Seleção e Orientação Profissional; Estágio Supervisionado; Estudo de Problemas Brasileiros; Educação Física

De início esse funcionamento se deu sob a habilitação da licenciatura e depois agregou a formação profissional do psicólogo. Segundo os documentos analisados, o foco da estruturação inicial do curso eram as disciplinas teóricas e as práticas científicas. Em relatório publicado em 1978, por razões do reconhecimento do curso, o corpo docente reconhece que havia a urgência em instalar e "colocar pra funcionar" a clínica-escola e estabelecer diretrizes para as práticas de estágio.

Assim como apontado na estruturação de um sistema universitário dual pela reforma universitária de 1968, o curso de Psicologia da UFPB aparece nos anos iniciais, com uma vocação para formação em pesquisa em detrimento de uma formação prática. Isto pode ser corroborado pela informação de que, antes mesmo estruturação da clínica escola (que só veio a ocorrer em 1976), o Departamento de Psicologia inaugurou, já em 1975, um curso de especialização e, apenas um ano depois, em 1976, um curso de mestrado, com duas áreas de concentração (Silva, 2011).

Os Sujeitos Sociais e os Formatos Teóricos Metodológicos que assume a Graduação em Psicologia da UFPB

Para o processo de institucionalização é de caráter essencial identificar os sujeitos que compuseram, auxiliaram e que o constituíram. Esses sujeitos possibilitaram, naquela conjuntura, adotar um formato teórico-metodológico para o curso de graduação em Psicologia. Os professores provinham de áreas não somente da Psicologia, mas de campos afins, em função de uma demanda de disciplinas básicas necessárias à formação. Em relatório da estruturação do curso enviado para a administração da reitoria, datado de 1976, já se encontra um alto número de professores advindos de outros campos do conhecimento: dos 39 docentes do curso, 21 tinham formação em Psicologia, enquanto 18 (quase a metade) vinham de outras áreas: 5 docentes de Medicina; 2 de Matemática, 4 de Letras, 1 de Sociologia, 3 de Educação, 1 de Odontologia; 1 de Educação Física e 1 de Biologia.

Por se tratar de uma profissão extremamente recente e pelo vislumbre de se inserir uma qualificação profissional aos alunos da UFPB, segundo os entrevistados, os docentes contratados para lecionar na graduação em Psicologia provinham de quatro lugares distintos: (1) dos cursos em educação da própria UFPB, que dispunham de disciplina de Psicologia; (2) do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), que já possuía seu curso em funcionamento; (3) da Universidade Católica de Pernambuco, e (4) profissionais vindos do exterior.

(...) nossa primeira turma eram professores do departamento ou alunos que vinham do UNIPÊ, os quais, posteriormente, se tornaram professores (Entrevistado 03).

Eram professores de lá da Católica de Recife, que foi o primeiro curso de Psicologia (...) aí eles foram convidados pra virem pra cá e vieram (...)" (Entrevistado 12).

(...) Então a gente tinha no departamento da gente, além de pessoas vindas de outros lugares do Brasil, a gente tinha um indiano, a gente tinha alemão, a gente tinha inglês...A gente tinha gente daqui da América do Sul, colombiano, etc. Então, a gente tinha realmente uma pluralidade de pensamento muito grande e isso foi muito bom pro curso, não é? (Entrevistado 05)

A questão do corpo docente está intimamente relacionada ao momento histórico em que se encontrava a Psicologia, de recente regulamentação, e que, portanto, sofria de uma escassez de profissionais que suprissem todo território nacional, especialmente aqueles lugares onde a "modernização" não havia chegado com tanta força. A segunda questão que pode ser levantada com a formação do corpo docente é a aquisição de professores vindos de instituições privadas e de fora do Brasil, reforçando o caráter da Reforma Universitária de 1968 e do já aludido aporte financeiro feito a algumas instituições públicas (Cunha, 2007).

Com relação à orientação teórico-política dos professores, uma pluralidade epistemológica compunha o momento da graduação, que acabou por refletir na variedade e quantidade das possíveis abordagens que foram inseridas no curso. Segundo o entrevistado 12: "Era um momento muito rico, com uma variedade muito grande de interesses por parte do corpo docente". Como percebido em estudos de natureza semelhante, como o de Margotto e Souza (2017), a pluralidade de orientações epistemológicas dos docentes de Psicologia, pode, por vezes, desencadear conflitos políticos e interpessoais.

A despeito da pluralidade epistemológica, havia a percepção de que a Psicanálise se sobressaia na graduação.

A Psicanálise principalmente. A psicanálise. Era investido na área de modelo escolar, Psicologia escolar, mas subsidiado pela Psicanálise. A escolar, a clínica e a Psicologia do trabalho. Quer dizer, eu não quero dizer que era só, mas a base, a ênfase mais importante, entre aspas, era a Psicanálise (Entrevistado 08).

A Psicanálise, apesar de aplicada a diversas áreas da Psicologia, acaba por aludir, no Brasil, a um modelo clínico, individualizante (Coimbra, 1995). Yamamoto (2012) ressalta que tal modelo clínico está atrelado a uma Psicologia "modernizante" nos marcos do sistema capitalista, de cunho elitista, por isso voltado a atender uma demanda privada.

No entanto, a partir da década de 1970, a Psicologia acompanha um movimento intelectual e político mais amplo, com rebatimento dentro das universidades, de reflexão de seu papel social, de sua função social (Bock, 2003; Campos, 1983). O conflito entre o avanço do modelo liberal, capitaneada pelos interesses do capital de um lado, e a organização de movimentos sociais e modelos contra hegemônicos de outro, tem rebatimento direto nos modelos de Psicologia defendidos no país, e cujo conflito também tem reflexo dentro da UFPB.

[...] a Psicologia instituída era um pessoal de uma reflexão muito crítica, eles tinham uma inserção social muito grande e isso, ao longo dos anos, foi se perdendo, sabe? É, já existia também uma força muito grande da Psicanálise, mas não tinha essa... essa tradição ainda tão forte como tinha, né? A Psicologia social, social comunitária, uma Psicologia social engajada, não uma Psicologia social só de reflexão, mas também de engajamento, de participar de movimentos sociais, da militância pela saúde, pelas questões dos trabalhadores (...) (Entrevistado 11).

Havia uma percepção entre os entrevistados que dois modelos de Psicologia eram defendidos no curso: um clínico, de caráter mais privatista, e outro social, de caráter mais amplo e coletivo. Essa impressão de haver dois modelos de Psicologia defendidos no curso também é compartilhado por Silva (2011), autora do verbete "Departamento de Psicologia da UFPB" do Dicionário Histórico de Instituições da Psicologia no Brasil:

Existia uma discussão em torno de dois pontos de vista: de um lado, o pressuposto marxista de que toda ciência é ideologia, o que exigia um compromisso político-ideológico da psicologia; de outro lado a concepção que privilegiava a psicanálise como ciência humana e o seu método terapêutico. Foi no embate destas concepções da psicologia e das suas possíveis combinações que se originaram os vários atores do curso de Psicologia da UFPB (p.156).

É importante levar em consideração que, mesmo diante de tal introdução da Psicologia em outros campos, para além da clínica, de uma atuação não mais apenas voltada a classe dominante, a Psicologia da UFPB ainda se encontra nos marcos da produção capitalista e, consequentemente, refém dos modelos hegemônicos dominados por uma lógica clínico privatista.

 

Considerações finais

O resgate histórico aliado a uma perspectiva crítica é essencial para o conhecimento que detemos sobre a Psicologia. Dessa forma, a partir de uma apreensão contextual e dinâmica, podemos conhecer alguns dos aspectos que demandaram a criação do curso e algumas características iniciais de sua implantação.

A questão que permeia o surgimento dos cursos de graduação em Psicologia, nessa estrutura histórica, remete a elementos que inflexionam diretamente na sociedade, como: porque demandar um curso de graduação em certa localidade? O que estava na essência dessa necessidade? Como se desenvolveu e o que apregoavam os sujeitos sociais que compunham tal momento? A partir dessas reflexões, pudemos situar essa pesquisa sobre o processo de institucionalização da Psicologia na UFPB visualizando as questões que a permitiram/auxiliaram/confluíram para seu surgimento enquanto curso de graduação. A princípio, foram observadas três influências para a institucionalização: a demanda inicial e o contexto histórico, o corpo docente e suas características, e os formatos teórico-metodológicos.

Num primeiro momento, abordou-se a questão da demanda para abertura do curso. Dentre os discursos acerca da demanda de abertura, destacam-se, primeiramente, os relacionados ao processo de "modernização" da cidade de João Pessoa-PB, num sentido de desenvolvimento econômico e cultural capitalista. Em seguida, a própria necessidade cientifica-acadêmica, que detinha um caráter produtivista e literalmente cientificista, ao qual a Psicologia enquanto ciência jovem deveria corresponder. Por fim, uma demanda vinculada a um espaço mercadológico, apontado por uma pesquisa de mercado realizada pela própria instituição, indicando um posicionamento favorável da população à sustentação de um mercado de trabalho ao profissional de Psicologia.

Um segundo grande tópico remonta às nuances do período histórico em que tais acontecimentos da institucionalização se sucedem. O período de implantação do curso de Psicologia da UFPB se dá entre o segundo e o terceiro período da ditadura civil-militar no Brasil, durante o momento da expansão universitária da UFPB, o que permitiu não só a aprovação do curso, mas a contratação de diversos professores vindos de dentro e de fora do estado. No próprio estado os docentes eram realocados de outros departamentos da UFPB, ou vinham do quadro das instituições privadas. Alguns outros docentes eram egressos de programas de pós-graduação do eixo sul-sudeste, e havia uma parcela vinda de outros países. A contratação de professores de fora do Brasil, feita em função da escassez de profissionais no território nacional, acabou por dar notoriedade e experiência à graduação. Assim, a implantação do curso ocorre no âmbito da reforma universitária "modernizante", apontando para um rápido crescimento que, em pouco tempo, vai ter um corpo docente qualificado o suficiente para já inaugurar cursos de pós-graduação stricto e lato sensu (Silva, 2011). É importante ressaltar que, como a Psicologia nacional e internacional ainda passava por uma reflexão incipiente de sua função social, longe de romper com uma postura conservadora, acaba que muitos bons profissionais traziam consigo um direcionamento ainda hegemônico, de cunho elitista, de modo que não faziam frente ao momento vivenciado, isto é, o momento de restrição de direitos da ditadura civil-militar.

Portanto, o momento político pelo qual passava o país e a Psicologia rebateu direto na orientação teórico-metodológica dos primeiros professores. Segundo os atores sociais da época, havia uma percepção de que o corpo docente era dividido, direta ou indiretamente, em dois grupos: um mais alinhado a um modelo hegemônico, positivista, e privativo; e outro alinhado a um modelo mais coletivo e comunitário, com características mais contra hegemônicas.

Por fim, percebe-se, neste estudo, uma tentativa inicial de preencher parte da história da Psicologia da Paraíba, enfocando o momento de implantação do curso de graduação da UFPB. Apesar do pequeno recorte deste trabalho, pois se sabe que os saberes psicológicos são muito mais antigos na região e que a história de um campo é muito mais ampla que seus atores diretos, tentou-se registrar um dos momentos importantes para criação de um espaço institucional que, por sua força e centralidade, vai organizar os rumos tanto da ciência quanto da profissão na Paraíba pelos anos seguintes. A Universidade Federal acaba centralizando a produção de conhecimento e estabelecendo o modelo formativo a ser adotado na região, por isso recontar parte de sua história é resgatar as tendências e movimentos presentes na conformação atual. É preciso agora que novos estudos continuem a recontar parte dessa história, não só resgatando outros discursos e memórias, mas criando uma cultura de valorização das pesquisas historiográficas em Psicologia no país.

 

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Endereço para correspondência:
Maria de Fatima Pereira Alberto
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José Rangel de Paiva Neto
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Sérgio Rodrigues de Santana
Email: sergiokafe@hotmail.com

Pablo de Sousa Seixas
Email: pablo.seixas@hotmail.com

Recebido em: 11/07/2017
Revisado em: 26/02/2018
Aceito em: 21/03/2018

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