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Revista Subjetividades

versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.19 no.2 Fortaleza maio/ago. 2019

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i2.e9150 

DOSSIÊ: ÓCIO E CONTEMPORANEIDADE

 

¿Ocio o trabajo? La actuación de músicos bajo el prisma del ocio serio

 

Trabalho ou lazer? A atuação de músicos por meio do lazer sério

 

Work or leisure? The performance of musicians through the topic of serious leisure

 

Travail ou loisirs? La performance de musiciens à travers le prisme du serious leisure

 

 

Thayara Borzani Sanches Santos (Lattes)I; Roberto Paolo Vico (Lattes)II; Ricardo Ricci Uvinha (OrcID) (Lattes)III

IGraduada em Bacharelado em Lazer e Turismo pela Universidade de São Paulo
IIDoutorado em andamento em Sciences de l Homme et de la Societe, Universite de Valenciennes et de Hainaut-Cambresis, UVHC, França, com período co-tutela em Universidade de São Paulo
IIIDocente e Pesquisador da Universidade de São Paulo (USP). Pós-Doutorado pela Griffith University-Australia e Livre-docência pela EACH/USP

Dirección para correspondência

 

 


RESUMEN

El artículo tiene como objetivo general analizar la relación entre ocio y trabajo en la actuación de músicos en la ciudad de São Paulo, Brasil, bajo el prisma del concepto de serious leisure. Serious leisure se define como actividades practicadas por aficionados, voluntarios y practicantes de hobbys. Para tales individuos estas actividades son inmensamente importantes y gratificantes, y que en algunos casos pueden significar el inicio de una carrera centrada en la adquisición y expresión de habilidades especiales, conocimientos y experiencias. Este concepto también se define por la perseverancia que los participantes deben poseer para superar los eventuales momentos de dificultad relacionada al desarrollo del serious leisure y los beneficios tanto personales como sociales que acompañan esta práctica tal como la auto-realización, el auto-enriquecimiento, el sentimiento de pertenencia y la interacción social. Cuando las habilidades y los conocimientos adquiridos permiten que los participantes sean considerados "serios", en algunos casos, en la medida en que las oportunidades aparecen, algunos de estos participantes pueden salir de la condición de aficionados, volviéndose profesionales. Los objetivos específicos son los siguientes: a) investigar los motivos que llevaron a estos músicos a transformar esa actividad, inicialmente considerada una actividad de ocio, en un ejercicio profesional; b) comprender cómo las seis características fundamentales del sistema serious leisure se presentan en la actuación de los músicos. La metodología utilizada fue una investigación de tipo cualitativo, en un estudio de caso entendiéndolo cómo el método apropiado a la determinación de características únicas de individuos de instituciones o comunidades. La investigación posee un carácter exploratorio que combina los enfoques bibliográficos y de campo. La dimensión bibliográfica abarca artículos científicos, libros y demás publicaciones sobre el concepto de serious leisure. Y la de campo, con investigaciones in loco a través de entrevistas semiestructuradas realizadas con músicos que actúan en la ciudad de São Paulo. Los resultados de la investigación indican que el placer proporcionado por la música, así como la remuneración obtenida a través de ella, son los factores que más influenciaron a los entrevistados en la elección de la música como profesión. Se concluye también que la relación establecida entre el contenido artístico y la música es evidente ya que la música como arte se remite principalmente a la subjetividad de las personas, traduciendo sentimientos, expresando deseos y manifestando ideas. Las ideas como destino, predestinación, el talento innato, contribuyen a formar en las personas la concepción de que un músico, así como artistas de otras ramas, ya nació 'sabiendo' realizar esa actividad y, por lo tanto, son personas únicas y especiales. En este sentido, el artista ejerce un cierto "lenguaje especial", en este caso por la música, que tiende a obtener cierto reconocimiento por la sociedad como un todo. Los datos refuerzan que el ocio se caracteriza por resultar de una elección libre que no puede estar sometido a ningún fin lucrativo, utilitario o ideológico. Debe ser marcado por la búsqueda de un estado de satisfacción, tomando como fin en sí mismo, respondiendo a las necesidades individuales, frente a las obligaciones impuestas por la sociedad.

Palabras clave: ocio; trabajo; música; artes; ocio serio.


RESUMO

O artigo tem como objetivo analisar a relação entre lazer e trabalho no desempenho de músicos na cidade de São Paulo, Brasil, sob o prisma do conceito de lazer sério. Lazer sério é definido como atividade praticada por voluntários e amadores. Para tais indivíduos essas atividades são imensamente importantes e gratificantes. Em alguns casos, podem significar o início de uma carreira voltada para a aquisição e expressão de habilidades, conhecimentos e experiências especiais. Esse conceito também é definido pela perseverança que os participantes devem possuir para superar todos os momentos de dificuldade relacionados com o desenvolvimento do lazer e ambos os benefícios, pessoais e sociais, que acompanham essa prática, como autorrealização, autoenriquecimento, sensação de pertencimento e interação social. Quando as habilidades e conhecimentos adquiridos permitem que os participantes sejam considerados "sérios", em alguns casos, à medida que as oportunidades aparecem, alguns desses participantes podem deixar o status de amador, tornando-se profissionais. Os objetivos específicos são os seguintes: a) investigar as razões que levaram esses músicos a transformar essa atividade, inicialmente considerada uma atividade de lazer, em um exercício profissional; b) entender como as seis características fundamentais do conceito atrelado ao lazer sério são apresentadas no desempenho dos músicos. A metodologia utilizada foi uma pesquisa qualitativa, por meio de um estudo de caso, entendendo-se como método apropriado para determinar as características únicas de indivíduos de instituições ou comunidades. A pesquisa possui caráter exploratório, que combina as abordagens bibliográfica e de campo. A dimensão bibliográfica inclui artigos científicos, livros e outras publicações sobre o conceito de lazer sério, e a de campo, inclui investigações in loco através de entrevistas semiestruturadas realizadas com músicos que atuam na cidade de São Paulo. Os resultados da pesquisa indicam que o prazer proporcionado pela música, bem como a remuneração obtida através dessa arte, são os fatores que mais influenciaram os entrevistados na escolha da música como uma profissão. Conclui-se também que a relação estabelecida entre o conteúdo artístico e a música é evidente, pois a música como arte refere-se, principalmente, à subjetividade das pessoas, traduzindo sentimentos e expressando desejos e ideias. Tem-se, nessa conjuntura, as ideias associadas aos elementos de predestinação e talento inato, contribuindo para a concepção de que um músico, bem como artistas de outros ramos, são pessoas únicas e especiais pela arte desenvolvida. Nesse sentido, o artista exerce uma certa "linguagem especial" (nesse caso, a música), e tende a obter certo reconhecimento pela sociedade como um todo. Os dados reforçam que o lazer é caracterizado pelo resultado de um livre arbítrio que não deveria estar sujeito a qualquer finalidade lucrativa, utilitária ou ideológica. O lazer deveria ser marcado pela busca de um estado de satisfação, tomando como fim em si mesmo, respondendo às necessidades individuais frente às obrigações impostas pela sociedade.

Palavras-chave: lazer; trabalho; música; artes; lazer sério.


ABSTRACT

The article aims to analyze the relationship between leisure and work in the performance of musicians in the city of Sao Paulo, Brazil, under the prism of the concept of serious leisure. Serious leisure is defined as activities practiced by hobbyists and volunteers. For such individuals these activities are immensely important and rewarding, and in some cases it can mean the beginning of a career focused on the acquisition and expression of special skills, knowledge and experiences. This concept is also defined by the perseverance that participants must possess to overcome the eventual moments of difficulty related to the development of serious leisure and the personal and social benefits that accompany this practice such as self-realization, self-enrichment, feeling of belonging and social interaction. When the skills and knowledge acquired allow participants to be considered "serious", in some cases, to the extent that the opportunities appear, some of these participants can leave amateur status, becoming professionals. The specific objectives of this research: a) investigate the reasons that led these musicians to transform this activity, initially considered a leisure activity, into a professional exercise; b) understand how the six fundamental characteristics of the serious leisure system are presented in the performance of the musicians. The methodology used was a qualitative research, in a case study understanding it as the appropriate method to determine the unique characteristics of individuals from institutions or communities. The research has an exploratory character that combines bibliographical and field approaches. The bibliographical dimension includes scientific articles, books and other publications on the concept of serious leisure. As a field research, it was used an in loco investigations with semi-structured interviews conducted with musicians who perform in the city of Sao Paulo. The results of this research indicate that the pleasure provided by the music, as well as the remuneration obtained through it, are the factors that most influenced the interviewees in the choice of music as a profession. It is also concluded that the relationship established between artistic content and music is evident since music as art refers mainly to the subjectivity of people, translating feelings, expressing desires and expressing ideas. Ideas as destiny, predestination, innate talent, contribute to forming in people the conception that a musician, as well as artists from other similar activities, was already born 'knowing' that activity and, therefore, they are unique and special people . From this vision, due the fact that the artist work with a 'special language', in this case music, is evident its projection before society as a whole. The data reinforce that leisure is characterized by the result of a free choice that cannot be subjected to any lucrative, utilitarian or ideological purpose. It must be marked by the search for a state of satisfaction, taking as an end in itself, responding to individual needs, facing the obligations imposed by society.

Keywords: leisure; work; music; arts; serious leisure.


RÉSUMÉ

L'article vise à analyser la relation entre les loisirs et le travail dans l'interprétation de musiciens dans la ville de São Paulo, au Brésil, sous le prisme du concept de loisir sérieux. Les loisirs sérieux sont définis comme des activités pratiquées par des passionnés, des bénévoles et des passionnés. Pour ces personnes, ces activités sont extrêmement importantes et enrichissantes. Dans certains cas, cela peut signifier le début d'une carrière axée sur l'acquisition et l'expression de compétences, de connaissances et d'expériences spécifiques. Ce concept est également défini par la persévérance que les participants doivent posséder pour surmonter les moments de difficulté éventuels liés au développement de loisirs sérieux et les avantages personnels et sociaux qui accompagnent cette pratique tels que la réalisation de soi, l'enrichissement de soi, la sensation d'appartenance et d'interaction sociale. Lorsque les compétences et les connaissances acquises permettent aux participants d'être considérés comme «sérieux», dans certains cas, dans la mesure où les opportunités se présentent, certains d'entre eux peuvent quitter le statut d'amateur pour devenir des professionnels. Ils sont divisés en objectifs spécifiques: a) rechercher les raisons qui ont amené ces musiciens à transformer cette activité, considérée à l'origine comme une activité de loisir, en un exercice professionnel; b) comprendre comment les six caractéristiques fondamentales du système de loisirs sérieux sont présentées dans l'interprétation des musiciens. La méthodologie utilisée était une recherche qualitative; dans une étude de cas, il s'agissait de la méthode appropriée pour déterminer les caractéristiques uniques d'individus, d'institutions ou de communautés. La recherche a un caractère exploratoire qui combine des approches bibliographiques et de terrain. La dimension bibliographique comprend des articles scientifiques, des livres et d'autres publications sur le concept de loisir sérieux. Et sur le terrain, des enquêtes in situ avec des entretiens semi-structurés menés avec des musiciens qui travaillent dans la ville de São Paulo. Les résultats de la recherche indiquent que le plaisir procuré par la musique, ainsi que la rémunération obtenue, sont les facteurs qui ont le plus influencé les personnes interrogées dans le choix de la musique en tant que profession. Il est également conclu que la relation établie entre le contenu artistique et la musique est évidente puisque la musique en tant qu'art se réfère principalement à la subjectivité des personnes, à la traduction des sentiments, à l'expression des désirs et à l'expression des idées. Les idées comme destin, prédestination, talent inné contribuent à faire croire aux gens qu'un musicien, ainsi que des artistes d'autres branches, est déjà né en «sachant» cette activité et qu'ils sont donc uniques et spéciaux. . À partir de cette vision, l'artiste doit travailler avec un «langage spécial», en l'occurrence la musique, avant la société dans son ensemble. Les données confirment que les loisirs se caractérisent par le résultat d'un choix libre qui ne peut être soumis à aucune fin lucrative, utilitaire ou idéologique. Il doit être marqué par la recherche d'un état de satisfaction, prenant pour finalité, de répondre aux besoins individuels, de faire face aux obligations imposées par la société.

Mots-clés: loisirs; travail; musique; arts; loisir sérieux.


 

 

Tema Investigado, Objetivos y Metodología: Contextualización de la Investigación

En la definición clásica propuesta por Dumazedier (1980), el ocio es visto como un conjunto de ocupaciones a las que los individuos pueden entregarse de libre voluntad, tras deshacerse de las obligaciones profesionales, familiares y sociales. Dentro de esta perspectiva, se sugiere el ocio y el trabajo como esferas desvinculadas. En el sentido común, esta es la realidad de buena parte de la población, cuyo ocio es visto como una válvula de escape de un trabajo alienante. Sin embargo existen ocupaciones como la del músico, donde esta dicotomía entre ocio y trabajo no se encuentra tan claramente. Estas ocupaciones, aunque en números infinitamente menores, pero no menos importantes, son poco exploradas por esta teoría.

El serious leisure, o en una traducción libre el ocio serio, es un concepto que surgió de la producción académica del sociólogo Robert Stebbins durante investigaciones como aficionados de diversas áreas. En estos estudios, los entrevistados hacían cuestión de dejar claro que ellos practicaban la actividad con mucha seriedad y compromiso aun no siendo profesionales.

El autor definió el serious leisure como actividades practicadas por aficionados, voluntarios y practicantes de hobbys. Para tales individuos estas actividades son inmensamente importantes y gratificantes, y que en algunos casos puede significar el inicio de una carrera centrada en la adquisición y expresión de habilidades especiales, conocimientos y experiencias (Stebbins, 1992).

Este concepto también se define por medio de seis características sobre las que se destacan: la perseverancia que los participantes deben poseer para superar los eventuales momentos de dificultad relacionada al desarrollo del serious leisure; y los beneficios tanto personales como sociales que acompañan esta práctica tal como la auto-realización, auto-enriquecimiento, el sentimiento de pertenencia y la interacción social.

Ante estos factores, el objetivo general de esta investigación fue el de analizar la relación entre ocio y el trabajo en la actuación de músicos en la ciudad de São Paulo bajo el prisma del concepto de serious leisure. Se desdoblan en objetivos específicos: a) investigar los motivos que llevaron a estos músicos a transformar esa actividad, inicialmente considerada una actividad de ocio, en un ejercicio profesional; b) comprender cómo las seis características fundamentales del sistema serious leisure se presentan en la actuación de los músicos.

En una investigación de tipo cualitativo, se adoptó el estudio de caso entendiéndolo cómo el método apropiado a la determinación de características únicas de individuos de instituciones o comunidades (Martins, 2007). La investigación posee un carácter exploratorio que combina los enfoques bibliográficos y de campo. La dimensión bibliográfica abarca artículos científicos, libros y demás publicaciones sobre el concepto de serious leisure. Y la de campo, investigaciones in loco con entrevistas semiestructuradas realizadas con músicos que actúan en la ciudad de São Paulo.

La muestra fue compuesta por diez músicos elegidos aleatoriamente, siendo que su abordaje fue realizado en la escuela en que estos músicos trabajaban como profesores. Ante las innumerables oportunidades ofrecidas por la ciudad de São Paulo para la práctica de la música, optamos por la Zona Este de la ciudad teniendo en vista su proximidad al campus de la Universidad donde se ubica nuestro grupo de investigación formalmente registrado en el Directorio de Grupos del CNPq. La escuela de música elegida fue así la que se ubica en el barrio de Penha, en São Paulo-SP.

En relación al instrumento utilizado, la entrevista semiestructurada fue compuesta por cinco preguntas abiertas elaboradas de forma que abordasen las características del serious leisure en los preceptos establecidos por Stebbins (2004), con el objetivo de obtener informaciones acerca de cómo estas características más marcadamente se presentan en la actuación del músico.

 

La Perspectiva Teórica del Serious Leisure

A primera vista, la discusión sobre lo que es ocio pasa por la noción de la antítesis del trabajo, ya que el primero tiene íntima relación con el tiempo que 'sobra' después de las obligaciones realizadas. Esta dicotomía se identifica en el sentido común, ya que para definir lo que es el ocio la mayoría de la gente recurre al concepto de trabajo para contrastar con el primero. De esta forma, el ocio se define como algo que ocurre durante el "tiempo libre", lejos de la realidad del trabajo. Si generalmente el ocio se encuentra asociado con las elecciones e intereses personales, la noción del trabajo en la sociedad postindustrial todavía viene vinculada a la sumisión, al control, a la disciplina y a la falta de libertad (Harris, 2005).

En el escenario académico, este contraste también es identificado en los trabajos de diversos investigadores en el área del ocio. Recibe aquí destaque el trabajo de Joffre Dumazedier, dada su contribución a los estudios del ocio a nivel mundial y, en especial, para los estudios temáticos brasileños.

Para este autor, el ocio se define como

[...] un conjunto de ocupaciones a las que el individuo puede entregarse de libre voluntad, sea para descansar, sea para divertirse, recrearse y entretener o aún para desarrollar su formación desinteresada, su participación social voluntaria o su libre capacidad creadora, después de deshacerse o desembarazarse de las obligaciones profesionales, familiares y sociales. (Dumazedier, 1980, p. 19)

A partir de esta perspectiva, el ocio se caracteriza por resultar de una elección libre que no puede estar sometido a ningún fin lucrativo, utilitario o ideológico. Debe ser marcado por la búsqueda de un estado de satisfacción, tomando como un fin en sí mismo, respondiendo a las necesidades individuales, frente a las obligaciones impuestas por la sociedad. Tal definición puede sugerir, a nuestro juicio, una dicotomía entre el ocio y el trabajo, excluyendo ciertos tipos de actividades que potencialmente transitan entre estas dos esferas.

Pareciendo reconocer las intemperies de la dicotomía ocio / trabajo, el propio Dumazedier propone un concepto intermedio al que llamó "semiocio", sujeto a las siguientes características:

[...] obedecer parcialmente a un fin lucrativo, utilitario o comprometido, aun sin convertirse en obligación, aun siendo origen de satisfacción, no es más ocio, en el sentido total del término. Se convierte en un ocio parcial, es decir, un semiocio. El semiocio es una actividad mixta, en la que el ocio se impregna de una obligación institucional. (Dumazedier, 1980, p. 109)

Sin promover aquí una crítica liviana a este relevante autor en la literatura temática al ocio en Brasil, se verifica que este término fue poco explorado por el propio Dumazedier en sus posteriores investigaciones, haciendo necesaria una búsqueda por otros autores que abordaran de forma similar este asunto.

A continuación presentamos una definición de ocio propuesta por Bramante que parece de cierta forma abarcar la posibilidad de interfaz entre ocio y trabajo.

Para este autor el ocio,

[...]se traduce por una dimensión privilegiada de la expresión humana dentro de un tiempo conquistado, materializada a través de una experiencia personal creativa, de placer y que no se repite en el tiempo / espacio, cuyo eje principal es el lúdico. Ella es enriquecida por su propio potencial socializador y determinada, predominantemente, por una gran motivación intrínseca y realizada dentro de un contexto marcado por la percepción de la libertad. Es hecha por amor, puede trascender la existencia y, muchas veces, llega a acercarse a un acto de fe. Su vivencia está relacionada directamente a las oportunidades de acceso a los bienes culturales, los cuales se determinan, por regla general, por factores socio-político-económicos e influenciados por factores ambientales. (Bramante, 1998, p. 9)

De acuerdo con el autor, cuando el compromiso de la persona en determinada actividad se amplía tanto en cantidad y en calidad, se instala el fenómeno de la trascendencia de la existencia. En esta línea del "amor / trascendencia", las personas creen que esa experiencia vivida durante el ocio es la más importante de todas, y como consecuencia, los individuos buscan profundizarse cada vez más en la misma, en busca de una "excelencia en el ocio". En ese sentido, la línea demarcatoria entre el ocio y el trabajo se vuelve tenue, y los valores atribuidos al trabajo permean la experiencia de ocio y viceversa.

El serious leisure es un concepto que surgió de las proposiciones teóricas del sociólogo canadiense Robert Stebbins durante sus investigaciones acerca de las actividades de aficionados y profesionales en la década de 1970. Durante estas investigaciones, algunos de los entrevistados destacaban que la forma que ellos practicaban determinada actividad era diferente de las personas que la hacían por "ocio". La diferencia en la percepción de los entrevistados estaba en el hecho de que ellos practicaban la actividad con mucha seriedad y compromiso. En sus palabras apuntaban un distanciamiento de la concepción dominante en el sentido común que veía el ocio como un "pasatiempo", ligado a la diversión y al descanso.

A partir de estas investigaciones, Stebbins formuló el concepto de serious leisure y posteriormente, propuso un modelo teórico conocido como "La perspectiva del Serious Leisure". Neste modelo, el autor identifica, además del serious leisure, más dos categorías de ocio que son: el ocio casual y el ocio basado en proyectos.

El serious leisure es definido por el autor como:

[...] la práctica sistemática de una actividad por aficionados, voluntarios y practicantes de hobbies, considerada inmensamente importante y gratificante, que en casos típicos, puede lanzar en una carrera (de ocio) centrada en la conquista y la expresión de estas habilidades especiales, conocimiento y experiencia. (Stebbins, 1992, p. 3)

Según el autor, este tipo de ocio se diferencia del ocio causal ya que éste, caracterizado centralmente por el hedonismo, se define como actividades de duración relativamente corta, donde las recompensas son inmediatas y que para participar, los individuos necesitan de poco o ningún entrenamiento especial (Stebbins, 1997). A diferencia del serious leisure, el ocio casual es considerado menos sustancial, y no ofrece la posibilidad de construir una 'carrera' orientada a la adquisición progresiva de conocimientos y habilidades especiales, necesarias para el desarrollo de la actividad.

Además de este factor, el autor considera que el serious leisure puede ser definido por seis características importantes. Serían éstas:

1.Perseverancia: Esta característica está relacionada con la convivencia con el miedo y los riesgos que pueden estar presentes en las actividades relacionadas al desarrollo del serious leisure. Aunque la actividad pueda someter a los participantes a momentos de dificultad, todavía debe proporcionar una sensación de bienestar;

2.Carreras: los participantes, al desarrollar sus carreras, pasan por etapas de desarrollo que involucra las conquistas obtenidas por los practicantes como resultado de sus performances y el reconocimiento social que obtiene;

3.Esfuerzo para la adquisición de habilidades: las carreras en el serious leisure requieren esfuerzos personales sustanciales para alcanzar la competencia, la formación y el conocimiento, es decir, cuanto mayor el esfuerzo empeñado por el músico (aquí en el caso de esta investigación), mayor será su capacidad de desarrollar su carrera;

4.Identificación: a partir del desarrollo de la actividad por determinado grupo de personas, el individuo pasa a identificarse con la misma como resultado del reconocimiento entre los pares que comparten las mismas prácticas, creencias y actitudes en el serious leisure;

5.Unique ethos o mundo social específico: comprende el mundo social, con sus propias normas, valores y creencias, que se construye a partir de la práctica de los entusiastas durante años en busca de sus intereses;

6.Bienes duraderos o premios: comprende ocho beneficios personales y sociales que acompañan el serious leisure. Serían éstos: la auto-realización, el auto-enriquecimiento, la auto-renovación, el sentimiento de "deber cumplido", la auto-expresión, mejora de la auto-imagen, sentimiento de pertenencia e interacción social, resultando en "productos" consecuentes de la participación en la actividad como por ejemplo trofeos o medallas (Stebbins, 2004).

El serious leisure está directamente relacionado con la cuestión de la dedicación del participante con la actividad. Tomando como ejemplo la presente investigación, un principiante para convertirse en un músico "serio", debe pasar por varias etapas de desarrollo. En cada etapa los participantes acumulan cada vez más habilidades y conocimientos, a través de la práctica y del estudio, haciéndolos más competentes y experimentados (Stebbins, 1992).

Cuando las habilidades y los conocimientos adquiridos permiten que los participantes sean considerados "serios", en algunos casos, en la medida en que las oportunidades aparecen, algunos de estos participantes pueden salir de la condición de aficionados, haciéndose profesionales.

En esta profesión, desarrollada a partir del serious leisure, los individuos son motivados por

[...] una fuerte conexión positiva con esta forma de trabajo auto-edificante, donde la sensación de realización es alta, y la principal actividad (las tareas desarrolladas) son tan atractivas que la línea entre trabajo y ocio es virtualmente apagada. (Stebbins, 2004, p. 2)

La aproximación de este tipo de trabajo con el serious leisure es posible porque ambos comparten características similares, como por ejemplo: a) en los dos casos los individuos son extremadamente comprometidos, y deben estar dispuestos a vencer los obstáculos que las actividades imponen; b) las "recompensas" tales como la auto-realización, el auto-enriquecimiento y la auto-expresión, originadas de la participación en las actividades, son las mismas; c) el mundo social que se forma a partir de estas actividades, ocupan un papel importante en la vida tanto de los aficionados como de los profesionales, haciendo que los mismos se identifiquen cada vez más con la actividad a través del reconocimiento obtenido entre sus pares.

A partir de estos conceptos presentados, es posible pensar que el ocio y el trabajo pueden, de alguna manera, coexistir en un terreno común, en vez de ser vistos como pertenecientes a esferas separadas una de la otra.

 

Discusión y Análisis de Datos

El itinerario de campo fue aplicado en una muestra compuesta por diez entrevistados, siendo siete hombres y tres mujeres; la elección fue hecha por criterios de accesibilidad. Los cuestionarios fueron aplicados en la escuela donde estos músicos trabajaban como profesores.

Cuando se les preguntó si consideraban su dedicación a la música como trabajo, todos los entrevistados respondieron que sí. Entre los motivos que justifican esta respuesta, se destaca la cuestión del estudio y del empeño que, de acuerdo con estos músicos, pasa a ser mayor cuando se está trabajando. Algunos de los entrevistados vincularon esta cuestión al factor de la remuneración como se evidenció en el siguiente discurso:

[...] no era para el dinero, para fines lucrativos que empecé [en la música], después fui viendo que es un área que me gusta y que además me da dinero, así que me dedico mucho más. Cuanto más estudio, más posiblemente puedo ganar. (Entrevistado 9)

Aunque existe una cierta unanimidad entre los entrevistados al afirmar que el trabajo exige una mayor dedicación, este factor no es exclusividad de la actuación profesional, como destacado por uno de los entrevistados:

En realidad no existe un porque, si la gente no se dedica no tiene como hacer, aunque sea un hobby. "Ah sólo quiero tocar un instrumento porque me desperté con ganas"; usted tendrá que dedicarse [...]. (Entrevistado 8)

Ambas situaciones, encontradas durante las entrevistas, ilustran dos de las características del serious leisure establecidas por Stebbins (2004). El esfuerzo sustancial, empeñado por estos músicos para alcanzar competencias y conocimientos durante las etapas de desarrollo de la carrera, posibilitó que los entrevistados alcanzasen un nivel en que la música podría ser vivenciada de una forma profesional.

La segunda cuestión abordó los motivos por los que los entrevistados se identificaban con la música. Esta cuestión fue considerada por los participantes como la más difícil de ser respondida, teniendo en vista su carácter subjetivo, como evidenciado en el discurso de uno de los entrevistados:

Ah esa respuesta es un poco amplia, tiene mucho, me deja tratar de resumir aquí [...] Ah que en mi caso es el placer mismo. Déjame pensar un poquito más [...] es porque es así, como siempre fui ligado a la música, para mí se convirtió en un verdadero placer, entonces para poner más cosas ahí, ni sé cómo poner. (Entrevistado 4)

De hecho, el placer proporcionado por la música es uno de los factores que más aparecieron en las respuestas de los entrevistados. Los otros motivos destacados por los músicos son: el desafío de superar sus límites para hacer música (Entrevistado 2); y la posibilidad de expresar los sentimientos a través de la música (entrevistado 7). Los motivos señalados por los entrevistados son característicos de una fuerte tendencia de identificación con la actividad como resultado del reconocimiento entre los pares que comparten las mismas prácticas, creencias y actitudes en el desarrollo de la música (Stebbins, 2004).

Así como el placer, resaltamos que otro factor igualmente citado por los participantes fue la familia como eslabón que aproxima la música del individuo.

"¿Los motivos? Ah, no sé [...] a mi padre ya le gustaba mucho, en realidad ya viene de casa, todo el mundo en casa fue músico, siempre tocó algo" (Entrevistado 5).

[...] la música que más me gusta es la música erudita, la música clásica. Desde niño he aprendido oyendo esa música, así que creo que no me gustan mucho otros estilos de música, todo con lo que crecí, aprendí, mis padres eran músicos también, así que todo eso me identifica. Mi vida se identifica con la música. (Entrevistado 6)

"Creo que viene de la infancia. Mis padres son músicos entonces viene desde la cuna, yo crecí oyendo música entonces no hay cómo huir, ya está en la sangre" (Entrevistado 8).

"La música vino así de familia, entonces ya estaba allí presente en mi casa. Mis padres y algunos de mis hermanos tocan, estoy implicado desde temprano" (Entrevistado 10).

Tal hecho nos lleva a la reflexión más amplia en relación al arte como un contenido del ocio, así como el papel del músico insertado en ese contexto. El arte cómo un contenido cultural del ocio está insertada en el campo del dominio del imaginario, que se manifiesta por medio de imágenes, emociones y sentimientos. Su contenido es estético, configura la búsqueda de la belleza y del encantamiento en las manifestaciones de cuño artístico. Por actividades que ilustran el contenido artístico del ocio están la práctica y asistencia de todas las formas de cultura conceptuadas tales como, música, danza, cine, teatro, literatura, artes plásticas entre otros (Marcellino, 2006; Melo & Alves Junior, 2003).

A partir de estos conceptos básicos relativos a los contenidos artísticos del ocio, la relación establecida entre este contenido y la música es evidente. La música como arte se remite principalmente a la subjetividad de las personas, traduciendo sentimientos, expresando deseos y manifestando ideas. De acuerdo con el sentido crítico de cada grupo, los ritmos todavía pueden expresar sentimientos tales como alegría, pasión, nostalgia, entre otros (Pimentel, 2003).

Sin embargo, si la relación entre los contenidos artísticos del ocio y la música es algo obvia, ¿qué puede ser comprobado entre la relación del músico con el arte? Por otra parte, ¿qué es necesario para ser considerado un artista?

En el sentido común no es difícil encontrar la visión de que el talento del artista es algo innato. Las ideas como destino, predestinación, el talento innato, contribuyen a formar en las personas la concepción de que un músico, así como artistas de otras ramas, ya nació 'sabiendo' realizar esa actividad y, por lo tanto, son personas únicas y especiales. A partir de esta visión, el artista por trabajar con un 'lenguaje especial', en este caso la música, se evidencia ante la sociedad como un todo.

Para el sociólogo alemán Norbert Elias, el talento no podría ser algo innato, ya que

[...] si decimos que una característica de la persona es innata, queremos con ello decir que es genéticamente determinada, heredada biológicamente de la misma manera que el color de los cabellos o de los ojos. Pero es simplemente imposible para una persona tener una propensión natural genéticamente arraigada, de hacer algo tan artificial como la música. (Elias, 1995, p. 58)

De acuerdo con el autor, si el talento no es un gen que puede ser heredado, se sugieren otros factores que pueden desempeñar algún papel en el desarrollo del talento de los artistas que envuelven dedicación, entrenamiento y principalmente, la acumulación de un capital cultural, que sería el conocimiento adquirido y acumulado a lo largo de los años, que dependería del medio y del contexto en que la persona vive.

Sobre este aspecto, podemos citar la propia formación del celebrado músico Wolfagang Mozart. Leopold Mozart, padre de Wolfagang, era un músico talentoso que trabajaba como regente dentro de la corte de Salzburgo, Austria. En este contexto, podemos percibir que Mozart creció en un ambiente favorable para el desarrollo de la música (así como la mayoría de los entrevistados en nuestra investigación). Leopold se dedicó íntegramente en la educación musical del hijo, cuando éste demostró el interés por la música. Además, el hecho de trabajar en la corte posibilitó que Leopold enseñara a Mozart todos los 'códigos de conducta' que regían el universo del músico en este período histórico. Tal factor habría asegurado a Mozart cierta facilidad de locomoción entre las cortes, o sea, entre los nobles, lo que influenció su éxito durante un período de su vida.

Esta reflexión acerca del origen del talento de un artista es interesante cuando relacionamos el arte con la cuestión del ocio. A partir del momento que sacamos al artista del pedestal, dejando de verlos como seres "únicos y especiales", predestinados a realizar esa tarea, podemos aproximar el arte del resto de la población. Tal aproximación puede contribuir a erradicar las barreras que limitan la vivencia del contenido artístico de forma plena por el amplio conjunto de la sociedad teniendo en el momento del ocio una significativa oportunidad.

En la tercera cuestión, los entrevistados fueron indagados acerca de las principales dificultades en el desarrollo de la música como carrera profesional. Entre las dificultades enumeradas, se destaca la cuestión del estudio de la música en sí, como evidenciado en el discurso de uno de los entrevistados:

Es demasiado difícil, es muy ingrata [la profesión]. En las otras profesiones usted hace una universidad, comienza a trabajar en el área y correr detrás del salario, ahí hace una especialización. Música es cosa de una semana. Así pues, usted dejó de estudiar esa semana usted ya siente caer [el rendimiento] porque es muy mecánico. Dicen que es el 90% de transpiración y el 10% de inspiración, entonces es la jugada de todo el día tener que hacer, todo el día hacer lo mismo, estudiar música es muy aburrido. Esta jugada de repetición es increíble, es tipo como el gimnasio, tiene que hacer todo el día la misma cosa hasta encontrar el resultado. (Entrevistado 3)

Otro factor que fue destacado por varios entrevistados está relacionado a la falta de incentivo del gobierno para el desarrollo de la profesión, asociada a la dificultad de acceso a una formación de calidad en música:

Esta es difícil [...] es que esta pregunta puede tener varios ángulos, ¿usted habla del aprendizaje? [en el aprendizaje o incluso en la cuestión de trabajar con la música]. Trabajar con la música es como ya he dicho, creo que ese país es todavía muy crudo en relación a la música erudita, entonces esto es un problema, una dificultad, no tiene mucho soporte, está teniendo mucho proyecto que está empezando ahora, está ayudando pero es difícil, ahora cómo superar eso es tener que insistir, persistir implantar su idea en las personas, en los niños en los proyectos, es la vivencia. Ahora en el aprendizaje la principal dificultad es que para desarrollarse usted necesita estudiar mucho, dedicarse mucho. (Entrevistado 6)

"La falta de incentivo por parte del gobierno. Las dificultades enfrentadas para estudiar música en Brasil, existe una apreciación muy grande de los músicos que estudiaron en el exterior" (Entrevistado 1).

¿Las dificultades? Todas. Creo que la mayor dificultad que tenemos aquí en Brasil es que la gente no tiene una enseñanza. Ahora que está empezando una buena enseñanza para la música, pero al principio no tenía, entonces usted sufría mucho porque para estudiar con un buen profesor, yo tenía que tomar tren hasta el centro de São Paulo, entonces es muy complicado, para un alumno, para un niño es medio imposible. (Entrevistado 8)

El preconcepto enfrentado por la profesión también es citado como una dificultad para el desarrollo de la actividad:

Creo que la principal dificultad es el prejuicio que se tiene con la profesión, porque hay mucha gente que cree que la música no es profesión. Entonces no se da el debido valor que merece el área, así que creo que es más. Para superar, hay que existir en el entendimiento de las personas que música es cultura, es arte, es materia, también es educación. Entonces, cuando entienden eso, está bien, ahí supera esa dificultad. (Entrevistado 5)

Las situaciones vivenciadas por los entrevistados ilustran otra característica del serious leisure establecida por Stebbins (2004), que es la perseverancia necesaria para enfrentar las dificultades que eventualmente los músicos puedan ser sometidos durante el desarrollo de la actividad.

A continuación, al ser cuestionados si la remuneración en la práctica de la música es un factor decisivo para dedicarse a la actividad, la mayor parte de los entrevistados considera que sí. El principal motivo estaría relacionado al hecho de que, sin esta remuneración, el músico no podría dedicarse íntegramente a la actividad, necesitando de otras ocupaciones para proveer su sustento. El siguiente discurso ilustra este hecho:

"[...] si yo no fuera remunerado yo no podría estar actuando esas cosas, podría ser un hobby mío, pero no para dedicarse a la música" (Entrevistado 10)

Sin embargo, algunos entrevistados destacaron que al inicio de su implicación con la música de una forma más 'seria', la remuneración no era un factor decisorio, como descrito a continuación:

Hoy en día, pero al principio nunca fue, es la jugada de la investigación que usted habló, la gente comienza por placer, yo empecé a tocar en la iglesia y no tenía ningún dinero, pero después usted comienza a ganar un dinero aquí, otro allí, otro aquí, usted necesita estar más preparado que en otro trabajo, usted necesita dedicarse más en ese caso [...]. (Entrevistado 3)

Sólo dos de los encuestados apuntaron que la remuneración no es un factor decisivo para dedicarse a la música. La justificación de un entrevistado se presenta a continuación:

No es sólo por la remuneración porque en la música es así, al menos en mi opinión, el dinero no es lo más importante. En la música lo que importa es sentarse, tocar y emocionar a alguien, entonces el dinero es consecuencia. Yo trabajo porque me gusta enseñar a un estudiante y verlo tocando un día para alguien y hacer que esa persona llore, eso para mí es lo más importante. Si una persona en la platea llora para mí basta, no importa si yo gano 10 mil reales que ni la OSESP (Orquesta Sinfónica del Estado de São Paulo) gana, eso no importa para mí, creo que es sólo la parte emocional la más importante. (Entrevistado 8)

Hemos comprobado que las teorías propuestas en Stebbins (Gould, Moore, Mcguire & Stebbins, 2008) sobre el serious leisure están más de acuerdo con el discurso del Entrevistado 8, ya que la remuneración es el bien duradero de menor significancia dentro de este contexto. Sin embargo, para la mayoría de los entrevistados, es cierto que la remuneración es sí un factor decisivo para dedicarse a la música.

La quinta cuestión tuvo como objetivo identificar las actividades de ocio practicadas por los entrevistados en su tiempo libre. La canción aparece en 9 de las 10 respuestas. En relación a esta pregunta, los entrevistados cuestionaron varias veces si debían considerar sólo las actividades que no estaban directamente relacionadas con la música:

"¿Fuera de la música? [Puede haber música también]. Entonces, música, paseos, viajes y cine. La música siempre está en primer lugar en todo. Aunque no esté haciendo nada, estoy tocando" (Entrevistado 5).

Las actividades más citadas incluyen la frecuencia en conciertos, cines y teatros. También se citan los paseos y viajes, así como las actividades físicas como natación, artes marciales y academia. Entre todas las respuestas, uno de los entrevistados se destaca al apuntar la sociabilidad asociada a la práctica de la música.

Bueno, la gente va al concierto, ahí después la gente sale a tomar una. Primero va al concierto, después habla mal de los músicos por ahí. La música siempre está involucrada. Creo que la música tiene una jugada social muy fuerte, siempre estás interactuando, en una orquesta nunca hay un tipo solo, sin usted que está junto allí, usted tiene que interactuar con alguien. La cuestión de la interacción es muy fuerte, entonces usted siempre está conociendo a alguien nuevo [...]. (Entrevistado 3)

La música, vista bajo el prisma de los contenidos sociales del ocio, es un agente social vital para todos los que se relacionan con ella, sean ejecutantes, sean oyentes, compositores, alumnos y profesores de música, entre otros (Gonçalves, 2007).

El estudio de Iwasaki (2007) sobre músicos instrumentistas que actúan en la ciudad de São Paulo presenta elementos interesantes acerca de la cuestión de la sociabilidad establecida por estos individuos. Tal estudio tiene como escenario las diversas posibilidades ofrecidas en una metrópoli como São Paulo para el ejercicio de la práctica musical.

Para la autora

[...] la construcción simbólica del ocio, asociada al hecho de ejecutar la música instrumental, no está relacionada con la posibilidad de que los chicos toquen su estilo musical preferido, sino también la existencia de una red de sociabilidad característica de esta práctica cultural, que va más allá de la música y se extiende a los más diversos aspectos de la vida cotidiana, creando lazos de amistad y haciendo los encuentros musicales divertidos. El universo del joven instrumentista permite así, en un plano simbólico, asociar el ocio a la música instrumental. (Iwasaki, 2007, p. 174)

La situación retratada por la autora, así como el breve relato del entrevistado, ilustran la última característica del serious leisure: el mundo social específico, poseyendo sus propias normas, valores y creencias, a partir de la práctica de estos "entusiastas" durante años en la búsqueda de sus intereses.

 

Consideraciones Finales

Vimos que, en la concepción clásica Dumazediana, el ocio es clasificado como un conjunto de ocupaciones a las que los individuos pueden entregarse de libre voluntad, tras deshacerse de las obligaciones profesionales, familiares y sociales. Dentro de esta perspectiva, el ocio es visto como una esfera desvinculada de la esfera del trabajo.

Hay, sin embargo, ocupaciones, como la del músico, donde esta separación entre el ocio y el trabajo no se da de forma tan clara. Estas ocupaciones fueron estudiadas exhaustivamente por Robert Stebbins, que acuñó el término serious leisure para clasificar tales actividades.

El serious leisure está directamente relacionado con la cuestión de la dedicación del participante con la actividad. Un principiante para convertirse en un músico "serio", debe pasar por varias etapas de desarrollo. En cada etapa, los participantes acumulan cada vez más habilidades y conocimientos a través de la práctica y el estudio, haciéndolos más competentes y experimentados (Stebbins, 1992).

Cuando las habilidades y los conocimientos adquiridos permiten que los participantes sean considerados 'serios', en algunos casos, en la medida en que las oportunidades aparecen, algunos de ellos pueden salir de la condición de aficionados haciéndose de hecho profesionales.

Los datos recolectados en campo en la presente investigación concilian con los objetivos propuestos inicialmente. Entre los factores que motivaron la transformación de la música, inicialmente considerada como una actividad de ocio rumbo a una profesión, se destacan los factores de la remuneración y del placer generado por la actividad.

El placer proporcionado por la música fue citado por la mayoría de los entrevistados como uno de los motivos que los hacían identificarse con tal contenido cultural. La remuneración, en especial, es el factor que más influye en la elección de la música como profesión. La mayoría de los encuestados consideran la remuneración como un factor decisivo para dedicarse a la música. El principal motivo que justifica esta respuesta es que, sin esta remuneración, el músico no puede dedicarse íntegramente a la actividad, necesitando recurrir a otra ocupación para proveer su sustento.

En relación a las seis características del serious leisure propuestas por Stebbins (2004), todas fueron identificadas en los relatos de los entrevistados. Las que más se destacaron, sin embargo, fueron la perseverancia y el esfuerzo para obtener habilidades, ya que estos dos factores fueron los más recurrentes durante las entrevistas.

Aunque consideremos el pequeño muestreo adoptado en esta investigación, notablemente cualitativa, se infiere que por medio de este estudio fue posible un mejor entendimiento de la relación entre ocio y trabajo en la actuación de los músicos en la ciudad de São Paulo. Se concluye además que se hace necesaria la realización de estudios más detallados acerca del serious leisure para mejor comprenderlo ligado a la vivencia de diversos contenidos culturales de ocio en nuestra realidad contemporánea.

 

Referencias

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Gould, J., Moore, D., Mcguire, F., & Stebbins, R. (2008). Development of the serious leisure inventory and measure. Journal of Leisure Research, 40(1), 47-68. DOI: 10.1080/00222216.2008.11950132        [ Links ]

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Stebbins, R. (1992). Amateurs, professionals and serious leisure. Montreal: McGill-Queen's University Press.         [ Links ]

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Stebbins, R. (2004). Between work & leisure: The common ground of two separate worlds. New Piscataway: Transaction Publishers.         [ Links ]

 

 

Dirección para correspondência:
Thayara Santos
E-mail: thayara.borzani@gmail.com

Roberto Vico
E-mail: roberto.paolo.vico@gmail.com

Ricardo Ricci Uvinha
E-mail: uvinha@usp.br

Recebido em: 15/03/2019
Revisado em: 30/04/2019
Aceito em: 14/05/2019
Publicado online: 10/08/2019

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