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Revista Subjetividades

versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.19 no.3 Fortaleza set./dez. 2019

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i3.e9529 

RELATOS DE PESQUISA

 

Compreendendo o amor e suas expressões em diferentes etapas do desenvolvimento

 

Understanding Love and Its Expressions at Different Developmental Stages

 

Comprendiendo el Amor y sus Expresiones en Distintas Etapas del Desarrollo

 

En Comprenant l'Amour et ses Expressions dans Différents Étapes de Développement

 

 

Alana HoffmeisterI; Liana Müller CarvalhoII; Angela Helena MarinIII

IPsicóloga (Unisinos). Mestranda em Ensino na Saúde e pós-graduada em Psicopedagogia e Tecnologias da Informação e Comunicação e em Saúde Pública (Sanitarista). Universidade Federal do Rio Grande do Sul
IIGraduanda em psicologia na Universidade do Vale do Rio dos Sinos
IIIDoutora em psicologia (UFRGS) e especialista em terapia de casal e família (INFAPA). Professora do Departamento de Psicologia do Desenvolvimento e Personalidade - Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a percepção do amor, compreendendo como esse sentimento é vivenciado nas relações amorosas em diferentes etapas do desenvolvimento - adolescência, adultez e velhice. Utilizou-se um delineamento exploratório, de abordagem qualitativa e transversal. Foram selecionados por conveniência nove adolescentes, nove adultos e oito idosos, que estavam em um relacionamento amoroso há, no mínimo, seis meses. Todos responderam a uma entrevista semiestruturada, que versava sobre a percepção do amor e como era vivenciado em seu relacionamento. A análise de conteúdo dos dados indicou diferenças e semelhanças entre as etapas investigadas. Em todas elas o amor foi associado ao apoio, cuidado, respeito e confiança, bem como sua vivência evidenciada pela troca de carinhos. Especificamente na adolescência, os relatos apontaram para um amor com características mais efêmeras, porém os participantes destacaram que estavam aprendendo a se relacionar. Entre os adultos se evidenciou um amor caracterizado como sólido e maduro, além do compartilhamento de sonhos e planos para o futuro. Já os idosos relataram que percebiam o amor como cuidado, principalmente devido ao medo da perda do parceiro. Evidenciou-se que a forma como o amor é percebido e vivenciado não está relacionada especificamente à idade, mas às experiências de vida e à relação que se constrói com o/a parceiro/a. Espera-se que os resultados encontrados promovam a reflexão sobre o amor e suas vivências nos relacionamentos atuais e que sirvam de subsídio para fundamentar intervenções que tenham como objetivo fomentar a qualidade das relações afetivas.

Palavras-chave: amor; interação interpessoal; estágios de desenvolvimento.


ABSTRACT

This study aimed to investigate the perception of love, understanding how people experience this feeling in love relationships at different stages of development - adolescence, adulthood, and old age. We used an exploratory design with a qualitative and cross-sectional approach. Nine adolescents, nine adults, and eight elderly, who had been in a love relationship for at least six months, were selected for convenience. All responded to a semi-structured interview, which focused on the perception of love and how it was experienced in their relationship. Data content analysis indicated differences and similarities between the investigated steps. In all of them, love was associated with support, care, respect, and trust, as well as their experience evidenced by the exchange of affection. Specifically, in adolescence, the reports pointed to love with more ephemeral characteristics, but the participants pointed out that they were learning to relate. Among adults, there was a love characterized as solid and mature, as well as sharing dreams and plans for the future. The elderly reported that they perceived love as care, mainly due to the fear of losing their partner. It was evidenced that the way love is perceived and experienced is not specifically related to age, but to life experiences and the relationship that is built with the partner. It is expected that the results found promote reflection on love and its experiences in current relationships and serve as a basis for interventions aimed at fostering the quality of affective relationships.

Keywords: love; interpersonal interaction; stages of development.


RESUMEN

El presente trabajo objetivo investigar la percepción del amor, comprendiendo como este sentimiento es vivido en las relaciones amorosas en distintas etapas del desarrollo - adolescencia, adultez y vejez. Fue utilizado un delineamiento de exploración, de enfoque cualitativo y transversal. Fueron seleccionados por conveniencia nueve adolescentes, nueve adultos y ocho ancianos, que estaban en un relacionamiento amoroso con un mínimo de seis meses. Todos contestaron a una entrevista semiestructurada que se refería a la percepción del amor y como era vivido en su relacionamiento. El análisis de contenido de los datos indicó diferencias y similitudes entre las etapas investigadas. En todas ellas el amor fue asociado al soporte, cuidado, respeto y fiabilidad, así como su experiencia evidenciada por el cambio de cariños. Específicamente en la adolescencia, los informes indicaron para un amor con características más efémeras, sin embargo los participantes resaltaron que estaban aprendiendo a relacionarse. Entre los adultos se evidencio un amor caracterizado como sólido y maduro, además del intercambio de sueños y planes para el futuro. Ya los ancianos informaron que percibían el amor como cuidado, principalmente debido al medo de la pérdida del compañero(a). Se puso evidente que la forma como el amor es percibido y vivido no está relacionado específicamente a la edad, sino a las experiencias de vida y a la relación que se construye con la pareja. Se espera que los resultados encontrados promuevan la reflexión sobre el amor y sus experiencias en los relacionamientos actuales y que sirvan de subsidio para basar intervenciones que tengan el objetivo de fomentar la calidad de las relaciones afectivas.

Palabras clave: amor; interacción interpersonal; etapas del desarrollo


RÉSUMÉ

Cette étude a eu comme objectif d'étudier la perception de l'amour, en comprenant comment ce sentiment est vécu dans les relations amoureuses à différentes étapes du développement - l'adolescence, la vie adulte et la vieillesse. Une conception exploratoire avec une approche qualitative et transversale a été utilisée. Neuf adolescents, neuf adultes et huit personnes âgées, qui vivaient dans une relation amoureuse depuis au moins six mois, ont été sélectionnés. Ils ont tous répondu à un entretien semi-structuré, qui portait sur leurs perceptions de l'amour et sur la manière comment ils ont vécu dans leurs relations. L'analyse du contenu des données a révélé des différences et des similitudes entre les étapes étudiées. Dans toutes les ages, l'amour était associé au soutien, aux soins, au respect et à la confiance, ainsi qu'à leur expérience attestée par l'échange d'affection. Plus précisément à l'adolescence, les reportages indiquaient un amour avec des caractéristiques plus éphémères. Toutefois, les participants ont souligné qu'ils étaient en train d'apprendre à établir des relations. Parmi les adultes, il existait un amour caractérisé comme solide et mature, ainsi que des rêves et des projets d'avenir partagés. Les personnes âgées ont déclaré percevoir l'amour comme un soin, principalement en raison de la peur de perdre leur partenaire. Il a été démontré que la manière dont l'amour est perçu et vécu n'est pas liée spécifiquement à l'âge, mais aux expériences de la vie et à la relation qui se construit avec le partenaire. On espère que les résultats obtenus favoriseront la réflexion sur l'amour et ses expériences dans les relations actuelles et serviront de base aux interventions visant à renforcer la qualité des relations affectives.

Mots-clés: amour; interaction interpersonnelle; étapes du développement.


 

 

Como definir o amor? O tema é instigante e estudado em várias áreas de conhecimento. Entretanto, não há consenso sobre sua definição e entendimento. Na psicologia, o amor não era investigado até meados do século XX, pois, de acordo com Weis (2006), acreditava-se que tal sentimento não se constituía como um objeto que pudesse ser analisado cientificamente e, por isso, deveria ser considerado por outras áreas, como a filosofia. Entretanto, Maslow (1954) chamou a atenção para o fato de o amor ser central na vida das pessoas e que, portanto, deveria ser foco de estudos psicológicos.

Freud (1914/1987a, 1915/1987b) definiu o amor como sendo narcisista, pois partia da predisposição do ego de satisfazer autoeroticamente os seus impulsos, tendo como fonte de prazer outros indivíduos. Posteriormente, Skinner (1991) salientou que o amor ocorria a partir do condicionamento operante, no qual a continuidade ou não dos comportamentos estaria associada a suas consequências, ou seja, o amor seria um reforço mútuo de comportamentos. De modo distinto, Fromm (1966) aproximou a compreensão do amor à arte e afirmou que tal sentimento se caracterizava como uma atividade que requeria cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento.

Embora sejam muitas as possibilidades de entendimento sobre o amor, algumas teorias se destacam. Inicialmente, a teoria de Rubin (1970), que buscou diferenciar o amar e o gostar, teve importância, pois, a partir dela, foi firmado que o amor poderia ser conceituado e mensurado, o que deu suporte para que escalas para avaliação do construto fossem desenvolvidas e aprimoradas. Também há o modelo de Hatfield e Sprecher (1986), que caracteriza o amor como apaixonado e altruísta, mas é pouco comtemplado em estudos empíricos. Já a teoria conhecida como as cores do amor, de Lee (1973, 1974, 1977), tem sido referenciada em muitos estudos (Hernandez & Oliveira, 2003; Hernandez, Plácido, Araújo, Neves, & Azevedo, 2014; Martins-Silva, Trindade, & Silva, 2013). Ela compreende que, assim como as cores, o amor não seria visto apenas como preto e branco, pois é plural de significações. Assim, foram definidos três estilos primários de amor: Eros, Storge e Ludus. Em Eros as pessoas demonstram seu amor de forma intensa e rápida e se sentem atraídas quando encontram alguém que corresponde ao seu tipo físico de maior preferência; Ludos é determinado pelo amor sem compromisso, com a possibilidade de amar mais de uma pessoa de forma igual e concomitantemente; e Storge está relacionado aos parceiros que se conhecem primeiro como amigos, para só depois se relacionarem sexualmente. A possibilidade de combinação entre esses três estilos primários (Lee, 1973) formam outros seis, caracterizados como secundários, a saber: 1) Mania (Eros + Ludus), que se refere à manifestação do amor de forma exagerada e por meio do ciúmes, sendo irracional e dependente, uma vez que as pessoas querem amar, mas têm medo que o amor possa gerar sofrimento; 2) Pragma (Ludus + Storge), a partir do qual se busca um parceiro com características semelhantes: idade, classe social, escolaridade, entre outras; 3) Ágape (Eros + Storge), que envolve a dedicação ao próximo sem a necessidade de cobrança de cuidado mútuo; 4) predomínio Storge (Storge + Eros), amor voltado ao carinho e cuidado com o outro sem necessidade de intimidade sexual; 5) predomínio Ludus (Ludus + Eros), que se refere a facilidade de conhecer outras pessoas e experimentar tipos diferentes de relacionamentos, sem demonstrar sentimentos; e 6) predomínio Storge (Storge + Ludus), em que não há tendência a mudanças no cotidiano da relação com vistas a agradar ao parceiro/a, o que leva a um convívio prazeroso para ambas as partes.

Ainda há a teoria triangular do amor (Sternberg, 1986), que costuma ser bastante citada na atualidade (García, Zárate, & Sánchez, 2016; Hernandez, 2015; Schlösser & Camargo, 2014), inclusive no Brasil, principalmente em artigos que se propõem a mensurar os componentes considerados pela escala triangular do amor (Hernandez, 2015, 2016; Hernandez et al., 2014; Matsumoto, Ghellere, Cassep-Borges, & Falcão, 2017). O entendimento de amor da teoria triangular se apoia nos componentes intimidade, paixão e decisão/compromisso, os quais estabelecem os vértices de um triângulo. Sternberg (1986) esclarece que a intimidade seria a capacidade de entrega ao parceiro e disso surgiria, entre ambos, a valorização da relação, o respeito, a comunicação e, ainda, a felicidade proveniente desse convívio. A paixão estaria associada às relações mais carnais, como a atração física e sexual, e também ao romance. Já a decisão/compromisso se refere à decisão de estar com o parceiro e de amá-lo. Além disso, existe o desejo de que esta relação se conserve ao longo dos anos. Para Sternberg (1989), o amor completo seria formado pelo arranjo entre os três componentes, já as variações com apenas dois componentes indicariam outras maneiras de amor na relação. Por exemplo, a combinação entre intimidade e paixão se refere ao amor romantizado, em que, mesmo que queiram estar juntos, os parceiros acabam não demonstrando certeza desse desejo. A intimidade e decisão/compromisso resultam em um amor companheiro, no qual mesmo que os parceiros não sintam mais desejos sexuais um pelo outro, ainda se mantêm à vontade permanecendo juntos. Por fim, a paixão com decisão/compromisso seria um amor fomentado pelos desejos sexuais, estando presente a aspiração de que a união seja duradoura.

Mais recentemente, o amor tem sido entendido como demonstração de confiança recíproca e da entrega entre um casal (Honneth, 2015). Também têm se discutido novas formas de relação mediadas pelas tecnologias da informação, caracterizando o amor como egoísta e individualista, pautando relações que visam a satisfação rápida de interesses próprios (Paura & Gaspar, 2017). Tal evidencia corrobora o indicado por Bauman (2003), que alerta para fluidez, instabilidade e efemeridade dos relacionamentos atuais, priorizando-se, assim, a quantidade ao invés de sua qualidade. Portanto, vive-se um momento em que esse sentimento tem sido questionado e reinventado, e é dessa perspectiva que parte o questionamento sobre como ele é percebido e vivenciado nas relações em diferentes momentos do desenvolvimento, desde a adolescência, quando se costuma ter as primeiras experiências amorosas, passando pela adultez e chegando à velhice.

Estudos realizados no Brasil, nos últimos anos, envolvendo diferentes etapas da vida ainda são poucos, embora autores tenham destacado a sua importância (Antonucci, Akiyama, & Takahashi, 2004). Em geral, eles estão focados em etapas especificas, avaliando, por exemplo, a percepção do amor por crianças (Alves, Alencar, & Ortega, 2014) ou por adolescentes (Costa & Fernandes, 2012), o compromisso nos relacionamentos entre adolescentes, diferenciando o namorar e o 'ficar' (Araújo, 2011; Jesus, 2005; Oliveira, Gomes, Marques, & Thiengo, 2007), e as modificações do amor ao longo do ciclo vital adulto (Hernandez, Costa, Ribeiro, Areias, & Santos, 2015). Também se encontram pesquisas com foco em migração por amor, casamentos interculturais e gênero (Assunção, 2016), além de o tema tangenciar outras discussões em investigações sobre satisfação ou qualidade conjugal (Rizzon, Mosmann, & Wagner, 2013).

Com vistas a avaliar distintas etapas do desenvolvimento, localizou-se um estudo realizado em Portugal, o qual buscou entender como jovens e adultos conceituavam e vivenciavam o amor nas relações de intimidade, utilizando-se de uma abordagem qualitativa (Dias, Machado, Gonçalves, & Manita, 2014). Já no contexto nacional, em especifico, encontrou-se um estudo que buscou avaliar o amor e sua relação com beleza e satisfação conjugal, comparando casais jovens adultos e de meia-idade (Matsumoto et al., 2017). Frente ao exposto, o objetivo do presente estudo é investigar a percepção do amor, compreendendo como esse sentimento é vivenciado nas relações amorosas em diferentes etapas do desenvolvimento - adolescência, adultez e velhice.

 

Método

Delineamento e Participantes

O estudo se caracteriza por ser exploratório, de abordagem qualitativa e transversal, do qual participaram três diferentes gerações, vivendo momentos distintos do desenvolvimento: nove adolescentes1, com idade entre 12 e 18 anos (M =15,5 anos); nove adultos2, com idade entre 19 e 59 anos (M = 35,3 anos); e oito idosos3 (M = 70 anos), com idade igual ou superior a 60 anos, todos selecionados por conveniência e indicação. Portanto, fizeram parte deste estudo 26 participantes, sendo que todos estavam em um relacionamento amoroso, hétero ou homossexual, constituído a mais de seis meses.

O tempo de relacionamento foi definido considerando a importância de um período mínimo de convivência em que a paixão já tivesse sido vivida, evitando, assim, percepções idealizadas sobre o amor (Sternberg, 1997). Na Tabela 1 são apresentadas as características sociodemográficas dos participantes deste estudo, separados por etapa desenvolvimental.

Instrumentos

Foi utilizada uma entrevista semiestruturada para os três grupos de participantes (adolescentes, adultos e idosos). Esse instrumento foi constituído por tópicos de discussão que abordavam a percepção do amor e sua vivência nas relações afetivas, entendidas como um padrão contínuo de interação entre dois indivíduos que reconhecem alguma conexão entre si.

Procedimentos Éticos e de Coleta de Dados

Inicialmente, foi feito um contato por telefone, e-mail ou presencial com os adolescentes, adultos e idosos da rede de contatos da pesquisadora que residiam na região metropolitana de Porto Alegre/RS. A indicação de novos participantes aconteceu ao longo das primeiras entrevistas realizadas. Àqueles que tiveram interesse em participar foi explicado sobre a pesquisa e agendado um horário em sua residência ou outro local de preferência, quando assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ou o Termo de Assentimento, e responderem à entrevista semiestruturada. Os pais ou responsáveis pelos adolescentes também assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando-os a participarem. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas. Este estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos; Projeto n.° CEP 15/261), a fim de cumprir e garantir a adequação dos procedimentos éticos, conforme orienta a Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.° 466/2012.

Procedimentos para Análise de Dados

Os dados derivados das entrevistas foram examinados por meio da análise de conteúdo qualitativa (Bardin, 1977), adotando o modelo de categorias temáticas. Nesse modelo, foram preconizados os seguintes passos: a) pré-análise, que abarcou a organização dos dados, na qual foi realizada a leitura flutuante, a formulação dos objetivos, a elaboração de indicadores e a preparação do material; b) exploração do material, que consistiu essencialmente na sua codificação; e c) tratamento dos resultados, quando se realizou a inferência e a interpretação dos dados, atribuindo-lhes significados.

As categorias foram criadas a posteriori e contemplaram a percepção do amor e suas vivências em diferentes etapas do desenvolvimento. Para o cálculo da concordância, dois juízes classificaram, separadamente, todas as falas, levando em consideração as categorias avaliadas em cada etapa considerada. Os itens nos quais não houve concordância entre os juízes eram reavaliados por um terceiro juiz, tendo como intuito confirmar a autenticidade teórica dos dados. Para os dados dos adolescentes, obteve-se 95,12% de concordância; para os adultos, alcançou-se 89,29% e, para os idosos, 94,44%, que são índices considerados excelentes, segundo Robson (1995).

 

Resultados

As categorias, bem como as subcategorias, obtidas a partir da análise das entrevistas, buscaram contemplar a percepção do amor nas diferentes etapas da vida, assim como a vivência desse sentimento. Para atender aos objetivos do presente estudo, foram estabelecidas três categorias e delas foram derivadas subcategorias, conforme está exposto na Tabela 2.

Abaixo, apresenta-se a definição de cada subcategoria e algumas vinhetas ilustrativas. Para a melhor compreensão dessas vinhetas, as falas foram separas por participante, representadas pela letra P e um número (exemplo: P1 = Participante 1). Além disso, logo após o número do participante, foi incluída a sua idade, para diferenciar as etapas de desenvolvimento consideradas.

 

Percepção do Amor

Adolescentes

A percepção do amor entre os adolescentes foi refletida nas seguintes subcategorias: a) amor como aprendizagem; b) amor como sentimento de confiança/respeito; c) amor como carinho/proteção; e d) amor como algo inexplicável. Na subcategoria amor como aprendizagem foram reunidas as falas que compreenderam o amor como um sentimento que é aprendido no cotidiano: "amar é entender o que o outro quer dizer, é aprendizagem diária." (P5, 15 anos). Nesta subcategoria também foram contempladas falas que relataram as aprendizagens com o parceiro: "a gente tem aprendido tudo junto e isso é a maior demonstração do que é o amor." (P18, 14 anos); "no amor, com o tempo, aprendemos a conviver com o jeito de cada um." (P4, 16 anos).

A subcategoria amor como sentimento de confiança/respeito abarcou as falas que representaram o amor vinculado à confiança tanto no parceiro quanto na relação afetiva: "é como aquela música do Nando Reis, é quase um 'sentir sem conseguir provar'. Amar é isso, tu precisa confiar que a pessoa também te ama pra dar certo!" (P2, 15 anos); "se tiver respeito e confiança, pra mim, já é amor. Odeio quem fica duvidando e com ciúmes" (P16, 13 anos). Além disso, nesta subcategoria, também se incluíram as falas sobre o amor como respeito pelo parceiro: "amar é estar junto, mas saber até onde vai o limite do outro, mesmo querendo experimentar tudo." (P2, 15 anos); "amor é quando ambas as partes se entendem e se respeitam." (P4, 16 anos).

Na subcategoria amor como carinho/proteção foram incluídas as falas que evidenciaram o amor como ações e sentimentos de carinho com o parceiro: "eu tô falando de amor e amor é muito mais que transar, beijar, tocar. Amor vai além disso! Não que não tenha desejo, mas é diferente. Eu quero beijar pra poder sentir a pessoa, sentir o que ela está me passando. Sentir carinho! Muito mais que atração." (P3, 16 anos). Essa subcategoria também comtemplou a percepção de proteção: "é querer sempre o melhor, sempre vê-lo bem, protegido, ajudar em qual for a situação." (P5, 15 anos).

A subcategoria amor como algo inexplicável, por sua vez, se referiu ao amor como não podendo ser explicado ou expresso por meio da fala ou de palavras: «é mais fácil sentir do que falar o que se pensa sobre esse sentimento.» (P٢, ١٥ anos); «amor é algo além do explicado, do que pode ser dito em palavras. Algo simples, mas que envolve muitos sentimentos comprimidos em uma só palavra." (P٤, ١٦ anos).

Adultos

A percepção do amor entre os adultos foi retratada nas subcategorias: a) amor como aprendizagem/conhecimento; b) amor como comprometimento/confiança; c) amor como respeito/aceitação; e d) amor como cuidado/proteção. A primeira subcategoria, amor como aprendizagem/conhecimento, incluiu as falas que evidenciaram o amor como um sentimento que é tido como um aprendizado com o outro: "é uma questão de aprendizado, o que um sabe o outro pode saber menos. O amor é complementar!" (P1, 21 anos). Ainda se destacou a importância do conhecimento do parceiro por meio do tempo de convívio: "é a experiência de saber que o outro é diferente de ti em muitas coisas e mesmo assim, tolerar o jeito do outro. Isso só se aprende com o tempo na minha opinião. Só amamos de verdade aquilo que conhecemos." (P10, 48 anos).

A segunda subcategoria, amor como comprometimento/confiança, foi representada pelas falas que evidenciaram o amor como confiança tanto no parceiro quanto na relação afetiva: "o comprometimento com o outro melhora a sincronia do casal." (P6, 23 anos). Ainda nessa subcategoria, houve referência ao amor como comprometimento com os sentimentos e com a relação: "o amor vai dar sustento para a confiança, comprometimento e a compreensão se desenvolverem no relacionamento. É um sentimento que 'rega' o jardim da relação." (P9, 26 anos).

A subcategoria amor como respeito/aceitação englobou as falas que compreenderam o amor como respeito nas ações e nas atitudes com o parceiro e a aceitação do outro: "você só ama alguém se consegue aceitar o que ela tem a oferecer, tanto as qualidades quanto os defeitos." (P1, 21 anos). Os adultos também remeteram ao amor ações e sentimentos de cuidado e proteção, tanto com o parceiro quanto com a relação afetiva, o que foi evidenciado na quarta subcategoria, amor como cuidado/proteção: "encontramos o amor até mesmo em discussões tentando melhorar um ao outro, como se a discussão fosse uma espécie de cuidado, tentando proteger a relação. Amar é isso, é cuidado com a relação, cuidado de como falar o que se está sentindo, o que está machucando, causando algum mal na relação." (P7,42 anos).

Na subcategoria amor como dor/sofrimento foram evidenciadas falas que remetem a dor e sofrimento como características para descrever o amor: "amor não é só coisa boa, tem coisa ruim também, tem sofrimento, tem ciúmes. Não é fácil lidar com ciúmes doentio! Amor é medo de perder, vontade de sumir, às vezes, de abandonar tudo. Amor é resistência, todo dia, resistir àquilo que não nos agrada, que nos machuca no outro. Sabe que, muitas vezes, eu poderia amar mais, mas tenho medo de sofrer, de me machucar, de machucar o outro. Isso deve ter relação com o amor também." (P22, 43 anos); "amor é fogo! Tem vezes que quase tem que chamar os orixás [risos]. Verdade, amor é briga, é falar o que pensa pro outro e isso nem sempre é prazeroso. Amor é reconhecer que se tem medo de errar, que é desconfortável, que dói, que arde [risos]. A gente briga bastante, têm dias que um sai pra cada lado e não quer nem se ver, mas faz parte do amor. Isso é amor sincero, se tiver muito bom todos os dias, 24 horas, não é amor, é falso!" (P20, 37 anos).

Idosos

Fazem parte da percepção do amor entre os idosos, as subcategorias: a) amor como comprometimento/confiança; b) amor como respeito/aceitação; e c) amor como carinho/ proteção/cuidado. Na primeira subcategoria, amor como comprometimento/confiança, foram inseridas as falas que conceituaram o amor como confiança tanto no parceiro quanto na relação afetiva: "é um sentimento de cumplicidade e compreensão, mas, acima de tudo, amor é confiança. Isso é fundamental!" (P11, 68 anos). Esta subcategoria também contemplou a concepção de amor como comprometimento com os sentimentos e com a relação: "é um sentimento com o qual é preciso se comprometer; amar acima da desconfiança. É preciso acreditar no que teu parceiro está te contando!" (P14, 71 anos).

A subcategoria amor como respeito/aceitação se referiu ao amor como respeito nas ações e atitudes com o parceiro, além da aceitação do outro: "amor é respeito mútuo, respeitar o que o outro gosta e quer fazer." (P11, 68 anos); "o amor também é saber perdoar e conviver com pequenas diferenças." (P13, 60 anos); "é preciso tolerar o outro, entender que somos diferentes e precisamos que cada um possa ser respeitado, do jeito que é. Isso é amor!" (P14, 71 anos).

A subcategoria amor como carinho/proteção/cuidado considerou o amor como ações e sentimentos de cuidado e proteção, tanto com o parceiro quanto com a relação afetiva: "depois de 32 anos juntos, um abraço e uma massagem nos momentos não tão bons, só pode ser amor!" (P25, 84 anos); "amor é um cuidado bobo, aquele que já é da rotina: ajudar a escolher a roupa, evitar que pegue frio sem casaco." (P23, 76 anos).

 

Vivências do Amor

Adolescentes

A vivência do amor entre os adolescentes foi abordada a partir das subcategorias: a) apoio e cuidado; b) troca de carinhos; e c) conhecimento de si e do outro. A subcategoria apoio e cuidados se refere à vivência do amor por meio de cuidado e apoio com o parceiro: "quando recebo cafuné, principalmente quando estou com dor de cabeça." (P4, 16 anos); "quando podemos contar um com o outro. Tenho alguns problemas em casa e ela sempre me dá força!" (P3, 16 anos).

A vivência do amor por meio da troca de carinhos se refere a gestos e atitudes que expressam carinho entre os parceiros: "vivencio o amor todos os dias na hora de perdoar, desde os motivos menores até os mais graves. No abraço apertado, no carinho." (P5, 15 anos); "quando olhamos filme juntos. Quando ela está na TPM e eu consigo, às vezes, entender, fazendo um carinho, dando um beijo ou um abraço." (P2, 15 anos). Por fim, a importância de conhecer a si mesmo e ao outro está representada na subcategoria conhecimento de si e do outro, associada aos relatos em que a vivência do amor foi reconhecida como um exercício de conhecimento próprio e do parceiro: "é quase impossível querer conhecer e amar o outro sem conhecer a si próprio primeiro. Tento mudar aquilo que não tá legal quando a gente se encontra e deixar em evidência as coisas boas, que nós dois temos, mas, muitas vezes, por causa de bobagens, deixamos de lado." (P1, 17 anos); "Muitas vezes eu erro, mas eu tento aprender com esses erros. Se eu vejo que ela não gosta, eu não faço mais ou então tentamos conversar." (P2, 15 anos).

Adultos

A forma como o amor é vivenciado entre os adultos participantes se traduziu nas subcategorias: a) apoio e cuidado; b) troca de carinhos; c) conhecimento do outro; d) compartilhamento de projetos/sonhos; e) compreensão e respeito. Na subcategoria apoio e cuidado foram representadas as vivências de amor percebidas pelos adultos como uma forma de carinho e cuidado na relação: "querer cuidar do outro como a si mesmo e vice-versa." (P9, 26 anos); "acredito que quando recebo ou faço uma sopa quentinha quando fica frio ou quando ele se preocupa se estou bem ou me dá um abraço de bom dia." (P20, 37 anos).

Na segunda subcategoria, troca de carinhos, evidenciaram-se as falas que denotavam as vivências do amor como troca de carinho entre os parceiros: "o amor precisa ser vivenciado da melhor forma: abraçando, trocando carinhos, dividindo afazeres, dividindo as dívidas e as agonias. Claro que, às vezes, não é tudo perfeito. Perfeição no amor, é ilusão!"(P7,42 anos); "na hora que vamos dormir e eu encosto meus pés gelados nos pés dele quentes e ele não reclama e me acolhe para me esquentar. Isto pra mim é como um 'eu te amo' sem palavras." (P10, 48 anos).

A vivência do amor como compartilhamento de projetos/sonhos foi contemplada na terceira subcategoria: "quando nos relacionamos com alguém que realmente amamos, passamos a incluir ela nos nossos planos, sejam quais forem. Já é uma questão de medir as possibilidades e saber que dois pensam muito melhor do que um. Além disso, obviamente, nada mais parece ter o mesmo sentido sem que seja compartilhado com o seu parceiro." (P15, 21 anos). Conhecer o outro foi a quarta subcategoria identificada, que incluiu relatos sobre a importância de conhecer o parceiro: "pra ter amor precisa ter experiência, viver e conhecer a outra pessoa. Para conhecermos a outra pessoa, vamos precisar aprender a lidar com o que vem do outro." (P7,42 anos); "sinto paz perto dele e quanto mais conheço ele mais em paz eu fico por saber que nos completamos com nossas diferenças e semelhanças." (P10, 48 anos).

Na subcategoria compreensão e respeito, foram contempladas as falas sobre as ações e atitudes de respeito entre os parceiros: "nos momentos em que, apesar de ser difícil entender algumas questões um do outro, se busca compreensão e respeito." (P9, 26 anos). Ainda foi relatada a capacidade de tentar sentir o que o parceiro está sentindo, colocando-se em seu lugar: "quando divergimos nas opiniões, tentamos entender o outro, compreender o que ele está sentindo naquele momento, nos colocando no lugar dele e pedindo desculpas quando erramos." (P6, 23 anos); "desenvolver a empatia pelo seu companheiro é tudo na vida. Também é uma das coisas mais difíceis num relacionamento." (P8, 52 anos).

Idosos

A vivência do amor entre os idosos foi representada pelas subcategorias: a) apoio e cuidado; b) troca de carinhos; e c) compartilhamento de emoções e sentimentos. A primeira subcategoria, apoio e cuidado, denotou as vivências de apoio e cuidado na relação entre os parceiros: "quando saímos juntos andando um do lado do outro, quando percebo que sou protegido por ela, quando ela me coloca do lado da calçada por medo de que um carro me atropele" (P12, 81 anos); "pode parecer bobo, mas eu ainda gosto de fazer uma salmoura pra ele lavar os pés, todos os dias, à noite. Eu cuido do meu 'véinho'." (P26, 73 anos); "na velhice, acho que as pessoas se preocupam mais com o bem-estar de seu parceiro, pois o casal fica sozinho e precisa mais da companhia um do outro." (P13, 60 anos).

A vivência do amor por meio da troca de carinhos entre os parceiros no relacionamento amoroso foi encontrada na segunda subcategoria: "notamos pelos abraços quando acordamos, pelo beijo, porque 'vô' também beija [risos], e pelo carinho e cuidado um pelo outro." (P12, 81 anos); "quando trocamos carinho, atenção, olhares e não precisamos de palavras para expressar o amor." (P13, 60 anos).

Já as vivências do amor como compartilhamento de emoções e sentimentos foram contempladas na terceira subcategoria: "quando ficamos velhos, têm muitos sentimentos num relacionamento idoso sendo divididos: o medo de perder a parceira, o medo da morte. Já não dividimos sonhos, mas algumas angústias da vida." (P11, 68 anos); "compartilhamento de todas as minhas emoções, os meus medos. São 44 anos de convivência!" (P13, 60 anos).

O Amor nas Diferentes Etapas da Vida

Por fim, e de forma distinta das demais categorias temáticas, esta abarcou os relatos de como os participantes, das diferentes etapas do desenvolvimento, percebiam o amor em cada uma das etapas consideradas neste estudo.

Amor na etapa da adolescência

Para a etapa da adolescência foram encontradas as subcategorias: a) amor como sentimento passageiro; e b) amor como descoberta de si e do outro. A primeira delas, amor como sentimento passageiro, representou um amor efêmero: "acho que um 'amor de adolescente' é algo passageiro e não enraizado." (P2, 15 anos); "na adolescência, é muito comum o amor ser confundido com uma paixão, que é mais intensa e passageira, ou com amizade, mas isso não quer dizer que esse tipo de situação não ocorra nas outras etapas da vida." (P9, 26 anos); "na adolescência, se é movido por situações e por experiências novas. Ama-se muitas pessoas e cada dia se tem uma opinião. O que agradou ontem, já não agrada hoje, e muito menos amanhã." (P8, 52 anos). Já na subcategoria amor como descoberta de si e do outro, retratou-se o amor como a busca por autoconhecimento, além da descoberta do outro na relação: "na adolescência, o amor é um frenesi de novas descobertas, que divide espaço com o nosso próprio momento de autoconhecimento e o conhecimento do outro." (P1, 21 anos); "os jovens pensam mais em si do que no parceiro. Penso que ainda estão aprendendo." (P26, 73 anos).

Amor na etapa da vida adulta

Para a etapa da adultez foram encontradas as subcategorias: a) amor como confiança; e b) amor como maturidade emocional. Quanto à subcategoria amor como confiança, o amor foi representado como um sentimento de confiança tanto no parceiro quanto na relação afetiva: "os adultos já são mais espertos, eu acho; eles já sabem muitas coisas, como quando podem confiar em alguém. A gente tá aprendendo." (P3, 16 anos). Como segunda subcategoria esteve o amor como maturidade emocional, que reuniu falas que indicaram formas de lidar com as emoções decorrentes do convívio mais maduro: "amor de adultos é um amor onde se passa por várias aprendizagens e se cria realmente o amadurecimento, passando por momentos difíceis. Quando se vê que o amor realmente não é só para momentos bons e para diversão." (P5,15 anos); "na fase de adultos, ama-se com mais intensidade e com mais responsabilidade, mas as preocupações e a conveniência têm muito poder sobre o que é sentido." (P8, 52 anos); "na vida adulta, o amor vem de uma forma mais madura, estando ligado às aspirações individuais e ao estabelecimento de laços consistentes. Há o interesse de ambos em dividir uma vida." (P1, 21 anos).

Amor na etapa da velhice

Para a etapa da velhice, identificaram-se as subcategorias: a) amor como solidez dos sentimentos; e b) amor conformado. O amor como solidez dos sentimentos se referiu ao amor associado aos sentimentos de segurança e estabilidade: "na velhice, o amor se mostra como a maior prova de todas, pois nesta etapa não restarão muitos atributos à relação e o que dará sustentação para ambos seguirem até o final de suas vidas. É a solidez do que sentem um pelo outro." (P11, 68 anos); "é um amor mais firme e seguro, sem ciúmes ou medos." (P5, 15 anos); "acho que o amor na velhice é melhor. Com o tempo juntos fica um amor mais amigo, sem tanta cobrança." (P21, 31 anos).

Já a subcategoria amor conformado, na qual foram reunidas as falas que indicaram que os parceiros estavam conformados com a escolha que fizeram em relação ao parceiro e à vida que compartilharam juntos: "na velhice, quando temos mais equilíbrio e já sabemos fazer melhor algumas escolhas, não dá mais tempo. Temos, então, que equilibrar o nosso amor, saber conviver com aquilo que escolhemos, errado ou não." (P14, 71 anos).

Para além das categorias e subcategorias abordadas, também foi encontrado em comum, entre as diferentes etapas, relatos que pontuavam que não há uma diferenciação em relação ao amor, mas particularidades no modo e no jeito de amar, como expresso na fala dos adolescentes: "no sentimento, não sei se tem diferença, mas no jeito de amar, na forma de fazer, isso, com certeza, muda!" (P3, 16 anos); "olha, acredito que tenha diversas formas de amar. O sentimento pode até ser o mesmo, mas as formas de amar acabam sendo diferentes, dependendo da faixa etária." (P4, 16 anos). Nesse mesmo sentido, os participantes adultos e idosos também acreditavam que o amor dependia da forma como era construído a partir das vivências e de novas experiências de vida, no dia a dia: "acredito que, ao longo da vida, vamos construindo nosso entendimento sobre o amor, porém isso não está relacionado à idade, mas, sim, a quantidade de vivências e experiências que temos durante a vida. Acredito que o amor é algo que muda com o tempo, e que o nosso entendimento sobre o amor é construído de acordo com nossas vivências e experiências pessoais e sociais." (P6, 23 anos); "ninguém ama da mesma forma, mas não sei se tem a ver com idade! Tem mais a ver com experiência mesmo. Tem jovem mais experiente no amor do que eu [risos]!" (P12, 81 anos).

 

Discussão

Frente aos resultados, constatam-se diferenças e semelhanças em relação à percepção e a vivência do amor entre as distintas etapas do desenvolvimento investigadas. Na adolescência, os relatos sobre o amor apontaram para um sentimento entendido como efêmero e descomprometido. Esse momento do desenvolvimento pode ser caracterizado como uma fase em que muitas mudanças acontecem e os sentimentos e emoções tendem a ser de mais difícil compreensão (Costa & Fernandes, 2012). Em função disso, parece haver menor comprometimento nos relacionamentos amorosos (Bielski & Zordan, 2014). Tal aspecto justifica-se pelo fato de os adolescentes estarem aprendendo como se relacionar (Costa & Fernandes, 2012).

Nesse sentido, alguns estudos (Araújo, 2011; Jesus, 2005; Oliveira et al., 2007) retrataram como os adolescentes diferenciavam o 'ficar' e o 'namorar'. O 'ficar' seria justamente esse amor sem compromisso e passageiro, tendo como característica a superficialidade nas relações. Tal entendimento remete ao modelo das cores do amor (Lee, 1973), especialmente ao estilo primário, Ludus, caracterizado pela falta de compromisso e não comprometimento. Já o namoro foi associado ao amor, à confiança, ao compartilhar sentimentos, a manter um relacionamento sério, que representaria um compromisso mútuo (Jesus, 2005). Dessa forma, o 'ficar' seria o primeiro passo para o namoro, que se estabeleceria à medida que os adolescentes amadurecem.

Além disso, quanto ao amor na adolescência, existem alguns estudos que focalizaram a investigação do amor romântico (Andrade & Garcia, 2014; Dias et al., 2014; Junqueira & Mello, 2012). Contudo não se constatou a vivência desse sentimento como idealizado e sofrido entre os relatos dos participantes adolescentes. Pelo contrário, observou-se que havia o entendimento de um sentimento que se aprendia e que requeria confiança e respeito, além de carinho e proteção. Nesse sentido, chama a atenção o fato de os adolescentes entrevistados terem demostrado um posicionamento que pode ser considerado maduro, o qual pode ter relação com o maior tempo do relacionamento amoroso estabelecido.

Já na vida adulta e na velhice o comprometimento foi relatado como um dos fundamentos do amor. O compromisso, para Sternberg (1997), é um dos componentes do amor, considerando que, a partir dele, os parceiros acordam manter a relação mesmo após uma crise ou uma briga. Além disso, os adultos perceberam o amor como aprendizagem, respeito/aceitação e cuidado/proteção. O planejamento do futuro com o outro, assim como ter propósitos e sonhos em comum, vai dando sentido ao amor que está se construindo, pois ultrapassa o pensar apenas no momento presente, visando o estabelecimento de uma relação duradoura e compatível com a realização de metas e projetos de vida (Pretto, Maheirie, & Toneli, 2009). Como vivências de amor, ainda estiveram presentes o apoio e o cuidado, a troca de carinhos, o conhecimento do outro, a compreensão e o respeito. Além disso, a etapa da vida adulta foi a única a relacionar o amor ao sofrimento ou dor. Nesse sentido, associa-se esse entendimento com a teoria de Lee (1973) quando se refere a Mania (Eros + Ludus), na qual o amor acontece por meio do ciúme. Dessa forma, as pessoas querem amar, mas têm medo que esse amor possa gerar sofrimento.

Os idosos, por sua vez, relataram que compartilham o medo da perda do parceiro e percebem o amor como uma forma de apoio e cuidado com o outro. De acordo com Norgren, Souza, Kaslow, Hammerschmidt, e Sharlin (2004), o relacionamento amoroso está mais associado à saúde e à qualidade de vida nos anos de maturidade e velhice. Tal sentimento se aproxima da definição de amor companheiro (Hatfield, 1988), a partir da qual os parceiros aprendem semelhanças e diferenças na forma de pensar e agir e sentem vontade de se apresentar um ao outro, compartilhando segredos, fraquezas e esperanças. Seria por meio dessas trocas que ter-se-ia a possibilidade de maior conhecimento e confiança na relação, além de um mais cuidado, evitando perder o/a parceiro/a.

Na etapa da velhice costuma-se não idealizar o outro, não exigir mudanças na forma como se é, ou mesmo em seus comportamentos, o que vai ao encontro do respeito e aceitação que os participantes sinalizaram. Almeida e Lourenço (2008) acrescentam que, geralmente, nas relações entre idosos, destacam-se o companheirismo, carinho, tranquilidade e convivência, que possibilitam aceitar a experiência que o parceiro traz consigo para a relação. Dessa forma, caracteriza-se, também, o amor conformado, que se refere ao hábito de costume e adaptação à escolha feita do/a parceiro/a de vida.

Por outro lado, destaca-se a vivência do amor como troca e compartilhamento de emoções e sentimentos entre os idosos. Tal dado corrobora a pesquisa de Matsumoto et al. (2017), que indicou maior satisfação conjugal entre casais de meia idade em comparação aos casais jovens. Atualmente, importante atenção deve ser dada às relações conjugais na velhice, considerando o relevante aumento na expectativa de vida da população brasileira, contudo observa-se que o foco dos estudos tem sido em questões da sexualidade (Rozendo & Alves, 2015).

Faz-se interessante destacar que a vivência da sexualidade foi pouco relatada como associada ao amor em comparação a troca de carinhos, mencionada como uma vivência de amor na relação por adolescentes, adultos e idosos. Para Lee (1973), o quarto estilo secundário da teoria das cores do amor, que integra Storge + Eros, com predomínio Storge, remete aos sentimentos e ações de carinho e cuidado com o parceiro, muito mais que a intimidade sexual, o que vai ao encontro dos resultados deste estudo. Os participantes associaram o amor a um abraço apertado, um beijo, um olhar, sem necessariamente ser uma troca de carinho relacionada ao sexo ou ao desejo sexual. Apoio e cuidado também foram expressos como vivências do amor em todas as etapas. Além disso, na adolescência e adultez, esteve presente o conhecimento do outro. Portanto, as relações amorosas parecem estar relacionadas com os sentimentos expressos no cotidiano, como carícias diárias, carinhos e gestos, que podem representar a intimidade, sem necessariamente ser um ato sexual, mas uma forma de reconhecimento mútuo (Honneth, 2015). Ademais, a intimidade tem sido considerada um sentimento de proximidade, muito mais do que um elo sexual (Hernandez et al., 2015), algo que une por meio da dedicação e da afeição, experienciadas em ações como ter consideração, admiração, compreensão, além de confiar e transmitir confiança, ser apoio emocional um do outro, comunicar-se e ser companheiro, questões que foram destacadas nas entrevistas dessa faixa etária.

Por fim, evidenciou-se que o amor não está relacionado essencialmente à idade, mas às distintas formas de amar, às experiências que se tem ao longo da vida e à relação que vai se construindo com o parceiro. Tais dados corroboram a literatura, uma vez que o amor é considerado como um sentimento intenso (Almeida & Lourenço, 2008), podendo ser descoberto e vivenciado em qualquer etapa. Para Almeida e Lourenço (2008), amar não é uma condição apenas dos jovens, uma vez que não há idade para que os desejos e sentimentos se manifestem, então o amor pode ser compreendido como ir ao encontro do outro (Simmell, 1993), permitindo que esse também possa se aproximar, compartilhar ou construir uma forma de se relacionar.

 

Considerações Finais

Ressalta-se que a presente pesquisa apresentou dados relevantes, pois são muitos os estudos brasileiros que investigaram o amor (Araújo, 2011; Costa & Fernandes, 2012; Pretto et al., 2009; Schlösser & Camargo, 2014), mas poucos aqueles com foco na percepção ou nas vivências do amor nas relações amorosas considerando distintas etapas do desenvolvimento. De modo geral, evidenciou-se o quanto o amor está associado ao verbo amar, uma vez que o sentimento é combinado com a ação, sendo traduzido por meio de atitudes e comportamentos.

Destaca-se que, apesar de se ter associado o amor na adolescência como efêmero, percebeu-se que muitos adolescentes são capazes de tomar decisões afetivas com um maior senso de reponsabilidade e de comprometimento após conhecer e adquirir confiança no seu parceiro, assim como os adultos e idosos. Dessa forma, independentemente da idade, o esvaziamento ou a liquidez do amor em uma relação pode estar mais associado à forma como os casais convivem e experienciam esse sentimento.

Assim como em outros estudos sobre o tema, há limitações a serem consideradas. O próprio Sternberg tem indicado que sua teoria, uma das mais usadas nas pesquisas brasileiras sobre o amor (Schlösser & Camargo, 2014), foi fundamentada em estudos que não sustentavam a análise dos processos evolutivos e psicossociais envolvidos nas relações amorosas. No presente estudo, por exemplo, a paixão, um dos componentes do amor para Sternberg (1997), não foi relatada, corroborando dados de outros estudos, como o de Fonseca e Duarte (2014). Além disso, a presença diminuída do componente da paixão nas entrevistas pode ter relação com as poucas falas sobre sexo e sexualidade, pois Sternberg (1997) acredita que a paixão se fundamentaria em relações mais carnais, fisiológicas e pragmáticas, sendo um elemento mais fugaz do amor. Destaca-se, também, que houve certo desconforto entre os participantes adolescentes frente ao pedido de autorização para gravar a entrevista. Nesses casos, optou-se pela escrita ao invés da gravação, o que limitou a fidedignidade do dado.

Espera-se que as reflexões tecidas contribuam para a melhor conceptualização do amor, especialmente quanto a sua compreensão e vivência entre adolescentes, adultos e idosos, trazendo subsídios para fundamentar intervenções que tenham como objetivo trabalhar as relações afetivas. Inclusive, entre os participantes das diferentes etapas do desenvolvimento consideradas, houve solicitações para que, de alguma forma, pudessem voltar a falar sobre o amor e de suas vivências. Recomendaram que fossem criados grupos de escuta e de troca de experiências sobre tal sentimento e os relacionamentos amorosos. Sugere-se a realização de mais estudos sobre o assunto, que aprofundem as questões referentes à orientação sexual e às diferentes formas de entender o amor. Embora nesta pesquisa tenham se considerado casais hétero e homossexuais, esse aspecto não foi tomado como foco de análise.

Dessa forma, reforça-se a importância de aperfeiçoar as teorias científicas sobre o amor, o que não exime a singularidade e a beleza de tal sentimento (Karwowski-Marques, 2008), pelo contrário, possibilita a compreensão empírica de sua complexidade. Nesse sentido, concorda-se com Schlosser, Dalfovo e Delvan (2012), considerando as mudanças que têm ocorrido nas relações afetivo-amorosas, que denotam a necessidade de que a ciência psicológica continue discutindo a temática.

 

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Endereço para correspondência:
Alana Hoffmeister
E-mail: alanahoffmeister@gmail.com

Liana Müller Carvalho
E-mail: lianacarvalho23@hotmail.com

Angela Helena Marin
E-mail: marin.angelah@gmail.com

Recebido em: 28/05/2019
Revisado em: 14/08/2019
Aceito em: 03/09/2019
Publicado online: 06/02/2020

 

 

1 O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 1990), em seu artigo segundo, define a adolescência como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade.
2 Dentre os adultos estão considerados jovens adultos e adultos de meia idade, o que se justifica pelo fato de não ter sido observada especificidades entre seus relatos.
3 O Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 2003), em seu artigo primeiro, considera idosa a pessoa com idade igual ou superior a
٦٠ anos de idade.

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