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versión impresa ISSN 2359-0769versión On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.21 no.1 Fortaleza ene./abr. 2021

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i1.e9842 

ESTUDOS TEÓRICOS

 

Nas trilhas da dependência amorosa: entre desejo e necessidade

 

On the Paths of Love Addiction: Between Desire and Need

 

En los Rastros de la Dependencia Amorosa: Entre Deseo y Necesidad

 

Sur les Sentiers des Dépendances Amoureuses : Entre le Désir et le Besoin

 

 

Elizabeth Fátima TeodoroI; Wilson Camilo ChavesII; Greiciele Andrade Carvalho dos SantosIII

IPsicóloga graduada pela UEMG/Divinópolis (Minas Gerais, Brasil). Mestre e Doutoranda em Psicologia, na linha de pesquisa Fundamentos teóricos e filosóficos da Psicologia, pela Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ (Minas Gerais, Brasil)
IIDoutor em Filosofia pela UFSCar-SP (São Paulo, Brasil). Pesquisador do NUPEP - Núcleo de Pesquisa e Extensão em Psicanálise/Departamento de Psicologia - DPSIC, na UFSJ (Minas Gerais, Brasil). Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSJ
IIIGraduanda do curso de Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ (Minas Gerais, Brasil). Bolsista do projeto de Iniciação Científica - "Entre laços e nós: o amor e seus descompassos" desenvolvido pelo NUPEP - Núcleo de Pesquisa e Extensão em Psicanálise/Departamento de Psicologia - DPSIC, na UFSJ

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Objetiva-se refletir sobre as escolhas objetais amorosas e em que medida estas deixam de estar na esfera do desejo e passam a atuar no campo da necessidade, ou seja, da dependência. Utilizou-se a teoria psicanalítica, com ênfase em Sigmund Freud, sem desconsiderar os avanços teóricos de Jacques Lacan, além de alguns comentadores de ambos. Inicialmente, depreende-se o dinamismo presente no termo "amor" e seu caráter sóciohistórico, desde sua definição até seus modos de expressão. A partir da psicanálise, é possível perceber como alguns relacionamentos podem passar da esfera do desejo para a esfera da necessidade, resultando em um tipo dependente de amor que, não raro, leva os amantes a atos desatinados na tentativa de manter o objeto de amor, uma vez que sua ausência provoca a reabertura da ferida narcísica, que tem, no objeto de amor, sua sutura.

Palavras-chave: amor; dependência amorosa; escolhas objetais; narcisismo; psicanálise.


ABSTRACT

This study objective is to reflect on the love object choices and the extent to which they cease to be in the sphere of desire and start to act in the field of need, that is, of dependence. Psychoanalytic theory was used, emphasizing Sigmund Freud without disregarding the theoretical advances of Jacques Lacan, in addition to some commentators on both. Initially, we can see the dynamism present in the term "love" and its socio-historical character, from its definition to its modes of expression. From psychoanalysis, it is possible to see how some relationships can move from the sphere of desire to the need one, resulting in a dependent type of love that, not infrequently, leads lovers to crazy acts in an attempt to keep the object of love, since its absence causes the reopening of the narcissistic wound, which has its suture in the love object.

Keywords: love; loving dependence; object choices; narcissism; psychoanalysis.


RESUMEN

El objetivo de este trabajo es reflexionar sobre las elecciones objetales amorosas y en qué medida estas dejan de estar en la esfera del deseo y pasan a actuar en el campo de la necesidad, o sea, de la dependencia. Se utilizó la teoría psicoanalítica, con énfasis en Sigmund Freud, sin desconsiderar los avances teóricos de Jacques Lacan, además de algunos comentadores de ambos. Inicialmente, se comprende el dinamismo presente en el vocablo "amor" y su carácter socio-histórico, desde su definición hasta sus modos de expresión. A partir del psicoanálisis, es posible percibir cómo algunos relacionamientos pueden pasar de la esfera del deseo para la esfera de la necesidad, resultando en un tipo dependiente de amor, una vez que su ausencia provoca la apertura de la herida narcísica, que tiene, en el objeto de amor, su sutura.

Palabras clave: amor; dependencia amorosa; elecciones objetales; narcisismo; psicoanálisis.


RÉSUMÉ

L'objectif est de réfléchir sur les choix des objets d'amour et dans quelle mesure ces choix ne sont plus dans la sphère du désir et commencent à agir dans le champ du besoin, c'est-à-dire de la dépendance. La théorie psychanalytique a été utilisée, avec un accent sur Sigmund Freud, sans négliger les avancées théoriques de Jacques Lacan, en plus de certains commentateurs sur les deux. Dans un premier temps, on peut voir le dynamisme présent dans le terme « amour » et son caractère socio-historique, de sa définition à ses modes d'expression. À partir de la psychanalyse, il est possible de voir comment certaines relations peuvent passer de la sphère du désir à la sphère du besoin, aboutissant à un type d'amour dépendant qui conduit souvent les amoureux à des actes de folie dans une tentative de garder l'objet de l'amour, car son absence provoque la réouverture de la plaie narcissique, qui a, dans l'objet de l'amour, sa suture.

Mots-clés: amour; dépendance amoureuse; choix d'objets; narcissisme; psychanalyse.


 

 

Refletir sobre o amor é tarefa complexa que acompanha os seres humanos há séculos. Seja na pena dos poetas e seus versos, seja nas conjecturas de grandes filósofos, o amor aparece em seus mais variados prismas, cada qual revelando aspectos imprescindíveis da dimensão amorosa. O rastro dessas facetas (desejos, paixões, encontros e desencontros), comumente descrito como as principais características do amor, corresponde somente a alguns aspectos do amor romântico, que, vinculado à promessa de felicidade e à ilusão de completude, constitui um verdadeiro mito. Porém é importante não desconsiderar que o amor se faz presente em todos os lugares, entre todos os povos, comportando-se como importante mola propulsora da vida e, consequentemente, das relações.

O amor, todavia, apresenta-se por meio das construções históricas de cada época, motivo pelo qual o identificamos a partir dos princípios e normas vigentes em dado tempo. Dessa forma, o fenômeno do amor, desde a pré-história até os dias atuais, passou e ainda passa por mudanças em seu conceito e suas manifestações. Ainda assim, é possível perceber que permanece como pano de fundo um ideal de completude, amparo e felicidade como consequência primeira de amar e ser amado, quando não, vemos tais ideais serem tratados como sinônimos do amor.

Lins (2012), em seus estudos sobre o amor, afirma que, após as doenças e a miséria, a relação amorosa é a maior fonte de sofrimento humano existente, visto que, na maioria das vezes, os casais buscam uma autorrealização diante do amor oferecido pelo outro. Entretanto, anterior a ela, Freud (1996g) já evidenciava o mal-estar enfrentado pelos sujeitos diante de suas relações, segundo esse autor, o sofrimento que advém desse campo talvez seja mais penoso que qualquer outro. Não sem razão, o criador da psicanálise definiu seu novo campo do saber como um dispositivo clínico capaz de oferecer uma cura por meio do amor.

A partir desses pressupostos, questiona-se: em que medida a dependência amorosa, para a psicanálise, constitui-se como uma tentativa de cura referente a uma ferida narcísica? Na tentativa de responder a essa pergunta, objetiva-se refletir sobre as escolhas objetais amorosas e em que medida essas escolhas deixam de estar na esfera do desejo e passam a atuar no campo da necessidade, ou seja, da dependência, para assim compreender as dinâmicas amorosas e suas dificuldades, uma vez que, em sua maioria, são os impasses relativos a esse afeto que culminam na multiplicidade dos sofrimentos psíquicos que chegam às clínicas psicológicas e psicanalíticas no contemporâneo.

Portanto, o interesse em estudar sobre essa temática surgiu no decorrer da experiência clínica, decorrente de estágios supervisionados, da prática curricular obrigatória na graduação em psicologia e na pesquisa sobre o assunto desenvolvida na iniciação científica. Por esse viés, espera-se que o presente trabalho possa contribuir, ainda que de forma breve, com as reflexões acerca do movimento das escolhas objetais e das formas de amor estabelecidas baseadas no medo e na angústia diante do sentimento da possibilidade do desamparo. Nesse sentido, acredita-se que esta investigação tenha relevância não só acadêmica, visto que possibilita aos alunos do curso de psicologia uma ampliação teórica desse conceito, mas também relevância clínica e social, no ponto em que permite o desenvolvimento de uma escuta clínica diferenciada, capaz de identificar os enodamentos amorosos que levam ao sofrimento psíquico, tendo como base teórica a psicanálise.

 

Métodos

Utilizou-se a investigação teórica de cunho bibliográfico com enfoque em Sigmund Freud para o estudo conceitual psicanalítico que, para Lima e Mioto (2007, p. 38), "implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório". Nesta pesquisa, traçou-se um percurso pelas temáticas freudianas que alinhavam amor, pulsão e desejo sob a égide de conceitos psicanalíticos como narcisismo, escolhas de objeto, identificação e elaboração, entre outros. Como instrumentos, foram selecionados os textos freudianos que abordam o assunto, mas sem desconsiderar os avanços lacanianos, além do auxílio de comentadores de ambos. Usou-se, para tanto, o procedimento de leitura seletiva, reflexiva e interpretativa, como sugerem Lima e Mioto (2007).

Nesse contexto, a pesquisa foi dividida em duas etapas, a primeira permitiu selecionar os textos, fazer leituras rigorosas e fichamentos sobre eles que sintetizassem as principais ideias encontradas a respeito da temática de estudo. A segunda se pautou na construção reflexiva-textual, que permitiu uma maior compreensão do objeto investigado, a saber, o amor e a dependência amorosa como uma tentativa de cura referente a uma ferida narcísica, a fim de se alcançar os objetivos propostos neste estudo. Ambas as etapas foram balizadas por reuniões semanais entre orientador e pesquisadoras, no intuito de sanar as dúvidas surgidas ao longo do percurso e de construir uma reflexão consistente sobre o assunto. Vale ressaltar que essas etapas não se deram de forma isolada e estanque, visto que, durante o processo de escrita, ao se notar algumas lacunas no desenvolvimento reflexivo, foram realizadas novas pesquisas e leituras suplementares buscando sanar indagações decorrentes da construção de uma linha de raciocínio coerente.

 

Resultados e Discussão

Por se tratar de uma investigação teórica, os resultados e a discussão se pautaram na apresentação panorâmica do que a psicanálise (mais especificamente, a teoria freudiana) teria a dizer sobre o amor e a dependência amorosa como uma tentativa de cura referente a uma ferida narcísica. Assim, realizou-se um breve resgate histórico sobre o amor, no intuito de evidenciar sua dimensão de construção cultural. O que, por si só, desconstrói a crença de que exista uma forma única de amor e, consequentemente, de que o modo como ele se apresenta no contemporâneo sempre tenha existido.

Posteriormente, buscou-se apresentar uma leitura psicanalítica sobre o amor, tendo em vista que a psicanálise se utiliza de uma terapêutica na qual "a cura é essencialmente efetuada pelo amor" (McGuire, 1993, p. 53), como afirma Freud à Jung em uma carta datada de 06 de dezembro de 1906, sendo, portanto, nesse contexto que Kristeva (1983, p. 7) descreve o mestre vienense como "o primeiro dos modernos a fazer do amor uma terapia". Isso é posto, uma vez que a transferência é um dos fundamentos da teoria psicanalítica, como assevera Freud (2017b), no texto "Observações sobre o amor transferencial". Em outras palavras, a análise se efetua somente a partir da relação transferencial, na qual se verifica um modo específico de amar que se repete, possibilitando o surgimento de moções inconscientes do desejo que não querem ser lembradas (Freud, 2017a).

Por fim, refletiu-se sobre a dependência amorosa como uma tentativa de cura referente a uma ferida narcísica. Nesse contexto, utilizou-se o mito de Medeia para trabalhar alguns sentimentos decorrentes do rompimento de um relacionamento amoroso. A utilização da mitologia decorreu do fato de que o fundador da psicanálise fez do mito um amplo recurso metodológico para ilustrar, sustentar e expandir seus achados clínicos mediante a seus impasses teóricos (Mano, Corso, & Weinmann, 2018).

O Amor e suas Múltiplas Faces: Uma Construção Sóciohistórica

Abordar o amor do ponto de vista conceitual leva-nos a trilhar incansáveis caminhos problemáticos e, quando não, bifurcações paradoxais, não somente pela extensão de áreas do conhecimento que se propõem a investigá-lo, mas sobretudo pela amplitude cultural que atravessa o tema, buscando fixá-lo como uma espécie de entidade inefável e incognoscível apenas conhecida pela experiência sensível (Rossi, 2013).

Assim, parece-nos interessante iniciar um estudo conceitual sobre o amor e as formas das relações amorosas recorrendo ao étimo da palavra que, conforme Zimerman (2010, 2012), apesar de serem extremamente estudados, não possuem menções etimológicas consistentes e aprofundadas, situação que levou o autor em questão a desenvolver sua própria hipótese, partindo do termo latino mors e seu genitivo mortis (morte), que, acrescido do prefixo "a" (ausência ou exclusão), permite formular que o vocábulo amor pode designar "sem a predominância da morte" (Zimerman, 2012, p. 9). Significação que está em perfeita consonância com a teoria das pulsões de vida, que Freud também chamava de pulsões de amor ou de Eros, as quais se opunham às pulsões de morte, pulsões agressivas ou de Thanatos. Com efeito, destaca-se que, em psicanálise, "a qualidade do amor sempre está ligada a algum tipo de arranjo entre as pulsões de vida (amorosas) e as pulsões de morte (agressivo-destrutivas), de modo que costumam resultar as diversas formas de o sujeito amar e ser amado" (p. 58).

Por esse viés, Zimerman (2010) esclarece que os inúmeros arranjos entre as pulsões de vida e de morte dão o tom das intensidades que esse amor assume, de modo que se pode inclusive nomeá-los como amor erótico, amor platônico e outros. Além dessa tipologia amorosa, o autor menciona a multiplicidade de significações que o termo possui na língua portuguesa, uma vez que "ele tanto pode significar afeição quanto paixão, compaixão (linda palavra, formada de com + paixão), misericórdia, solidariedade, sexo (por exemplo, 'amor, vamos fazer amor?'), entre tantas outras significações mais" (p. 38). É nesse sentido que se pode compreender a sociedade grega da Antiguidade e suas muitas palavras para designar o amor, cada qual com seu sentido específico, como eros, philia e ágape, que, comumente, eram associados ao amor sexual, à amizade e ao amor espiritual, respectivamente.

Nessa esteira de uma tipologia do amor, Andrade e Garcia (2014) descrevem inúmeras teorias das variedades das relações amorosas, e chama-nos atenção a teoria de Jonh Alan Lee, formulada em 1977, sobre os estilos de amor, que apresenta três estilos primários de amor (eros, ludus e storge) e três estilos secundários, formados a partir da combinação dos primários (mania, pragma e agape).

Atualmente, um linguista britânico chamado Tim Lomas estuda como várias línguas descrevem o amor. Até 2018, o pesquisador tinha encontrado mais de 600 palavras em diversos idiomas que se referiam ao ato de amar e que não possuíam tradução para o inglês, a língua mais falada do mundo. A partir desses achados, Lomas confirmou a existência de, no mínimo, 14 tipos de amor, os quais podem ser classificados em quatro categorias, como expõe Modelli (2018). A primeira consiste nas formas impessoais de amor (érōs, meraki e chōros); a segunda corresponde aos modos de amor não românticos (storgē, philia e philautia); a terceira concerne ao amor romântico (epithymía, paixnidi, prâgma e anánkē) e a quarta aponta para as formas transcendentais de amor (agápē, koinōnía sébomai).

Além dessa tipologia que classifica o amor tomando por base as intensidades, pode-se abordá-lo do ponto de vista histórico, tendo como parâmetro a cultura ocidental em suas variadas épocas, de modo a identificar as diferentes representações de amor produzidas pelos clássicos, pelo cristianismo, pela sociedade de cortesia (século XII), pelo amor-paixão romântico (séculos XVIII e XIX) e na contemporaneidade (séculos XX e XXI), como propõem Pretto, Maheirie, e Toneli (2009). Nessa perspectiva, os gregos da Antiguidade valorizavam o amor que sublimava as necessidades sexuais e transcendia a existência humana ao buscar características como o bem, o belo e a sabedoria, demarcando as formas de amizade. Com o advento do cristianismo, tem-se um fortalecimento dessa forma idealizada de amor que supera a paixão ao buscar transcender a materialidade do corpo, valorizando-se o espiritual e sua ligação com Deus pela conquista da salvação. Assim, o amor assume um caráter incondicional de sacrifício e entrega.

Em meados do século XII, verifica-se o surgimento de um amor cortês, que se opõe às normas da Igreja Católica Apostólica Romana ao descentrar o amor de Deus para um ser humano (homem ou mulher) inalcançável. Dessa forma, percebe-se uma ênfase no "amor-paixão enquanto sofrimento e desejo insatisfeito, residindo sua felicidade justamente na aceitação da própria renúncia carnal" (Pretto, Maheirie, & Toneli, 2009, p. 396). Posteriormente, no final do século XVIII e início do XIX, tem-se o nascimento do amor romântico que não rompe com o fundamento idealista, uma vez que "é vivido de forma passiva e infeliz, sendo entendido predominantemente como sofrimento que recompensa a vida, uma vez que é sempre bom e justo" (p. 396). A diferença aqui consiste na cisão entre o indivíduo e a cultura, visto que essa forma de amor busca libertar a pessoa das convenções sociais, enfatizando-se a exclusividade e a priorização da esfera do casal em detrimento de outras formas sociais de relacionamento.

Sobre esse amor-paixão romântico, Beauvoir (1990) e Sartre (2005) pontuam que consiste em um projeto de sofrimento para os envolvidos, uma vez que implica na renúncia de dois eus (singularidades) em prol de uma aliança absoluta e abstrata entre os parceiros. Por esse viés, Sartre (2005) evidencia o caráter de aprisionamento dos amantes e, consequentemente, a negação da liberdade. Enquanto, Beauvoir (1990) ressalta a negação das contingências e a exaltação de aspectos deterministas das experiências amorosas, que terminam por fixar o amor como um destino na vida dos indivíduos, especialmente das mulheres, comprometendo a existência de uma experiência amorosa livre. Lipovetsky (2000, p. 45) esclarece ser esse destino social "marcado pela dependência, pelo encerramento doméstico, pela impossibilidade de se superar em projetos superiores: já que nenhum fim social exaltante se oferece a elas, as mulheres constroem seus sonhos em torno das questões do coração"; e que Freud (1996b) teorizou acertadamente a partir de seu texto Moral sexual 'civilizada' e doença nervosa moderna.

Contudo as novas configurações subjetivas do contemporâneo evidenciam novas representações amorosas. Com efeito, uma sociedade balizada pelo consumismo e pela intensificação do individualismo levou Lipovetsky (2004, 2005) a denominá-la de sociedade narcísica por se organizar a partir da tríade: consumo desenfreado que busca o prazer a qualquer preço; culto à indiferença pura, que assinala o cunho de instabilidade e efemeridade advindas do sincretismo individualista; e poder de sedução advindo das informações e, consequentemente, multiplicação e ampliação das escolhas. Tudo isso exige um nível performático altíssimo que aponta para o que Han (2017) teorizou como sociedade do desempenho, que termina por gerar um excesso de doenças psíquicas, como a depressão, oriundas dessa realidade.

Assim, Giddens (2003) fala sobre o surgimento de novas formas de amor, como o amor confluente, que, diferente do romântico, caracteriza-se pela atividade e contingência que colocam em xeque o "para sempre e único", de modo que cada parceiro busca se autorrealizar a partir da relação e o parâmetro para a continuidade é a satisfação individual de cada um. Nas palavras de Pretto et al. (2009, p. 397), trata-se de "um amor permeado pela confiança e negociação mediante compromisso definido a partir de um contrato reflexivo e democrático", que se sustenta na garantia obtida de atos e palavras que atualizam o comprometimento na relação.

Ainda sobre o amor contemporâneo, Bauman (2004) propõe o amor líquido, que possui como caraterísticas marcantes a efemeridade, a insegurança e a fragilidade dos vínculos afetivos. Nesse contexto, termos como "relacionar-se" e "relacionamento" são substituídos por "conectar-se" e "conectado", respectivamente, o que garante a facilidade de ligar-se e desligar-se das relações com a mesma rapidez. A lógica do consumo passa a pautar o amor, na medida em que as pessoas são vistas como objetos possivelmente consumíveis e os parceiros são tratados como objetos consumidos e, portanto, passíveis de serem descartados. Desse modo, "o amor é predominantemente vivenciado como sofrimento; há confusão entre o par sentimento e felicidade e o par prazer e aventura" (Pretto et al., 2009, p. 398). Esses conflitos chegam às clínicas na atualidade sob as mais variadas configurações, e saber escutá-las permite a identificação da singularidade de cada narrativa. Nesse ínterim, saber da existência das inúmeras representações do amor possibilita a ampliação de nossa escuta para que não tomemos um modelo específico como o único existente.

Extrai-se desse resgate epistemológico e histórico, portanto, que o conceito de amor é extremamente complexo, uma vez que decorre de uma construção social enraizada simbolicamente, variando segundo diferentes contextos históricos, sociais, econômicos e políticos, e que, por isso, assume uma multiplicidade de sentidos e valores, muitas vezes, contraditórios. Assim, questiona-se: quais as considerações da psicanálise sobre o amor? Pergunta que buscaremos responder a seguir.

Um Dizer sobre o Amor em Psicanálise

Questões concernentes ao amor perpassam toda a obra freudiana e lacaniana, permanecendo, até os dias de hoje, como um dos principais objetos de investigação psicanalítica. Isso porque, em última instância, é dele (do amor) que se trata na clínica. Não sem razão, Lacan (1999, p. 376) assevera que "todo mundo demanda amor".

No tocante à obra de Freud, foco de nossas investigações, é possível verificar a temática do amor em diferentes momentos de seu percurso, assim como se percebem variadas associações do amor com conceitos como sexualidade, libido, afeto, desejo e outros que, muitas vezes, mesclam-se de modo a não ser possível identificar distinções exatas. Isto termina por evidenciar o caráter polissêmico do amor na letra freudiana (Ravanello & Martinez, 2013). É nesse sentido que Iannini e Tavares (2018, p. 7) afirmam que "nem o amor, nem a sexualidade, nem a feminilidade são apreendidos como entidades isoladas ou sem conexão com os demais. Ao contrário, são temas que se cruzam nas mais diversas proporções e nas mais complexas articulações".

Entretanto é possível afirmar, em consonância com Zimerman (2010, p. 48), que "na concepção original de Freud, o amor é considerado como sendo uma modalidade de manifestação das pulsões sexuais, o que supõe um investimento libidinal (isto é, de desejos) do objeto total, assim se diferenciando das pulsões parciais", e que a escolha de objeto, invariavelmente, passa pelo narcisismo que configura um movimento autoerótico, no qual a libido do bebê se volta para ele próprio para, posteriormente, direcionar-se ao outro, geralmente, a mãe. Por esse viés, depreende-se que as formulações freudianas sobre as pulsões libidinais amorosas são, fortemente, marcadas pela triangulação edípica e seus conflitos.

A partir desses pressupostos, o mestre de Viena, no período de 1910 a 1918, escreve suas "Contribuições à psicologia do amor I, II e III". O primeiro texto, Sobre um tipo particular de escolha de objeto nos homens, Freud (2018a) discorre sobre as escolhas amorosas por meio da descrição de quatro tipos específicos: 1º) pela mulher comprometida - que envolve a condição de "um terceiro prejudicado", em outras palavras, uma relação triangular, semelhante a um momento do complexo de Édipo, no qual a criança rivaliza com o pai pelo amor da mãe; 2º) pela cortesã - ressalta-se uma dissociação entre amar e desejar que culmina em um conflito, no qual a mulher casta (ideal para amar) não pode ser levada à condição de objeto do desejo, visto que ela remeteria à relação edípica que precisou ser recalcada; 3º) pela mulher ideal - a mulher aparece como objeto amoroso de maior valor por sua integridade sexual e sua fidelidade, essa forma, geralmente, é de natureza compulsiva; 4º) pela mulher que precisa ser salva - nesse contexto, o homem acredita que sua amada depende incondicionalmente dele, pois, sem ele, ela estaria perdida.

Por esse viés, é possível perceber que o fenômeno amoroso começa com as escolhas objetais que, invariavelmente, estarão relacionadas à mãe, na figura de virgens, prostitutas ou comprometidas. Essa situação, segundo Zimerman (2010), pode ocasionar uma dissociação entre um desejar eroticamente e um amar, gerando um conflito que pode resultar em uma "incapacidade para amar" (p. 49).

No segundo texto, Sobre a mais geral degradação da vida amorosa, Freud (2018b) se aprofunda na relação existente entre a depreciação do amor e o acontecimento da repetição. Nesse sentido, o fenômeno amoroso surgiria no conflito entre a capacidade de amar e desejar sexualmente o mesmo objeto. Isto seria oriundo dos primeiros vínculos afetivos do bebê com a mãe, que são recobertos de amor e sensualidade e se encontram na base do desenvolvimento sexual da criança (Freud, 1996a).

O Tabu da virgindade corresponde ao terceiro texto que compõe as contribuições freudianas sobre a psicologia do amor. Nele, Freud (2018d) evidencia o elevado valor da virgindade da mulher para o homem e como se mesclam amor, desejo e relacionamento duradouro. Essa valorização se encontra intimamente associada à servidão sexual, ou seja, a dependência de uma pessoa com quem há envolvimento sexual, base do matrimônio, explicada em função da repressão da sexualidade feminina, assunto que Freud (1996b) destacou em seu texto Moral sexual 'civilizada' e doença nervosa moderna.

Além dessas contribuições, no artigo Observações sobre o amor transferencial, Freud (2017b) apresenta que as relações amorosas decorrem de um deslocamento de uma série de fixações provindas das relações do passado estabelecidas com os pais na infância. Esse movimento de deslocamento pode ser percebido na clínica, quando o analisando transfere para o analista o modo por meio do qual se relaciona amorosamente. É digno de nota, como pontua Zimerman (2010), que se trata de um amor artificial, uma vez que ele é recriado no espaço analítico, portanto, não é real. Pode-se dizer, então, que ele é um tipo de amor denominado amor de transferência, que foi hipotetizado por Freud e "reproduzia as vicissitudes próprias do Complexo de Édipo, com um consequente horror ao desejo de cometer o crime do incesto" (p. 57).

Posteriormente, no texto Sobre o narcisismo: uma introdução, Freud (1996c) se aprofunda em suas considerações sobre o amor e as escolhas de objeto. No início, primeira fase, as pulsões sexuais seriam investidas no próprio sujeito, o que ele denominou de autoerotismo, período em que ainda não se constitui a separação entre as pulsões sexuais e as pulsões do eu. Na segunda fase, denominada como escolha objetal, há a separação das pulsões e o sujeito investe libidinalmente em outros objetos.

Nesse contexto, o deslocamento da libido é apresentado sob duas escolhas de objeto: narcisista e anaclítica, sendo a primeira referente a uma fase primitiva, autoerótica, na qual as pulsões ainda não se encontram separadas; e a segunda se apresenta em um momento em que essas pulsões já estão separadas, caracterizando-se como fase objetal. Dessa forma, a escolha narcísica possui como modelo a imagem de si mesmo, ou seja, ama-se o que o sujeito é ou o que gostaria de ser. E, na escolha anaclítica, possui-se como modelo as funções maternas e paternas, e se ama as figuras que exercem papéis de cuidadores, isto é, quem alimenta, quem protege. Em ambos os casos, o que está em jogo é o amor investido pelo sujeito, seja em si mesmo, seja em um objeto externo (Ferreira, 2004).

Mais adiante, nas Conferências de introdução à psicanálise, consagradas à teoria da libido, Freud (2018c) apresenta as diferentes formas de amar, destacando-se a prevalência do egoísmo ou do altruísmo. Em Uma criança é espancada, Freud, (1996e), ao dar continuidade a sua teorização sobre as perversões, apresenta o masoquismo que, conforme Zimerman (2010), pode ser considerado um tipo de amor também. Nessa perspectiva, Silva (2015), ao estudar o amor na obra freudiana, classifica-o didaticamente em três vertentes principais: "o amor edípico, a relação entre amor e histeria (casos clínicos) e, por fim, o impasse do amor na transferência" (p. 300). O autor segue esclarecendo que suas investigações lhe permitiram evidenciar que o amor em Freud é associado a algo de um conflito, além de deter, em seu cerne, o impossível de se realizar, características essas que poderiam indicar a influência do romantismo nas teorizações freudianas.

Zimerman (2010), por sua vez, enumera oito tipos de amor que considera principais no contexto psicanalítico: 1) Amor paixão - representa uma capacidade saudável para amar, entretanto também alude às características de cegueira e burrice que acompanham a paixão; 2) Amor simbiótico - corresponde a uma relação de profunda dependência recíproca, na qual não há espaço para autonomia; 3) Amor sadomasoquista - apresenta-se em graus e formas variadas, em que se verifica a predominância de um "jogo de recíprocas acusações desqualificatórias, cobranças, mágoas, ódio com revides vingativos, humilhações diante da presença de outros etc." (p. 53); 4) Amor obsessivo tirânico - surge a partir de uma forma de controle do outro, geralmente estabelecida por meio de quem detém o poder econômico; 5) Amor histérico - assemelha-se à relação na qual um se coloca como filho do outro e, comumente, quem está no papel da criança demonstra grande sensação de vazio e frustração, que tenta compensar no consumismo, enquanto "o(a) histérico(a) tortura, humilha e inunda o outro de culpas, porém não comete a vingança final porque depende e necessita da sua vítima" (p. 53); 6) Amor paranoide - é marcado por desconfianças, ciúme excessivo, invariavelmente justificado como sendo prova de amor; 7) Amor narcisista - gira em torno de um exibicionismo, visto que um dos membros do casal se torna vítima da idealização excessiva do outro; 8) Amor perverso - consiste no casal que, em alguma medida, compõe "uma parceria [em] que [...] transgridem as normas normalmente aceitas nos planos da sexualidade, da ética, dos vínculos familiares e sociais" (p. 54).

O autor supracitado ainda propõe um nono tipo, que denominou de amor tantalizante, marcado por uma relação de amor que "nem ata e nem desata" (Zimerman, 2010, p. 54), e que se torna sofridamente crônica por aparentar não possuir saída. Essa relação é pautada por um vínculo forjado a partir da sedução de um dos membros do casal que, geralmente, fornece a falsa esperança de que a felicidade no relacionamento está próxima. Entretanto aquele que assume o papel de sedutor não possui a intenção de concretizar a relação, o que termina por frustrar o seduzido. Assim, essa relação se torna um jogo vicioso de sedução e frustração que pode se prolongar por toda a vida do casal. O autor também esclarece que esse tipo de vínculo apresenta uma superposição de características de quatro tipos já citados anteriormente: narcísica, tirânica, obsessivo-sádica e perversa.

Depreende-se, pois, que se um resgate epistemológico e histórico nos levou à compreensão de que o amor consiste em uma construção sóciohistórica que, ao mesmo tempo em que determina os modos de relação de dada sociedade, é determinado por ela, um mapeamento da teoria freudiana nos possibilita entender que ainda que possamos falar em tipos de amor e classificações dessa natureza, ela escapa a definições fechadas, uma vez que o amor está intimamente relacionado com os arranjos singulares que cada sujeito é capaz de fazer mediante as relações primeiras que estabeleceu com seus cuidadores. Nesta pesquisa, o interesse é ampliar as lentes investigativas no que concerne a uma forma específica de amor balizada pela dependência amorosa. Indaga-se, então, em que medida a dependência amorosa, para a psicanálise, constitui-se como uma tentativa de cura referente a uma ferida narcísica?

Dependência Amorosa: O Amor nas Trilhas do Narcisismo

Como apresentado anteriormente, a constituição amorosa das crianças passa, inicialmente, por uma fase narcísica, na qual elas amam, em primeiro lugar, a si próprias, e apenas mais tarde aprendem a amar e a sacrificar algo seu para investir libidinalmente nos outros, o que caracteriza uma segunda fase, denominada de escolha objetal. Entretanto é indiscutível o fato de que, desde o início da vida, o ser humano se encontra em um estado de completa dependência do outro, uma vez que sua fragilidade biológica não lhe permite efetuar minimamente suas necessidades mais básicas, como se alimentar, de modo que é a mãe, ou alguém que exerce essa função, que estabelece uma primeira relação fundamental pautada nos cuidados que possibilitarão à criança sobreviver (Chaves, 2005; Resstel, 2015).

Esse primeiro relacionamento é de extrema importância para o desenvolvimento psíquico do infante, visto que, como Freud demonstrou ao longo de suas conjecturas, e Lacan sistematizou teoricamente, as marcas inscritas nessa época moldarão os modos de relação que o sujeito irá estabelecer no decorrer da vida (Chaves, 2005; Resstel, 2015). Entre essas marcas, encontra-se a angústia, que está atrelada ao medo do abandono e ao desamparo, sentimentos que acompanham o ser humano desde seu nascimento (Freud, 1996f).

Levy e Gomes (2011) apontam que o amor é responsável pela ilusão do sujeito encontrar no outro algo que lhe falta, ou que esse outro lhe serve como objeto capaz de reeditar o encontro mítico com o objeto primordial, evocando uma sensação de amparo. Nesse sentido, Nasio (2007) defende que a presença simbólica do outro no inconsciente se caracteriza como um ritmo, um acorde harmonioso entre o amado, com seu poder excitante, e o amante, com sua resposta a essa excitação, ou seja, entre o amado como objeto de desejo e o amante com sua insatisfação.

Dessa forma, o eleito (amado) se torna insubstituível para o amante, visto que, nesse movimento, o amado pouco a pouco se aproxima, posiciona-se aos batimentos do ritmo do sujeito que ama, tendo como consequência a vida do amante abdicada em função do objeto amado, que, por sua vez, torna sua exigência amorosa ainda maior. A possibilidade da perda desse objeto eleito é insuportável para o amante, visto que essa perda faz emergir uma dor já vivida pelo sujeito em algum episódio anterior de sua vida.

Retomando as contribuições psicanalíticas, Freud (1996c) aponta que após o período anaclítico, de autoconservação, o sujeito, que supostamente tinha todos seus desejos atendidos e gozava do amor pleno dos pais, encontra-se agora desamparado, dirigindo sua libido para outros objetos externos. Nesse movimento, o sujeito busca nesses objetos algo que diga dele próprio, uma parte de si mesmo. Com efeito, nessa busca por uma extensão de si mesmo, ao dirigir seu amor a um outro, o sujeito apaixonado não ama especialmente esse outro, mas sim o reflexo de suas próprias características que foram projetadas e identificadas no objeto eleito.

Freud (1996c) destaca também que a fase mais elevada do desenvolvimento do narcisismo se encontra no enamoramento do sujeito com o outro, no ponto em que se verifica um abandono da própria personalidade em favor do investimento no objeto externo, ou seja, quanto mais investimento há nos objetos, mais empobrecido e rebaixado se torna o eu. Esse superinvestimento pode caracterizar a angústia que o sujeito apaixonado vive ao se deparar com a possível perda de seu objeto eleito, visto que, pelo fato desse outro ocupar o lugar de suplência na vida do sujeito amante, uma vez perdido esse amor, o sujeito perde também a possibilidade de desejar além do campo desse outro.

Nessa perspectiva, a perda causa um trauma psíquico que, para Jorge (2007, 2017), consiste naquilo que o sujeito não consegue simbolizar, abrindo espaço para o encontro com o não sentido. Assim, Freud (1996d), em Luto e melancolia, apresenta-nos que, diante da perda de um objeto amado, o sujeito necessita passar pelo processo de elaboração dessa perda, que concerne em um período de luto. Nesse processo, o sujeito que antes investia sua libido no objeto progressivamente precisa desinvesti-la desse objeto, agora perdido, para direcioná-la a outros objetos. Esse desinvestimento possibilita a recuperação de partes de si que foram projetadas no outro.

Contudo Campos (2013) afirma que não se trata de um processo simples, pois envolve mais que uma substituição de objeto, visto que diz respeito a "elaborar as fantasias conscientes e inconscientes que são ativadas com a perda do objeto. O processo de luto é, portanto, um redimensionamento das fantasias e defesas do psiquismo, em busca de um novo equilíbrio de forças" (p. 16). Dessa forma, Quintela (2012, p. 91) assegura que "o luto é dor estruturante à medida que move um trabalho de ligação e integração daquilo que irrompe no aparelho psíquico e fica momentaneamente sem metaforização". Vale ressaltar, então, que o luto não deve ser visto como algo ruim, como os manuais psiquiátricos apresentam na atualidade, mas como um processo estruturante e necessário para a dinâmica psíquica. Porém o fundador da psicanálise nos adverte: "É fato notório que as pessoas nunca abandonam de bom grado uma posição libidinal, nem mesmo, na realidade, quando um substituto já se lhes acena. Esta oposição pode ser tão intensa, que dá lugar a um desvio da realidade [...]". (Freud, 1996d, p. 250).

A esse desvio o mestre de Viena denomina melancolia. Trata-se, pois, de um movimento inverso ao luto, no qual o sujeito alimenta uma fantasia de que seu objeto ainda se encontra presente. A lembrança do ser desaparecido é fortemente investida de afeto, tornando o eu do sujeito amante cada vez mais empobrecido, visto que o sujeito passa a se relacionar com o vazio do objeto (Freud, 1996d). Assim sendo, o desafio do luto é não se perder com o objeto perdido, ou seja, não redirecionar a libido retirada do objeto perdido para o próprio eu, identificando-se com ele. Isto ocorre porque a angústia e o medo do abandono e do desamparo são sentimentos que atravessam a vida do sujeito marcado pelas experiências subjetivas do passado.

Ao que tudo indica, esse medo do abandono e de não ser amado é uma constante, especialmente na vida psíquica feminina. Calligaris (2006) explica essa questão a partir de sua leitura freudiana do Complexo de Édipo, em que a menina precisaria deslocar seu objeto de amor da mãe para o pai, necessitando, então, interpretar o olhar do pai como desejante para sentir-se amada. Assim, nas mulheres "ser amada [seria] uma necessidade mais forte que amar" (Freud, 1996h, p. 162).

Nessa esteira de pensamento, verifica-se que existem relacionamentos amorosos que são sustentados pelo medo e insegurança em relação à perda do objeto amado. Esses sentimentos, na maioria das vezes, revelam pessoas presas a tentativas incessantes de manter um rígido controle sobre o parceiro, com o objetivo único de não se depararem com o desamparo mediante a remota possibilidade da falta do objeto de amor. Levy e Gomes (2011) apontam que, nesses casos, o tipo de amor que se instala é da ordem da dependência, uma vez que não estamos mais na esfera do desejo, mas sim da necessidade. O objeto passa a ser tratado como insubstituível e sua perda acarretaria a perda completa de sua identidade, ou seja, seu aniquilamento.

Com efeito, não raro, diante da perda do objeto amado, presenciamos, pelos meios midiáticos ou registros clínicos, situações nas quais homens e mulheres (em sua maioria) abandonados cometem um ato desatinado, como matar-se ou matar os próprios filhos (Campista & Caldas, 2017), um cenário que se assemelha à tragédia grega "Medeia", narrada pelo poeta Eurípides (2005). Assim, partindo da recomendação freudiana para consultar os poetas (Freud, 1996h), utilizamos o mito a fim de pensar essa condição de dependência amorosa nas mulheres.

Medeia, na obra trágica, é retratada como uma mulher estrangeira, poderosa por ser dotada de inteligência superior, além de ser conhecedora da arte de curar e rejuvenescer através do caldeirão mágico (saber ligado ao uso do phármakon). Ela abandona sua pátria (Cólquida), sua família e sua vida social ao se apaixonar por Jasão, líder dos Argonautas. Assim, em nome de seu grande amor, ela mata o próprio pai e o irmão para ajudar o amado a conquistar o Velo de Ouro e, depois, parte para a Grécia com ele. Após dez anos de união e dois filhos, Jasão se apaixona por Creusa, filha de Creonte, rei de Corinto, e decide desposá-la. Desse modo, Jasão a abandona para se casar com a princesa de Corinto, e Medeia, guiada pela dor e pelo ódio, envia à noiva corintiana um vestido e uma coroa envenenados, o que resulta na morte da princesa e do rei, que foi ao socorro da filha. Posteriormente, assassina os próprios filhos, no intuito de se vingar retirando do ex-companheiro seu bem mais precioso, a prole (Campista & Caldas, 2017).

É Galdino (n.d.) que, em uma das interpretações possíveis do mito, adverte-nos que o drama da princesa de Cólquida não ocorre, simplesmente, pelo abandono de Jasão, mas se inicia com seu ato de rejeitar seus pais, seus deuses e seus valores, ruptura radical que faz ruir sua identidade, destituindo-a de suas referências existenciais e lançando-a em um luto abissal. Mediante a rejeição dos gregos, que a tratam como estrangeira (bárbara), ela não consegue se reconhecer grega, não se sente pertencente a esse lugar, mas também não pertence mais a seus pais e sua terra natal (Eurípides, 2005). Na tentativa de elaboração dessa perda severa de identidade, Medeia direciona todo seu investimento libidinal para o marido, de modo que é ele que a contorna e a devolve identidade, ou seja, ela passa a pertencer ao seu amado guerreiro, sentimento que a sustenta e a satisfaz ainda que a sociedade corintiana não a aceitasse por completo.

Entretanto seu mundo desaba no momento em que percebe a ausência do amor de seu companheiro, situação que novamente abala sua identidade, já não "pertence a". Então, rejeitada como esposa pelo amado, Medeia enfrenta a sensação de desamparo pela segunda vez, porém diferente do primeiro momento, do qual consegue fazer luto, ela agora se identifica com o objeto perdido, ou com a falta do objeto, e só o nada lhe resta. Assim, não é mais esposa, nem mãe, muito menos filha ou princesa. Em uma última tentativa de sutura libidinal, ela encarna a figura da vingança, presenteando Creusa e Creonte com a morte. Por fim, mata a descendência de Jasão por meio do assassinato dos próprios filhos. Vale salientar que "a descendência tinha suma importância na sociedade grega porque se esperava que os filhos se encarregassem dos cuidados e da manutenção de seus pais na velhice e eram a garantia da realização dos rituais devidos aos mortos" (Tsuruda, 2009, p. 23). Com efeito, ao matar os filhos e a futura esposa de Jasão, Medeia retira dele tanto a atual descendência quanto a possibilidade de uma prole futura.

Após seu ato, veste-se de justiça, justiça essa da qual Jasão se orgulhava por ser um dos grandes valores gregos, de modo que "Medeia submete Jasão aos próprios valores que parece defender". Ela é autêntica em seus atos e em seus discursos, por isso torna-se heroína trágica, pois, como afirma Bakhtin (2005), o herói é o agente de um discurso autêntico. Em um movimento que denuncia sua ruptura com a civilização grega, suas regras e normas morais (como o casamento politicamente convencional de Jasão com Creusa), nesse momento, despida das representações de esposa, mãe e filha, pode, enfim, tornar-se mulher (Cairus, 2005). Essa disjunção dos papéis sociais leva Lacan (1998, p. 761) a considerá-la como sendo "uma mulher verdadeira na sua inteireza de mulher". Tal consideração lacaniana é interessante, no ponto em que evidencia a importância de não se desconsiderar o desejo da mulher, que, em última instância, não se coaduna com os ideais de mãe. Desse ponto de vista, o ideal da mulher, de acordo com Lacan, é ser o objeto do desejo dos homens. Nesses termos, os papéis que ela aceita desempenhar têm como objetivo principal se tornar objeto de desejo.

Nessa tragédia grega é possível destacar o ponto por meio do qual o ato de vingança de Medeia a torna mulher por excelência, na exata medida em que Jasão, que responde na condição de objeto de seu amor, é deposto. Ela que, em sua fúria, mata os próprios filhos para atingir Jasão, atenta também contra a estrutura familiar, movida por um gozo incapaz de ser mediado pela função amorosa da qual outrora Jasão fora o representante. O ato de Medeia se torna exemplo da máxima lacaniana: "só o amor permite ao gozo condescender ao desejo" (Lacan, 2005, p. 197). Visto que, como pondera Nasio (2007), o ser amado é a representação máxima dos limites de quem ama, no ponto em que "representa um freio à desmedida de uma satisfação absoluta" (p. 43). Em outras palavras, o amor protege o sujeito do gozo absoluto.

Traída em seu amor, a heroína trágica se vê sem alguém para ser o representante desse objeto que causaria seu desejo e limitaria seu gozo. Em resposta a isso, seu desejo, que agora não pode ser mais nomeado, perdeu as coordenadas fantasísticas do amor. Temos aí o gozo não limitado de Medeia, já que Jasão não é mais aquele capaz de limitar o seu acesso ao gozo. Vemos, portanto, tomar forma uma mulher mortificada pela falta de amor e pelo vazio decorrente do objeto perdido que, na tentativa de se livrar da angústia do desamparo, age enfurecidamente.

Por esse viés, o mito alude, de forma trágica, à realidade de muitas relações amorosas que são baseadas no medo da angústia do desamparo. A fúria narcísica de Medeia apresenta, de forma clara, como o sujeito pode se tornar enfurecido quando o objeto amado não corresponde às expectativas nele depositadas, uma vez que deixa de efetuar sua função de proteção contra o sentimento de desamparo (Levy & Gomes, 2011). É nesse contexto que Nasio (2007), ao estudar a dor de amar, propõe essa dor como sendo uma reação à perda do ser amado e, consequentemente, à presença da angústia do desamparo.

Compreende-se agora que, em casos semelhantes a esse, a função controladora é, na verdade, uma proteção da fantasia do sujeito amante contra o contato com o desamparo fundamental. Isto ocorre porque a pessoa amada deixa de ser apenas uma instância exterior para viver também no interior da pessoa dependente como um objeto fantasiado que recentra o desejo e instala a sensação de amparo. Nesse objeto, portanto, pode-se perceber a imagem de si mesmo, acentuando o amor narcísico, que é, por vezes, uma imagem decepcionante, que alimenta a repulsa de si mesmo e, por fim, uma imagem de submissão e dependência resultante da angústia do sujeito.

 

Considerações Finais

Nossas incursões investigativas sobre o amor e suas complexas relações permitem ressaltar que, do ponto de vista etimológico, o amor, enquanto um vocábulo do qual não é possível precisar a origem, pode ser pensado a partir de uma hipótese consonante com a teoria psicanalítica, em que se relaciona com a ausência de morte, em outras palavras, pulsão de vida. Apesar de sua vasta significância sob os mais variados espectros do conhecimento, pela perspectiva histórica, destacamos se tratar de um termo construído culturalmente que apresenta um movimento diático de balizar ao mesmo tempo em que é balizado pelos modelos de subjetividade de cada época.

Tendo como foco a teoria psicanalítica, pontua-se que o amor atravessa toda a obra freudiana, ainda que associado - e, muitas vezes, mesclado - a outros termos psicanalíticos, como pulsão, sexualidade, escolha de objeto e outros mais. Entre os tipos de amor teorizados por Freud, identifica-se o narcísico, que, mais frequentemente, pode ser percebido nas mulheres, visto que, ao que tudo indica, a entrada da menina no Complexo de Édipo a leva a permanecer na posição de incompletude. Para construir as coordenadas de sua identidade, o outro (no caso, o pai) precisa reconhecê-la. Nesses termos, é ele (o objeto amado) que detém a condição de possibilidade de seu desejo, de modo que, na posição de objeto amado, esse outro se constitui enquanto um prolongamento do narcisismo dela.

De posse dessas formulações freudianas, foi possível refletir sobre a dependência amorosa como uma tentativa de cura referente a uma ferida narcísica. Para tanto, lançou-se mão do mito de Medeia, que forneceu subsídio para se pensar que, frente ao objeto de amor, a mulher, geralmente, assume uma posição narcísica, pois, como assevera o fundador da psicanálise, ela ama ser amada. Contudo a linha que separa o desejo da necessidade, nesses casos, é muito tênue, assim, não parece difícil o deslocamento da relação amorosa da esfera do desejo para a da necessidade. Quando isso ocorre, vemos emergir um relacionamento em que impera a dependência, visto que a possibilidade da perda do objeto amado irrompe o retorno do sentimento de desamparo experimentado na infância.

Mediante a concretização da perda do objeto, a mulher pode trilhar dois caminhos: o primeiro a leva à elaboração dessa perda por meio do luto, o que a permite, gradativamente, desinvestir libidinalmente do objeto perdido para, posteriormente, investir em outros objetos. O segundo se fixa na falta do objeto, identificando-se, assim, com o vazio, no qual não há desejo, característica da melancolia. Dessa forma, é possível concluir que o não desinvestimento no objeto ideal possui como consequência a dependência e o abandono da própria subjetividade em favor de uma fantasia criada no campo do outro. Nessas situações, observa-se que a incapacidade de elaborar a ferida narcísica pode trazer à tona sentimentos de fúria e ressentimentos, como visto no mito de Medeia. É possível também compreender que, nessa perspectiva, a dor sofrida não se refere ao objeto perdido, mas sim à perda de uma suposta parte de si que o outro carrega consigo.

Sabemos que, ainda hoje, existem "Medeias" em demasia nos relacionamentos, mulheres que colocam o parceiro na posição de devolverem quem elas são, isso em si não se constitui enquanto problema, uma vez que essa é a condição de todo sujeito. Porém, em uma sociedade cingida pelo patriarcalismo, o que deveria ser ponto de partida para a constituição do sujeito torna-se ponto de chegada, pois fixa a posição feminina na condição de profunda e eterna submissão.

Considera-se como limitações da pesquisa a ausência de uma investigação mais aprofundada da teoria lacaniana, visto que ele parte de um retorno à Freud e avança na formulação de conceitos, como o masoquismo e o gozo, que podem auxiliar na compreensão dos (des)caminhos do amor. Com efeito, em um estudo posterior, sugere-se um aprofundamento teórico dos seguintes conceitos psicanalíticos: masoquismo, gozo, devastação e parceiro-sintoma.

Salienta-se, por fim, que esta investigação apresenta uma reflexão sobre a dependência amorosa enquanto uma tentativa de curar uma ferida narcísica. No entanto considera-se que o tema carece de mais pesquisas, uma vez que se evidencia a presença, cada vez mais constante, de narrativas oriundas desse tipo de sofrimento no meio clínico.

 

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) pelo aporte financeiro concedido ao projeto de Iniciação científica "Dependência Afetiva: o limite entre o amar e o adoecer de acordo com a psicanálise" por meio do edital nº 004/2018/PROPE-PIBIC/PIBITI/CNPq/UFSJ e PIIC. Ao Programa de Pós-Graduação de Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei (PPGPsi/UFSJ) pelo aporte humano oferecido.

 

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Endereço para correspondência:
Elizabeth Fátima Teodoro
E-mail: elektraliz@yahoo.com.br

Wilson Camilo Chaves
E-mail: camilo@ufsj.edu.br

Greiciele Andrade Carvalho dos Santos
E-mail: greicieleandrade79@gmail.com

Recebido em: 14/08/2019
Revisado em: 29/12/2020
Aceito em: 11/01/2021
Publicado online: 18/03/2021

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