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Revista Subjetividades

versión impresa ISSN 2359-0769versión On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.21 no.1 Fortaleza ene./abr. 2021

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i1.e10005 

RESENHAS DE FILMES

 

Diálogos sobre ética: uma breve resenha sobre o filme o abutre

 

Dialogues on Ethics: A Brief Review of the Movie The Vulture

 

Diálogos sobre Ética: Una breve Reseña sobre la Película "El Buitre"

 

Dialogues sur l'éthique : Une brève critique du film The Vulture

 

 

Flora Andrade Neves EvangelistaI; Josiele Bené LahorgueII

IPsicóloga graduada pela Faculdade CESUSC (2020). Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Instituto Catarinense de Terapias Cognitivas - ICTC (2021)
IIDoutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2018) na área de concentração: Psicologia Social e Cultura e linha de pesquisa: Estética, processos de criação e política. Professora do curso de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau

Endereço para correspondência

 

 

Apresentamos aqui uma resenha sobre o longa-metragem norte-americano intitulado O Abutre (Gilroy, (2014), com o propósito de debater o conceito de ética, colocando em diálogo os seguintes autores e seus respectivos conceitos: Baruch Espinosa e suas reflexões sobre a potência de ação; Mikhail Bakhtin (2010, 2011) e sua filosofia do ato responsável. Nesse sentido, objetivamos refletir sobre as contribuições dessa produção cinematográfica para futuras discussões e estudos relacionados à ética em psicologia.

Lançado em 2014, o filme norte-americano Nightcrawler, intitulado no Brasil como O Abutre, é dirigido por Dan Gilroy, e está classificado nos gêneros crime, drama e thriller. A trama traz a problemática em torno dos limites morais e éticos na mídia e até onde se pode ir com a justificativa da necessidade de informar os fatos. A história gira em torno de um jovem chamado Louis Bloom, representado pelo ator Jake Gyllenhaal, que ganhava a vida como ladrão e golpista. Ambicioso, Louis percebe que suas escolhas não estavam lhe possibilitando vislumbrar um futuro grande e promissor. Ao tentar uma brusca mudança de vida, segue com entusiasmo à procura de empregos formais, mas enfrenta uma dura realidade, tendo apenas nãos como resposta. Desempregado e desamparado, o jovem decide, então, dedicar-se ao jornalismo criminal autônomo na cidade de Los Angeles. Assim, passa a buscar e registrar crimes e acidentes impactantes, a fim de vendê-los a programas jornalísticos televisivos (Oliveira, 2015).

O encontro com a nova profissão ocorreu ao presenciar um grave acidente de carro, em que um repórter trabalhava filmando o acontecimento. Louis o acompanhou observando seus movimentos, notando que o profissional telefonara a uma emissora de televisão para vender o material ali produzido. Tal experiência motivou Louis a buscar na internet algum conhecimento sobre o jornalismo sensacionalista e se aperfeiçoar nessa profissão, a qual vinha se mostrando um mercado lucrativo em Los Angeles. Obcecado por se tornar um profissional de referência na área, ele encontra-se com Nina, interpretada por Rene Russo, editora de um jornal televisivo da empresa Kwla News, com quem segue trabalhando em parceria ao longo da trama (Oliveira, 2015).

Feita essa contextualização sobre o filme, podemos considerar, a partir da perspectiva bakhtiniana, que ele é considerado um enunciado. Para Bakhtin e seu círculo, os enunciados constituem-se na relação com outros enunciados, formando, assim, uma cadeia enunciativa. Os enunciados compõem-se com base na "(...) interação social de três participantes: o falante (autor), o interlocutor (leitor) e o tópico (o que ou o quem) da fala (o herói)" (Voloshínov & Bakhtin, 1976, p. 9). Portanto, um enunciado está sempre à espera de uma resposta, composta por outro(s) enunciado(s), que não necessariamente venham a concordar ou discordar do enunciado primeiro, mas que formam um diálogo entre enunciados.

Portanto, a partir das nossas afecções, buscaremos dialogar com as cenas do filme e com os teóricos escolhidos para estruturar as nossas análises. Não pretendemos, neste texto, dizer o que é ou não ética, mas sim compreender as possibilidades de ser e estar no mundo a partir das relações que estabelecemos, atentando para a forma como a ética se constitui nas relações.

Ressaltamos que escrever uma resenha é fazer escolhas a partir do que nos afetou na obra, neste caso, o filme a ser analisado. Dessa forma, as análises serão apresentadas a partir daquilo que escolhemos como base nos encontros que tivemos com o filme O Abutre. Tais escolhas nos auxiliam a analisar a potência da obra para os estudos sobre ética em psicologia em articulação com os conceitos de Espinosa, trazido por Anhas e Silva (2017) e Bakhtin (2010, 2011).

O conceito de potência de ação de Espinosa é apresentado por Anhas e Silva (2017, p. 140), os quais afirmam que o sujeito, a partir da compreensão do filósofo, é constituído a partir de "(...) relações estabelecidas nas intersubjetividades, [e] quando afetado por paixões alegres, tende a ter sua potência de agir aumentada; quando atingido e movido por paixões tristes, a potência tende a diminuir".

Portanto, de acordo com essa compreensão, as relações éticas estabelecem-se na potencialização dos sujeitos, que reconhecem suas afecções e o que aumenta ou diminui sua potência de ação e, assim, tornam-se sujeitos livres.

Ao apresentar a perspectiva do ato responsável, Bakhtin (2010) lança uma crítica ao sujeito genérico, preso à sua individualidade, e apresenta uma perspectiva ética: afinal, viver implica relacionar-se com diversos "outros". Tais relações possibilitam reflexividade sobre quem somos no mundo e, ao mesmo tempo em que nos concluem, podem apresentar condições de possibilidades de constituição de diversos "eus-nós" (Bakhtin, 2010, 2011). A compreensão do conceito de ato responsável, que o autor ressalta, diz respeito a estabelecermos relações pautadas na ética para com o outro, com o qual nos relacionamos o tempo todo. Essas relações são pautadas na perspectiva dialógica, pois "(...) o sujeito responde por seus atos no mundo, porque ele é responsável por eles" (Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso [GEGe], 2013), numa relação dialógica, e por esse motivo as relações são compreendidas como constituidoras de sujeitos, que, nas relações entre si, vão engendrando possibilidades de ser, sentir, dizer, fazer, pensar.

Pensar o sujeito, conforme Bakhtin (2010), é refletir sobre a constituição de um "nós", pois nos enxergamos a partir dos olhares de diversos outros que nos interrogam e nos constituem. A esse respeito, Groff (2015, p. 71) considera que "o sujeito não é isto ou aquilo, ele devém povoado de infinitas vozes, afetos e suas diferentes forças. Há em cada sujeito a passagem de muitos (con)textos".

O conceito de ética varia conforme a cultura e o tempo histórico, assim como os padrões e códigos éticos, que, por sua vez, fazem variar também os modos de sujeição dos sujeitos e a forma como se subjetivam a partir da relação com esses códigos e padrões que lhes são impostos culturalmente. Portanto, pode-se afirmar que a ética tem relação com a forma como existimos no mundo, que se sustenta nos encontros que nos constituem enquanto sujeitos (Figueiredo, 2004).

Sendo assim, podemos diferenciar duas perspectivas sobre o conceito de ética: a primeira considera a ética como adjetivo, uma ética reflexiva, uma relação de autocomprometimento do sujeito consigo mesmo e com as relações que estabelece; a segunda atenta para a ética como substantivo, que se baseia em códigos e condutas implícitos na moralidade, os quais regulam alguns comportamentos dos sujeitos (Figueiredo, 2004). As duas perspectivas coabitam os processos que constituem nossas relações sociais.

O existir no mundo se configura a partir de atos - gestos, atitudes, enunciados -, que geram produtos que serão apropriados pelas pessoas de diferentes formas (Bakhtin, 2010). Tais atos são considerados irrepetíveis, pois nunca ocorrerão exatamente da mesma forma, já que quando da tentativa de repetição, o tempo já não será o mesmo, a forma já não será a mesma, a pessoa que age já terá se transformado e o contexto de enunciação de tais atos também não será mais o mesmo (Sobral, 2009).

Normas e padrões morais buscam gerar repetibilidade dos atos, os quais, por meio da cultura, são socialmente constituídos e compartilhados, e são apropriados pelos sujeitos e reproduzidos como atos-ocorrência, enquanto atividade em comum, dentro da dimensão repetível. No entanto, ainda que possuam essa dimensão repetível, os atos gerados constituem-se como irrepetíveis em função do constante movimento de transformação do sujeito e do contexto. Assim, ao mesmo tempo em que o sujeito se apropria do repetível, há um atravessamento de sua singularidade, que transformará aquilo que foi apropriado (Sobral, 2009).

O raciocínio bakhtiniano aproxima-se, nesse sentido, do postulado por Espinosa sobre as afecções nos encontros, nas relações. Sempre haverá transformação e o sujeito nunca permanecerá o mesmo quando afetado pelos encontros da vida. Desse modo, de acordo com o estado de natureza de que trata Espinosa, o ser e o mundo são constituintes de uma só substância. Por essa perspectiva, a existência do sujeito se vê como incompleta, no sentido de que este nunca terá acesso a todas suas inúmeras possibilidades, todas as facetas possíveis no seu processo de constituição, por estar sempre nesse contínuo movimento constitutivo. "Só haveria, portanto, um meio de tornar viável o estado de natureza: esforçando-se para organizar os encontros" (Deleuze, 2017, p. 179).

Portanto, à medida que se relacionam, os sujeitos ampliam ou reduzem sua potência de ser, sendo a potencialização oportunizada pelos encontros alegres, que lhe concedem acesso às novas possibilidades dentro do infinito estado de natureza. De acordo com Deleuze (2017, p. 180), "(...) o homem livre e forte será reconhecido por suas paixões alegres, por suas afecções que aumentam essa potência de agir; o escravo ou o fraco serão reconhecidos por suas paixões tristes, pelas afecções a base de tristeza que diminuem sua potência de agir". Ao refletirmos por essa perspectiva, aproximamo-nos do olhar bakhtiniano (2010) sobre o processo de constituição de nossos atos.

Sob a égide desse olhar, necessitamos do outro para nos constituirmos, mas não somos repetição; somos também esse outro, pois ele nos atravessa, mas cada sujeito em sua singularidade transforma aquilo que for introjetado, produzindo algo novo. O autor concebe a individualidade como a soma das relações sociais da vida do sujeito, tornando-o eus a partir de outros eus (tensão relacional - geração de sentidos), ainda que não como cópias (Sobral, 2009).

Em O Abutre, as afecções de Espinosa e a tensão relacional de Bakhtin aparecem no processo constituinte de Louis Bloom como cinegrafista de cenas mórbidas - tais como acidentes e assassinatos - para jornais televisivos, a partir do momento em que é atravessado pelo encontro com o já estabelecido cinegrafista da cidade, que registrava cenas de um acidente automobilístico. O encontro afeta Louis, proporcionando-lhe uma ampliação de seu projeto de ser, fazendo com que passe a dirigir todos os seus atos em direção a conseguir fazer dessa atividade (cinegrafista) seu meio de sustento. Nesse sentido, seria possível considerá-lo como tendo sido um bom encontro.

No entanto seus atos ao longo desse processo trazem consigo uma forte parcela de repetibilidade no tocante à transgressão, à falta de empatia, ao egocentrismo - formas contidas em seus atos desde quando roubava para a garantia de sua sobrevivência, em função da escassez de oportunidades. Essa repetibilidade o leva além, objetivando a obtenção de poder, status e fama, independente dos meios necessários para tal. A característica de seus atos pode ser categorizada como antiética dentro do padrão da ética substantivada (da moral). Contudo, em consonância com o pensamento de Bakhtin (2010), há de se considerar o contexto histórico e social para se pensar o ato.

Nesse contexto, os atos de Louis Bloom, quando vistos sob a ótica da ética adjetivada, construída nas relações, são reforçados, potencializados, pelo encontro com a diretora de um jornal televisivo sensacionalista. Para manter seu emprego, a diretora Nina passou a encorajar Louis a buscar imagens com tons progressivamente mais obscuros e ousados. Nessa relação, ambos são afetados alegremente, potencializados em seu caráter mórbido, antiético (do ponto de vista da moral), não empático.

Nessa lógica, ambos assumem responsabilidade por seus atos (Sobral, 2009), justificados pelo exercício do ofício, que teria como dever a disseminação da informação. O ofício, no filme, passa a ser mais relevante para esses profissionais do que as vidas humanas implicadas. O cunho histórico e social dos processos constituintes desses atos profissionais ressalta uma sociedade que alimenta os abutres - profissionais e emissoras televisivas desse tipo - além de todo um funcionamento de uma sociedade que busca a obtenção de poder econômico e, consequentemente, social, sendo extremamente individualista.

Ainda é possível refletir acerca do fato de que os encontros alegres que potencializaram Louis Bloom na perspectiva profissional também podem tê-lo despotencializado, no sentido da percepção do outro, da alteridade. O mundo inteligível1 de Louis Bloom passou a ser apreendido a partir de um posicionamento cada vez mais individualista, ignorante do outro em sua complexidade, considerado apenas em sua objetividade na construção das mórbidas imagens ou no seu consumo.

Por fim, é possível exercitar a reflexão, desde Bakhtin e Espinosa, sobre a ética, no caso específico do filme O Abutre, olhando para o discurso monológico2 da mídia, que impõe seus pontos de vista, abafando possibilidades outras de compreensão da realidade. Ao mesmo tempo em que é sustentada por uma organização e por demandas sociais que possibilitam sua existência, também reforça esse padrão. Esse mesmo processo é o que constitui os profissionais ali envolvidos, sendo questionável a ética que condena os atos cometidos, na medida em que só foram possíveis a partir dos atravessamentos e construções históricas dialógicas da sociedade e cultura como um todo.

Sendo a psicologia uma ciência interessada em compreender o sujeito a partir de seus processos constitutivos e suas interações, bem como suas formas de adoecimento e sofrimento psíquico e seus possíveis recursos para superá-las, ela encontra nesse longa-metragem grande potência reflexiva. É possível, conforme a história contada, caminhar por diversos campos e discussões da psicologia, gerando encontros alegres que potencializem aqueles que se propuserem a analisá-lo.

Sendo assim, consideramos que o filme O Abutre proporciona discussões filosóficas a respeito da ética em psicologia e considera-se como potente seu uso em atividades que envolvam essa disciplina em cursos de graduação. Compreendemos que a ética não está somente no que rege nossos códigos morais, pois ela também se constrói nos encontros com os outros que nos constituem, que potencializam ou não nossos atos, que nunca deixarão de ser atos responsáveis, pois, conforme Bakhtin (2010), não existe álibi para a existência, afinal, "o sujeito moral só se obriga ao ato quando ele responsavelmente decide" (Faraco, 2010, pp. 154-155).

 

Referências

Anhas, D. M., & Silva, C. R. C. (2017). Participação social e subjetividade: Vivências juvenis em uma comunidade vulnerável. Psicologia: Teoria e Prática, 19(3), 139-148. DOI: 10.5935/1980-6906/psicologia.v19n3p139-148        [ Links ]

Bakhtin, M. M. (2010). Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro e João.         [ Links ]

Bakhtin, M. M. (2011). Estética da criação verbal (6a ed.). São Paulo: WMF Martins Fontes.         [ Links ]

Deleuze, G. (2017). Espinosa e o problema da expressão. São Paulo: Editora 34.         [ Links ]

Faraco, C. A. (2010). Um posfácio meio impertinente. In M. M. Baktin, M. M. Bakhtin (1920/2010): Para uma filosofia do ato responsável (pp. 147-157). São Carlos: Pedro e João.         [ Links ]

Figueiredo, L. C. (2004). Revisitando as psicologias: Da epistemologia à ética das práticas e discursos psicológicos (3a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.         [ Links ]

Gilroy, D. (Diretor). (2014, dezembro 18). O abutre [título original Nightcrawler, filme]. Bold Films.         [ Links ]

Groff, A. R. (2015). Entre vozes e linguagens para enunciar a violência: Análise dialógica de uma experiência de formação continuada para professores/as. Tese de Doutorado, Programa de Pós Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Link        [ Links ]

Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso [GEGe]. (2013). Palavras e contrapalavras: Glossariando conceitos, categorias e noções de Bakhtin. São Paulo: Pedro & João.         [ Links ]

Oliveira, J. (2015, maio 1). Resenha do filme "O Abutre" [matéria do Blog Fapcom]. Link        [ Links ]

Sobral, A. (2009). O conceito de ato ético de Bakhtin e a responsabilidade moral do sujeito. Bioethikos, 3(1), 121-126. Link        [ Links ]

Voloshínov, V. N., & Bakhtin, M. M. (1976). Discurso na vida e discurso na arte: Sobre poética sociológica [Texto foi originalmente publicado em russo, em 1926, sob o título "Slovo v zhizni i slovo vpoesie", na revista Zvezda nº 6, e assinado por V. N. Voloshinov.] (C. A. Faraco, & C. Tezza, Trad., pp. 1-16). Link        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Flora Andrade Neves Evangelista
E-mail: contato@floraevangelista.com.br

Josiele Bené Lahorgue
E-mail: psicojosi@gmail.com

Recebido em: 22/09/2019
Revisado em: 04/10/2020
Aceito em: 30/10/2020
Publicado online: 16/03/2021

 

 

1 Bakhtin considera o mundo sensível como o mundo dado e o mundo inteligível como a apreensão do mundo. Envolve a junção da realização concreta dos atos humanos, com a categorização de seus conteúdos e suas formas, atribuindo sentido para seus autores e interlocutores. (Sobral, 2009).
2 Contrapõe o dialógico. Que não estabelece um diálogo, não leva o outro em conta. Segundo Sobral (2009, p. 123), "(...) estamos 'condenados' eticamente a levar o outro em conta, exceto na linguagem da violência".

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