SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.21 número3El Peligro Vive al Lado: Periodismo Policial Televisivo y ParanoiaFactores Asociados a la Prevención Sexual y Reproductiva de Mujeres Lesbianas índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Revista Subjetividades

versión impresa ISSN 2359-0769versión On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.21 no.3 Fortaleza sept./dic. 2021

http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i2.e10957 

RELATOS DE PESQUISA

 

Análise lexical sobre o/a jovem nem-nem no documento trabalho decente e juventude/oit

 

Lexical Analysis on the Young Neither-Nor in the Document Decent Work and Youth/ILO

 

Análisis Lexical sobre el Joven Ni-Ni en el Documento Trabajo Decente y Juventud/OIT

 

Analyse Lexicale sur le Jeune en Situation de NEET dans le Document 'Travail décent et jeunesse"/ OIT

 

 

Paulo Roberto da Silva JúniorI; Claudia MayorgaII

IDoutor em Psicologia pela UFMG. Professor da Faculdade Arnaldo. Pós-doutorando em Saúde Pública pelo Instituto René Rachou- Fiocruz Minas
IIDoutora em Psicologia Social pela Universidad Complutense de Madrid. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFMG. Coordenadora do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão Conexões de Saberes - UFMG

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Jovens que nem estudam, nem trabalham e nem procuram emprego têm sido nomeados/as como jovens nem-nem, em diferentes contextos sociais. Tanto no Brasil quanto em outros países do mundo, a juventude nem-nem tem ocupado um lugar de destaque no meio acadêmico, na mídia e nas intervenções por parte do Estado e de outros atores sociais, todos buscando formas de atuar sobre o problema. Diante desse cenário, buscamos compreender as noções construídas sobre os/as jovens nomeados/as como nem-nem, bem como as propostas de controle e regulação produzidas por diferentes atores da sociedade para eles/as. A partir de uma pesquisa documental, apresentamos neste artigo os resultados de uma análise lexical realizada com o auxílio do programa ALCESTE - Análise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de Texto. Os resultados destacam os principais universos semânticos sobre os/as jovens nomeados/as nem-nem em trechos retirados de onze (11) edições do documento Trabalho Decente e Juventude da Organização Internacional do Trabalho. Problematizamos algumas noções que convidam a pensar os/as jovens ditos/as nem-nem como sujeitos vulneráveis e como grupo de risco, sendo as respostas mais imediatas direcionadas ao investimento na subjetividade do/a jovem, reatualizando o mito dos/as jovens pobres como classe perigosa, sem com isso levar em consideração a reprodução social da nossa desigualdade.

Palavras-chave: juventude; jovem nem-nem; intervenções; OIT; psicologia.


ABSTRACT

Young people who neither study, work, or seek employment have been named neither-nor youth in different social contexts. Both in Brazil and other countries around the world, youth neither has nor-nor has occupied a prominent place in academia, in the media, and interventions by the State and other social actors, all seeking ways to act on the problem. Given this scenario, we seek to understand the notions built on young people named as neither-nor, as well as the proposals for control and regulation produced by different actors in society for them. Based on documental research, we present in this article the results of a lexical analysis carried out with the aid of the ALCESTE program - Lexical Analysis by Context of a Set of Text Segments. The results highlight the main semantic universes about the young people named neither in excerpts taken from eleven (11) editions of the document Decent Work and Youth of the International Labor Organization. We problematize some notions that invite us to think about the so-called young people neither as vulnerable subjects nor as a risk group as a dangerous class, without considering the social reproduction of our inequality.

Keywords: youth; young neither-nor; interventions; ILO; psychology.


RESUMEN

Jóvenes que ni estudian, ni trabajan y no buscan empleo están siendo nombrados como jóvenes ni-ni, en diferentes contextos sociales. Tanto en Brasil cuanto en otros países del mundo, la juventud ni-ni está ocupando un lugar de enfoque en el medio académico, en los medios y en las intervenciones por parte del Estado y de otros actores sociales, todos buscando formas de actuar sobre el problema. Ante esta escena, buscamos comprender las nociones construidas sobre los jóvenes ni-ni, y también las propuestas de control y regulación producidas por distintos actores de la sociedad para ellos. A partir de una investigación documental, presentamos en este trabajo los resultados de un análisis lexical realizado con la ayuda del programa ALCESTE - Análisis Lexical por Contexto de un Conjunto de Segmentos de Texto. Los resultados enfocan los principales universos semánticos sobre los jóvenes nombrados ni-ni en partes retiradas de once (11) ediciones del documento Trabajo Decente y Juventud de la Organización Internacional del Trabajo. Problematizamos algunas nociones que invitan a pensar en los jóvenes ni-ni como sujetos vulnerables y como grupo de riesgo, siendo las respuestas más inmediatas direccionadas a la inversión en la subjetividad del joven, reactualizando el mito de los jóvenes pobres como clase peligrosa, sin llevar en consideración la reproducción social de nuestra desigualdad.

Palabras claves: juventud; joven ni-ni; intervenciones; OIT; psicología.


RÉSUMÉ

Les jeunes qui ne sont ni à l'emploi et ne suivent ni enseignement, ni formation et ne cherchent pas d'emploi ont été désignés comme jeunes en situation de NEET, dans différents contextes sociaux. Au Brésil et dans d'autres pays du monde, les jeunes en situation de NEET attirent l'attention de l'académie, des médias et des interventions de l'État et d'autres acteurs sociaux, tous cherchant des moyens d'agir sur le problème. Face à ce scénario, nous cherchons à comprendre les notions construites sur ces jeunes, ainsi que les propositions de contrôle et de régulation produites par différents acteurs de la société pour eux. Sur la base d'une recherche documentaire, nous présentons, dans cet article, les résultats d'une analyse lexicale réalisée avec l'aide du programme ALCESTE - Analyse Lexicale par Contexte d'un Ensemble de Segments de Texte. Les résultats mettent en évidence les principaux univers sémantiques concernant les jeunes en situation de NEET dans des extraits tirés de onze (11) éditions du document 'Travail Décent et Jeunesse' de l'Organisation Internationale du Travail (OIT). Nous avons contesté certaines notions qui invitent à penser ces jeunes comme sujets vulnérables et groupe à risque. Les réponses sont liées aux investissements dans la subjectivité des jeunes, en remettant en évidence les jeunes pauvres comme une classe dangereuse. Néanmoins, ils ne prennent pas en compte la reproduction sociale de nos inégalités.

Mots-clés: jeunesse; jeune en situation de NEET; interventions; Organisation Internationale du Travail; psychologie.


 

 

As reflexões apresentadas neste artigo resultam de uma pesquisa que se orientou a partir da constatação da juventude nem-nem como um tema de grande destaque no Brasil e no mundo. A expressão nem-nem, que possui como correlatos os termos em espanhol NI NI - ni estudan ni trabajan e em inglês NEET - neither in employment nor in education or training, tem sido amplamente utilizada no Brasil para se referir aos/às1 jovens que estão fora da escola, fora do mercado de trabalho e que não participam de programas de treinamento para o trabalho. Esses/as jovens constituíram-se como um objeto de preocupação em países como a Inglaterra e o Japão em meados da década de 1990, durante a crise de reestruturação produtiva capitalista. Dados da Oficina Internacional do Trabajo (OIT) (2016) apontam que 25% da população jovem, entre 15 e 29 anos de idade, em 28 países pesquisados ao redor do mundo, encontra-se na condição chamada nem-nem, compreendendo-se que tal taxa de inatividade aumenta à medida que um/a jovem envelhece. Indispensável destacar que essa condição não é uma novidade no mundo contemporâneo, contudo, ela ganha destaque como problema social e estrutural, sobretudo, a partir da crise de 2008, iniciada nos Estados Unidos, alastrando-se posteriormente pela Europa (Cardoso, 2013).

O percentual de jovens nem-nem na faixa etária entre 15 e 29 anos no Brasil chegou a 29,33% no segundo semestre de 2020, dentro de uma série histórica de percentuais acima dos 20% desde 2012 (Neri, 2021). Marcada pela heterogeneidade, a condição chamada nem-nem revela o impacto dos marcadores sociais presentes no contexto brasileiro; pois são os/as jovens negros/as, os/as chefes de família, os/as sem instrução e aqueles(as) que possuem filhos(as), os/as mais impactados/as; o que mostra as distintas trajetórias trilhadas por esse grupo social (Silva, Melo, & Vieira, 2020). Pode-se afirmar, portanto, que a condição intitulada nem-nem no Brasil é marcada pelas seguintes particularidades: maior preponderância entre jovens com pouca escolaridade e de baixa renda, mulheres com filho, notadamente; crescimento da inatividade entre os homens, sobretudo, entre os menos escolarizados; maiores dificuldades de inserção no mercado de trabalho por parte dos homens com pouca escolaridade (Monteiro, 2013; Neri, 2021).

Destaca-se que o tema vem sendo pautado por um vasto conjunto de pesquisas, informes e matérias jornalísticas que revelam o dilatamento do número de jovens nomeados/as nem-nem, o que coloca em xeque o modelo estrutural-funcionalista de transição dos jovens para a vida adulta, pautado na saída da escola e a entrada no mercado de trabalho (Groppo, 2017). Esse lugar de destaque está alicerçado em um conjunto de pesquisas e informes que apontam: o crescente número de jovens chamados/as nem-nem; uma repercussão espetacularizada desses dados pela mídia; a constituição de várias intervenções sociais sobre os/as jovens; e um desconhecimento e desinteresse pelas experiências de vida e práticas sociais dos/as jovens que vivenciam essas experiências (Silva & Mayorga, 2019).

Buscamos neste artigo problematizar as noções construídas sobre o/a chamado/a jovem nem-nem, a partir de uma análise lexical de universos semânticos, ou seja, uma análise de coocorrência de palavras e dos significados que elas carregam, acerca dessa noção nos documentos Trabalho Decente e Juventude, da Organização Internacional do Trabalho/OIT, com o suporte do programa ALCESTE (Análise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de Texto). Esse exercício, de problematização das noções construídas e compartilhadas sobre a juventude nem-nem, se realiza a partir de um posicionamento epistemológico crítico e questionador em relação à construção dos conhecimentos socialmente disponibilizados e seus efeitos sobre os sujeitos e a sociedade. Tal exercício de problematização é orientado, principalmente, pelo tripé teoria, prática e compromisso social, da psicologia social, e dos seus diálogos com o construcionismo social, o feminismo e a pesquisa-intervenção (Adrião, 2014; Castro, Lino, & Mayorga, 2020; Gergen, & Gergen, 2010).

O desemprego juvenil pode ser compreendido, nos diferentes contextos e países, como um dos efeitos da configuração da sociedade pós-industrial, ou sociedade da informação/sociedade informacional (Castells, 2000), profundamente marcada pela: informação como matéria prima; a penetrabilidade das novas tecnologias; a flexibilização da produção; a lógica de redes e a convergência de novas tecnologias. Ou seja, uma ampla plataformização do trabalho na indústria 4.0 (Antunes, 2020)2. Também, a visão compartilhada sobre os/as jovens como sujeitos imaturos/as e despreparados/as para assumir postos dentro de um sistema que privilegia as altas competências e habilidades, associadas muitas vezes ao universo adulto, acaba por eliminar e afastá-los/as do mercado de trabalho. Articula-se a essas restrições as dinâmicas de classe, raça, gênero e território, tendo como resultado a exclusão e o desencorajamento dos/as jovens para busca de trabalho, pois tais sujeitos pressupõem, de antemão, uma possível rejeição (o que configura o conceito de desemprego por desalento) (Corseuil, Franca, & Poloponsky, 2020).

Sublinhamos que, no caso brasileiro, o interesse por esse tema tem sido atravessado pela construção de diferentes intervenções direcionadas a esse público, que buscam intervir nas carências e na violência em potencial que muitos/as acreditam fazer parte de uma suposta natureza desses/as jovens, especialmente os homens. O interesse por essa pesquisa advém, também, por compreender que existe um desconhecimento e um desinteresse pelas práticas sociais e experiências de vida de tais jovens - em sua maioria moradores de periferias e denominados/as jovens nem-nem - que possuem repertório de vida capaz de desconstruir e reescrever suas situações sociais, caso tenham oportunidades, diferentemente da noção errônea veiculada pelos discursos moralizantes.

Na grande mídia, os dados sobre os/as jovens nomeados/as nem-nem embasam a construção de matérias jornalísticas - notícias que convidam a uma espetacularização dos dados como, por exemplo: Geração Nem-Nem+: uma bomba-relógio (Gomes, 2014); O próximo "nem-nem" pode ser você (Amaro, 2015); Não estuda nem trabalha: Crise econômica e social lançam alerta sobre "geração nem-nem" (Martins, n/d). Notícias que também destacam preocupações que resvalam para um viés economicista, pois esses/as jovens, de acordo com as análises realizadas, podem ajudar a elevar as taxas de desemprego e apresentam maior probabilidade de se tornarem dependentes do governo. De mais a mais, outro fator de preocupação seria a possibilidade de aderência a criminalidade, violência e tráfico de drogas por parte do que seria denominado de "exército" de jovens vulneráveis e em situação de risco. Cabe assim, portanto, questionar sobre o papel da mídia na espetacularização e na invenção de determinados sujeitos jovens (Koury, 2011), que a partir da produção midiática de destaque, compreendem os ditos/as nem-nem como uma juventude perdida.

Nessa produção midiática merece destaque o fato das pesquisas realizadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) serem utilizadas como fonte de informações estatísticas, sendo possível observar nos últimos anos uma estreita relação entre o lançamento de uma nova edição dos informes da OIT, sobre emprego e desemprego juvenil, e o surgimento de um novo boom de notícias. Destacamos que, a nível mundial, a OIT é um importante ator na produção e publicização de dados referentes ao mercado de trabalho adulto e juvenil, com destaque na orientação das políticas voltadas para emprego e renda.

Nesse sentido, escolhemos para a análise lexical os documentos Trabalho Decente e Juventude da OIT, produzidos pela Oficina Regional para América Latina e Caribe, com sede em Lima/Peru, e pelo Projeto Promoção do Emprego Juvenil na América Latina, focalizando a região da América Latina e Caribe. Esses documentos são frequentemente referenciados, tanto pelas matérias jornalísticas, quanto pelos trabalhos acadêmicos, sobre a situação de emprego e renda da juventude nos diferentes países da América Latina. A juventude considerada nem-nem é, portanto, um dos vários assuntos tratados por essa publicação, não sendo apenas o seu tema central, o que justifica a sua relevância como objeto de estudo.

Levando em consideração a importância que as produções da OIT possuem no compartilhamento de informações sobre os/as chamados/as jovens nem-nem e sua capilaridade no campo publicitário e acadêmico, apresentamos aqui os resultados da análise dos principais conteúdos lexicais veiculados sobre o tema nas publicações Trabalho Decente e Juventude, problematizando, a partir de uma perspectiva construcionista (Gergen, & Gergen, 2010), a evidência com que se impõe sobre nós essa categoria, seus sentidos e seus efeitos práticos. Analisada como documento de domínio público (Spink, Ribeiro, Conejo, & Souza, 2014), as publicações da OIT sobre juventude devem ser compreendidas como produto social que veicula posições e posturas pessoais, institucionais, coletivas, assumidas por diversos atores na sociedade e que constroem a vida cotidiana. Os enunciados compartilhados não são neutros e estão inseridos numa complexa rede produtora de sentidos. Esses sentidos orientam as práticas sociais e podem passar a gerir a vida dos sujeitos, por meio de ações, políticas, projetos e programas de diversas naturezas.

Este estudo é relevante primeiro por buscar desnaturalizar essas produções discursivas e analisar/questionar os efeitos práticos dos enunciados sobre o que se compreende como juventude nem-nem. Segundo por contribuir para uma desnaturalização de certas perspectivas da psicologia do desenvolvimento, que compreendem a juventude como uma etapa de vida universal e determinada (biopsicologicamente) (Groppo, 2017), apresentando, ao contrário disso, uma perspectiva sócio-histórica que implode os determinantes sociais pensados para esse grupo, ao levar em consideração os marcadores sociais de classe, raça e gênero (Pereira, 2019).

 

Método

Realizamos uma pesquisa documental e exploratória, utilizando como fonte de informação trechos de 11 (onze) publicações do documento Trabalho Decente e Juventude, da Organização Internacional do Trabalho, publicados entre os anos de 2007 e 2013. Entre 2007 e 2015 foram produzidos 15 documentos, porém em apenas 11 deles foram encontrados trechos sobre o/a jovem nomeado/a nem-nem. O recorte temporal refere-se, portanto, aos anos dos documentos nos quais foram encontradas informações sobre o tema estudado.

Fazem parte do corpus de análise (banco de dados com todos os fragmentos de textos selecionados dos informes e salvos em arquivo de texto único e editável) trechos que tratam especificamente do/a jovem chamado/a nem-nem. Priorizamos as versões em espanhol para garantir a homogeneidade do corpus, sendo necessária tradução para o espanhol apenas no caso de documentos originalmente em inglês. Dessa forma, optamos por não traduzir a fonte de dados para o português na apresentação dos resultados aqui listados, pois tal tradução produziria uma desconfiguração das marcações e destaques produzidos pelo próprio programa. Em todos os segmentos de texto selecionados foi utilizado, como referência de recorte, o fim do parágrafo onde se encontrava alguma menção ao/à jovem chamado/a nem-nem.

Assim, a pesquisa documental tem como objetivo extrair informações de um determinado documento - textual ou não - utilizando-se de técnicas para o seu manuseio, estabelecimento de categorias, análise dessas categorias e construção de sínteses; no intuito de ampliar o entendimento sobre temas, objetos e fenômenos que necessitam de contextualização histórica e sociocultural (Sá-Silva, Almeida, & Guindani, 2009). Na pesquisa documental o trabalho resume-se a encontrar informações úteis para o estudo que será realizado e, posteriormente, analisá-las. Para realizá-la é vital compreender qual o contexto social, histórico e político no qual o documento foi produzido; os/as autores/as do documento; quais técnicas foram utilizadas para coletar as informações; qual a natureza do documento; e quais os conceitos-chave e a lógica interna do documento.

O banco de dados, contendo os segmentos de texto extraídos dos informes, foi submetido à análise textual, cujo objetivo é o de tratar estatisticamente um texto e descobrir a informação básica contida nele (Oliveira, Gomes, & Marques, 2005).

Para a análise textual foi utilizado o programa ALCESTE (Análise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de Texto), desenvolvido em 1979 por Max Reinert, que combina diversos procedimentos estatísticos para a exploração de grandes volumes de textos com coerência temática. O ALCESTE efetua cálculos sobre coocorrências de palavras em segmentos de textos, permitindo relacionar o uso de um vocabulário linguístico específico com formas particulares de pensar sobre um determinado objeto (Kronberger & Wagner, 2008).

Apresentamos o resultado da Classificação Hierárquica Descendente (CHD) do ALCESTE, por meio de um dendograma3. A CHD inicia-se com a leitura do conjunto das Unidades de Contexto Elementar (UCE) como uma classe matriz e, em seguida, divisões em pares são continuamente realizadas até que seja impossível realizar novas separações. Cada UCE tem, aproximadamente, de três a seis linhas, sempre com tamanho inferior a 250 caracteres, respeitando a pontuação e a ordem de surgimento no corpus. Ela corresponde à ideia de afirmativa do texto, enquanto o ALCESTE estabelece matrizes para o trabalho de classificação a partir da vinculação das palavras do corpus a cada uma das UCE's. A divisão é realizada com base no qui-quadrado (χ2)4 das palavras reduzidas e das palavras plenas (substantivos, verbos, adjetivos e advérbios)5, a partir da comparação entre a distribuição média de uma palavra e a distribuição na classe lexical, no intuito de destacar a diferenciação dos vocabulários no texto. O produto dessa etapa é uma hierarquia de classes de UCE, que apresentam vocabulários semelhantes entre si e, ao mesmo tempo, diferentes das UCE's de outras classes. O objetivo é produzir o máximo de homogeneidade intraclasse e oposição interclasse, gerando classes específicas e homogêneas (Oliveira, Gianordoli-Nascimento, Santos, & Freitas, 2015).

O ALCESTE fornece, como um dos seus resultados, uma classificação do vocabulário em classes lexicais e as relações que se estabelecem entre elas. A nomeação das classes depende única e exclusivamente do trabalho de interpretação teórica e analítica do/a pesquisador/a, a qual foi realizada por meio da articulação entre os conhecimentos teóricos e empíricos sobre o tema em estudo, além da leitura atenta das palavras plenas e reduzidas de cada classe, das variáveis e das UCE's - Unidades de Contexto Elementar. Esse é um trabalho de "retradução" da realidade presente nos dados, que só pode ser realizada pelo/a pesquisador/a, por meio da construção dos sentidos, para os resultados em diálogo com sua noção de mundo (Oliveira et al., 2005).

O dendograma, resultante da classificação hierárquica descendente do corpus Trabalho Decente e Juventude, apresentou quatro classes de palavras, dividida em três blocos. Assim temos que as Classes 3 e 4 estão ligadas entre si, que por sua vez se ligam à Classe 2. Já a Classe 1 se liga ao conjunto das outras três classes, conforme pode ser visto na Figura 1.

Para cada uma das classes, o programa fornece UCE's - Unidades de Contexto Elementar -, precedidas de uma linha de identificação que indica o texto de origem e é composta pelo corpus e pelo qui-quadrado, que representa a força de sua relação com a classe e variáveis preestabelecidas, presentes, também, no dendograma: Documento (id_1 a id_11: refere-se aos 11 documentos utilizados na análise); Dinâmicas de Gênero (gen_1: Situação dos Homens Jovens e gen_2: Situação das Mulheres Jovens); Dinâmicas de Raça (rac_1: Situação dos/as Jovens Brancos/as e rac_2: Situação dos/as Jovens Negros/as); Dinâmicas de Classe (cla_1: Situação dos/as Jovens Ricos/as e cla_2: Situação dos/as Jovens Pobres); Dinâmicas de Território (ter_1: Situação dos/as Jovens Urbanos/as e ter_2: Situação dos/as Jovens Rurais); Noção de Risco social (ris_1: Menção a Situação de Risco Social e ris_2: Não menciona Situação de Risco Social); e País (pais_1 a pais_6: países referências de alguns dos documentos utilizados na análise). Como analisado, então, as formas/palavras apresentadas no gráfico e entre parênteses na UCE são as com maior qui-quadrado.

Reforçamos que a análise dos dados não é realizada pelo software, mas pelo/a pesquisador/a, a partir de um conjunto de pressupostos teóricos, que no nosso caso se coaduna com a abordagem construcionista social da produção do conhecimento, ao desnaturalizar a realidade (Guareschi, 2008) e mostrar que o conhecimento disponível não é a representação do mundo e sim proposições explicativas que ganham efeitos de verdade na vida cotidiana e instituem modos de ser e de viver. Nosso percurso, assim, será o de analisar os enunciados compartilhados sobre esses/as jovens e questionar o seu aspecto construído, que invisibiliza desigualdades sociais e age sobre seus modos de ser e viver.

 

Resultados e Discussão

Em relação à América Latina, ressaltamos o cenário de crescimento econômico e melhorias sociais vivenciadas pelos países, a saída de 50 milhões de pessoas da pobreza, o aumento dos investimentos estatais na área social, a diminuição da desigualdade e de alguns indicadores sociais de subdesenvolvimento (Rivas, 2015). Embora o crescimento econômico tenha sido experimentado pela população em diversos países latino-americanos, os elevados níveis de desigualdade social fizeram com que alguns progressos sociais não reverberassem a ponto de melhorar os níveis de empregabilidade e as condições de trabalho dos/as jovens.

Enquanto trabalhadores, a maioria dos/as jovens não conta com contrato de trabalho e proteção social, sendo seis trabalhadores/as informais a cada grupo de 10 jovens (OIT, 2013). Com uma taxa de desemprego de 13,9%, três vezes maior que a taxa dos adultos, sendo ainda maior para as mulheres jovens (17,7% contra 11,4% dos homens jovens) e para os setores mais pobres da população (acima de 25%), os/as jovens representam quase metade (43%) dos/as desempregados/as da região. Pode-se afirmar, então, que a tônica da condição do trabalho juvenil latino-americano é timbrada pelo desemprego e pela informalidade.

Em relação ao acesso à escola as estatísticas são mais positivas, pois o número de jovens que apenas estudam chegou a 34,5% em 2014, relevando uma permanência maior no sistema educativo. Esses dados promissores são reflexos da ampliação dos anos de escolaridade obrigatória, do financiamento do Estado em políticas educacionais e reformas curriculares, do aumento no valor per capita investido em cada aluno/a e da criação de legislações estabelecendo novos direitos para os/as alunos/as e obrigações do sistema escolar. A recentralização da administração da educação por parte dos estados (Rivas, 2015) foi, nesse sentido, o principal fator a impulsionar a elevação da escolaridade, a permanência na escola e a qualidade da educação, não obstante subsistam os desafios da educação para todos/as.

Em relação à Classe 3, nomeada como "Grupo em Desvantagem", cabe destaque para as variáveis id_3 e pais_2 mais correlacionadas à classe, as quais correspondem ao documento que se detém sobre os dados do Peru, embora estes possam ser expandidos para os demais países da região. Em referência a esses dados, as formas reduzidas mais fortes no conjunto das UCE's são, justamente, tasa+, desempleo, Lima e adultos, o que aponta para os/as jovens tidos/as como nem-nem na América Latina, como um grupo em desvantagem e foco de atenção, como pode ser visto abaixo:

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 142, Qui-quadrado = 53, Documento nº 3, Variáveis: id_3, gen_2, ris_1, pais_2:

el (mapa) laboral de los jovenes (indica) que los mayores (grupos) en (desventaja) son los llamados (informales), los (desempleados) que no (estudian), y los (inactivos) que (no_estudian_ni_quieren) trabajar, (tanto) en (Lima) como a (nivel) (urbano);

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 146, Qui-quadrado = 36, Documento n° 3, Variáveis: id_3, gen_2, ris_1 e pais_2:

(grupos) en (desventaja:) (informales) que no (estudian), (desempleados) no (estudian), (inactivos) que (no_estudian_ni_quieren) trabajar. falta mas orientacion (ocupacional) y (vocacional). necesidad de retencion por sistema educativo a (inactivos) que no (estudian).

Estima-se na América Latina a existência de aproximadamente 22 milhões de jovens apontados/as como nem-nem, o que representa a quarta parte dos/as jovens da região. Além disso, ser mulher jovem e ser um/a jovem pobre aumenta exponencialmente as chances de viver a experiência de não trabalhar e não estudar. As noções de grupo em desvantagem e desalento são transmitidas no léxico (conjunto de palavras e seus respectivos sentidos) da classe, ou seja, como organizadoras da falta de orientação para o trabalho e da ociosidade, tornando esse grupo foco de atenção e de intervenções. Desenvolvimento da autoestima, aumento dos níveis de escolarização, investimento na aquisição de competências para o trabalho e incremento no número de postos de trabalho aparecem como estratégias da gestão da empregabilidade dos/as jovens (Neves, 2008), focadas, muitas vezes, na construção de itinerários ocupacionais que exortam o uso da criatividade e a administração de recursos limitados para gerir o próprio circuito econômico.

Compreender esses/as jovens como foco de atenção, pois lhes falta algo em sua formação e em seu desenvolvimento pessoal, escolar e profissional, impele a pensá-los/as como jovens vulneráveis. A noção de vulnerabilidade, que remete às ideias de fragilidade e carência do sujeito, tem sido amplamente utilizada no campo das ciências humanas e ciências sociais, havendo uma transposição da sua forma originada no campo da saúde, a partir dos trabalhos realizados sobre AIDS nos EUA, muito fortemente pautada no conceito de grupo de/em risco (Guareschi, Reis, Huning, & Bertuzzi, 2007). Algumas das experiências sociais vivenciadas pela juventude pobre - como o desemprego, a gravidez na adolescência, a falta de oportunidades e de acesso aos direitos sociais, e o envolvimento com a criminalidade -, são utilizadas para delimitar os/as jovens desse grupo na categoria de vulneráveis, como frágeis e incapazes de responder diante de determinações interpretadas como de ordem individual e psicológica, e não como construções de uma sociedade pletora de hierarquias sociais. Como grupo de risco que demanda atenção e cuidado dos atores institucionais, os/as jovens pobres e aqueles ditos/as nem-nem se tornam depositários de ações que visam, em grande medida, contribuir para atravessarem a condição de jovem problema para a de jovem solução, dentro de um paradigma de trabalho social impregnado pelo modelo de gestão e pela racionalidade empresarial (Tommasi, 2014).

O investimento no fortalecimento da autoestima, na aquisição de conhecimentos e no envolvimento comunitário dos/as jovens em situação de atenção configura-se, portanto, como um espelhamento do pensamento neoliberal que centra no capital humano, como, por exemplo, a saída da situação de vulnerabilidade sendo um investimento feito pelo próprio indivíduo (Foucault, 2008). Nessa lógica, a partir do empreendimento de si, basta os/as jovens vulneráveis tornarem-se jovens protagonistas, resilientes e transformadores/as da própria situação social, como num passe de ilusionismo, porém, sem condições efetivas para isso.

Na Classe 4 dois temas estão mais presentes: a situação das mulheres jovens e a situação de exclusão social do grupo de jovens chamado/a nem-nem, o que indicou intitular a classe como "Mulheres Jovens e Exclusão". Em relação às mulheres jovens, aparecem como causas da condição nem-nem a responsabilização pelas tarefas domésticas e de cuidado de outras crianças da casa, a gravidez precoce e a união com cônjuge. No universo semântico destaca-se, também, a reprodução dos estereótipos de gênero e a influência dos familiares na reprodução dos mesmos. Essa nomeação deu-se em relação ao vocabulário da classe, assim como pelos valores de associação das variáveis: cla_2: situação dos jovens pobres; gen_1: situação dos homens jovens; ris_1: em situação de risco social; e das formas reduzidas mais associadas à classe: mujer+, hogar+, mercado+, riesgo+. As UCE's abaixo exemplificam a classe:

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 23, Qui-quadrado = 27:

(muchas) veces, (desde) jovenes y por (patrones) (culturales), a (las) jovenes (se) (les) asignan (tareas) (domesticas) (al) interior de (las) (familias), (que) asumen (tambien) (al) (tener) pareja y (o) (hijos).

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 40, Qui-quadrado = 20, Documento n° 1, Variáveis: id_1, gen_1, gen_2, cla_2, ter_1, ris_1:

entre (las) (mujeres) la segunda (razon) (mas) (importante) (es) la dedicacion a (quehaceres) del (hogar) (o) el embarazo (precoz), (factores) (que) limitan (las) (trayectorias) (laborales) de (las) jovenes.

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 66, Qui-quadrado = 11, Documento n° 1, Variáveis: id_1, gen_1, gen_2, cla_2, ter_1, ris_1:

los (referentes) de (las) jovenes, (sus) padres, (no) ayudan a estimular (trayectorias) positivas: (muchos) de (ellos), como (resultado) de su (propia) (educacion), tienden a reforzar estereotipos de (genero) en (sus) (hijos) e hijas, asumiendo (que) (las) (mujeres) y los (hombres) (tienen) (habilidades) (diferentes) (que) los predisponen para distintos (tipos) de trabajo.

Como exemplo da discrepância entre os gêneros na leitura do fenômeno chamado nem-nem, trazemos à baila o caso brasileiro, o qual demonstra que 70,3% dos/as jovens considerados/as nem-nem são mulheres. Dessas jovens, aproximadamente, 60% são mães de pelo menos um filho e, dessas, apenas 28,5% encontram-se inseridas na escola (Silva, 2018). De modo inequívoco, a saída compulsória das jovens do mercado de trabalho e da escola, ou a permanência precária, é perpassada pela dinâmica sexista, misógina e machista de gênero que aprisiona as mulheres no mundo privado e apresenta para os homens o espaço público como um campo incomensurável de possibilidades de ação. Ao tomarmos conhecimento de que no ano de 2013 cerca de 125 mil adolescentes, meninas de 16 e 17 anos, encontravam-se exercendo a atividade de domésticas (Plan International, 2017), torna-se possível compreender esses dados à luz da exploração da mais-valia, historicamente, arrancada das mulheres (Saffioti, 1979).

A compreensão feminista dos papéis sociais desempenhados por homens e mulheres como uma construção social, e não como determinados por uma suposta e contraditória natureza biológica (Hirata & Kergoat, 2007) faz emergir a leitura da divisão sexual do trabalho como prática social de definição de atividades femininas e masculinas, legitimadas a partir do papel das mulheres na reprodução biológica. A naturalização das tarefas domésticas e do cuidado das crianças - sejam as suas ou de pessoas próximas - são tidas como responsabilidade das mulheres, principalmente, das mais pobres e negras. Dessa forma, tal informação deve ser entendida como um aspecto que contribui para o funcionamento, manutenção e perpetuação desigual das relações sociais entre homens e mulheres e da própria reprodução do capitalismo na nossa sociedade. Isso pode ser visto, em grande medida, na realidade de vida das jovens brasileiras que, aprisionadas no mundo privado do cuidado da própria casa ou de outrem, dos próprios/as filhos/as, das crianças de pessoas próximas e de pessoas adultas, vêm-se impedidas de frequentar a escola e de trabalhar formalmente, com remuneração justa e proteção social.

Nomear essas jovens que realizam trabalhos domésticos não remunerados ou informais como nem-nem nos parece ser, assim, uma grande contradição e equívoco, que apenas contribui para manter o status quo inalterado dentro de um sistema capitalista global e de redução ativa das mulheres, própria da colonialidade do gênero (Lugones, 2014). É preciso, nesse sentido, compreender a articulação maquinímica e cotidiana entre gênero, raça e capitalismo, para enfrentar os lugares de opressão definidos para as jovens negras e pobres pela colonialidade do gênero, que se infiltra em diversos âmbitos da vida, dentre eles o do trabalho. Sem produzir deslocamentos e fissuras nas colunas históricas e sociais, ou melhor, sem descolonizar o gênero, muito pouco será possível com políticas, projetos e ações que atacam os efeitos e não o que causa a ausência dessas jovens dos lugares de protagonismo esperados para elas.

Em relação à diminuição da fecundidade no campo da adolescência, produziram-se debates sobre sexualidade na escola, além de campanhas educativas sobre a gravidez não planejada (Plan International, 2017). Contudo, ante a presença maciça de mulheres jovens com pelo menos um filho dentro do que se considera juventude nem-nem no Brasil (Neri, 2021), destacamos que esses avanços não foram suficientes para conter o crescimento da gravidez não planejada das jovens, especialmente, mais pobres e negras. A interação entre desigualdade de gênero e desigualdade de classe social na trajetória sexual e reprodutiva de adolescentes e mulheres jovens revela que as adolescentes e jovens pobres se encontram em posições de subordinação que as impedem de ter uma maior autonomia no controle da própria reprodução sexual, quando comparadas às da classe média (Chacham, Maia, & Camargo, 2012). Relações desiguais de gênero é o principal fator para a não autonomia da jovem sobre o próprio corpo e saúde. Ou seja, a pobreza enquanto um fator que compõe o cenário agudizante das jovens pobres e uma maior prevalência de gravidez não planejada, infecção pelo HIV e ouras IST's. Não obstante a gravidez precoce não impactar direta e linearmente a descontinuidade dos estudos ou a ausência das jovens pobres da escola, pode-se afirmar que ela contribui para uma trajetória escolar reduzida e uma inserção mais precária no mundo do trabalho, conforme destacam as autoras.

Intitulada como "Pobres, negros/as e urbanos/as", os elementos típicos da Classe 2 apontam índices mais elevados de jovens designados/as nem-nem entre aqueles/as mais pobres, negros/as e residentes no meio urbano. As variáveis associadas reforçam o destaque para esse grupo na classe: rac_2: situação dos jovens negros; ter_1: situação dos jovens urbanos e clas_2: situação dos jovens pobres. A realidade brasileira é destacada, o que pode ser visto pelo alto valor do qui-quadrado (94,87) para a variável pais_6: Brasil. O campo lexical apresenta que um em cada cinco jovens é considerado/a nem-nem e a maior parte desses/as jovens são negros/as, pobres e moradores/as do meio urbano:

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 239, Qui-quadrado = 51:

las mujeres eran (mayoria) (entre) (los) (jovenes) que (solamente) (estudiaban) (ver) (tablas) a 14 y a 15 del (anexo) (estadistico). tambien en 2006, (los) (jovenes) (negros) (estaban) sobre_representados en el grupo de (los) que (no_estudiaban_no_trabajaban:) respondian (por) 52, 4 (por) (ciento) de la población (total) juvenil y (por) 58, 2 (por) (ciento) de (los) (jovenes) que (no_estudiaban_no_trabajaban) 3.

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 243, Qui-quadrado = 39, Documento n° 7, Variáveis: id_7, gen_2, rac_2, cla_2, ter_1, pais_6:

6 (por) (ciento) para (aquellos) con niveles de (ingreso) mas elevado. ello (significa) que (los) (jovenes) de (bajo) nivel de (ingreso) (estaban) sobre_representados (entre) (los) que (no_estudiaban_no_trabajaban), y tenian (mayor) (probabilidad) de estar en esta categoria.

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 240, Qui-quadrado = 27, Documento n° 7, Variáveis: id_7, gen_2, rac_2, cla_2, ter_1, pais_6:

8 (millones) de (los) 6. 5 (millones). el (porcentaje) de (jovenes) (negros) que (no_estudiaban_no_trabajaban) alcanzo la cifra de 20, 9 (por) (ciento), (contra) 16, 5 (por) (ciento) de (los) (blancos).

Não nos causa nenhum assombro a não centralidade do tema racial no conjunto dos documentos. Isso só faz confirmar a invisibilidade do racismo em diferentes sociedades, especialmente na brasileira, marcada pela ampla desigualdade entre brancos e negros (Guimarães, 2016) atinente ao acesso à educação e ao trabalho, ao salário e à renda, ao tratamento desigual pela polícia e justiça, e às posições de inferioridade e subordinação. O desapreço pelas questões raciais nas análises dos dados por parte daqueles/as que elaboram os documentos contribui, desse modo, para reforçar dois dos mitos que estruturam e contribuem para reproduzir a nossa desigualdade: o da democracia racial e o da classe como principal problema a ser enfrentado. Sem desconstruir esses mitos e articular classe, raça e gênero na leitura das experiências dos jovens, a construção das respostas recaem sobre os sujeitos e na resolução dos seus efeitos imediatos.

Os/as jovens negros/as representam 17,5% dos/as jovens considerados/as nem-nem, e 14% é a taxa de representação dos/as jovens brancos/as (Menezes, Cabanas, & Komatsu, 2013). Em relação à renda, dos 3,2 milhões dos/as chamados/as nem-nem brasileiros/as, 1,77 milhões (55%) são pobres, pois moram em domicílios que estão entre os 40% mais pobres da população e com renda mensal per capita de até R$ 330,00 (Monteiro, 2013). Esses dados ratificam que a juventude negra e pobre, independente do gênero, representa a que tem mais padecido pelos mecanismos sociais e institucionais que impedem o acesso igualitário aos bens e serviços colocados, utopicamente, como disponíveis para toda a sociedade.

O exercício de compreender as relações sociais por meio da articulação entre categorias sociais pode ser remetido ao pensamento feminista negro pós-colonial (Mayorga & Prado, 2010). Assim, classe e raça devem ser pensadas como articulação na produção da inferiorização e subordinação dos/as jovens pobres e negros/as, a partir do momento em que o racismo reconfigura o que significa pertencer a uma classe de despossuídos/as das precondições psicossociais para o reconhecimento como sujeito digno de prestígio social (Souza, 2006). Nesse sentido, o racismo produz uma identidade diferente dos/as jovens negros/as em relação aos/as jovens brancos/as pobres, como, por exemplo, a errônea afirmativa de que os/as negros/as são tidos/as na nossa sociedade como sujeitos menos capazes intelectualmente e emocionalmente. Também em relação aos/as jovens pobres e negros/as, compreende-se que a classe produz uma diferenciação entre esses jovens, pois os/as jovens negros/as e ricos/as compartilham de um habitus de classe no qual os prestígios social, cultural e intelectual contribuem para a construção de laços de solidariedade, que possibilitam um enfrentamento das consequências do racismo com mais estratégias de luta, o que não se verifica no caso dos/as jovens negros/as pobres.

O procedimento de classificação hierárquica mostrou que as Classes 3 e 4 vinculam-se, e a Classe 1 articula-se com o conjunto das duas primeiras. Este agrupado das três classes foi nomeado como "Contexto latino-americano do/a jovem nem-nem", pois o campo semântico aborda centralmente aspectos da vida dos/as jovens pobres, particularmente negros/as e mulheres, que vivenciam experiências de inatividade nomeadas como nem-nem.

Por fim, na Classe 1, denominada como "Propostas e enfrentamentos", destaca-se um conjunto de ações para a promoção do trabalho juvenil decente, uma melhor formação e qualificação dos/as jovens, o incentivo ao empreendedorismo, o acompanhamento e a orientação no mundo do trabalho e a construção de um projeto formativo e laboral. As formas reduzidas com maior valor de qui-quadrado ressaltam a relevância da construção de um programa de ações: formacion, OIT, agenda, juventud, reduc+. As UCE's abaixo exemplificam a classe:

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 334, Qui-quadrado = 46, Documento n° 8, Variáveis: id_8, gen_2, cla_2, ter_2, ris_1

(formacion) (para) (la) (certificacion) (de) estudios (primarios) (y) o (secundarios) 2. (cursos) (de) (formacion) (profesional) 3. (certificacion) (de) (competencias) laborales 4. (generacion) (de) emprendimientos (independientes) 5. (practicas) (calificantes) (en) (ambientes) (de) (trabajo) 6. (apoyo) a (la) (busqueda) (de) (empleo) 7.

Unidade de Contexto Elementar (UCE) n° 329, Qui-quadrado = 36, Documento n° 8, Variáveis: id_8, gen_2, cla_2, ter_2, ris_1:

(realizar) (experiencias) (de) (formacion) (y) o (de) (practicas) (calificantes) (en) (ambientes) (de) (trabajo), (iniciar) (una) actividad (productiva) (de) (manera) (independiente) o (insertarse) (en) un (empleo). (el) (programa), que luego (de) dos (anos) (de) (implementacion) tuvo mas (de) 130.

Muitas são as propostas que vislumbram mudanças nas vidas dos/as jovens: maior formação escolar e qualificação profissional, fomento e desenvolvimento de competências profissionais, incentivo ao empreendedorismo, incentivo ao primeiro emprego e à aprendizagem profissional, indução da iniciativa privada, fomento à proteção social e à formalização do trabalho, criação de um piso salarial básico e criação de políticas públicas que melhorem as condições de estudo e trabalho. Tais proposições visam intervir tanto na esfera micro, ao sugerir ações que incidem diretamente sobre os/as jovens, quanto na esfera macro, ao se pensar a criação de legislações específicas, que, quase sempre, dada a burocracia do estado e das instituições, são substituídas por novos planos sem que a execução e implementação do que foi proposto anteriormente se cumpra e produza efeitos positivos.

No caso do Brasil, em termos de propostas de intervenção sobre o problema dos/as jovens identificados/as nem-nem, o Projeto Educação Livre de autoria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Sistema Indústria (Serviço Social da Indústria, SESI; Serviço Nacional de Aprendizado Industrial, SENAI; e Instituto Euvaldo Lodi, IEL), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, UNESCO, teve como objetivo fomentar a formação de competências básicas em português, matemática e habilidades para o mundo do trabalho de jovens intitulados/as nem-nem, no intuito de preencher uma lacuna na mão de obra industrial (Guimarães, 2014). Pontuamos, desse modo, que propostas como essa fazem desse grupo de jovens um campo de intervenção social (Tommasi, 2010), no qual diversos atores sociais buscam intervir sobre a ociosidade, a periculosidade e a violência em potencial, por meio de estratégias de ocupação do tempo livre. Trabalho, cultura e educação vão ser, assim, as principais áreas de atuação das políticas e projetos sociais para a salvação do/a jovem pobre (Silva & Mayorga, 2016).

O/a jovem pobre como problema social (Abramo, 1997) é reatualizado no presente com outros nomes e denominações, dentre elas os/as jovens tachados/as nem-nem. Destacamos que a associação entre jovens e violência é encontrada desde o início do século passado, momento em que se discutia a higienização da sociedade por meio do combate às classes perigosas. Todo um aparato disciplinar estatal foi (e ainda é) mobilizado para o combate da pobreza nos espaços físicos dos cortiços e favelas e da pobreza dos sujeitos e de suas famílias. O mito da periculosidade da pobreza abre espaço para a gestão biopolítica dos/as jovens, especialmente os/as das classes populares, compreendidos/as como virtualmente e potencialmente delinquentes e perigosos/as (Franco, Lemos, Ferreri, Passarinho, & Macedo, 2014), por isso, então, passíveis de serem controlados/as e disciplinados/as.

Muitas ações pensadas e planejadas buscam exercer o controle sobre a vida dos/as jovens pobres, de modo atrelado à defesa dos direitos sociais, dentre eles o direito à educação e ao trabalho. O/a jovem pobre, enquanto um problema social, reatualiza os/as jovens como classe perigosa e, dentro disso, a virtualidade do risco que produzem à sociedade precisa ser administrada pelos diferentes atores sociais através de técnicas e procedimentos desenvolvidos no entorno da subjetividade (Rabinow, 2002). A animação dos/as jovens e sua transformação em sujeitos solução, o foco no empreendedorismo e no protagonismo juvenil surgem, desse modo, como respostas ao controle dos possíveis riscos produzidos pelos/as jovens chamados/as nem-nem. Riscos esses do não cumprimento dos acordos sobre a continuidade do social, de não contribuírem como força de trabalho para o desenvolvimento econômico do país ou de se envolverem com a criminalidade e a violência, produzindo a fratura do social.

Ao tomarmos como objeto de reflexão as noções e sentidos sobre os/as jovens apontados/as nem-nem veiculados nos documentos analisados, destacando-se que essas noções não representam a realidade, mas a constroem e direcionam formas de atuar sobre ela, buscamos destacar ao longo do texto nossos questionamentos sobre a possibilidade paradoxal dos/as jovens pobres, apontados/as como nem-nem, a serem entendidos/as como sujeitos de direitos e/ou sujeitos da reatualização da classe perigosa, para que o extermínio físico e simbólico da juventude negra, em voga na sociedade brasileira, não seja a resposta ao problema construído entorno desses/as jovens.

 

Considerações Finais

Buscamos nesse texto apresentar os universos semânticos mais presentes no documento Trabalho Decente e Juventude, da Organização Internacional do Trabalho, acerca dos/as jovens nomeados/as como nem-nem, bem como nossos questionamentos em relação à realidade construída por esses documentos e as possíveis ações direcionadas sobre a vida desses/as jovens, a partir dos diferentes discursos produzidos. Destacamos desde o início nossa desconfiança sobre a existência dessa situação de vida, diante dos apontamentos que mostram as deficiências conceituais do fenômeno nem-nem e da sua transitoriedade, sem com isso negar a exclusão de uma parcela importante da juventude brasileira - composta, principalmente, por mulheres pobres e negras - ao acesso à educação e ao trabalho, dentre outros direitos sociais.

Atentamos para os riscos de algumas noções e afirmações depreendidas a partir da classificação do vocabulário das publicações, que, tomadas como documentos públicos e produtores de discursos e identidades, forjam verdades transitórias, alimentam a produção midiática sobre esses/as jovens e orientam práticas sociais em relação a eles/as. Essas ações, portanto, constroem um campo de intervenções sobre a vida dos/as jovens ditos/as nem-nem que convida a pensá-los/as como sujeitos vulneráveis e como grupo de risco, sendo as respostas mais imediatas direcionadas ao investimento na subjetividade do/a jovem, na animação da sua criatividade, na aquisição de competências e na sua transformação de sujeito problema em sujeito solução.

Reforçamos a noção de que o foco dos investimentos estarem na dimensão individual não reconhece que a exclusão social de jovens da educação e do trabalho é efeito da reprodução da nossa desigualdade social, fortemente articulada com as dimensões de classe, raça e gênero. Essa invisibilidade da causa do problema construído e apresentado impede, desse modo, a construção de alternativas macroestruturais que seguramente transformem a curto e longo prazo a vida dessa parcela da juventude.

Acreditamos que a realização de um número maior de pesquisas qualitativas que busquem compreender as dinâmicas psicossociais das trajetórias de trabalho e estudo da juventude pobre e negra no Brasil pode, deveras, ampliar a compreensão sobre a construção dessa categoria jovem nem-nem, a exemplo, estatisticamente, de pesquisas europeias que têm mostrado que a exclusão de algumas experiências consideradas como de ociosidade não teria expressividade por parte da tida juventude nem-nem, como a apresentada nos levantamentos (Moreno et al., 2011). Compreende-se também a necessidade de pesquisas que deem mais atenção à dimensão interseccional na construção das desigualdades de gênero, sendo as mulheres as mais prejudicadas no acesso aos direitos sociais, mesmo sendo o gênero masculino a estampar notícias sobre o desregramento social a partir de fatores como a violência e a criminalidade, ambos resultantes da ociosidade.

A escolha, portanto, pela metodologia de análise dos efeitos de sentidos produzidos por documentos públicos, apresenta-se como uma limitação dessa pesquisa, diante da importância de compreender as dinâmicas psicossociais das trajetórias dos(as) jovens. Contudo, ainda, este trabalho avança no exercício de desnaturalizar e explicitar valores, sentidos, posicionamentos dos enunciadores(as), os quais alimentam e irrigam o imaginário social de sentidos e seus possíveis efeitos sobre a chamada juventude nem nem, trazendo a psicologia social e suas epistemologias fronteiriças para um compromisso social e político diante do estudo da(s) juventude(s).

A preocupação com os/as jovens chamados/as nem-nem se realiza dentro do escopo da proteção social da juventude como sujeitos de direitos, recentemente constituídos e permanentemente ameaçados de destituição no nosso contexto social. Assim, a tensão produzida pelas indeterminações sobre o futuro desses/as jovens pobres diz respeito à ameaça da continuidade da desigualdade social e a manutenção dos privilégios, constituindo-os como um problema social que demanda intervenções dos diferentes atores da sociedade. Dessa forma, portanto, há a preocupação das intervenções que se constroem a partir dos universos semânticos compartilhados nas publicações analisadas, sobretudo, se elas caminham na direção de garantir direitos aos/às jovens alocados/as nessa categoria nem-nem ou se reanimam a noção de classe perigosa, justificando e legitimando práticas de extermínio físico e simbólico desses/as jovens.

 

Referências

Abramo, H. W. (1997). Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação, (5-6), 25-36. Link        [ Links ]

Adrião, K. (2014). Perspectivas feministas na interface com o processo de pesquisa-intervenção-pesquisa com grupos no campo psi. Labrys, coletânea feminismos e psicologia, 26, 79-93.         [ Links ]

Amaro, M. (2015, janeiro 09). O próximo "nem-nem" pode ser você. Revista Exame. Link        [ Links ]

Antunes, R. (2020). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo.         [ Links ]

Cardoso, A. (2013). Juventude, trabalho e desenvolvimento: Elementos para uma agenda de investigação. Caderno CRH, 26(68), 293-314. DOI: 10.1590/S0103-49792013000200006        [ Links ]

Castells, M. (2000). A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra.         [ Links ]

Castro, R. D., Lino, T. R., & Mayorga, C. (2020). Desobediências epistêmicas: Propostas feministas e antirracistas em direção a um projeto de ciência e sociedade decolonial. Cadernos de Estudos Culturais, 2(2), 209-226.         [ Links ]

Chacham, A. S., Maia, M. B., & Camargo, M. B. (2012). Autonomia, gênero e gravidez na adolescência: Uma análise comparativa da experiência de adolescentes e mulheres jovens provenientes de camadas médias e populares em Belo Horizonte. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, 29(2), 389-407. DOI: 10.1590/S0102-30982012000200010        [ Links ]

Corseuil, C. H. L., Franca, M. P., & Poloponsky, K. (2020). Inserção dos jovens brasileiros no mercado de trabalho num contexto de recessão. Novos estudos CEBRAP, 39(3), 501-520. DOI: 10.25091/s01013300202000030003        [ Links ]

Foucault, M. (2008). Nascimento da biopolítica. Curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes.         [ Links ]

Franco, A. C. F., Lemos, F. C. S., Ferreri, M. A., Passarinho, L., & Macedo, A. E. A. (2014). Algumas interrogações acerca das produções midiáticas sobre a juventude. Fractal: Revista de Psicologia, 26(2), 415-428. DOI: 10.1590/1984-0292/872        [ Links ]

Gergen, K. J., & Gergen, M. (2010). Construcionismo social: Um convite ao diálogo. Rio de Janeiro: Instituto Noos.         [ Links ]

Gomes, L. F. (2014). Geração Nem-Nem+: uma bomba-relógio. Link        [ Links ]

Groppo, L. A. (2017). Juventudes e políticas públicas: Comentários sobre as concepções sociológicas de juventude. Revista Diversidades,14, 9-17.         [ Links ]

Guareschi, N. (2008). Cultura, identidades e diferenças. Reflexão e Ação, 16(2), 10-18.         [ Links ]

Guareschi, N. M. F., Reis, C. D., Huning, S. M., & Bertuzzi, L. D. (2007). Intervenção na condição de vulnerabilidade social: Um estudo sobre a produção de sentidos com adolescentes do programa do trabalho educativo. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 7(1), 17-27.         [ Links ]

Guimarães, A. S. A. (2016). Formações nacionais de classe e raça. Tempo Social, 28(2), 161-182. DOI: 10.11606/0103-2070.ts.2016.109752        [ Links ]

Guimarães, L. G. S. (2014). Juventude e desenvolvimento social na América Latina: Um estudo sob a perspectiva da cooperação. Hegemonia, Revista Eletrônica de Relações Internacionais do Centro Universitário Unieuro, 13, 202-234.         [ Links ]

Hirata, H,. & Kergoat, D. (2007). Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, 37(132), 595-609. DOI: 10.1590/S0100-15742007000300005        [ Links ]

Koury, M. G. P. (2011). Medos urbanos e mídia: O imaginário sobre juventude e violência no Brasil atual. Sociedade e Estado, 26(3), 471-486. DOI: 10.1590/S0102-69922011000300003        [ Links ]

Kronberger, N., & Wagner, W. (2008). Palavras-chave em contexto: Análise estatística de textos. In M. Bauer, & G. Gaskell (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático (pp. 416-441). Petrópolis, RJ: Vozes.         [ Links ]

Lugones, M. (2014). Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas,22(3), 935-952.         [ Links ]

Martins, A. (n/d). Não estuda nem trabalha: Crise econômica e social lançam alerta sobre "geração nem-nem". Link        [ Links ]

Mayorga, C., & Prado, M. A. M. (2010). Democracia, instituições e a articulação de categorias sociais. In C. Mayorga (Org.), Universidade cindida, universidade em conexão: Ensaios sobre e democratização da universidade (pp. 46-70). Belo Horizonte: Editora UFMG.         [ Links ]

Menezes Filho, N. A., Cabanas, P. H. F., & Komatsu, B. K. (2013). A condição "nem-nem" dos jovens é permanente? (Policy Paper 7). São Paulo: Centro de Políticas Públicas/Insper.         [ Links ]

Monteiro, J. (2013). Quem são os jovens nem-nem? Uma análise sobre os jovens que não estudam e não participam do mercado de trabalho (Texto para Discussão n.34). Rio de Janeiro: FGV-IBRE.         [ Links ]

Moreno, L. N., Carreras, E., Francisco, R., Sagüés, G. C., Faci, D. G., Roldán, A., ... & Zúñiga, R. (2011). Desmontando a ni-ni. Un estereotipo juvenil en tiempos de crisis. Madrid: Injuve. Link        [ Links ]

Neri, M. C. (2021). Juventudes, educação e trabalho: Impactos da pandemia nos nem-nem. Rio de Janeiro: FGV Social.         [ Links ]

Neves, D. P. (2008). Itinerários ocupacionais, juventude e gestão de empregabilidade. Antropolítica (UFF), 26, 113-138.         [ Links ]

Oficina Internacional del Trabajo (OIT). (2013). Una generación en peligro. Ginebra: OIT.         [ Links ]

Oficina Internacional del Trabajo (OIT). (2016). Perspectivas sociales y del empleo en el mundo 2016: Tendencias entre los jóvenes. Ginebra: OIT.         [ Links ]

Oliveira, D. C., Gomes, A. M. T., & Marques, S. C. (2005). Análise estatística de dados na pesquisa das representações sociais: Alguns princípios e uma aplicação ao campo da saúde. In M. S. S. Menin, & A. M. Shimizu (Orgs.), Experiência e representação social: Questões teoricas e metodológicas (pp.157-199). São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Oliveira, F., Gianordoli-Nascimento, I., Santos, T., & Freitas, J. (2015). Fronteiras e pertenças: Representações sociais e dinâmicas identitárias do tráfico de drogas na revista Veja (1968-2010). Psicologia e Saber Social, 4(2), 277-297. DOI: 10.12957/psi.saber.soc.2015.12385        [ Links ]

Pereira, A. P. (2019). Adolescência e juventude: Contribuições e desafios de escritos soviéticos para a análise da realidade brasileira. Obutchénie: Revista de Didática e Psicologia Pedagógica, 3(3), 1-25. DOI: 10.14393/OBv3n3.a2019-51706        [ Links ]

Plan International. (2017). As meninas e os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). Uma análise da situação das meninas no Brasil. São Paulo: Plan International.         [ Links ]

Rabinow, P. (2002). Antropologia da razão. Rio de Janeiro: Relume-Dumará         [ Links ].

Rivas, A. (2015). A América Latina depois do PISA. Lições aprendidas da educação em sete países (2000-2015). Cidade Autônoma de Buenos Aires: Fundação Cippec.         [ Links ]

Saffioti, H. (1979). A mulher na sociedade de classes: Mito e realidade. Petrópolis, RJ: Vozes.         [ Links ]

Sá-Silva, J. R., Almeida, C. D., & Guindani, J. F. (2009). Pesquisa documental: Pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, 1(1), 1-15.         [ Links ]

Silva Junior, P. R., & Mayorga, C. (2016). Experiências de jovens pobres participantes de programas de aprendizagem profissional. Psicologia e Sociedade, 28(2), 298-308.         [ Links ]

Silva Junior, P. R., & Mayorga, C. (2019). Jovens nem-nem brasileiros/as: Entre desconhecimento das experiências, espetacularização e intervenções. DESIDADES-Revista Eletrônica de Divulgação Científica da Infância e Juventude, 7, 10-23.         [ Links ]

Silva, I. A. (2018). Respostas da Política Nacional de Juventude para a realidade das mulheres da geração "nem-nem". Uma análise das ações de educação e trabalho. Revista Juventude e Políticas Públicas, 1(2), 167-176.         [ Links ]

Silva, M. S. R., Melo, M. M., & Vieira, J. C. (2020). Reestruturação produtiva e seus efeitos sobre o mercado de trabalho jovem. Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales en línea, (1). Link        [ Links ]

Souza, J. (2006). A gramática social da desigualdade brasileira. In J. Souza (Org.), A invisibilidade da desigualdade brasileira (pp. 23-53). Belo Horizonte: Editora UFMG.         [ Links ]

Spink, P. K., Ribeiro, M. A., Conejo, S., & Souza, E. (2014). Documentos de domínio público e a produção de informações. In M. J. P. Spink, J. M. Brigagao, V. L. Nascimento & M. P. Cordeiro (Orgs.), A produção de informação na pesquisa social: Compartilhando ferramentas (pp. 207-229). Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais.         [ Links ]

Tommasi, L. (2010). "Juventude em pauta": A juventude como campo de intervenção social (Projeto de Pesquisa). Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense.         [ Links ]

Tommasi, L. (2014). Juventude, projetos sociais, empreendedorismo e criatividade: Dispositivos, artefatos e agentes para o governo da população jovem. Passagens: Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, 6(2), 287-311.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Paulo Roberto da Silva Júnior
E-mail: paulosilva.junior@yahoo.com.br

Claudia Mayorga
E-mail: claudiamayorga@ufmg.br

Recebido em: 20/07/2020
Revisado em: 30/06/2021
Aceito em: 05/07/2021
Publicado online: 10/01/2022

 

 

1 Utilizaremos na redação do texto a flexão de gênero como estratégia de equidade de gênero e de uso não sexista da linguagem, dando a mesma visibilidade às mulheres.
2 Segundo o autor, as indústrias 4.0 referem-se ao mundo produtivo baseado na expansão das tecnologias de comunicação e informação, tais como a internet das coisas, interconexão digital, telemática, o que tem produzido uma intensa plataformização e expansão do "trabalho morto".
3 O dendograma é uma representação gráfica em formato de blocos para a apresentação das classes de palavras e a associação entre as mesmas.
4 O Teste de Qui-Quadrado apresenta a força associativa entre as palavras em si e com a sua classe.
5 As palavras plenas realiza, realizada, realizar e realizo são reduzidas a realiz+.

Creative Commons License