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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.56 no.4 São Paulo out./dez. 2022  Epub 12-Ago-2024

https://doi.org/10.5935/0486-641x.v56n4.09 

Temas livres

O funcionamento sadomasoquista como defesa à dependência emocional primordial1

El funcionamiento sadomasoquista como defensa contra la dependencia emocional primordial

The sadomasochistic functioning as a defense against primordial emotional dependence

Le fonctionnement sadomasochiste en tant que défense contre la dépendance émotionnelle primordiale

Maria Cecília Pereira da Silva2 

Psicanalista. Tem doutorado e pós-doutorado em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Membro do Grupo Prisma de Psicanálise e Autismo (GPPA). Coordenadora da Clínica Transcultural e da Clínica 0 a 3 da SBPSP

2Membro efetivo, analista didata, analista de criança e adolescente e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).


Resumo

A autora apresenta o funcionamento sadomasoquista como defesa à dependência emocional primordial a partir da experiência clínica com uma paciente em análise. Descreve esse funcionamento como um modo perverso de se relacionar, em que a competência intelectual e a arte de sedução estão a serviço de encobrir aspectos muito primitivos, que não puderam se desenvolver na intimidade e dependência do início da vida.

Palavras-chave Édipo precoce; dependência emocional; estados primitivos da mente; modo perverso de se relacionar; sadomasoquismo

Resumen

En este artículo se presenta el funcionamiento sadomasoquista como una defensa de la dependencia emocional primordial, a partir de la experiencia clínica con una paciente en análisis. Describe este funcionamiento como una forma perversa de relacionarse, en el que la capacidad intelectual y el arte de seducción están al servicio de cubrir aspectos muy primitivos, que no podían desarrollar la intimidad y la dependencia de la vida temprana.

Palabras clave Edipo precoz; dependencia emocional; estados primitivos de la mente; manera perversa de relacionarse; el sadomasoquismo

Abstract

In this article, the author presents sadomasochistic functioning as a defense against primordial emotional dependence, based on the clinical experience with a patient under analysis. He describes this functioning as a perverse way of relating, in which intellectual capacity and the art of seduction are at the service of covering up very primitive aspects, which could not develop in the intimacy and dependence of early life.

Keywords Precocious Oedipus; emotional dependence; primitive states of mind; perverse way of relating; sadomasochism

Résumé

Cet article présente le fonctionnement sadomasochiste en tant que défense contre la dépendance émotionnelle primordiale à partir de l’expérience clinique avec une patiente en analyse. Il décrit ce fonctionnement comme un mode pervers de nouer des relations, où la compétence intellectuel et l’art de la séduction sont au service de la dissimulation de certains aspects très primitifs, qui n’ont pas pu se développer dans l’intimité et dans la dépendance du commencement de la vie.

Mots-clés Œdipe précoce; dépendance émotionnelle; états primitifs de l’esprit; mode pervers de nouer de nouer des relations; sadomasochisme

Nascer é abrir-se em feridas.

Bartolomeu Campos De Queirós, Vermelho amargo

Neste artigo, sobre o processo analítico com uma paciente com dinâmica sadomasoquista, descrevo esse funcionamento como um modo perverso de se relacionar para se defender da dependência emocional primordial.

A epígrafe de Bartolomeu Campos de Queirós ilumina o sofrido processo de constituição do mundo psíquico. Em Vermelho amargo(2012), esse escritor e educador mineiro narra sua história de menino sofrido, que aos 6 anos amargou a morte da mãe e com dor digeriu a convivência com a madrasta. De sua dor fez prosa e poesia para reparar as feridas que a saudade poderia curar.

De maneira semelhante, Amelie, sem consciência de seu desamparo emocional, carregava no corpo a mesma dor infantil e dela se defendia com muita competência intelectual e com sua arte de seduzir, distanciando-se de qualquer sofrimento mais genuíno e profundo. Ora se utilizava de um funcionamento sadomasoquista para aliviar as culpas de uma situação edípica insolúvel, ora se escondia em uma dinâmica narcísica, criando um mundo idealizado que jamais a satisfazia, encobrindo aspectos muito primitivos de quem não pôde viver a intimidade e a dependência primordial (Silva, 2017).

Em razão de sua grande competência profissional, conta com uma condição econômica que lhe garante “independência” de tudo e de todos.

Nas primeiras sessões, ela se apresentou altiva, com um discurso racional e moralista, mas logo deixou transparecer um aspecto emocional mais primitivo, que me sugeria um sentimento de fragilidade e desamparo, o qual, tão rápido quanto surgia, se desvanecia.

Chorando desesperadamente, sentava-se à minha frente, como se não imaginasse que poderia encontrar ali algum alívio para o seu sofrimento. Vitimizava-se, descrevendo um marido egoísta e algoz, que a traiu quando o seu filho nasceu. Embora Amelie conseguisse viver por alguns períodos uma vida mais integrada, ela não a sustentava por muito tempo, buscando relações diádicas, ilusórias, apaixonadas e narcísicas, em que não tolerava o terceiro.

Um dia, tomada por um sentimento de culpa dilacerador e com muito receio do meu julgamento moral, Amelie me falou en passant de um affaire no trabalho – ela traía o companheiro, justificando-se com a ideia de que “nenhum homem é confiável, todos traem!”.

Nos relacionamentos extraconjugais, procurava alimentos narcísicos com um colorido perverso, desejando vingar-se de um objeto que não atendera ao seu self onipotente. Assim, numa busca insaciável, evitava a realidade e priorizava o princípio do prazer, triunfando sobre a necessidade e a dependência afetiva.

As sessões eram sempre povoadas por muitos personagens, com demandas de solução para seus relacionamentos e com um discurso muito cindido, em que parecia incapaz de integrar os aspectos bons e maus dos objetos.

Percebia nos relatos a sua necessidade de escapar da frustração e de me enredar em um discurso com uma pseudorreflexão, ou me via tomando partido de um lado ou de outro, sentindo-me lograda e inundada por essas cenas de tanta desconfiança, que por vezes me faziam perder o contato com seu mundo emocional mais genuíno. Outras vezes, eu me perguntava a serviço de que estaria sua análise, que uso ela estaria fazendo de nossa relação. Quando minhas interpretações promoviam alguma integração, contemplando aspectos cindidos e manipuladores e ampliando sua capacidade de pensar, isso a surpreendia e promovia alguma expansão, favorecendo o vínculo analítico.

Amelie oscilava entre um funcionamento crítico e julgador e momentos de angústia e desespero. “Não aguento mais ser vítima e ficar culpada. Você precisa me ajudar!”, suplicava. Nesses momentos em que se apresentava como vítima e me pedia ajuda, eu me envolvia, empatizava com seu sofrimento, emprestava meus sentimentos de compaixão. Logo em seguida, porém, me sentia manipulada, pois em sua súplica havia na verdade a acusação latente de que eu não a estava ajudando e, instantaneamente, me deixava de lado ou desfazia de qualquer contribuição que eu pudesse oferecer. Ela abusava da bondade do objeto.

O mesmo se passava quando havia um encontro afetivo genuíno com seu companheiro. Ela descobria alguma forma de estragar esse momento e se afastar. Depois fazia um movimento conciliatório, e tudo recomeçava. Ela se afastava de uma relação íntima, buscando satisfação em colecionar flertes para compensar sua sensação de perda e sua incapacidade de estabelecer uma intimidade consigo mesma e com seu companheiro.

Faço algumas conjecturas. O que se esconde em sua dinâmica sadomasoquista? Estaria a serviço de não sentir tristeza e culpa diante de seus ataques ao objeto amado? Seria uma defesa à perda do objeto ou de nunca ter encontrado um objeto que atendesse às suas necessidades emocionais?

Seguem algumas cenas que ilustram essas conjecturas.

Cena 1

Amelie chega assustada, queixando-se da brutalidade de Sergio, o marido, e descrevendo uma briga dele com um motoqueiro. Ao mesmo tempo, diz que ele quer viver para sempre com ela, mas que sente ciúmes de tudo, até mesmo de sua relação com o filho.

Num primeiro momento fico tomada pela violência com que me descreve a cena com o motoqueiro, identificada com uma criança diante da briga dos pais. Aos poucos, vou me recuperando e observando sua dificuldade em integrar seus sentimentos ambivalentes nessa relação.

Aponto algo nesse sentido e assinalo que ela se sente pisando em ovos. Ela concorda e diz que ele explode por tudo. Em seguida, recorda-se de um sonho:

Estava em um restaurante aguardando uma mesa e vejo o Beto [o colega com quem teve um relacionamento extraconjugal] falando com umas pessoas com quem íamos jantar… algum casal conhecido… Estava todo mundo em pé e iam sair. Íamos ficar com a mesa junto com essas pessoas com quem o Beto estava conversando. Eu ficava aflita. Não sabia se eu falava para o Sergio que o Beto estava lá ou não. Sentia muita ansiedade, porque a qualquer momento tudo poderia virar uma confusão: era melhor falar ou seria pior se ele ficasse sabendo depois? Atualmente está muito difícil conversar com o Sergio… Muita coisa e vamos nos afastando…

Digo que, no sonho, parece que ela tem a confusão e também a fantasia de ter só o pedaço bom do bolo. Ela se recorda dos tempos juntos e diz sentir que Sergio a desmerece depois de saber do romance extraconjugal. Observo que é difícil para ambos ficarem com o pacote completo, com seus aspectos amorosos e agressivos.

Nessas situações, muitas vezes, pondero sobre que função teria ela me contar ou funcionar dessa maneira – aproxima e afasta, encontra e desencontra. Pergunto o que ela pensa sobre isso, no sentido de refletir e despertá-la para o prazer de conhecer sobre si mesma.

Penso que o sonho contém vários elementos da situação edípica precoce, como se Amelie ilustrasse que não saberia o que fazer com o pai se ela aparecesse acompanhada de outro homem, apontando que algo violento, recheado de muita angústia, poderia irromper. Concomitantemente, mostra um desejo de dizer/conhecer a verdade sobre si mesma, mas teme o que isso pode desencadear.

Na sessão seguinte ela me conta que teve um pesadelo horrível com o filho. Ia ao cartódromo, deixava o filho com uma pessoa, e ele sumia. Ela associa isso com a reunião da escola em que ficou se sentindo em dívida com o filho.

Penso que Amelie revisita, nos sonhos, seus conflitos edípicos e o medo de se desenvolver, como se fosse possível haver um processo linear, sem percalços. Põe em cena suas angústias de separação com vivências de um objeto que some/desaparece para sempre (e às vezes nunca mais reaparece), associadas ao medo de abandono e dependência.

Essa cena anuncia que, por trás de seu funcionamento sadomasoquista, se escondem fraturas do início da constituição de seu psiquismo, que vão se elucidando na construção narrativa das sessões (Silva, 2012, 2017).

Ao longo de sua análise, ela me contou algumas passagens com os pais e de quando era criança, e fui me dando conta de que o medo da intimidade e da dependência emocional estava encoberto por seu funcionamento sadomasoquista repetitivo na busca de uma relação diádica, em que prevaleciam fantasias onipotentes primitivas e narcísicas regidas pelo princípio do prazer.

Ela me contou ser a filha mais velha de uma prole de cinco filhos. Logo que a mãe se casou, o avô materno morreu e a mãe teve que trabalhar para pagar as dívidas dele e acolher a avó materna, uma pessoa muito deprimida.

Amelie precisou crescer rápido e precocemente. Ela sempre foi um pouco “chefe de família” (identificada com o lugar do pai). Boa aluna, Amelie ajudava a mãe e também lhe dava broncas, das quais hoje pode sentir um pouco de culpa, embora não tenha se reconciliado plenamente com esse objeto materno/feminino. O pai era seu ídolo, e ela o acompanhava a jantares a dois, alimentando seu romance edípico.

Ainda jovem, casou-se com Sergio. Logo que o bebê nasceu, ela descobriu que o marido estava tendo um caso e, em 15 dias, se separou, comprou um apartamento e se mudou com o bebê. No entanto, o relacionamento não terminou aí. Eles se reconciliaram, embora a relação seja recheada de desconfianças, traições, brigas e violências, e ela esteja sofrendo muito quando começa a análise.

Uma cena de sua infância chamou minha atenção e encontrou várias vertentes interpretativas durante o processo de análise.

Recorda-se que, quando pequena, costumava se esconder no assento das cadeiras da sala de jantar, sob o tampo da mesa, e a mãe demorava a encontrá-la. Essa cena retorna à sessão ora com a conotação de um desejo de ser encontrada por mim (refazendo o trauma precoce de se sentir abandonada pela mãe, ligado à situação edipiana), ora com o desejo sádico de me deixar enredada em seu discurso defensivo, como o réu prestes a ser preso.

Por muito tempo escutei essa cena como expressão de seu desamparo infantil e como defesa à dependência afetiva. “Será que você esconde sua tristeza embaixo da mesa e tem esperança de que eu a encontre? Espera que eu te ache ou te deixe lá?” Nesses momentos, emprestava minha capacidade reflexiva/depressiva, com a esperança de encontrá-la.

Só mais tarde pude apontar o aspecto sádico e perverso dessa defesa à dependência emocional do objeto primário e à impossibilidade de amar ou entrar em contato com seu sentimento amoroso. Essa cena me fazia pensar em quão doloroso e ameaçador deve ter sido perceber suas necessidades não atendidas pelo outro/mãe/cuidador, o que despertou suas defesas de controle, triunfo e desprezo (Klein, 1946/1991). Em nosso percurso analítico, o ódio à necessidade/dependência surge a cada momento de intimidade e aproximação, diante do inevitável sentimento de abandono e rejeição, ao se deparar com a percepção do outro fora de seu controle e separado de si mesma, algo próprio da separação.

Aos poucos, quando tive mais consciência de seus aspectos destrutivos e perversos, pude considerar sua culpa como algo de seu próprio mundo interno que atacava os vínculos, mais do que de seus comportamentos de traição e vingança. Havia uma ameaça de entrar em contato com a malignidade de sua recusa masoquista de se comprometer com a vida e com o vínculo com seus objetos afetivos.

Passei a conjecturar que sua imaturidade emocional estaria mais relacionada à situação edípica precoce, ou mesmo a momentos pré-edípicos, do que ao complexo de Édipo no sentido freudiano (Freud, 1925/1976a, 1924/1976b, 1923/1976e). Minha compreensão de seu funcionamento sadomasoquista se afastava do que Freud (1927/1976c, 1905/1976d, 1905/1976f) denominou de perversão, aproximando-se do conceito de perversão em seu sentido expandido e mais complexo, conforme definido por Tuch:

A perversão já foi entendida como ligada a uma fixação em um nível infantil de desenvolvimento psicossexual, resultando no uso preferencial de um dos componentes dos instintos pré-genitais. Hoje, o termo é usado também para se referir à sexualização do que é essencialmente não sexual – de ódio, de desejo de dominar os outros, para se vingar, ou para evitar intimidade –, campos em que tais comportamentos e/ou fantasias não são nem a manifestação de uma pulsão somática nem uma tentativa de satisfazer uma necessidade corporal. … Mais do que excitação sexual e prazer sensual, tais comportamentos e/ou fantasias sexualizadas servem essencialmente a funções defensivas em situações em que “a defesa tem uma urgência e importância maior na hierarquia motivacional do paciente do que a pulsão de gratificação sexual”. (2010, p. 142)

Situado no extremo do espectro perverso, Tuch descreve o modo perverso de se relacionar como representante da reificação da relação, à medida que se torna um veículo para tomar posse e controlar o objeto, para gratificar as necessidades e desejos de apenas um dos membros da relação, num estilo sofisticado que reduz o outro a um peão manipulado no tabuleiro. Nesse jogo, o outro é apanhado psiquicamente desprevenido e mantido refém pelo uso de determinados tipos de manobra transacional – muitas vezes, pela identificação projetiva –, transformando-se a intimidade das relações interpessoais e impedindo-se o objeto de participar “como um parceiro igual na coconstrução do desenrolar dos acontecimentos” (Tuch, 2008, p. 147). Trata-se, portanto, de um estilo particular de relação, de natureza claramente não recíproca, no qual as necessidades de um são unilateralmente impostas ao outro, restando ao objeto as características de fixidez, automatismo e passividade que definem sua fetichização, o que Tuch qualifica como assassinatos na mente. A fetichização, em seu extremo, desumaniza o objeto como defesa contra ansiedades primitivas de aniquilamento.

Para alguns a experiência crua, direta de se relacionar com o outro – tendo que suportar a totalidade do outro ser – traz uma ameaça, uma vez que estimula não só medos de engolfamento – ser engolido pelo objeto ao ponto de deixar de existir –, mas uma multidão de outros medos primitivos, derivados do poder e da força do objeto na vida emocional do fetichista – a habilidade do objeto de frustrar e humilhar. (Tuch, 2008, p. 157)

Com Amelie, a partir dos modos perversos de se relacionar expressos na repetição de seus conflitos conjugais, e diante de minha compreensão das nuances da situação transferencial e contratransferencial, recheada pela reconstrução analítica de sua história, fui me dando conta de que estavam presentes falhas nos primórdios de sua constituição psíquica. Esse funcionamento continha elementos que escamoteavam uma complexidade de aspectos primitivos e sem simbolização que impediam a dependência emocional e o encontro íntimo com o objeto. Do ponto de vista bioniano, podemos falar em ataque aos vínculos e ao conhecimento genuíno.

Contribuições importantes da clínica e da escuta da primeiríssima infância oferecem ferramentas refinadas para a compreensão de neuroses graves, especialmente dos sofrimentos psíquicos característicos dos chamados casos-limite, que envolvem questões narcísicas e identitárias. Trata-se de marcas psíquicas deixadas pelas primeiras experiências emocionais que não serão mais lembradas, em virtude da ausência da linguagem verbal, que não chegam a se constituir como memória e como história, ou que sucumbem ao efeito do recalcamento (Aragão & Zornig, 2009; Roussillon, 2015).

A partir dessa escuta clínica, sabemos que os desencontros afetivos precoces deixam marcas narcísicas primitivas impossibilitadas de ter representação e que, muitas vezes, impedem o desenvolvimento de um self genuíno e da capacidade de amar (Roussillon, 2015). Sob a prevalência de relações objetais parciais, as questões edípicas precoces se repetem em diferentes tonalidades, inviabilizando a integração e empobrecendo o mundo emocional.

Quando nos debruçamos sobre a construção dos vínculos iniciais e a relação de dependência emocional, somos mobilizados a nos deparar

com a questão da emergência das primeiras formas de representação simbólica e a considerar que estas se produzem dentro e a partir do modo de encontro com o objeto e de sua presença. O homem nasce com um conjunto de preconcepções (Bion) sobre o tipo de ambiente humano que vai (deve) encontrar, mas essas preconcepções são apenas “potenciais” (Winnicott), apenas “virtuais” – sua verdadeira apropriação pressupõe que o sujeito humano encontre certo número de respostas do ambiente primeiro e que certas respostas estejam presentes nos primeiros encontros da vida relacional, sem o que permanecem “letra morta”, perdem seu potencial gerativo ou adotam formas “degeneradas” que entravam sua integração psíquica. (Roussillon, 2015, p. 35)

Assim, a noção de um traumatismo por falta ou de uma clínica do negativo, como propõe Green (1988), é essencial, pois indica a necessidade de valorizar o objeto enquanto referencial para a constituição do psiquismo na infância, não só em sua dimensão de presença/ausência, mas principalmente em função de sua presença – presença que se traduz em investimento afetivo na relação com a criança, definindo um estilo interativo próprio entre o bebê e seu objeto primário, que constitui a fundação e a base do aparelho psíquico (Golse, 2003). A passagem de um mundo interpessoal para a dimensão intrapsíquica se deve à qualidade das relações afetivas e pulsionais estabelecidas entre o bebê e seus objetos primordiais, devendo ser priorizada no trabalho direcionado a essa etapa da vida (Aragão & Zornig, 2009).

Roussillon (2015) afirma que os fracassos dos primeiros encontros produzem um afeto de decepção narcísica primária e mobilizam mecanismos de defesa primitivos, nos quais se reconhecem, num extremo, as primeiras formas de retração da subjetividade em estados autísticos e, no outro, tentativas de cicatrização por meio de um masoquismo primário exacerbado. Entre as duas, situam-se as formas de processos psicóticos, borderline, perversos ou antissociais. O autor diz que a simbolização e os processos de transformação psíquica repousam sobre a representação-coisa de um objeto maleável (Roussillon, 1988), derivado do encontro com um ambiente materno suficientemente adaptável e transformável para se ajustar às necessidades psíquicas do recém-nascido.

Quando o ambiente primeiro se mostra rígido, pouco adaptável, tendendo a submeter o bebê a seus imperativos próprios em vez de se adaptar a suas necessidades, portanto, quando a relação primeira tende a inverter os dados necessários, a simbolização fica prejudicada. O sujeito fará um esforço para tornar maleável esse ambiente rígido, mas quando esse trabalho falha, o sujeito se retira de si mesmo para um bunker interno e se protege do encontro com um objeto sobre o qual nenhuma ação lhe parece possível. (Roussillon, 2015, p. 45)

Minha escuta analítica então passou a considerar que o funcionamento sadomasoquista de Amelie envolvia falhas muito precoces, ligadas aos processos de identificação e de introjeção, próprias do início da constituição do psiquismo. Podemos supor que a passagem diante da percepção do casal parental e a consequente elaboração da situação edipiana precoce, com a integração advinda da posição depressiva, não foram alcançadas por ela, configurando um funcionamento perverso como defesa em face da intimidade e da dependência do objeto.

Para Amelie, vivenciar e reconstituir emoções de exclusão de relacionamentos envolvendo dois objetos exigiria a capacidade de suportar o sentimento de ser deixada de fora e, portanto, o pleno impacto do sofrimento edipiano clássico. Para ela, não foi possível o momento em que, à capacidade de amar e odiar, se soma a capacidade de observar e investigar. Pelo contrário, diante da percepção da dependência do objeto, ela vivencia sentimentos persecutórios (inveja, ciúme, curiosidade excessiva), sustentada por um superego arcaico, obstaculizando sua capacidade de suportar as experiências de estar excluída das sensações, dos sentimentos e dos pensamentos.

Podemos conjecturar que, nas diversas situações da vida em que a situação edipiana foi revisitada, Amelie se manteve fixada nos seus primórdios e estabeleceu relações objetais parciais, regida por um superego arcaico, recorrendo a meios primitivos de defesa (modos perversos de se relacionar), o que produziu sentimentos de culpa em um círculo vicioso difícil de transpor.

Meltzer (1979) sugere que, com o objetivo de atacar as interações criativas da família e glorificar a hipocrisia e a mentira, a cena primária é vivida no mundo interno como enredo teatral, ao lado de atores que encarnam os vários matizes da sexualidade polimorfa infantil; à espreita, surge o personagem perverso, representante dos aspectos narcísicos destrutivos do self, para corromper o caráter vincular da sexualidade, transformando-o em excitação. Jeanne Magagna (2015) assinala que é só por meio do amor e da continência de nossas experiências emocionais que nos domamos para nos tornarmos seres humanos capazes de ter intimidade com os outros, preocupados com o bem-estar deles.

Podemos supor que, diante das demandas externas vividas pela mãe de Amelie (morte do pai, deixando muitas dívidas) logo antes e depois de seu nascimento, houve falhas nos primeiros encontros. Ela não pôde contar com um objeto disponível, não pôde viver a intimidade e estabelecer uma relação de confiança e dependência, passando a investir em sua competência intelectual e profissional, pervertendo o desejo de um encontro genuíno e íntimo. Como propõe Roussillon (2015), ela viveu uma decepção narcísica primária, mobilizando mecanismos de defesa primitivos.

Um dia Amelie associou sua experiência analítica com aspectos de sua mãe muito reservados. Recordou-se do luto da mãe pela morte de seu avô materno e disse que a avó se deprimiu, enlouqueceu. “Quando nasci, meu pai ficou encantado comigo, e minha mãe talvez tenha sentido mais falta do pai dela. Além disso, ela teve que pagar dívidas para limpar o nome dele.” Ela se emocionou ao pensar em sua mãe tendo que enfrentar tudo isso com uma bebê pequena. “Tenho pena dela!” Assim, ela me falou de seu desamparo, bem como do medo de confiar e depender, diante da necessidade precoce de ter que cuidar do objeto quando deveria ter sido cuidada. Ela viveu uma dependência revertida (Silva, 2010).

Penso sobre os estados primitivos da mente e a trama edípica precoce presentes no trabalho com Amelie, que necessitavam ser ressignificados e elaborados. Do contrário, as defesas narcísicas e perversas se manteriam driblando a realidade, a capacidade verdadeira de amar e de estabelecer uma relação de alteridade, confiança, intimidade e dependência emocional.

Aquela intuição empática que me levou a tomar Amelie em análise, identificando seus aspectos frágeis e desamparados, agora encontrava um destino e um significado. Minha escuta voltada para as falhas vinculares precoces e para o funcionamento emocional primitivo a partir de relações objetais parciais deu novo rumo a essa análise.

Nas cenas clínicas a seguir, procuro ilustrar essa trama e a maneira como foi ecoando na situação transferencial e contratransferencial.

Cena 2

Amelie me diz o seguinte:

Minhas noites têm sido longas, Cecília. Tenho tido muita dor no corpo. Hoje acordei cansada, mas me lembrei de dois sonhos. Em um sonho o Sergio segurava um bebê no colo. Era meu filho e ao mesmo tempo era a minha sobrinha que acabou de nascer. No outro o Sergio comprava um apartamento para a gente ir morar junto, e eu não conhecia. Esse sonho era preto e branco e os móveis eram coloridos. Tinha um sofá que não passava, não conseguia fazer a curva, e foi necessário ser içado. Também tinha duas poltronas meio rosa ou berinjela. O sofá era dessa cor, e eu o via colorido. Eu dizia pro Sergio que nesse final de semana eu queria ir conhecer o apartamento.

Chama-lhe a atenção o sonho ser preto e branco, bem como o fato de que o que tinha não caberia no novo apartamento. “Ia ser difícil levar tudo. Parecia ser algo triste, sem graça.” Lembra que conseguiu conversar com Sergio e com sua filha sobre seus pontos de vista de uma forma calma – colocou preto no branco.

Penso que Amelie começa a transformar vivências traumáticas infantis ligadas à perda do objeto, que tornam o mundo interno sem cor e triste. Conversamos sobre as coisas estarem ficando mais discriminadas, preto no branco, e sobre o nascimento de um casal criativo e fértil, com um bebê e um outro colorido. Algo novo está nascendo, com um casal integrado e com a possibilidade de conter diferenças.

Cena 3

Em outro momento, Amelie observa:

Estou melhor com o Sergio, mas ele disse que eu estrago as coisas. Ele tem razão. Eu vou criando confusões. Por que eu faço isso? O sentimento mais forte que fica é o de frustração, de não ser do jeito que eu quero. [Faz um silêncio reflexivo.] Complico as coisas e me frustro demais e não aceito ajuda. É um medo tão grande que a ajuda seja tirada que eu prefiro fazer sozinha.

Penso que, quando ela consegue perceber os aspectos bons e maus do objeto, tem noção de seus ataques aos vínculos, e o medo de retaliação emerge. Seus aspectos narcísicos primários insatisfeitos a impedem de reconhecer o valor do objeto e aceitar a dependência, a necessidade do outro. Ela precisa negá-los e aí se sente muito sozinha.

Amelie: No domingo fiquei brincando horas com meu filho de lego. Eu o ajudava a montar, separava as pecinhas… Não tinha isso com meus pais… Meu pai pinta superbém. Ele comprava uns caderninhos de banca de jornal para pintar. Ele sempre pintava um dos desenhos do meu caderno. Nós éramos muito unidos.

Analista: Onde será que foi parar essa alegria infantil?

Amelie: Ainda é gostoso quando a gente se encontra… É muito bom… Ninguém quer ir embora…

Analista: Nesse lugar você não precisa se proteger.

Amelie: Para mim, o laço de sangue é o mais forte. Tá sempre lá. Com eles não preciso me proteger. O resto é hostil.

Penso que esse patrimônio afetivo com os irmãos se instala em uma área blindada do self e não se expande. Então digo algo nessa direção:

Analista: Parece que essa experiência não te trouxe confiança para acreditar em outras relações.

Amelie: Eu acho que isso sou eu mesma… Eu me relaciono com uma agenda, e não sou de me entregar… Com minha família não tem conta-corrente, não computo favor. Com os outros eu acho que eu faço conta, não tem gratuidade. Sou como meu pai, que é um vendedor, um sorriso para o cliente para vender. Isso foi o que me orientou. Não é pra confiar.

Analista: O sorriso que teu pai te dava não era para confiar?

Amelie: [Faz um silêncio.] Meu pai também era inábil. De alguma forma ele alimentava esse complexo de Electra. Não identificava o papel dele, e isso me confundia um pouco. Ele criava uma aliança comigo meio contra minha mãe. Esse imbróglio todo me fez perder a referência.

Penso que, diante desse imbróglio edípico, ela não pode construir uma relação afetiva e genuína.

Analista: Estou aqui pensando se essa aliança ainda não se mantém e te impede de se ligar a outro homem.

Amelie: [Recorda-se de um sonho.] Sonhei com o Beto [o colega casado com quem se envolveu]. Eu recebia uma carta dele com um recurso sem fundamento para eu encaminhar. Eu ficava trabalhando sobre o trabalho dele, que era muito tosco, sem argumentação. Faço um ps [postscriptum] na carta que é a argumentação e mostro para alguém, que diz que o ps é mais importante que o conteúdo da carta. Vejo que de fato não dá para ser desse jeito e recomeço de novo. Lembrei agora… Foi essa noite… Ele não apareceu no sonho e também nunca mais falei com ele… O Sergio diz que só tive um caso com ele porque ele era casado… Era para não dar certo…

Analista: [No fim da sessão.] Estou vendo que nesse sonho você começa a sair desse imbróglio. Você recomeça a escrever sua carta com um discurso próprio. Quem sabe você possa escolher o seu companheiro.

Ao longo dessa sessão, é possível nos defrontarmos com a existência de um superego arcaico regido pela lei de talião. Ela desconfia que eu possa ser como o pai e que nossa relação não seja de verdade. Todo o seu patrimônio familiar e profissional não lhe dá sustentação para ter uma vida afetiva genuína. Concomitantemente, no decorrer do diálogo analítico, suas associações vão desfazendo nós intergeracionais, que resultam na lembrança do sonho.

Seu sonho, por um lado, aponta para um sentimento de que sua análise seja tosca, assim como suas fantasias edípicas. Por outro lado, sugere que Amelie ensaia um início de individuação. Surge a possibilidade de sair da profecia paterna com uma pequena evidência (postscriptum) de que o processo analítico pode transformar seu funcionamento sadomasoquista na capacidade de pensar e tolerar a perda do objeto.

Cena 4

Um dia ela chegou me contando que Sergio tinha viajado e ela havia marcado um encontro com Beto no dia seguinte. “Ele está louco para me ver. Fala que eu sou a mulher da vida dele, que o casamento acabou e quer ficar comigo. Sabe, ele me faz me sentir protegida, me acha o máximo… É tão bom isso.”

Após o impacto dessa comunicação, escolho abordar seu modo de se relacionar perverso a partir da fantasia de encontrar um lugar idealizado, sem frustração, só de prazer. Vou conversando com ela sobre as diversas responsabilidades que envolvem seu dia a dia, não só com o trabalho, mas com o filho, com a casa… Digo que parece ser tanta coisa que ela “imagina existir um lugarzinho meio Shangri-La, um paraíso onde ela possa viver só coisas boas, só duas pessoas, só amor… E diante das tensões, talvez seja isso que ela imagina que vai encontrar nesse encontro com o Beto”.

Ela então responde:

É isso mesmo, Cecília. Eu sei que não é verdade, e nem é tão boa a transa assim. Com o Sergio é sempre melhor, e quando estava separada do Sergio, ele me deixou na mão. Eu sei que é um papo sedutor, mas…

Na sessão seguinte, ela chega triste, reflexiva, e me diz que desmarcou o encontro.

Falar da ilusão do reencontro (ou do encontro que nunca existiu) com a relação diádica parece que permitiu que a fantasia pudesse ser só fantasia e facilitou descobrir recursos para tolerar as frustrações diante da alteridade. Amelie então tem podido viver uma relação dialética entre as posições esquizoparanoide e depressiva, sendo capaz de considerar a desilusão diante de suas fantasias onipotentes, ampliar sua capacidade reflexiva, encontrar lugar para sua fragilidade e seu desamparo, e se deparar com a dependência do objeto.

Considerações finais

Olha dentro dos meus olhos

Vê quanta tristeza de chorar por ti, por ti

Olha eu já não podia mais viver sozinho

E por isso eu estou aqui

De saudade eu chorei e até pensei que ia morrer.

Juro que eu não sabia

Que viver sem ti

Eu não poderia.

Roberto Carlos, “E por isso estou aqui”

Um dia estava com um garoto em análise que me dizia não sentir saudades. Ele nasceu sem o diafragma e ficou na uti entre a vida e a morte por 40 dias. Quando veio para análise, tinha fortes dores abdominais. Durante uma sessão, escutamos a música de Roberto Carlos mencionada na epígrafe e ele me perguntou: “Está ouvindo? Pra que sentir saudades? Esse cara cantando parece que está chorando. Sentir saudades pra quê?”. Então pudemos conversar sobre seus momentos iniciais de vida, que talvez ele sentira tanta falta da mãe no hospital, ou daquele lugar quentinho em que vivera antes de nascer, que até pensou que ia morrer. E aí ficou achando que não valia a pena sentir essas coisas. Essas emoções tão fortes e sem palavras, que aos poucos fomos ressignificando, têm permitido que esse menino elabore as situações traumáticas iniciais e experimente a gama de sentimentos que a vida nos oferece, em um momento em que seu coração ainda está permeável a transformações e a novas experiências afetivas.

Já com Amelie o percurso foi mais longo. Muitas vezes só meu coração podia sentir essas emoções fortes de um coração pulsante, com as dores do amor e do ódio, da tristeza e da alegria, da compaixão e da ternura. Apenas aos poucos, muito aos poucos, pudemos construir uma relação de confiança e de intimidade, que lhe permitiu ressignificar experiências precoces do passado em direção a uma relação mais verdadeira e genuína com a vida, experimentando plenamente a intimidade das relações emocionais. E assim tem sido possível viver as alegrias e as dores do sofrimento humano.

Se no início do processo analítico com Amelie seu funcionamento sadomasoquista me levava a pensar em prazer no sofrimento (Freud, 1927/1976c, 1905/1976d, 1905/1976f), aos poucos pude considerar seu modo perverso de se relacionar, em que se blindava diante da intimidade das relações interpessoais, em detrimento da reciprocidade e da cooperação presentes nos relacionamentos, evitando a dor de ver o outro diferente de si mesma e se sentir só, separada dele.

Acredito que o desenvolvimento de pacientes que tiveram entraves nas relações objetais iniciais implicará a possibilidade de encontrar na relação transferencial, ampliada pela função narrativa do analista (Silva, 2016), a compreensão e significação dos aspectos intrapsíquicos, inter e transgeracionais (Silva, 2003, 2007) e os elos pulsionais de amor, ódio e conhecimento. No contexto de nosso mundo interno, enquanto os objetos parciais, invasivos, persecutórios e inacessíveis, que ficam fixados e inertes, “letra morta”, produzem sofrimento, os objetos vivos produzem identificações verdadeiramente introjetivas, alcançadas após a elaboração da situação edípica. Do meu ponto de vista, a saudade é um sentimento que surge quando, ao elaborarmos os lutos próprios do desenvolvimento e da vida, somos capazes de, ao lado do sofrimento, manter vivas as boas lembranças (Silva, 2017).

Será na relação analítica, a partir da experiência transferencial e contratransferencial, que novas potencialidades poderão nascer e um círculo virtuoso recomeçar, pois nascer é abrir-se em feridas – como diz Bartolomeu Campos de Queirós – para também cicatrizá-las a seu tempo.

1Uma versão modificada deste trabalho foi apresentada no 50º Congresso Internacional de Psicanálise, realizado em 2017 em Buenos Aires, e publicada no mesmo ano na revista Berggasse 19, 8(1), 102-119.

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Recebido: 15 de Dezembro de 2022; Aceito: 22 de Dezembro de 2022

Maria Cecília Pereira da Silva mcpsilv@gmail.com

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