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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.22 no.2 Campinas  2023  Epub 23-Ago-2024

https://doi.org/10.15689/ap.2023.2202.21873.07 

Artigo

Evidências de Validade do Questionário de Estilos de Humor (HSQ) no Brasil

Validity Evidence for the Humor Styles Questionnaire (HSQ) in Brazil

Evidencias de validez del Cuestionario de Estilo de Humor (HSQ) en Brasil

Sibele Dias de Aquino1  1 

Sibele Dias de Aquino é doutora e mestra em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Pesquisadora no Laboratório de Pesquisa em Psicologia Social (L2PS). Especialista em Comunicação.

, conceitualização, investigação, visualização, elaboração do manuscrito

Tiago Azevedo Marot2 

Tiago Azevedo Marot é professor substituto do Departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) do polo de Campos dos Goytacazes. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio). Mestre em Psicologia Social e Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

, análise dos dados, redação final do trabalho – revisão e edição, elaboração do manuscrito

Rafael Valdece Sousa Bastos3 

Rafael Valdece Sousa Bastos é doutorando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia na área de construção, validação e padronização de instrumentos de medida da Universidade São Francisco. Mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco.

, análise dos dados, redação final do trabalho – revisão e edição, elaboração do manuscrito

Jean Carlos Natividade4 

Jean Carlos Natividade é professor do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Coordenador do Laboratório de Pesquisa em Psicologia Social (L2PS).

, análise dos dados, redação final do trabalho – revisão e edição, elaboração do manuscrito

1Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio, Rio de Janeiro-RJ, Brasil

2Universidade Federal Fluminense - UFF, Rio de Janeiro-RJ, Brasil

3Universidade São Francisco - USF, Bragança Paulista-SP, Brasil

4Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio, Rio de Janeiro-RJ, Brasil


RESUMO

O objetivo deste estudo foi buscar evidências de validade para o Questionário de Estilos de Humor (HSQ) numa amostra brasileira. Participaram 322 estudantes universitários com média de idade de 28,6 anos (DP=11,5), sendo 68,6% mulheres e 31,4% homens. Após procedimentos de tradução, aplicou-se a versão brasileira do HSQ, juntamente com instrumentos para aferir autoestima, timidez, individualismo e coletivismo. Os resultados mostraram uma estrutura de quatro fatores para o HSQ, tal como o instrumento original, com adequados índices de consistência interna. Foram encontradas correlações positivas entre Humor Autorreforçador e autoestima, e entre Humor Agregador e coletivismo. Também foram encontradas correlações negativas de Humor Autodepreciativo com autoestima, e de Humor Hostil com coletivismo. A dimensão Humor Hostil também foi capaz de diferenciar homens e mulheres, em acordo com estudos anteriores. As evidências de validade encontradas suportam o uso do instrumento para o contexto brasileiro.

Palavras-chave: estilos de humor; validade do teste; escalas de autoavaliação

ABSTRACT

The aim of this study was to seek evidence of validity for the Humor Style Questionnaire (HSQ) in a Brazilian sample. Participants were 322 university students with a mean age of 28.6 years (SD=11.5), 68.6% women and 31.4% men. After the translation procedures, the Brazilian version of the HSQ was applied simultaneously with instruments to assess self-esteem, shyness, individualism, and collectivism. The results showed a four-factor structure for the HSQ, in line with the original instrument, with adequate internal consistency rates. Positive correlations were found between self-enhancing humor and self-esteem, and between affiliation and humor collectivism. Negative correlations were also found between self-defeating humor and self-esteem, and aggressive humor and collectivism. The aggressive humor dimension could also differentiate between men and women, according to previous studies. The evidence found supports the use of the instrument in the Brazilian context.

Keywords: humor styles; test validity; self-assessment scale

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo buscar evidencias de validez para el Cuestionario de Estilos de Humor (HSQ) en una muestra brasileña. La muestra consistió en 322 estudiantes universitarios con una edad promedio de 28,6 años (DS=11,5), 68,6% eran mujeres y el 31,4% hombres. Tras los procedimientos de traducción, se administró la versión brasileña del HSQ, junto con instrumentos para evaluar la autoestima, la timidez, el individualismo y el colectivismo. Los resultados exhibieron una estructura de cuatro factores para el HSQ, similar a la original, con tasas de consistencia interna adecuadas. Se identificaron correlaciones positivas entre el humor de mejoramiento personal y la autoestima, así como entre el humor afiliativo y el colectivismo. Además, se observaron correlaciones negativas entre el humor de descalificación y la autoestima, así como entre el humor agresivo y el colectivismo. La dimensión del humor agresivo también pudo diferenciar hombres y mujeres, según estudios previos. Las pruebas encontradas respaldan la aplicación del instrumento el contexto brasileño.

Palabras clave: sentido del humor; validación de test; escala de autoevaluación

“Foi justamente durante o jogo do Brasil contra a Bélgica na Copa do Mundo(...). Ao meu lado, estavam sentadas duas senhoras que deviam ter uns 65 anos. Elas comentavam a partida de forma vivaz e, a cada ataque dos belgas, pediam aos risos que os "gigantes vermelhos" fossem derrubados. Quando o jogo acabou e o Brasil foi eliminado, uma das duas falou: "Agora vamos buscar o hexa no Catar. Nosso time vai amadurecer e ficar ainda melhor". A outra respondeu: "Igual à gente". As duas deram risada.” (Lichterbeck, 2018).

O humor é, fundamentalmente, um fenômeno social. Porém, é comum atribuir a ele uma intenção primordial de divertir os outros, e não uma intenção de comunicação, ainda que ele seja um tópico relevante para a cognição social e a interação humana (Lynch, 2002; Meyer, 2000). O humor pode ser entendido como tudo o que um indivíduo diz, ou faz, que seja percebido como engraçado e que tende a fazer as pessoas rirem. Em sua definição estão incluídos os processos mentais que ocorrem tanto na criação e na percepção de um estímulo divertido, quanto na resposta emocional de alegria ao estímulo (Martin & Ford, 2018).

De benefícios terapêuticos a gerenciamento de ambientes de estresse, o humor também pode facilitar processos de adaptação do indivíduo em diferentes contextos (Berk et al., 1989). Ele aumenta a autoconfiança e torna os indivíduos social, psicológica e fisicamente mais eficazes na solução de conflitos interpessoais (Didin & Akyol, 2017). Maslow (1954) e Allport (1961) já haviam observado que o funcionamento psicológico saudável está associado a usos e estilos distintos de humor (por exemplo, humor afiliativo ou autorreforçador), enquanto outras formas de humor podem ser deletérias ao bem-estar (por exemplo, humor sarcástico, depreciativo ou evasivo). Assim, ao investigar o humor, examinam-se maneiras pelas quais os indivíduos usam esse recurso em suas rotinas e relações. Dessa forma, este estudo teve o objetivo de adaptar e buscar evidências de validade de um Questionário de Estilos de Humor (HSQ) (Martin et al., 2003) para o contexto brasileiro.

O humor tem sido uma ferramenta facilitadora das relações interpessoais, sendo capaz de viabilizar ambientes em que há saudável gerenciamento de estresse, pois está associado a habilidades sociais (Salavera et al., 2020), indicando que o estilo de humor empregado tem implicações para a competência emocional e social de uma pessoa. O uso ativo do humor no cotidiano pode ser uma ferramenta potente para lidar com sucessos ou para se recuperar adequadamente de situações estressan-tes (Papousek, 2018).

Até mesmo sob o ponto de vista terapêutico, entende-se que o uso de humor proporciona a comunicação empática entre pacientes e profissionais, facilitando a expressão de emoções, dúvidas e medos (Carbelo, 2008). Porém, é possível que nem todo uso de humor seja essencialmente benigno, positivo ou terapêutico, e isso destaca a relevância de aprofundar abordagens multifacetadas do papel do humor como uma faculdade humana universal importante, bem como quais fenômenos estão relacionados a eles. Apesar do crescente número de estudos realizados e da diversidade de variáveis examinadas, insights sobre o papel do humor no cotidiano permanecem insipientes no Brasil. Mais pesquisas são necessárias para examinar a replicabilidade de padrões de humor, compreender como ele pode ser uma ferramenta dinâmica nas relações interpessoais e compreender suas associações com variados aspectos psicológicos em diferentes amostras.

O uso cotidiano dos estilos de humor varia de um indivíduo para outro, assim como as características de personalidade (Martin et al., 2003). Martin et al. (2003) definem estilos de humor como “usos distintos de humor” (p. 50), “funções, formas” (p. 51) e “maneiras pelas quais as pessoas usam o humor” (p. 70). Traços referem-se a tendências comportamentais, ou seja, até que ponto determinados comportamentos são demonstrados. Já estilos denotam como o comportamento é realizado, e os traços estilísticos referem-se às formas típicas e habituais em que uma pessoa realiza o comportamento (Buss & Finn, 1987). O estilo de humor é classificado segundo as funções que ele exerce: pode ser manifestado de uma maneira que seja socialmente aceitável (agregador), tolerante consigo (autorreforçador), prejudicial para os outros ou para si (hostil ou autodepreciativo). Esses estilos de humor – conceituados como traços estilísticos – diferenciam as maneiras diversas por meio das quais comportamentos e relações interpessoais acontecem.

Entender como esses estilos diferem entre as pessoas permite alcançar novas informações sobre como se dá a interação entre elas. Um instrumento capaz de mensurar os estilos de humor poderia aprimorar a compreensão sobre o uso do humor como recurso individual e social na interação, e contribuir para melhorar as relações humanas em variados contextos, como saúde, comunicação, ou negócios, por exemplo.

O humor tem sido medido por meio de instrumentos de autorrelato que o concebem diferentemente. Há medidas que enfocam aspectos do senso de humor considerados relevantes para o bem-estar (Martin & Ford, 2018). Outras medidas avaliam o grau em que indivíduos sorriem em uma ampla variedade de situações (Martin & Lefcourt, 1984). Há aquelas que acessam o humor como um estado de alegria (Ruch et al., 1996), e outras até testam como indivíduos observam e apreciam o humor (Thorson & Powell, 1993). Ainda que sejam consistentes para o que se propõem, essas escalas não distinguem explicitamente as funções potencialmente adaptativas do humor (Martin, 2001; Ruch et al., 1996).

O Questionário de Estilos de Humor (HSQ) é um dos instrumentos pioneiros na aferição das maneiras pelas quais as pessoas usam humor menos desejáveis e potencialmente prejudiciais, para além das dimensões positivas (Martin et al., 2003). Ele se concentra nas funções interpessoais e intrapsíquicas nas quais o humor se manifesta e, com base nesse aspecto funcional do humor, os autores postularam dimensões relacionadas a diferenças individuais, identificando estilos de humor positivos e negativos. Os estilos de humor HSQ baseiam-se essencialmente no uso de humor para atingir determinados fins, enfatizando diferentes formas que as pessoas o usam e em suas próprias avaliações desse uso, em como o humor é julgado, tendo um caráter avaliativo específico. A ênfase nas funções do humor aparentemente é exclusiva desse instrumento (Ruch & Heintz, 2016).

O HSQ (Martin et al., 2003) aborda formas específicas por meio das quais os indivíduos usam ou expressam seu humor, além de distinguir estilos de humor em positivo e negativo. Martin et al. (2003) identificaram padrões de humor que dizem respeito ao autodesenvolvimento e que atingem os relacionamentos com outros, sendo que ambos podem ter características benéficas ou prejudiciais. Duas dimensões são consideradas propícias ao bem-estar psicossocial (humor autorreforçador e humor agregador), enquanto outras duas são consideradas menos benéficas e potencialmente deletérias ao bem-estar (humor autodepreciativo e humor hostil).

Nesse sentido, esse instrumento afere níveis de humor em quatro fatores relacionados. Dois fatores dizem respeito a estilos de humor orientados para si: (a) Humor Autorreforçador - representa um estilo de humor socialmente positivo orientado para o reforço de si mesmo; (b) Humor Autodepreciativo - é o estilo negativo orientado para a própria pessoa. Outros dois estilos de humor socialmente orientados são: (c) Humor Agregador - lança mão do uso do humor para melhorar a coesão de um grupo; (d) Humor Hostil - é semelhante ao agregador na medida em que a coesão do grupo é melhorada, mas ele ocorre à custa de menosprezo e provocação de outras pessoas.

O humor autorreforçador refere-se à dimensão positiva dos estilos de humor focada no autoconceito. O uso de humor autorreforçador pode ser um mecanismo saudável de manutenção da autoestima que evita emoções negativas, mesmo diante de uma situação potencialmente aversiva (Freud, citado por Martin et al., 2013, p. 54). Esse estilo de humor está associado à regulação da emoção, fazendo com que o indivíduo tenda a encarar com diversão as incongruências de sua rotina, mantendo uma perspectiva positiva mesmo diante de situações de estresse ou adversidades (Martin, et al., 1993). O humor autorreforçador é também uma dimensão positiva do uso de humor, no entanto focada no autoconceito. Esse estilo de humor pode ser um mecanismo saudável de manutenção da autoestima, funcionando como regulador da emoção. Indivíduos tendem a manter uma perspectiva positiva mesmo diante de situações de estresse ou adversidades, encarando com diversão as incongruências de sua rotina (Martin et al., 1993).

O estilo de humor agregador é a dimensão positiva de uso de humor que está relacionada à intimidade, redes de apoio social e emoções predominantemente positivas. Indivíduos manifestam esse estilo de humor dizendo coisas engraçadas e se engajando espontaneamente em brincadeiras espirituosas para divertir os outros, favorecendo a coesão em seus relacionamentos e reduzindo tensões interpessoais (Lefcourt, 2001).

Já o estilo de humor hostil é caracterizado por comportamentos de ridicularização, escárnio e depreciação alheia. Essa dimensão negativa do uso do humor é característica de indivíduos que expressam humor sem considerar seu impacto sobre os outros e, por vezes, sem resistir ao impulso de dizer algo jocoso e sarcástico, ainda que possa denegrir ou provocar incômodo em alguém.

O humor autodepreciativo é a outra dimensão negativa do uso do humor, no entanto, focada apenas em si. Ela se caracteriza pela tendência de se envolver em comportamento humorístico como maneira de esconder sentimentos negativos subjacentes, ou de evitar lidar com problemas (Martin et al., 2013). Indivíduos que permitem-se ser alvo de piadas, zombaria ou menosprezo tendem a estar centrados na intenção de divertir os outros enquanto se autorridicularizam, mesmo que ajam dessa forma para melhorar sua relação consigo e com os outros (Kuiper et al., 1993).

A estrutura de quatro fatores para os estilos de humor do HSQ tem se replicado em diferentes culturas, como: Alemanha (Ruch & Heintz, 2016), Argentina (Cayssials & Pérez, 2005), Bélgica (Saroglou & Scariot, 2002), Canadá (Kuiper & McHale, 2009), China (Chen & Martin, 2007), Colômbia (Bordás et al., 2018), Espanha (Salavera et al., 2020), Itália (Sirigatti et al., 2014), Líbano (Taher et al., 2008), Peru (Cassaretto & Martínez, 2009), República Dominicana (Ramírez et al., 2016) e Venezuela (Koch, 2008). Esses estudos encontraram evidências da adequação do modelo de quatro fatores representativos dos estilos de humor, tal como proposto por Martin et al. (2003).

No que concerne a relações dos estilos de humor com outras variáveis, Martin et al. (2003) já haviam verificado relações com gênero e idade. Participantes mais jovens alcançaram pontuações mais altas nos fatores humor agregador e humor hostil do que participantes mais velhos, sugerindo que o maior envolvimento dos jovens em atividades sociais pode ter relação com o uso de humor. Estudo similar na República Dominicana revelou correlação não significativa com idade, ao contrário do estudo original (Ramírez et al., 2016).

Ao analisar as diferenças de gênero para estilos de humor, homens apresentam escores mais altos do que mulheres em ambas as dimensões negativas - humor autodepreciativo e humor hostil, enquanto mulheres apresentam médias maiores em estilos de humor positivos – humor autorreforçador e humor agregador (Martin & Sullivan, 2013; Martin et al., 2003; Schermer et al., 2019; Sirigatti et al., 2014). Esses resultados sugerem que o HSQ é útil na exploração de diferenças sexuais no humor sugeridas na literatura (e.g., Lefcourt & Thomas, 1998).

A respeito de variações culturais nos estilos de humor, um estudo transcultural usou o HSQ em 28 diferentes países e revelou que há mais semelhanças do que diferenças transculturais na manifestação dos estilos de humor. Foram observadas médias mais altas no estilo de humor agregador comparativamente aos outros estilos, e quase todos os países apresentaram semelhantes correlações com idade e diferenças de gênero. Por exemplo, com idade, humor hostil e humor autodepreciativo apresentaram correlações negativas e humor autorreforçador, correlações positivas. Humor agregador se correlacionou significativamente com idade apenas nas amostras do Canadá, Estônia, Irã e Malásia. De forma similar, as diferenças de gênero mostraram médias mais altas para as amostras masculinas, em geral, nas escalas de estilo de humor hostil, autorreforçador e autodepreciativo.

Por ser considerando um elemento associado ao coping, o uso do humor está relacionado à autoestima e à timidez (Fabrizi & Pollio, 1987; Porterfield et al., 1988). Carretero-Dios e Ruch (2010), por exemplo, relataram que indivíduos mais baixos em timidez tinham maior probabilidade de encontrar estímulos humorísticos em seu cotidiano. Outras pesquisas demonstraram que humor autorreforçador e humor agregador estão positivamente relacionados à autoestima (Hiranandani & Yue, 2014; Martin et al., 2003).

Sendo assim, o presente estudo pretendeu adaptar e buscar evidências de validade de um Questionário de Estilos de Humor (HSQ) (Martin et al., 2003) para o contexto brasileiro. Buscou-se testar as seguintes hipóteses:

  • H1. Os dados se ajustarão à estrutura de quatro fatores para o instrumento, tal como o estudo original.

  • H2. Os homens apresentarão médias mais altas no fator humor hostil do que as mulheres.

  • H3. Haverá correlação positiva entre idade e o fator humor autorreforçador.

  • H4. Haverá correlação positiva entre autoestima e o fator humor autorreforçador.

  • H5. Haverá correlação negativa entre timidez e o fator humor agregador.

Método

Participantes

Participaram 322 estudantes universitários brasileiros com média de idade de 28,6 anos (DP=11,5), sendo 68,6% mulheres e 31,4% homens. Além disso, 44,5% dos participantes eram de religião cristã, 27,3% eram ateus, 1,9% judeus, 1,6% budistas, 0,6% hindus, e 24,2% de outras religiões.

Instrumentos

Utilizou-se um questionário on-line, disponibilizado em um endereço na internet. O questionário continha questões sociodemográficas que perguntavam qual o gênero, a idade e a religião dos respondentes. Havia uma pergunta sobre autoestima, em que os participantes indicavam, de um a sete, o quanto a frase “eu tenho elevada autoestima” era verdadeira para eles. Além disso, havia as escalas para aferir estilos de humor, individualismo-coletivismo, e timidez, conforme descritas a seguir. O questionário foi configurado para não permitir respostas omissas a nenhuma das questões ou itens das escalas.

Questionário de Estilos de Humor - HSQ-BR. Esse instrumento foi adaptado para o Brasil neste estudo, a partir do original de Martin et al. (2003). O instrumento mede quatro dimensões de humor: humor autorreforçador, humor autodepreciativo, humor hostil e humor agregador. A escala é composta por 32 frases afirmativas que descrevem sentimentos e comportamentos (oito para cada estilo de humor) às quais o respondente atribui grau de concordância ou discordância com elas, sendo 1 = discordo totalmente e 7 = concordo totalmente. Exemplos de itens: “Eu gosto de fazer as pessoas rirem”, “Se eu não gosto de alguém, muitas vezes eu uso humor ou provocação para colocá-lo para baixo”. Na versão original os coeficientes alfa variaram de 0,80 (humor hostil) a 0,85 (humor agregador).

Escala de Individualismo e Coletivismo (Singelis et al., 1995). Foi utilizada a versão curta aplicada por Schermer et al. (2019) em estudo transcultural que incluiu o Brasil. A escala afere quatro fatores, com os respectivos índices de fidedignidade para a amostra deste estudo: individualismo horizontal (α =0,53; Ω=0,62); individualismo vertical (α =0,67; Ω=0,70); coletivismo horizontal (α =0,85; Ω=0,86); coletivismo vertical (α =0,53; Ω=0,62). O instrumento possui 12 itens no formato de frases afirmativas e é respondido em uma escala de nove pontos (1 = nunca ou definitivamente não; 9 = sempre ou definitivamente sim). Exemplos de itens: “Eu sou uma pessoa única”; “Eu me sinto bem quando eu coopero com os outros”.

Escala de Timidez Revisada de Cheek e Buss (Marot et al., 2019). Trata-se da versão adaptada para o Brasil do original de Cheek e Buss (1981, 1983). É um instrumento unidimensional que afere, por meio de 13 itens, os níveis de timidez. O participante deve responder em uma escala de cinco pontos o quanto ele acredita que cada afirmativa caracteriza seus sentimentos e comportamentos. Exemplos de itens: “Eu não acho difícil falar com estranhos”; “Não demoro muito para superar minha timidez em situações novas”. O estudo de adaptação brasileiro apresentou índice de confiabilidade de 0,95 (alfa).

Procedimento

De Tradução

Inicialmente, o questionário foi traduzido para o português brasileiro a partir da versão americana do Questionário de Estilos de Humor (Martin et al., 2003) por uma pessoa com formação na língua inglesa. Um tradutor independente realizou uma revisão, e outro pesquisador fez uma tradução reversa. A partir disso, foram realizados ajustes dos itens em relação às ideias centrais e aos termos empregados para a utilização.

De Coleta

Os participantes foram recrutados por meio de e-mails e convites em redes sociais para responder ao questionário on-line disponibilizado na internet. Para iniciar o questionário, as pessoas deveriam consentir em participar da pesquisa, declarar ter nacionalidade brasileira e ter, pelo menos, 18 anos de idade. O tempo estimado de resposta foi de 10 a 15 minutos.

De Análise

Inicialmente, a fim de buscar evidências de validade relacionadas à estrutura do instrumento adaptado para o Brasil, realizou-se uma análise fatorial exploratória. Para tanto, utilizou-se o software Factor versão 10.8.04 (Lorenzo-Seva & Ferrando, 2013), partiu-se da matriz policórica dos dados e utilizou-se o método Robust Diagonally Weighted Least Squares (RDWLS) e a rotação oblíqua Promin (Lorenzo-Seva, 1999) para a extração dos fatores. Utilizou-se a análise paralela para identificar o número de fatores a serem retidos para a escala (Timmerman & Lorenzo-Seva, 2011). Em busca de evidências de validade baseadas nas relações com outras variáveis, foram feitas análises de correlação de Pearson entre os fatores dos estilos de humor, os fatores de coletivismo e individualismo, autoestima, timidez e idade dos participantes. Também se testaram diferenças de gênero para os estilos de humor. Foram realizados testes de significância estatística para as diferenças em cada coeficiente de correlação do grupo de homens e mulheres (Lenhard & Lenhard, 2014).

Resultados

Inicialmente, realizou-se análise fatorial exploratória com os itens do Questionário de Estilos de Humor adaptado para o Brasil. O teste de esfericidade de Bartlett, χ2(N=322)=3592,4; p<0,001, e a medida Kaiser-Meyer-Olkin, KMO=0,83, indicaram adequação da matriz de correlação dos dados e da amostra para a análise fatorial. A análise paralela sugeriu a retenção de quatro fatores, assim como esperado teoricamente. O último fator observado que explicou mais variância (7,72% da variância) do que o simulado (6,56% da variância) foi o quarto fator. As cargas fatoriais e comunalidades dos itens, bem como eigenvalues dos fatores e indicadores de fidedignidade, podem ser vistos na Tabela 1. Os quatro fatores explicaram 59,6% da variância dos dados. Os índices de ajuste para esse modelo de quatro fatores foram: CFI=0,99; TLI=0,99; RMSEA=0,031 (CI90%=0,010-0,050).

Tabela 1 Cargas Fatoriais dos Itens da Versão Brasileira do Questionário de Estilos de Humor (HSQ-BR) e demais Propriedades Psicométricas 

Humor Autodepreciativo Humor Agregador Humor Autorreforçador Humor Hostil h2
Item 4 0,55 -0,04 0,01 0,03 0,30
Item 8 0,71 0,01 0,02 -0,03 0,50
Item 12 0,78 0,12 -0,06 -0,04 0,64
Item 16 0,57 0,11 -0,12 0,21 0,49
Item 20 0,95 -0,08 -0,07 -0,03 0,83
Item 24 0,20 0,44 0,16 -0,01 0,39
Item 28 0,30 0,06 0,10 0,01 0,13
Item 32 0,79 0,09 0,12 -0,03 0,61
Item 1 -0,12 0,75 0,10 -0,08 0,59
Item 5 0,09 0,55 0,06 0,11 0,42
Item 9 -0,04 0,59 -0,04 0,14 0,36
Item 13 -0,07 0,85 0,06 -0,11 0,73
Item 17 0,17 0,84 -0,09 0,08 0,71
Item 21 -0,09 0,85 -0,13 -0,08 0,71
Item 25 -0,17 0,90 0,01 0,07 0,80
Item 29 -0,17 0,46 0,09 -0,01 0,23
Item 2 -0,08 -0,01 0,64 0,23 0,43
Item 6 0,01 0,37 0,41 -0,06 0,47
Item 10 0,12 -0,09 0,90 -0,10 0,78
Item 14 -0,09 -0,03 0,75 0,04 0,52
Item 18 -0,01 -0,11 0,93 -0,01 0,78
Item 22 -0,10 0,02 0,44 0,09 0,20
Item 26 0,17 0,02 0,68 -0,02 0,54
Item 30 -0,12 0,11 0,33 -0,15 0,19
Item 3 0,15 -0,12 -0,05 0,44 0,25
Item 7 0,04 -0,24 -0,03 0,41 0,21
Item 11 -0,01 -0,01 0,22 0,23 0,09
Item 15 -0,1 -0,12 -0,01 0,76 0,52
Item 19 0,21 0,11 0,11 0,21 0,22
Item 23 -0,08 0,23 0,23 0,45 0,26
Item 27 0,19 -0,23 -0,23 0,57 0,41
Item 31 -0,07 0,04 0,04 0,71 0,49
Quantidade de itens 8 8 8 8
M 3,32 5,57 4,27 3,00
DP 1,21 1,06 1,23 0,92
α 0,80 0,83 0,83 0,63
Ω 0,81 0,85 0,83 0,64
Eigenvalue 6,83 3,81 1,65 2,00
Variância explicada 59,60%

Nota. Análise fatorial exploratória com método Robust Diagonally Weighted Least Squares, rotação Promin. N=322

Destaca-se que os itens 11, 19 e 24 apresentaram cargas fatoriais menores que 0,30 nos seus respectivos fatores, tal como no instrumento original (Martin et al., 2003). Ainda assim, o item 11 e o item 19 apresentaram suas cargas mais altas em seus respectivos fatores. Apenas o item 24 apresentou carga fatorial maior em outro fator, diferentemente do instrumento original. Diante disso, foram calculados coeficientes alfa e ômega dos fatores com e sem tais itens. No entanto, a retirada dos itens não ocasionou alterações nos índices. Então, decidiu-se por mantê-los em seus respectivos fatores, conforme instrumento original de Martin et al. (2003). Os índices de fidedignidade alfa e ômega total são apresentados na Tabela 1.

As médias de cada fator das escalas foram computadas. Quando o fator tinha algum item invertido, suas âncoras eram ajustadas para manter a direção crescente de traço latente. Dessa forma, foram obtidas quatro médias para o instrumento de humor, quatro para a escala de individualismo e coletivismo e uma para timidez. Testaram-se diferenças de médias entre homens e mulheres para os construtos estudados. Os resultados podem ser vistos na Tabela 2.

Tabela 2 Médias, Desvios Padrões e Diferenças entre Mulheres e Homens para Estilos de Humor e Outras Variáveis 

Mulheres n=221 Homens n=101
M DP M DP Teste t
1. Humor Agregador 5,60 1,00 5,52 1,16 t(320)=0,64; p=0,52; d=0,08
2. Humor Autorreforçador 4,30 1,19 4,23 1,31 t(320)=0,39; p=0,69; d=0,05
3. Humor Hostil 2,82 0,82 3,43 0,98 t(166,8)=-5,51; p<0,001; d=0,70
4. Humor Autodepreciativo 3,26 1,17 3,47 1,29 t(320)=-1,46; p=0,15; d=0,17
5. Individualismo-Horizontal 6,70 1,52 6,80 1,60 t(320)=-0,53; p=0,60; d=0,06
6. Individualismo Vertical 4,01 1,79 4,73 1,98 t(320)=-3,23; p=0,001; d=0,39
7. Coletivismo Horizontal 8,22 1,11 7,59 1,57 t(147,0)=3,65; p<0,001; d=0,50
8. Coletivismo Vertical 5,38 1,64 5,36 1,73 t(320)=0,13; p=0,90; d=0,01
9. Autoestima 3,72 1,79 4,13 1,67 t(320)=-1,94; p=0,053; d=0,23
10. Timidez 2,69 0,82 2,79 0,90 t(320)=-0,94; p=0,35; d=0,11
11. Idade 29,3 11,8 27,2 10,9

Em função das diferenças de gênero encontradas, as análises subsequentes foram realizadas separadamente por gênero. Testaram-se correlações entre os fatores dos estilos de humor, os fatores de individualismo e coletivismo, autoestima, timidez e idade dos participantes. Os coeficientes de correlação, para homens e mulheres, podem ser vistos na Tabela 3. Destacam-se as correlações do humor agregador com coletivismo horizontal e do humor autorreforçador com a autoestima, tanto para homens quanto para mulheres.

Tabela 3 Correlações entre Estilos de Humor, Idade e Outras Variáveis 

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1. Humor Agregador - 0,52**a -0,07a 0,40** 0,26** -0,27** 0,48** 0,33**a -0,11a -0,28** 0,04
2. Humor Autorreforçador 0,03**a - 0,09 0,20* 0,20* 0,20*a 0,34** 0,21*a 0,32** -0,36** 0,23*
3. Humor Hostil 0,25**a 0,01 - 0,13a 0,05 0,47**a -0,42**a -0,27**a 0,14 0,18 -0,22*
4. Humor Autodepreciativo 0,30** 0,16* 0,31**a - 0,01 -0,01 0,15 0,28**a -0,41** 0,17 -0,15
5. Individualismo Horizontal 0,22** 0,26** 0,01 -0,09 - 0,12 0,29** 0,23*a 0,25*a -0,31**a 0,09
6. Individualismo Vertical -0,18 -0,12 0,09a 0,01 0,17 - -0,35** -0,09a 0,12 0,23*a -0,30**a
7. Coletivismo Horizontal 0,33* 0,21** -0,22**a 0,06 0,15* -0,19** - 0,48**a -0,02 -0,29**a 0,26**a
8. Coletivismo Vertical -0,11a -0,01a -0,02a 0,14*a -0,08a 0,15*a 0,09a - 0,01 -0,28**a 0,24*a
9. Autoestima 0,15*a 0,37** -0,06 -0,26** 0,34**a -0,02 0,06 -0,14* - -0,50** 0,30**
10. Timidez -0,27** -0,31** 0,01 0,15* 0,30**a 0,04a -0,10a 0,09a -0,46** - -0,38**
11. Idade -0,11 0,19** -0,08 -0,06 -0,04 -0,08a -0,05a 0,01a 0,18** 0,34**

Nota. Acima da diagonal principal são encontrados os coefcientes de correlação para os homens (n=101), e abaixo da diagonal principal os coefcientes de correlação para as mulheres (n=221). a=diferença signifcativa (p<0,05) entre os coefcientes de correlação de homens e mulheres; *p<0,05; **p<0,01

Discussão

O Questionário de Estilos de Humor é um instrumento que se concentra nas funções que o humor desempenha na vida cotidiana, e nas maneiras pelas quais o uso de humor potencialmente benéfico ou prejudicial se relaciona com diversos aspectos. Ao adaptar o instrumento para uma amostra brasileira, este estudo encontrou qualidades psicométricas adequadas, satisfatórios níveis de confiabilidade e validade. Os achados corroboram tanto o estudo original de Martin et al. (2003), quanto adaptações de várias culturas (e.g., Chen & Martin, 2007; Ruch & Heintz, 2016; Taher et al., 2008).

Como esperado teoricamente, e conforme hipotetizado, a estrutura do instrumento foi definida com quatro fatores, demonstrando índices adequados e cargas fatoriais satisfatórias (Hooper et al., 2008). No estudo original, Martin et al. (2003) não assumem que as funções do humor sejam necessariamente selecionadas conscientemente ou usadas de maneira volitiva, e reconhecem que tais usos e estilos podem ser respostas automáticas a situações específicas. Assim, as distinções entre as quatro dimensões de humor poderiam ser bastante sutis e, por isso, difíceis de capturar. Em particular, itens como o 11 e o 19 parecem ser pouco representativos da dimensão Hostil, e isso é percebido também pelas suas cargas fatoriais com valores abaixo de 0,30. Então, embora haja a preocupação de que a variação idiomática seja um limitador no processo da adaptação, esse instrumento brasileiro se comportou da forma esperada, e de maneira semelhante a estudos anteriores com outras amostras e contextos.

Especificamente em relação ao item 24, originalmente um item do fator Humor Autodepreciativo, mas que apresentou carga fatorial abaixo do esperado no seu fator original, e apresentou carga cruzada com valor maior no fator Humor Agregador, é compreensível que, no contexto brasileiro, a frase “Quando eu estou com amigos ou família, eu muitas vezes tendo a ser a pessoa com quem os outros se divertem ou brincam” possa significar também um comportamento de função agregadora (dimensão em que carregou acima de 0,30), além de um comportamento autodepreciativo.

A consistência interna do instrumento se mostrou similar ao estudo original e a adaptações anteriores. A dimensão Humor Hostil, por exemplo, apresentou o menor coeficiente de fidedignidade (o único abaixo de 0,80), corroborando achados de estudo transcultural recente, em que essa dimensão também foi a que obteve menor coeficiente alta nas amostras dos 25 países, sendo que, em 10 delas, os valores ficaram abaixo de 0,60 (Schermer et al., 2019). Embora a literatura recomende que o coeficiente alfa ideal seja superior a 0,7 (Nunnally & Bernstein, 1994), há estudos considerando que índices entre 0,60 e 0,70 são aceitáveis (Streiner, 2003; Taber, 2018). Assim, o resultado do presente estudo indica alguma heterogeneidade nos itens da dimensão de Humor Hostil que também foi encontrada em estudos semelhantes.

Além disso, alguns itens podem ser difíceis de serem compreendidos, pela sua extensão. É razoável supor que alguns termos provoquem diferentes compreensões. Contudo, a sutileza da linguagem necessária para capturar os construtos também foi um desafio na tradução do HSQ para outros idiomas (Martin, 2015; Schermer et al., 2019).

As pessoas podem expressar humor de maneiras diferentes e nossos resultados corroboram trabalhos anteriores de Martin et al. (2003), Martin e Sullivan (2013), Schermer et al. (2019) e de Sirigatti et al. (2014), entre outros. No estudo atual com a amostra brasileira, também foi encontrada diferença entre homens e mulheres para o Humor Hostil, corroborando a hipótese 2, mas sem diferenças entre os gêneros nos outros estilos. A amostra masculina apresentou níveis significativamente mais altos na dimensão hostil. O fator Humor Hostil inclui itens relacionados a uso de humor para criticar ou manipular os outros, sarcasmo e provocação. Esse estilo tem sido considerado mais característico dos homens, e isso se deve também ao uso que homens fazem do humor como ferramenta de obtenção de status e dominância (Griskevicius et al., 2009; Proekt, 2019). Considerando o tamanho de efeito encontrado neste estudo, é razoável sugerir que a diferença encontrada entre homens e mulheres reflete a disposição mais agressiva dos homens em geral. O Humor Hostil pode compor uma sinalização indireta de derrogação de potenciais rivais, e ser uma vantagem no mercado do amor (Griskevicius et al., 2009; Martin & Ford, 2018).

A dimensão de Humor Hostil se correlacionou de forma distinta com as demais variáveis em mulheres e homens. No grupo masculino, não houve correlação significativa com nenhuma outra dimensão de Humor. Porém, as relações foram altas com individualismo vertical e com coletivismo horizontal, por exemplo. A correlação positiva de Humor Hostil com individualismo pode ser explicada considerando que o uso desse humor aumenta a autoestima à custa das relações com os outros e em busca de autonomia e poder (Triandis & Gelfand, 1998). Indivíduos que interagem de maneira individualista tendem a ter vínculos sociais mais fracos e transitórios (Lin & Tan, 2010), e por serem mais voltados à auto-orientação e às iniciativas pessoais, é compreensível que haja forte correlação com Humor Hostil. Já a correlação negativa do Humor Hostil com coletivismo se justifica porque à medida que indivíduos se preocupam mais com suas relações interpessoais, a tendência de tolerar os outros é maior e, consequentemente, esses indivíduos se valem menos do humor prejudicial e agressivo, favorecendo a coletividade.

Já no grupo das mulheres, o Humor Hostil apresentou correlação com outros dois estilos de humor. A correlação com Humor Agregador indica haver algum elemento de agressividade nessa dimensão de uso de humor, embora não pareça fazer parte da definição de gregarismo. Provocações amigáveis, implicâncias sutis ou mesmo zombarias leves não devem ser totalmente descartadas do uso agregador do humor, embora tais comportamentos sejam avaliados nesse instrumento pela dimensão hostil. Eventualmente, mulheres que frequentemente brincam e riem com os outros para melhorar suas relações sociais também mostram tendência a se envolver gradualmente no sarcasmo do Humor Hostil. Sobre Humor Agregador, destaca-se a corroboração da hipótese 5, enfatizando a correlação negativa desse estilo de humor com timidez. Isso indica que as pessoas que têm mais dificuldades em falar com estranhos e que demoram muito para superar timidez em situações novas tendem a não usar socialmente essa forma gregária de estilo humorístico.

O Humor Autodepreciativo também se correlacionou com Humor Hostil no grupo de mulheres, indicando que mulheres que usam o humor de maneira sarcástica também tendem a apresentar comportamentos de mais autodepreciação. Esses estilos de humor são comumente utilizados como forma de defesa, e são considerados potencialmente desgastantes para o bem-estar das pessoas (Martin et al., 2003). Não à toa, a autoestima está negativamente relacionada com Humor Autodepreciativo, tanto no grupo de homens quanto no grupo de mulheres. Supõe-se que agradar aos outros por meio de excessiva autodepreciação indica baixa autoestima.

Autoestima, por sua vez, correlaciona-se positivamente com maiores médias de Humor Autorreforçador, corroborando a hipótese 4. O uso desse estilo de humor envolve pensamentos geralmente divertidos, que podem se relacionar com as contradições ou absurdos da vida (Martin et al., 2003). Pessoas com altas médias de Humor Autorreforçador têm uma perspectiva benéfica sobre os acontecimentos e, mesmo diante de adversidade, usam esse recurso como mecanismo de enfrentamento saudável para a regulação de suas emoções (Dixon, 1980; Kuiper et al., 1993; Martin et al., 1993). O uso de Humor Autorreforçador também se intensifica com o avanço da idade, tanto entre homens quanto em mulheres, o que corrobora a hipótese 3 deste estudo. À medida que envelhecem, indivíduos tendem a priorizar a manutenção de interações sociais positivas e se beneficiam mais de comportamentos que promovem o vínculo com outros (Carstensen et al., 1999). Além disso, o senso de competência em gerenciar ambientes sociais e a maior confiança em suas capacidades e valores parecem ser adequados para explicar essas correlações.

O presente estudo apresenta propriedades psicométricas e evidências de validade de um instrumento que favorece o entendimento sobre as maneiras pelas quais os Estilos de Humor interferem no ajustamento saudável dos indivíduos; e como eles utilizam esses recursos para lidar com emoções e melhorar a qualidade dos relacionamentos interpessoais. Consistentemente com o estudo original e adaptações em outras culturas, foram encontradas evidências de validade satisfatórias para a versão brasileira do Questionário de Estilos de Humor (HSQ-BR). Apesar disso, algumas evidências podem ser incipientes, limitadas por uma amostra pouco diversificada. Novos estudos com outros modelos confirmatórios podem elucidar questões sobre a extensão e escrita dos itens, e ainda propor uma versão reduzida.

A conceitualização dos estilos de humor tem passado por revisões, e mesmo o instrumento adaptado para o Brasil pode requerer modificações que melhorem seu ajuste com o quadro teórico. Ainda assim, o presente instrumento é útil para ampliar a compreensão sobre o uso do humor, oferecendo um modelo abrangente sobre diferenças individuais, pois de fato, o humor se apresenta como uma estratégia de regulação emocional especialmente funcional, exercendo funções cognitivas, emocionais e sociais. Como o exemplo cotidiano citado no início deste estudo, a espontaneidade contida no uso de diferentes estilos de humor pode aflorar como recurso de enfrentamento, seja no âmbito pessoal ou coletivo, especialmente em momentos de desconforto. É possível que brasileiros encontrem no humor uma estratégia de lidar com relações pessoais e com o cotidiano, tornando suportáveis até mesmo contextos que sejam aparentemente difíceis.

Agradecimentos

Não há menções.

Financiamento

A presente pesquisa não recebeu nenhuma fonte de financiamento sendo custeada com recursos dos próprios autores. A primeira autora é bolsista Capes.

Disponibilidade de dados e materiais

Todos os dados e sintaxes gerados e analisados durante esta pesquisa serão tratados com total sigilo devido às exigências do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos. Porém, o conjunto de dados e sintaxes que apoiam as conclusões deste artigo estão disponíveis mediante razoável solicitação ao autor principal do estudo

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Recebido: 01 de Novembro de 2020; Aceito: 01 de Novembro de 2022

1 Endereço para correspondência: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Laboratório de Pesquisa em Psicologia Social. Departamento de Psicologia. Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, 22451-900, Rio de Janeiro, RJ. E-mail:sibele.aquino@gmail.com

Confitos de interesses

Os autores declaram que não há conflitos de interesses.

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