Revista Subjetividades
Print version ISSN 2359-0769On-line version ISSN 2359-0777
Abstract
DIAS, Luciano and CANAVEZ, Fernanda. COMPLEXO DE ÉDIPO E DIFERENÇA RACIAL EM PSICANÁLISE. Rev. Subj. [online]. 2022, vol.22, n.3, e12545. Epub Nov 22, 2024. ISSN 2359-0769. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i3.e12545.
A proposição, por Freud, do complexo de Édipo suscitou um controverso debate em torno da validade universal desse constructo, de seu alcance como uma invariável fora do marco civilizatório-europeu. O objetivo deste artigo é localizar a particularidade da contribuição de Frantz Fanon a esse debate. A hipótese que encaminhamos é que, através da sentença que proclama a insuficiência do Édipo nos domínios da colonização, Fanon encontra caminhos para enunciar a desconsideração da diferença racial em psicanálise. Em uma perspectiva que se apoia em uma metodologia de pesquisa bibliográfica, assumimos uma linha crítica que interliga o complexo em questão à noção lacaniana de estágio do espelho. Com isso, mostraremos como a recusa ao modelo edipiano serve a Fanon para circunscrever os limites de um modelo abstrato que, desconsiderando a marcação racial, não atenta à diferencialidade da situação colonial, que fabrica o negro em condição de subalternidade. Para o negro, o trauma não decorre de uma reedição da mecânica edipiana, mas do encontro com o mundo branco. Assim, em um primeiro momento, apresentaremos a crítica de Fanon ao Édipo, para, em seguida, apontar como esta reflete, particularmente, a interlocução de Fanon com a primeira formulação de Lacan sobre o imaginário. Finalmente, indicaremos como elementos centrais do complexo – a sexualidade e o narcisismo – permitem a Fanon apresentar a construção do negro como mito.
Keywords : narcisismo; sexualidade; diferença; racismo.