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Estudos de Psicanálise
versión impresa ISSN 0100-3437versión On-line ISSN 2175-3482
Estud. psicanal. n.31 Belo Horizonte oct. 2008
O desejo oculto na linguagem das mariposas
The occult desire in the language of the butterflies
Maria das Mercês Maia Muribeca*
Sociedade Psicanalítica da Paraíba
RESUMO
Os fragmentos da análise do caso clínico aqui apresentado narram a história de um homem que vive em conflito com o seu desejo homossexual por temor de perder o amor de sua mãe e o respeito de seu pai. Este conflito o induz a uma profunda depressão ao mesmo tempo em que vive uma relação amorosa com tons obsessivos. Ao relatar este caso nos apoiamos nos ensinamentos de Freud, mas especialmente de Jean Laplanche que trabalha os conceitos freudianos, confrontando suas contradições sempre na intenção de criar uma nova espiral que abra outros caminhos ao pensamento. Laplanche entende que o ser humano é, por excelência, um ser autoteorizante e autotradutor. Cada época importante de sua vida abre a possibilidade de revisar sua própria tradução anterior proporcionando-lhe agora uma tradução mais englobante, menos recalcante, com meios renovados para uma nova leitura de si mesmo.
Palavras-chave: Psicanálise, Desejo homossexual, Teoria da sedução generalizada e tradutiva do recalque.
ABSTRACT
The fragments of the analysis of the clinical case presented here tells the history of a man who lives in conflict with his homosexual desire from fear to lose his mother love and his father respect. This conflict induces him to a deep depression at the same time where a loving relation with obsessive tones lives. When telling this case in we support it in Freud’s teaching, but especially in Jean Laplanche who works the Freud’s concepts, collating its contradictions, always in the intention to create a new spiral that opens other ways to think. Laplanche understands that human is, in excellence, a self-taught and self-translator person. Each important moment in his life opens the possibility to revise his own previous translation that provides now a general translation, less repressed, with ways renewed for a new reading of himself.
Keywords: Psychoanalysis, Homosexual desires, Theory of the generalized seduction and translation of the repressed.
A psicanálise se interessa pelo ser humano como autor, como sujeito de seu discurso, o que o conduz a seu próprio fantasma, onde se articula seu desejo.
Silvia Tubert
Introdução
O fragmento da análise do caso clínico aqui apresentado narra pequenos momentos da história de um ser humano que vive um forte conflito psíquico diante de seu desejo homoerótico, que teme perder o amor de sua mãe e o respeito de seu pai. Um conflito que o induz a uma profunda depressão e que o faz percorrer as ruas tortuosas das desilusões amorosas, da dependência patológica, do sentimento de culpa e de inferioridade.
Sabemos que não é fácil eleger um caso clínico para a apresentação de seu estudo interligando-o a uma teoria que o respalde, pois tal tarefa exige um esforço de elaboração por parte do psicanalista do que acontece na intimidade do encontro entre ele e o analisando.
Nesse sentido, vamos trabalhar este caso com apoio nos ensinamentos de Freud, mas especialmente nos de Jean Laplanche que trabalha os conceitos freudianos, confrontando suas contradições sempre na intenção de criar uma nova espiral que abra outros caminhos ao pensamento. Famoso por ser rigoroso em suas colocações e profundo conhecedor da obra freudiana, Laplanche se posiciona claramente diante do conteúdo sexual do inconsciente. Resgata a via da sedução que a seu ver é recalcada pelo próprio Freud em sua obra e desenvolve a Teoria da Sedução Originária e o conceito das Mensagens Enigmáticas com vistas a retomar a prioridade do outro na fundação do inconsciente, recusando-se a pensar que o infante parta de uma sexualidade dada como algo inata.
Laplanche entende que o ser humano é, por excelência, um ser auto-teorizante e autotradutor. Cada época importante de sua vida abre a possibilidade de revisar sua própria tradução anterior, proporcionando-lhe agora uma tradução1 mais englobante, menos recalcante, com meios renovados para uma nova leitura de si mesmo. É bem verdade, que esta nova tradução deixa um resto não traduzido, porém é igualmente certo que ela vai acrescentando a cada nova tradução algo novo a sua história. Desta forma, a tradução psíquica não é somente algo recalcado que vai deixando restos intraduzíveis pelo caminho, mas também algo regenerador.
Fragmentos e reflexões acerca do caso
Os fragmentos clínicos que vamos trabalhar a partir deste momento dizem respeito a Pedro – nome fictício pelo qual chamaremos o protagonista da nossa história –, um jovem rapaz que chega à análise pelas mãos da mãe que não agüentava mais presenciar a tristeza e a falta de ânimo do filho. Ele diz que está deprimido, irritado e com dificuldade para dormir. Diz que sua mãe nunca entenderia a linguagem da dor que permeia suas entranhas. Que esta dor consiste num enorme segredo que ao ser revelado pode causar danos irreversíveis. Sua tristeza se relaciona diretamente ao amor que sente por alguém que não deveria sentir. Um desejo oculto aos olhos dos outros, uma linguagem que só as mariposas podiam decifrar.
Há quanto tempo ele guardava esse segredo e era prisioneiro de sua própria angústia? Como analista, procuramos estar atentos ao fato de que analisar2 consiste num ato de desfazer a tradução atual do paciente, em retornar ao texto originário para refazer esta tradução, traduzindo aquilo que a tradução precedente não havia possibilitado traduzir, que havia sido deixado como um resto não decifrado.
Assim, qualquer ato de interpretar em psicanálise implica a existência de um sentido que não deve ser criado, mas sim descoberto. E esta descoberta vai-se revelando passo a passo através de um processo de tradução-destradução-retradução3 regido pela ação do a posteriori4.
Desde as primeiras entrevistas, podia-se perceber o quanto era forte a ligação de Pedro com a sua mãe. Sua identificação com ela era visível, como se ele tivesse que incorporar seus sentimentos. Pedro nasce com um destino desenhado pelo desejo de sua mãe, ele vem para ocupar o lugar daquele que unirá os laços matrimoniais dos pais que, depois de tantos anos, estavam-se desfazendo. A implantação do desejo materno havia deixado suas marcas em Pedro, determinando-lhe um destino a ser cumprido.
Laplanche (1992a) explica que o infante emerge de um mundo, que não é meramente objetivo, mas repleto de significantes enigmáticos. Trata-se realmente de um infante confrontado com um mundo adulto que, para começar, lhe envia mensagens que estão impregnadas de significações sexuais inconscientes, as quais o infante percebe, mas não pode decodificar e ficam sem ser traduzidas. Esta é uma situação antropológica fundamental (LAPLANCHE, 2001) de caráter universal. Uma relação da qual nenhum ser humano pode excluir-se e que constitui o fundamento originário de seu inconsciente.
Nesse sentido, o universal é aquilo da ordem do pulsional desligado, aquilo que se instala e se introduz no infante, convertendo o ser humano em um ser pulsional. E isto é o que realmente a psicanálise é convidada a dar conta. Desta maneira, o pequeno ser humano deve responder, desde o primeiro momento, a estas mensagens impregnadas de sexualidade, mas a inadequação inevitável das respostas infantis instaura um resíduo inconsciente de alteridade a que todo ser humano deve seguir respondendo.
Laplanche (1988) emprega a expressão “confrontação” ao tratar de explicar a relação existente entre um adulto ativo e um infante passivo e assim põe em relevo toda uma inadequação de linguagem entre eles, num sentido próximo ao da “confusão de línguas”, formulada por Ferenczi (1992), pois a criança deve responder a questionamentos provenientes do adulto antes que possa compreendê-los e dar-lhes sentido. Tal dificuldade não reside tanto na insuficiência da bagagem semântica da criança, mas, antes de tudo, no fato de que a linguagem parental expressa o próprio inconsciente num sentido ignorado pelos próprios adultos. Trata-se, pois, de uma relação enigmática do emissor com seu próprio inconsciente.
É, portanto, no seio de desconfianças e traições que Pedro vem ao mundo já fortemente marcado por uma inadequação de linguagem entre ele e a mãe. Desde tenra idade, Pedro foi traduzindo, através de seus códigos, as mensagens que os adultos iam implantando em seu psiquismo. Estas traduções, muitas vezes, são falhas e alimentam as traduções subseqüentes. Acumulando tradução em cima de tradução, o sujeito se prende a leituras equivocadas daquilo que pretende ser sua história de vida. Pedro recebe estas mensagens provindas de uma mãe emocionalmente instável, que tinha crises histéricas constantes, nas quais ameaçava se matar todas as vezes que se sentia contrariada em seu desejo. Uma mulher deprimida que contava tudo que sentia abertamente a seu filho, a quem chamava Minha Essência. Pedro, sem saber, tomou para si a vida amorosa permeada de ciúmes, desconfiança e traições de sua mãe.
Ora, os adultos que cuidam das crianças não somente as seduzem, mas também lhes proporcionam códigos de tradução. Efetivamente, a partir da experiência de sedução5, a criança se organiza e se estrutura como simbolizante, mito-teorizante e interpretante por excelência, o que lhe vai permitir ressignificar constantemente e construir novas versões de sua história pessoal. O sedimento deste esforço de tradução, este resto não simbolizado, dessignificado, é o que Laplanche chama de objeto fonte da pulsão porque vem do outro, vem de fora. Neste sentido, o outro da sedução é a fonte da pulsão.
A situação originária6 se comunica com a situação analítica inaugurada por Freud. Esta situação consiste em fazer com que o originário seja sempre o que desencadeia o movimento psíquico no presente, operatória que Laplanche designa como sedução, enquanto estímulo afetivo primordial. Assim, a testemunha da “sedução” infantil é a “sedução” analítica, que Laplanche denomina de “transferência”.
No transcorrer da análise, Pedro pôde reviver essa situação de sedução originária na transferência. Estabelecemos um forte laço transferencial e ele pôde, em sua análise, reativar o momento da situação originária recebendo uma nova sedução carregada de mensagens de valorização e aceitação. Atravessamos o deserto das incertezas das emoções, percebendo suas miragens e sendo muitas vezes o oásis que permitia que a caminhada prosseguisse. Assistimos à metamorfose dolorida da descamação da pele que cai para que uma nova possa surgir. Pudemos acolhê-lo nas suas angústias e suportar suas dores, o que, por vezes, era dilacerante.
Pedro apresentava uma série de sintomas, mergulhava no mundo da melancolia quando permanecia em seu quarto e ali ficava por dias, sofrendo e chorando suas desditas amorosas, sentindo-se o pior dos mortais por possuir na alma as marcas de um desejo que o condenava às masmorras da solidão. Ele percorria o universo de sua angústia paranóide retratada nos ciúmes e no medo de ser traído a qualquer momento.
À medida que ia destraduzindo sua relação com a mãe, ia descobrindo o quanto estava, em suas palavras, coberto dela. Seu pai aparecia em seu discurso como sendo um homem bom, fechado em si mesmo; alguém que em algum lugar da sua infância esteve vivo, mas depois morreu e agora era só um fantasma. Sei que muitas vezes fomos às profundezas do inferno e convidamos os fantasmas a saírem, mas o fantasma do pai relutou em aceitar tal convite, até que sua resistência em falar veio abaixo e ele pôde começar a desenterrar suas lembranças.
Pedro queria casar, mas sabia que isto não seria algo fácil porque nenhum dos dois tinha condições financeiras para assumir este desejo, que deveria permanecer oculto em seu interior, restrito ao universo das mariposas. A raiva que ele sentia de amar outro homem era enorme quando pensava em tudo que lhe era vetado, como poder andar de mãos dadas, beijar e abraçar em público. Ouvir suas cartas de amor e suas poesias nos fazia lembrar o ideal de amor romântico7 que consistia na proposta de amor recíproco e indissolúvel. Um projeto amoroso no qual o sexo era inseparável do amor e do laço conjugal, cuja finalidade última era a felicidade.
Ora, na atualidade, para além da escolha do objeto de desejo, lembrando que esta escolha a que Freud se referia era inconsciente, assistimos ao que se apresenta como uma revolução sexual, ou seja, para poder gozar dos prazeres eróticos, nos dias de hoje, não é mais necessário se apaixonar ou assumir compromissos e deveres conjugais. De acordo com Bauman (1998), o indivíduo pós-moderno se transformou num colecionador de sensações. Pedro, porém, acreditava no amor à primeira vista, no entrelaçamento dos corpos e na fusão das almas dos enamorados. Ele estava repleto deste desejo romântico.
Segundo Freud (1914), a teoria narcísica do amor é uma teoria sobre o apaixonamento romântico em que o objeto é idealizado como único e insubstituível, apresentando-se como uma promessa de plenitude imaginária e felicidade, na qual convergem o amar e o desejar. Pedro não conseguia manter um equilíbrio de suas emoções, pois, quando estava amando, era visceral, se entregava por completo, se esvaziava. Seus pensamentos e seus sentimentos eram completamente investidos no objeto amado.
O enamoramento consiste em um transbordar da libido narcisista sobre o objeto, que é elevado ao nível do ideal (FREUD, 1914). Assim, o investimento libidinal do objeto amado torna o EU apaixonado frágil e dependente. Na medida em que o objeto é colocado no lugar do ideal, o amante torna-se um humilde servo do objeto idealizado (FREUD,1921). Através da idealização do objeto de amor e da aspiração de união com ele, o EU pretende a fusão narcísica, a plenitude.
Desse modo, a metapsicologia do amor centrada no narcisismo enfatiza o caráter impossível e ilusório da plena realização amorosa, constituindo uma magistral metáfora da paixão romântica.
Como Freud assinalou, uma pessoa que ama priva-se de uma parte de seu narcisismo, que só pode ser substituída pelo amor de outra pessoa por ele. Sob todos estes aspectos, a auto-estima parece ficar relacionada com o elemento narcisista do amor. Era assim que Pedro funcionava: se o ser amado estava em sintonia com ele, tudo estava bem, mas bastava uma palavra, um gesto para sua auto-estima ir a zero.
Pedro vivia um conflito psíquico entre o seu desejo homoerótico e a impossibilidade de vivenciá-lo sem culpa devido à forte herança religiosa que havia recebido de seus pais. Ele não conseguia aceitar seu desejo sexual por outros homens. Sentia uma enorme angústia entre aquilo que deveria ser e aquilo que desejava ser, pois a certeza de estar pecando o aprisionava num sentimento de culpa que o induzia à depreciação e à depressão.
Freud (1925[1924]) lembra que a homossexualidade não é uma perversão porque ela deve ser remetida à bissexualidade constitucional de todos os seres humanos. Portanto, o que caracteriza a sexualidade humana é o fato de sermos seres pulsionais, por isso, falamos de uma psicossexualidade e não de uma sexualidade instintiva. Na concepção de Freud, a sexualidade humana não é natural, não decorre exclusivamente da realidade biológica do corpo. Ela é profundamente moldada pelos complexos de Édipo e de castração, assim como pela cultura, que organiza o mundo simbólico de cada lugar e de cada época histórica, com seus paradigmas que representam a diferença entre os sexos e as gerações.
Nesse sentido, a incorporação da categoria de gênero ao campo psicanalítico é importante para poder compreender a problemática da identidade sexual. No entender de Laplanche (1988) e Dio Bleichmar (1997), longe de desvirtuar seus princípios ou apagar suas fronteiras, pode contribuir para fortalecer suas bases. O sexo é um sistema multifatorial no qual o gênero é um dos fatores, às vezes de tanta envergadura que conduz o sujeito a torcer sua dotação anatômica de nascimento.
Para os autores acima, a sexualidade humana é uma construção cultural; portanto, trata-se de um sistema sexo-gênero, fórmula que encerra um giro copernicano para a teoria psicanalítica, pois põe em relevo que o gênero configura e normativiza a sexualidade. Assim, a categoria de gênero antecede à categoria de sexo. Antes mesmo que as crianças se dêem conta da diferença de sexos, elas se dão conta da diferença de gêneros.
Assim, ao realizarmos a análise de uma pessoa com uma orientação homossexual, não estamos fazendo um tratamento da homossexualidade, não existe uma técnica especial para analisar pessoas homossexuais, apenas estamos escutando o inconsciente do sujeito que nos procura em análise. Neste sentido, clinicamente falando, é mais interessante partirmos da premissa de que a orientação sexual e a saúde mental são dimensões independentes e que a orientação homossexual por si mesma não é indicadora de nenhuma patologia (ROUGHTON, 2001).
O desenhar de uma nova linguagem
Dessa maneira, diante de um mundo que nos interroga sobre nossas certezas cuidadosamente construídas e cristalizadas ao longo da nossa existência, faz-se mister a escuta da alteridade e do mal-estar que invade as nossas convivências diárias. Como psicanalistas, necessitamos desfiar a teia inicialmente erguida para que uma nova tecelagem possa vir a nascer no olhar desta mesma trama.
Nessa eterna dialética do desejo humano, não há um terreno estável para pisar quando se trata das emoções, dos sonhos, das paixões. Enfim, quando o inconsciente se põe a escrever sobre a subjetividade humana, a coisa se desenha por si só. Portanto, nada humano se trata de certezas e verdades absolutas, mas áreas de reflexão. Somos sustentados, provisoriamente, por construções de sentido que a qualquer momento se dissipam para o surgimento de novas configurações.
A escuta analítica deve estar calcada em um não saber que permita ao analisando ir desconstruindo e destraduzindo sua própria história de vida, dando assim a oportunidade de ressignificar algo ou de deixar que algo novo possa daí surgir.
Aos poucos, Pedro pôde aprender a acalmar suas angústias através da aceitação de si mesmo. Pôde entender que as mariposas possuem uma linguagem que lhes é própria, mas nem por isso carecem de tradutores que possam decodificar seus desejos e serem intérpretes de suas almas. Também seus sonhos, que eram uma tentativa de dar sentido ao que não tinha sentido, especialmente a angústia que provinha do caráter não ligado, enigmático, do material inconsciente, puderam ajudá-lo neste processo de fortalecimento e tradução de seu próprio idioma. Assim criou forças para revelar aos pais o que estava oculto em seu desejo amoroso.
Pedro continuará realizando este movimento de tradução e destradução, no qual a cada nova tradução haverá a queda de um elemento e o ingresso de outro. E é esta capacidade de autoteorizar que seguirá instigando o ser humano a construir, desconstruir e reconstruir sempre novas formas de traduzir a vida e seus enigmas. Ou como disse Pitágoras: “O ser humano é mortal por seus temores e imortal por seus desejos”.
Referências
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Endereço para correspondência:
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Joao Pessoa - Paraiba
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E-mail: m.muribeca@gmail.com
Recebido em 04/04/2008
* Doutora em Psicologia (Fundamentos Psicanalíticos) – UAM – Espanha. Psicanalista – Vice-Presidente e Coordenadora da Comissão Científica da Sociedade Psicanalítica da Paraíba (SPP).
1 Freud postula uma teoria tradutiva do recalque em termos de conteúdos psíquicos originários que, em cada época da vida e em função das novas experiências, irão sendo retraduzidos. O que resta, e sempre resta, o não traduzido, corresponderá precisamente ao recalcado. O recalcado consiste precisamente no resto não traduzido de uma tradução. O modelo tradutivo pressupõe que algo é proferido pelo outro e que, só depois, é retraduzido e reinterpretado. Neste sentido, o aspecto tradutivo está intimamente ligado ao aspecto temporal.
2 O trabalho da análise consiste em desmontar a interpretação tanto do presente como do passado. Em realizar uma desconstrução das auto-explicações e da ideologia do Eu, desfazendo a autoteorização existente para permitir, eventualmente, uma teoria menos deformada, menos ideológica, ainda que por definição também seja uma versão fragmentaria ou incompleta.
3 Processo desenvolvido por Laplanche em sua própria teoria tradutiva do recalque inspirada no modelo tradutivo elaborado por Freud na antiga carta 52 a Fliess.
4 A teoria da sedução traumática de Freud exigia ao menos dois tempos para produzir o trauma. O a priori e o a posteriori da teoria mostram que nada se constitui ou se inscreve se não está em relação com um acontecimento anterior, que permita ou defina o a posteriori, ambos separados pelo tempo. Isto significa que as respostas dadas no segundo tempo – em presença de um psiquismo mais desenvolvido – são diferentes das respostas dadas no primeiro momento. Neste sentido, é preciso que um segundo tempo ocorra para ressignificar o primeiro.
5 Para Laplanche, o verdadeiro núcleo da teoria da sedução é a prioridade da mensagem do outro na constituição do sujeito.
6 É a confrontação do infante com o mundo adulto, um infante que é um indivíduo biopsíquico, aberto ao mundo, provido de montagens autoconservativos particularmente precários e débeis, ou seja, desamparado.
7 O modelo do amor romântico, cuja paternidade foi atribuída a Rousseau, consistia em um projeto amoroso que era também uma proposta filosófica e política para a sociedade burguesa em ascensão. Este ideal do amor romântico alcançou seu ápice nos séculos XVIII e nas primeiras décadas do XIX.